sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A crença dos mineiros bolivianos

Bizarra. Inusitada e sombria. São esses os adjetivos que consigo encontrar para sintetizar a atmosfera que reina a crença dos mineiros de Potosí.
Os mineiros que trabalham no interior da mina não firmam sua fé na cristandade coisa trivial e normal para nós. Esses homens que vivem no escuro quando nós estamos mirando o sol cá fora, tem “El Tio” como guardião.“El Tio” é guardião de seus trabalhos, guardião da Mina e guardião de suas vidas, protegendo-os dos perigos de estarem submersos terra abaixo.
Encontrei a figura do “El Tío”, “El Diablo”, esculpida em rocha bruta na maioria das galerias em que passei com meu grupo e guia. Posso dizer que isso é algo perto do assustador quando estamos submersos dentro de uma montanha  a 600/800 m.
“El Tío” é uma espécie de padroeiro dos mineiros e muito misticismo envolve seu nome. É o deus da Mina. Sua força está no poder de dar prata e retirar prata das mãos dos mineiros. Dar vida e retirar vidas. Prover e sistematizar. Entregar, emprestar e conduzir. Vi a figura de um deus pagão, extremamente voraz assim como os espanhóis foram um dia para a vida daqueles pobres. Senti um deus temperamental que os índios mineiros respeitam e o agrada em oferendas toda primeira e última sexta-feira do mês. Para minha sorte no dia em que me encontrava na Mina não eram datas de oferenda. Entretanto, para alguns, todo dia é dia e acabei presenciando cenas em que mineiros presentearam “El Tío” com álcool (álcool etílico mesmo), cigarro e coca, ora agradecendo ora solicitando auxílio.
Conversando com um mineiro dentro de uma galeria no interior da Mina, este me falou que “El Tio” também foi cultuado por alguns espanhóis na época da colônia. Há algumas imagens de um “El Tío” travestido de espanhol.
Meu novo amigo mineiro que eu acabara de conhecer, praticamente me obrigou a fazer uma oferenda para “El Tio”. Colocou-me medo na verdade. Disse-me que se não desse um cigarro para a imagem eu não sairia da Mina. Credo. Só pude pensar. Automaticamente, fiz o nome do pai e fui lá de boa fé e coloquei o cigarro na boquinha do bichinho esculpido na rocha. Quando voltei, ele estava rindo de mim e me ofereceu álcool etílico para tomar na tampinha da garrafa.
Enfim, uns cem números de rituais são feitos diariamente a “El Tio” pelos mineiros. Rituais para pedir proteção são os mais freqüentes. Outros para ganhar e encontrar prata.
Fonte: Aperte o Play [blog morto/invadido]

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vigilia Ecumênica em Defesa das Religiões

Hoje no meu serviço eu encontrei um convite para tal vigília ecumênica. O texto do convite é a base da presente análise, crítica e reflexão.
"No dia 27/09/11 a partir das 0h de terça-feira acontecerá a vigília em defesa das religiões".
Uma boa iniciativa, mas do que ou de quem a religião dever ser defendida? Quem são os defensores da religião? A religião precisa ser defendida?
"Como o Brasil é exemplo para o mundo de um país de liberdade religiosa, onde vivemos em harmonia social, independente de raça, cor ou religião, esta vigília tem como objetivo fortacelecer estes valores".
Para o mundo, o Brasil é exemplo de incompetência, imperícia, imprudência, omissão, negligência.
No Brasil não há liberdade religiosa, basta lembrarmos da constante repressão que a Igreja exerce nesse país e os constantes ataques por parte dos evangélicos contra as religiões da Diáspora Africana.
No Brasil não há harmonia social, basta lembrarmos da violência entre torcidas de times, os grupos neonazistas, a violência física e sexual contra crianças e mulheres, a homofobia.
"Observamos que alguns dos veículos de comunicação tentam desestabilizar essa harmonia usando a fé como arme. Isso gra racismo, intrigas, preconceitos e conflitos".
Os veículos de comunicação tem a obrigação de noticiar, informar, orientar e divertir o púbico em geral. Quem tem usada a fé como arma que tem desestabilizado essa concórdia hipócrita da sociedade são os grupos religiosos fundamentalistas.
"O objetivo desse movimento é exigir da justiça a condenação de qualquer veículo de comunicação bem como de qualquer pessoa que venha a praticar a intolerância religiosa".
Em outras palavras: CENSURA! A religião não pode estar isenta de críticas nem estar acima da lei.
Os veículos de comunicação tem o dever de alertar e avisar ao público sobre crimes praticados por ou em razão da crença.
Os veículos de comunicação tem o dever de denunciar e desmascarar os vigaristas, os impostores, os fraudadores, os falsificadores que se escondem dentro de grupos religiosos.
Os veículos de comunicação tem o dever de expor pessoas e grupos que usem de sua posição ou cargo religioso para cometer abuso sexual, intolerância, preconceito, discriminação, calúnia, injúria e difamação.
"A paz inter-religiosa no Brasil é motivo de orgulho para todos os brasileiros".
Não existe tal paz inter-religiosa. Não custa lembrar dos constantes discursos e ações de ódio e violência por parte de grupos fundamentalistas cristãos contra outras religiões.
Conclusão: o "direito" à liberdade religiosa não pode nem deve ser desculpa, justificativa ou motivo para cometer crimes.

