terça-feira, 12 de agosto de 2025

Coincidência?

247 – Um grupo neonazista dos Estados Unidos, a Aryan Freedom Network (AFN), está ampliando seu alcance e mudando a face do extremismo branco no país, impulsionado pela retórica do atual presidente Donald Trump. A informação foi revelada em uma ampla investigação publicada pela Reuters neste sábado.

Liderada por Dalton Henry Stout e sua parceira, conhecida como Daisy Barr, a AFN opera a partir de uma casa modesta no Texas e, segundo seus dirigentes, vive um momento de crescimento acelerado desde o retorno de Trump à Casa Branca. “Trump despertou muitas pessoas para as questões que levantamos há anos. Ele é a melhor coisa que nos aconteceu”, declarou Stout à Reuters.

Reta final entre extremismo e política

Embora ainda sejam vistos como tóxicos por conservadores tradicionais e pela maioria da sociedade norte-americana, grupos como a AFN passaram a ocupar espaço central em manifestações públicas e episódios de violência da extrema direita. Pesquisadores apontam que a retórica de Trump — com ataques a políticas de diversidade, endurecimento contra a imigração e defesa de “valores ocidentais” — tem atraído novos simpatizantes e facilitado o recrutamento.

Especialistas ouvidos pela Reuters ressaltam que fronteiras antes claras entre extremistas e conservadores estão se diluindo. “O que antes era extremo agora se mistura mais facilmente à direita radical, não porque os grupos mudaram, mas porque o terreno político ao redor mudou”, afirmou Heidi Beirich, cofundadora do Global Project Against Hate and Extremism.

Crescimento documentado e estratégias de expansão

O Terrorism Research and Analysis Consortium estima que a AFN tenha entre 1.000 e 1.500 membros, quase o dobro dos 23 capítulos que o grupo dizia ter em 2023. A rede organiza conferências como a “White Unity” e o “Aryan Fest”, além de protestos contra eventos LGBTQ+ e campanhas de distribuição de panfletos racistas em vários estados.

Os materiais, muitas vezes deixados em sacos plásticos com peso para serem arremessados em quintais durante a noite, repetem práticas históricas da Ku Klux Klan, da qual os líderes têm laços familiares. “Chamamos de ‘night rides’, um eco das ações históricas do Klan”, disse Stout.

Ligações com violência e treinamento paramilitar

Apesar de Stout afirmar que o grupo “se mantém dentro da lei”, investigações federais revelam que armas e treinamentos táticos fazem parte da identidade da AFN. Um ex-membro, Andrew Munsinger, foi condenado por posse ilegal de armas e munição e chegou a fabricar peças não rastreáveis para fuzis AR-15.

A Reuters também documentou a presença de líderes da AFN em eventos da Ku Klux Klan, onde rituais como queima de cruzes e exibição de suásticas são comuns. Em um vídeo divulgado pelo próprio grupo, Stout aparece em cima de uma caminhonete, armado, de máscara e com o braço erguido em saudação nazista, gritando “White Power!”.

O apoio a Trump e o futuro do extremismo branco

O retorno de Trump à presidência, seus indultos a participantes do ataque de 6 de janeiro e o redirecionamento de recursos federais para o combate à imigração — em detrimento do monitoramento de extremistas domésticos — reforçaram a percepção, entre grupos como a AFN, de que o governo não tem como prioridade investigar nacionalistas brancos.

Para Stout, a explicação para a ascensão do grupo é simples: “O nosso lado venceu a eleição”, disse à Reuters. Pesquisadores alertam, no entanto, que o crescimento e a normalização desses discursos representam riscos crescentes à segurança e à coesão social nos Estados Unidos.

Fonte: https://www.brasil247.com/mundo/grupo-neonazista-nos-eua-cresce-e-se-fortalece-na-era-trump

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