domingo, 25 de setembro de 2011

Dia de Nêmesis

Neste dia [23 de setembro], os Gregos celebravam o culto de Némesis, a Deusa da Justa Vingança, também conhecida como «A Inevitável», tão bela como Afrodite, que é a própria Deusa da Beleza.
Também foi adorada na região que é hoje Portugal, em Évora, até ao século V, como se pode ler na valiosa obra de Stephen McKenna «Paganism and Pagan Survivals in Spain up to the Fall of the Visigothic Kingdom», em que se faz referência a uma espécie de sociedade, religiosa ou talvez não, que, talvez sim talvez não, prestava culto a Némesis - os Nemesiaci. No culto de Némesis, os adoradores dançavam em torno duma imagem de madeira da Deusa, praticavam a adivinhação e recolhiam dinheiro dos espectadores.
Os Gregos, iniciadores do Génio Ocidental, sabiam que a Vingança podia ser divina. Lamenta-se por isso que um credo vindo do estranho oriente semita tenha convencido os Europeus de que é bonito dar a outra face porque se resistimos e pagamos na mesma moeda a quem nos agride, estamos a «ser tão maus como eles». Os Gregos, para sua felicidade, sabiam a diferença ética entre a violência opressiva do agressor e a violência defensiva da vítima. Não discutiam por isso o sexo dos anjos quando o inimigo estava à porta. Não deixariam, por isso, digo eu, de vingar os seus, vitimados por injustos inimigos. Nada lhes seria mais natural do que exercer dura represália sobre assassinos de gente grega.
Autor: Caturo
Fonte: Gladius

Némesis (português europeu) ou Nêmesis (português brasileiro) (em grego, Νέμεσις), deusa grega da segunda geração, era, segundo Hesíodo, uma das filhas da deusa Nix (a noite). Pausânias citou-a como filha dos titãs Oceano e Tétis. Autores tardios puseram-na como filha de Zeus e de Têmis.
Apesar de Nêmesis nascer na familia da maioria dos deuses trevosos, vivia no monte Olimpo e figurava a vingança divina. Nasceu ao mesmo tempo em que Gaia concebeu Têmis. Gaia, preocupada com a infante Têmis, que poderia vir a ser vítima da loucura de Urano, entregou-a a Nix. Esta, cansada de tanto gerar por esquizogênese, entregou as deusas aos cuidados das moiras, deusas do destino. Assim, Nêmesis e Têmis foram criadas como irmãs e educadas por Cloto, Láquesis e Átropo. Segue daí que as deusas, além de possuírem atributos comuns, tiveram educação em comum. Em outra versão menos citada, ela é tida como filha de Afrodite e Ares.
Têmis tornou-se a personificação da ética e Nêmesis a personificação da vingança. Em Ramnunte localizava-se o templo de Nêmesis, e onde havia uma estátua das duas deusas juntas, atribuída a Fídias (as mais belas estátuas de Têmis e de Nêmesis). Em Ramnunte, pequena cidade da Ática não muito longe de Maratona, na costa do estreito que separa a Ática da Eubéia, Nêmesis tinha um templo célebre. A estátua da deusa foi esculpida por Fídias num bloco de mármore de Paros trazido pelos persas e destinado a fazer um troféu. Os persas tinham-se mostrado demasiado seguros da vitória (sinal de desmesura - Hibrys) e nunca tomaram Atenas, pois Nêmesis tomou partido em favor de Atenas. Nêmesis encorajou o exército ateniense de Maratona.
Nêmesis representa a força encarregada de abater toda a desmesura (Hibrys), como o excesso de felicidade de um mortal, ou o orgulho dos reis, etc. Essa é uma concepção fundamental do espírito helênico:
"Tudo que se eleva acima da sua condição, tanto no bem quanto no mal, expõe-se a represálias dos deuses. Tende, com efeito, a subverter a ordem do mundo, a pôr em perigo o equilibrio universal e, por isso, tem de ser castigado, se se pretende que o universo se mantenha como é."
Nêmesis castigou o rei Creso da Lídia. Creso, demasiado feliz com suas riquezas e seu poder, é levado por Nêmesis a empreender uma expedição contra Ciro II da Pérsia, o que acabou por lhe trazer a ruína e a desgraça.
Narciso, demasiado contente com sua própria beleza, desprezava o amor. As jovens desprezadas por Narciso pediram vingança aos céus. Nêmesis ouviu-as e causou um forte calor. Depois de uma caçada, Narciso debruçou-se sobre uma fonte para se dessedentar. Nela viu seu belo rosto, apaixonado por sua própria beleza definhou até a morte, pelo amor impossível.
Nêmesis era tão bela como Afrodite, geralmente representada na forma alada. Certa vez Zeus sentiu uma paixão enorme perante a beleza de Nêmesis e resolveu possuí-la de todas as formas. Nêmesis procurou evitar a união com o deus transformando-se numa gansa, mas Zeus metamorfoseou-se em cisne e uniu-se a ela. Nêmesis pôs um ovo, fruto dessa união, e o abandonou. Alguns pastores o encontraram e entregaram à então rainha Leda, para esta chocá-lo junto aos dela (fruto da união de Zeus na forma de cisne e de Leda). E do ovo posto por Nêmesis nasceu Helena de Esparta e Pólux. Nêmesis é também chamada "a inevitável".
Fonte: Wikipedia

Religião Lego

Autor: Jacques Attali.
A difusão de democracia e mercado gera precariedade, à qual a democracia, sozinha, não basta para fornecer sentido. Ela, de fato, organiza a liberdade individual, mas não constitui em si mesma um projeto político que possa nos tornar menos expostos à precariedade.
E eis que renasce a necessidade de encontrar um sentido à duração, seja graças à nação, seja graças à religião. O jugo integralista não resistirá, estou convencido disso, ao desejo de democracia e de consumo dos jovens de todo o mundo. Ao contrário, por reação à sociedade dos consumos, a demanda de religioso se tornará mais forte.
O século XXI será, no início, o século do confronto e da concorrência entre as religiões e dentro do cristianismo e do Islã. Particularmente, se o cristianismo e o Islã se recusarem a tomar posição sobre o preservativo é porque irão querer manter uma vantagem demográfica.
Essa guerra de influência, tão trágica para a humanidade, acabará se resolvendo, a meu ver, com a multiplicação das Igrejas. Acredito que não estamos nos dirigindo rumo a um mundo religioso ou laico, mas rumo a um individualismo que conduzirá progressivamente ao que chamaria de a "Religião Lego" ou a "religião do ego", em que cada um tomará alguma coisa do cristianismo, do Islã, do budismo, e isso lhe permitirá construir um credo seu.
Hoje, a utopia da imortalidade é uma das maiores da nossa sociedade. Nós transmitimos aos nossos filhos um sentido de eternidade. Cristalizamos o tempo em objetos, e isso nos infunde um sentimento de imortalidade: não podemos morrer, acreditamos, antes de ter utilizado esses objetos. E acreditamos que a ciência nos dará a imortalidade por meio do prolongamento da duração da vida e da clonagem. Mas estas pesquisas não impedirão que os homens tenham necessidade de um pacto com a morte, isto é, de imaginar um além.
Vê-se isso particularmente na sociedade norte-americana, em que a democracia não consegue realizar um sonho laico. O religioso também poderia colocar sobre o poder político uma camada de chumbo, de tal forma que obstaculizasse o seu funcionamento democrático. Nos Estados Unidos, os pregados têm um papel sempre mais relevante na vida política. O próprio George W. Bush foi eleito graças aos votos dos evangélicos, que não deixam de crescer em todo o mundo – hoje são mais de 160 milhões.
Essas Igrejas, nascidas do protestantismo e da Igreja pentecostal, utilizam todos os meios de comunicação para fazer proselitismo, prometendo a riqueza e o Paraíso. Por enquanto, são só máquinas para a conversão, não para a conquista do poder político. Se as nossas sociedades não souberam dar um sentido pleno à morte, e se os indivíduos não souberem construir uma relação individual com a vida, então certas religiões irão impor uma relação coletiva com a morte. Desse ponto de vista, o Islã é a que melhor pode fazer isso. Sendo a mais abstrata entre as religiões, ela é também a mais universal: se existe uma religião mundialista, ela certamente é o Islã.
Atualmente, assistimos, portanto, a uma batalha entre a uniformização das religiões, a sua tentativa de conquista global e a sua diversificação, a sua fragmentação e balcanização. Uma fragmentação que hoje é parcial, mas que amanhã será ainda mais drástica, e em que cada um trará a sua própria definição de religioso. A distinção entre seitas e religiões será sempre mais incerta.
Assim, poderemos tender a uma religião individualista em que cada um usaria a sua própria relação com o mundo, a natureza e aquilo que chama – ou não chama – de Deus como fator explicativo do mundo. É a religião Lego, do nome do brinquedo de construções. O século XXI verá surgir, no início, toda espécie de novas religiões. Algumas permitirão acreditar em uma imortalidade pessoal. Outras fornecerão aos homens uma moral coletiva. Outras ainda permitirão pensar de modo diferente a relação com a natureza. Todas durarão muito menos do que as religiões atuais. Depois, cada um agirá de modo pessoal.
Na música, a criação contemporânea não se fundamenta mais na escrita de uma partitura em notas, mas sim em uma mistura de obras escritas por compositores anteriores diversos, com técnicas diversas. Do mesmo modo, em matéria de fé, essa vitória do "e" sobre o "ou" fará da hibridização das religiões o início de um mundo infinitamente mais variado. Um mundo em que cada um fabricará a sua própria religião, como no Lego. Uma religião pessoal. Uma religião do ego.
Jacques Attali, 68, é um intelectual francês formado em economia que escreve sobre diversos temas. O texto acima, publicado pelo jornal Corriere della Sera, é do livro dele cuja edição em italiano se chama Il Senso delle Cose (O Sentido das Coisas).
Fonte: Paulopes

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sociedade Dionisíaca

A Sociedade Dionisíaca é uma comunidade sem território constituída por nós, os "profetas", e por todos aqueles que participam, direta ou indiretamente, das nossas atividades. Através do blog pretendemos divulgar a nossa filosofia, que se inspira no deus grego Dionísio, e prover um ambiente próspero para o desenvolvimento deste estilo de vida a todos da SD, inclusive você.
Deus
Popularmente conhecido como deus do vinho e da orgia, Dionísio (ou Baco) também é deus do teatro, do êxtase, do entusiasmo, da loucura, da metamorfose e muito mais. De uma forma ampla, cremos que nosso deus representa uma força intrínseca ao ser humano e às sociedades: a liberdade.
Santíssima Trindade
Existem infinitas maneiras de se alcançar o estado de liberdade que nos coloca em contato com o divino. Nos inspiramos nas principais atribuições que nosso deus tinha na Grécia Antiga (vinho, orgia e teatro) para classificá-las em três grandes gêneros: a liberdade da mente (representada aqui pelo Álcool), a liberdade do corpo (simbolizada pelo Sexo) e a liberdade da alma (figurada pela Arte).
Missão
Colaborar para o desenvolvimento de um mundo mais dionisíaco, dentro das possibilidades e das necessidades do contexto atual. Buscamos inspiração na Grécia Antiga e encontramos necessidade no Rio de Janeiro, no Brasil, no mundo de hoje. Promovendo as três formas de liberdade já citadas, acreditamos ser possível mudar gradativamente as pessoas e a sociedade.
Blog
Buscamos promover reflexões e discussões sobre temas variados, sempre sob uma ótica dionisíaca e libertária. Prestamos as devidas homenagens a tudo aquilo que orgulharia nosso deus e com o mesmo entusiasmo criticamos e debochamos de tudo aquilo que acorrenta o espírito do homem.
Enquanto a vida se alterna entre comédia e tragédia, nos alternamos entre o observar e o atuar, entre a platéia e o palco, entre o mundano e o divino. Que Baco nos abençoe e nos liberte sempre.
Evoé!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A Festa do Meio Outono

Com direito a lanternas coloridas, dragões e biscoitos de Lua, vários países da Ásia marcaram o Festival da Lua nesta segunda-feira.
A tradição anual, também conhecida como festival do Meio Outono, começa no décimo quinto dia do oitavo mês do calendário lunar, marcando o início do período de Lua Cheia.
Em Hong Kong, centenas de pessoas carregaram um boneco em forma de dragão pelas ruas.
A criatura de 67 metros de comprimento marca uma tradição iniciada no fim do século 19, como tentativa de combater um surto da Peste Negra na região.
Na China, uma multidão foi ao carnaval das lanternas ver as criações em forma de peixes, dragões e outras mais tradicionais. O festival da Lua é feriado em diversas partes da China há mais de mil anos.
Fonte: G1 Mundo

O dia 12 de setembro marca a Festa da Lua na China. A data é a mais importante depois do Ano Novo Chinês. Neste dia, os chineses reúnem a família, comem bolo lunar, apreciam a lua ou aproveitam para viajar. Eles celebram a festa de diversas formas.
O bolo lunar é o alimento mais tradicional do festival. Diversos bolos lunares foram colocados em locais de destaque num supermercado da cidade de Benxi, na província de Liao Ning, na região nordeste. Os preços são diferentes, de dezenas yuans até centenas yuans. As embalagens são bem finas e elegantes, com caixa de ferro, caixa de papel ou caixa de madeira, estampada com figuras de flores ou de "Chang E", a linda fada da lenda mitológica sobre a festa. Os vendedores dizem que os bolos lunares atuais são mais saudáveis, com pouco óleo e açúcar, mas com vários tipos de recheios, como por exemplo, de sementes de lótus, nozes, amêndoas, pasta de feijão e diversas frutas. Uma vendedora disse, "Os bolos lunares com recheios mais tradicionais são muito populares, bem como bolo lunar torrado. A maioria dos residentes compra os bolos lunares com embalagens mais simples para eles próprios comerem."
Além do mercado dos bolos lunares, o mercado turístico na região também fica mais aquecido durante o feriadão. As folhas de ácer ficam vermelhas em setembro. As agências de turismo locais criaram vários programas e passeios como, por exemplo, subir montanhas e apreciar folhas de ácer e viagem para apreciar lua, atraindo vários turistas. O diretor da agência de turismo Mingzhu, Zhang Chenhui disse, "A cidade Benxi é uma cidade cheia de montes. Subir para apreciar a lua é fantástico. Isso não só atrai os cidadãos, mas também os turistas de outros lugares. A montanha Guangmen e a montanha Wunv são os lugares mais conhecidos."
Apreciar a lua é um costume tradicional nesta data. Também é uma boa opção ir à praia para observar a lua. A praia na cidade Haiyang, na província de Shandong, realizou uma atividade da celebração do festival. Foi apresentada uma cena em figura de lua cheia. Os atores representaram a lenda mitológica chamada "Chang E voa para a lua", bem como as óperas tradicionais, presenteando os turistas com um fantástico show sob a lua. O turista Li Jun disse, "Eu vim de Qingdao. Acho que este espetáculo é muito novo e fantástico. A lua reflete-se no mar, mais com as lanternas de papel. Sinto-me em uma pintura ou em um poema."
Em Guangzhou, sul da China, os cidadãos gostam de ir à Torre da Televisão, a mais alta do país, para apreciar a lua ou jantar com a família. A torre ainda possui a maior roda gigante do mundo. De uma altura de 445 metros, as 16 gôndolas em forma de cristal giram devagar. As várias luzes e a lua refletem-se mutuamente. Quando os cidadãos sobem à torre na Festa da Lua, podem apreciar nosso satélite mais de perto, ver a paisagem de toda a cidade, e aproveitar a comida de outros países, como de Tailândia e Cingapura.
O Teatro de Guangzhou também realiza uma série dos eventos. Durante o festival, os moradores locais podem visitar o teatro e ouvir um concerto músico. O representante do teatro, Zhang Yiqi apresentou,
"Nós gostaríamos de aproveitar essas atividades no festival para trazer uma diversão musical aos nossos cidadãos. Esperamos que eles possam passar uma festa cheia de arte."
Por Zeng Yun, no China Radio International [link morto]

Bruxaria Tradicional : Historicidade e Perpetuidade

Uma entrevista com Michael Howard.


THREE HANDS PRESS. O Ocultismo do século vinte testemunhou o surgimento de diversas afirmações de um culto de bruxas histórico na Inglaterra e América do Norte, algumas com mais veracidade que outras. Uma destas é a chamada Bruxaria Tradicional ou Arte Antiga, o assunto de seu novo livro “Children of Cain”. De sua própria exposição a diferentes tipos de Arte Antiga, que critério tendeu a defini-lo e separá-lo de outras formas de magia e crenças populares?

MICHAEL HOWARD. Em minha opinião a Bruxaria Tradicional pode ser definida pelo fato que combina vários sistemas mágicos e crenças e formas de trabalhar a magia desde o primitivo ao sofisticado – a chamada ‘baixa magia’ e ‘alta magia’. Por exemplo se faz uso de marionetes para cura e maldição e a prática de magia da fertilidade junto com o sistema de crença gnóstica oferecendo a promessa da salvação espiritual e iluminação.

Isto está resumido com alguns comentários feitos por um dos bruxos tradicionais modernos que estão em meu livro, Robert Cochrane, falando de seu bisavô em uma carta a Robert Graves. Cochrane disse que as bruxas de Warwickshire e Staffordshire comandadas pelo seu ascendente não estavam interessadas em atingir estados místicos. Ao invés disso, elas praticavam magia por uma razão mais básica como boas colheitas, crianças saudáveis e poder para resistir aos seus opressores. Claro que existiram e existem muitos covines tradicionais que trabalham magicamente para ambos os fins. Sobre isso existem exemplos de ocultistas de classe média trabalhando magicamente com bruxas rurais que provam isso.

THP. Nós estamos testemunhando o uso de termos como “Wicca Tradicional”, com a visão de muitos iniciados como um oxímoro. Você acha que há uma tentativa de vários grupos mágicos de borrar as linhas de definição ou de se apropriar dos limites traiçoeiros da Bruxaria Tradiconal e, se sim, por que?

MH. Eu não tenho certeza se wiccanos estão deliberadamente tentando se apropriar dos limites traiçoeiros da bruxaria tradicional e não vejo uma conspiração nisso. Entretanto o uso dos termos “Wicca Tradicional” ou “ Wicca Tradicional Britânica” usada nos Estados Unidos tem certamente borrado as linhas de definição. Do que eu posso dizer o termo Bruxaria Tradicional Britânica foi primeiro usada nos Estados Unidos para definir e identificar aquelas linhagens da bruxaria moderna neopagã originada com Gerald Gardner, Alex Sanders e seus seguidores. Estas eram linhagens estabelecidas com uma estrutura sacerdotal hierárquica e iniciação formal com várias etapas ou graus. Por usar o termo “Wicca Tradicional” ou “Bruxaria Tradicioal Britânica” seus seguidores estavam separando-a das mais recentes formas ecléticas de “Wicca Nova Era” [Neowicca-NT] e de tradições como a bruxaria solitária e as “hedgewitches” [bruxas rurais-NT]] ou “bruxas cozinheiras”. Obviamente isto causou confusão entre bruxas tradicionais não-wiccanas e wiccanos. Um fórum de bruxaria tradicional na internet frequentemente tem wiccanos entrando porque eles não sabem a diferença entre “Wicca Tradicional” e o Tradicional ou Velho Ofício que pré existiu a Gardner.

Também há uma tendência para os seguidores da bruxaria neopagã em negar a realidade do Ofício Tradiconal pré-Gardner e, ironicamente considerando suas origens recentes, afirmarem que é uma invenção moderna. Uma razão para isso é que há apenas uma tênue conecção entre a crença e a prática do neopaganismo moderno e grupos wiccanos e bruxaria histórica e as religiões pré-cristãs do passado.

THP. Que circunstâncias levaram-no a escrever “Children of Cain” [Crianças de Caim-NT]?

MH. Minha razão principal para escrever esse livro foi porque eu tenho estudado e pesquisado o Ofício Tradicional de uma forma ou outra por cerca de cinquenta anos. Neste período e tenho conhecido ou correspondido com muitos de seus líderes que estão presentes no COC. Então eu me sinto qualificado o suficiente para escrever sobre eles através de meu próprio conhecimento. Minha segunda razão para escrever esse livro foi o de dispersar alguns dos enganos e equívocos a respeito do assunto. A melhor forma de fazer isso era descrever as vidas daquelas bruxas tradicionais que são publicamente conhecidas e as crenças e as práticas das tradições que elas fundaram.

THP. Quais são os conceitos errados mais comuns sobre a Bruxaria Tradicional?

MH. O principal é que muitas das afirmações de bruxas tradicionais em livros e artigos e websites que o Ofício Tradicional é uma “religião pagã de fertilidade”. Isto leva a aberrações como “Bruxaria Tradicional Céltica” e afirmações espúrias de antigas tradições que datam da época pré-cristã. Muitas bruxas tradicionais sequer definem seu ofício como religião no sentido aceito pelo mundo, ou mesmo no sentido pagão. Para elas bruxaria é um sistema mágico ou um caminho oculto de desenvolvimento psíquico e espiritual.

Existe também a tendência em identificar a bruxa tradicional como a velhinha que faz remédios herbais na cozinha de sua cabana com rosas em volta de sua porta. Este era e é apenas um aspecto da bruxa tradicional ou pessoa habilidosa. Infelizmente esta imagem é frequentemente emoldurada em uma visão romântica de um passado que nunca existiu. Não era tudo doçura e brilho. A verdade brutal é que a bruxa tinha que fazer as poções porque não havia saúde pública e elas viviam em condições de pobreza e doenças. Ocasionalmente essas poções eram feitas para abortar fetos não desejados ou de se livrar de alguém que trazia problemas. Também em volta da mulher sábia e homens habilidosos existiam grupos de bruxas trabalhando práticas mágicas de forma organizada e ritualizada.

Hoje nós temos o fenômeno moderno da dita ‘hedgewitch’ ou bruxa solitária, às vezes chamada de “bruxa da cozinha”. Porém a escritora feminista que cunhou este termo em 1980 sequer percebeu que ele tinha uma origem ancestral! Em sua forma arcaica em relação ao Ofício Antigo a palavra hedgewitch tem um significado diferente e quer dizer “montadora da fronteira” ou “montadora de cerca”. Nos tempos antigos a cerca ou muro era o limite físico ou barreira entre a vila e a cidade e a floresta. Daí o termo popular que algo ou alguém que não é socialmente aceitável está “além do palo”, do inglês médio palus, uma cerca pontuda de madeira ou estaca em uma cerca.

No Ofício Antigo a cerca é a fronteira simbólica ou ponto de passagem entre este mundo e o além. Portanto a “montadora de cerca” é uma pessoa que pode atravessar entre os mundos. Eis o porque “bruxas” em áreas rurais eram chamadas, certo ou errado, como pagãs, do latim paganus significando “civil” ou “habitante do campo”, ou seja, alguém que vivia “além do palo”, fora de uma vila ou cidade. Elas eram também popularmente chamadas de “pessoas que vivem na cerca” ou heathens [rurais-NT], do alto alemão antigo significando “selvagem”. Eventualmente o termo heathen veio a significar uma pessoa inculta e especialmente qualquer um que não era cristão, judeu ou muçulmano. Isto não significa que aqueles conhecidos como wiccians, ou bruxas, no período pós-romano e anglo-saxão eram seguidores de religiões pagãs, embora crenças pagãs possam ter sobrevivido em suas costumes ritualisticos, como fazer oferendas aos genii loci [gênios ou espíritos locais-NT], e a magia natural que realizavam

Outro erro importante cometido por estrangeiros sobre a bruxaria tradicional é que é patriarcal e machista. Isto pode ser entendido dessa forma porque muitos dos escritores públicos sobre o assunto, com raras exceções, coincidentemente sejam do gênero masculino. Da mesma forma o Deus Cornífero tem uma posição proeminente e às vezes exclusiva na teologia e muitos dos covines tradicionais eram (e ainda são) liderados por um homem. Isso às vezes encobre o fato importante que as mulheres são na verdade o “poder por trás do trono”. Elas têm um papel importante e tradicional no Círculo da Arte como videntes e médiuns, mas também como magistas e sacerdotisas com uma posição igual aos oficiantes masculinos. É um fato da vida que menos mulheres do que homens são atraídos ao Ofício Tradicional, possivelmente por causa do equivoco popular que é dominado pelo macho. Aquelas que tendem a ser mulheres fortemente confiantes confortáveis com seu gênero e sexualidade, individualistas, altamente psíquica e/ou mediunamente e naturalmente adaptável à prática mágica.

THP. Você passou um bom tempo de sua vida vivendo no campo e trabalhando em fazendas, essa proximidade com a vida e tradição rural afetaram sua compreensão da prática e da tradição do cunning-craft [ofício popular-NT]?

MH. Viver no meio rural influenciou profundamente meu contato com o Ofício. Meu primeiro contato profissional com a bruxaria não foi por livros, embora isso tenha vindo mais tarde enquanto eu tentava entender o que era o que eu tinha encontrado. Foi durante um encontro com um agricultor local quando eu estava estudando em um colégio rural em Somerset por volta de 1960. Ele me contou sobre “velhas senhoras” que ele chamava de bruxas e que podiam curar e maldizer. Minha experiência é que uma relação simbiótica com a terra e seus genii loci é essencial a qualquer prática de bruxaria tradicional. Eu não estou falando de alguma forma de “religião da natureza” neopagã porque a relação da bruxa tradicional com seu ambiente é muito diferente disto.

Onde quer que seja possível, considerando as variações do tempo britânico, sempre é preferível trabalhar o Ofício fora de casa. Existe uma interação definida entre o praticante, seu local ou espaço de trabalho, a paisagem em volta e os espíritos auxiliadores e a vida selvagem. Enquanto o Círculo ou Arte é mesmo um “espaço entre os mundos”, nos trabalhos fora de casa isto providencia o espaço sagrado e mágico onde humanos possam também interagir com a terra e seus visíveis e invisíveis habitantes.

Para muitos oficiantes tradicionais esta interação com a terra, a lua e as estrelas, o contato com os geni loci ou espírito da terra, e o conhecimento ritual da roda das estações e o ciclo agrário, é a essência e o coração do Ofício deles. Eles irão representar ou simbolizar os espíritos que eles reverenciam em termos das forças naturais e reconhecerão e trabalharão com as propriedades mágicas e virtudes da flora e da fauna. Entretanto, isto não torna bruxas tradicionais “adoradoras da natureza”. Ao invés disto, elas vêem a humanidade encarnada, temporariamente separada ou divorciada do reino espiritual, como parte da natureza e do mundo natural – e elas não são fúteis ao ponto de adorarem a elas mesmas!

THP. Pelo que você sabe, quantos grupos de Bruxaria Tradicional estão funcionando atualmente na Bretanha e destes quantos tem figuras públicas?

MH. É quase impossível adivinhar ou estimar quantos grupos genuínos de Ofício Antigo ou tradições familiares hereditárias ainda sobrevivem nas ilhas britânicas. A despeito de minha experiência considerável eu não gostaria de dar uma impressão. Atualmente devem ser poucos. Eu sinto que os poucos grupos e tradições publicamente conhecidos descritos em meu livro, como o Cultus Sabbati, Coven of Atho, Clan of Tubal Cain, Whitestone e Pickingill Craft, são a ponta do iceberg. Outros desconhecidos ainda preferem permanecerem ocultos e nas sombras. Pode-se entender às vezes o por que!

THP. O que, em sua experiência, são os fatores presentes na Bruxaria Tradicional que acentua sua natureza oculta ou secreta?

MH. A razão por detrás do segredo inerente na bruxaria tradicional pode ser melhor resumido na velha e confiável máxima do ocultismo: “conhecer”, “ousar”, “querer” e “guardar silêncio”. O mais importante destes é guardar segredo. Para que a magia prática tenha sucesso um alto nível de segredo deve estar na equação. A lei da velha magia – e lenda – afirma que falar com estranhos sobre os trabalhos mágicos dispersa seu poder para alcançar resultados.

Outro fator importante é que existem certas práticas no Ofício Tradicional que se amplamente conhecido aos cowans [pessoas comuns-NT] poderiam ser mal compreendidos. Em verdade, seria considerado por estes no mínimo de mal gosto e no máximo nojento. Um exemplo clássico é o uso de crânios humanos como um oráculo para comunicação espiritual. Outro seria rituais em cemitérios e um terceiro poderia ser o uso de fluidos corpóreos como sangue, sêmen e secreções vaginais em feitiços, etc. o rito de maldição, embora raro e pouco usado, também não correspondem com a imagem popular promovida pela propaganda wiccana da dita “bruxa branca” que “não prejudica ninguém”. Por estas razões o lado prático da bruxaria tradicional em bases individuais será, ou deveria ser, oculta e secreta por natureza.

Também há a importante questão da privacidade pessoal. O que me surpreende na tendência moderna das alegadas “bruxas tradicionais” ao descreverem seus locais de trabalho, a maior parte com referências e códigos postais e ferramentas de trabalho, etc, em blogs da internet e e salas de bate-papo e fóruns de discussão para milhões verem. Aqueles que o fazem não deveriam se surpreender se na próxima vez eles se encontrarem para um ritual eles terem uma audiência de espectadores!

THP. Como uma tradição mágica, a Bruxaria Tradicional tem sido criticada pelo seu elitismo e exclusividade. Tomando seu conhecimento dos vários grupos lineares em total, quais são as razões para isso?

MH. Deve ser aceito o fato que a Bruxaria Tradicional é elitista. Ela é para poucos, não muitos e sempre será. De algum jeito isto é auto-gerado e auto-criado porque nem todos que está interessado na bruxaria per se serão atraídos pelo lado tradicional. Muitos estão bastante felizes com o que as formas de bruxaria neopagã moderna mais popular e mais acessível tem a oferecer.

Em um nível esotérico o conceito espiritual do “sangue de fada” ou “sangue de bruxa” descendentes dos Velhos Deuses ou dos Guardiões é uma crença central em muitas das formas da bruxaria tradicional. Nós não estamos falando aqui de uma continuidade física ou alguma forma única de DNA. Ao invés são almas que voltam ao Ofício através do processo de encarnação em “casacos de carne”. Neste sentido esta é a forma rudimentar de elitismo e exclusividade.

THP. Junto com Paul Huson, você foi um dos primeiros escritores ocultistas a falar abertamente sobre a presença de Lúcifer e o arcano luciferiano na Bruxaria Tradicional. Qual foi sua exposição inicial a este ramo da lenda de bruxas e como você vê a proliferação das afirmações “luciferianas” no ocultismo popular?

MH. Eu contatei pela primeira vez a tradição luciferiana mais no contexto da tradição da magia angélica do que na bruxaria. Era 1960 quando eu era um estudante da taróloga, astróloga e maga Madeline Montalban e um membro da sua Order of the Morning Star [Ordem da Estrela Vespertina-NT]. Não foi antes de ler a obra clássica de Paul Huson “Mastering Witchcraft” [Dominando a Bruxaria-NT] e uma reimpressão americana do livro de Charles Godfrey Leland, “Aradia: Gospel of the Witches” [Aradia o Evangelho das Bruxas-NT] que eu encontrei a histórica tradição luciferiana na bruxaria.

Por muito tempo eu considerei Lúcifer como o Deus das Bruxas e então isso tudo se encaixou em um sentido do Ofício quando eu comecei a me corresponder com Andrew Chumbley do Cultus Sabbati. Foi em 1992 quando ele me enviou a primeira edição de seu grimório do Sabbatic Craft Azoetia para comentar em minha revista The Cauldron. O nome de Madeline para Lúcifer era Lord Lumiel (latino-hebraico) ou Lumial (latino-arábico), significando “Luz de Deus”. Ela afirmou ter recebido este nome diretamente a fonte durante uma visão que ela teve em 1950. Interessantemente em circunstâncias similares Andrew também recebeu o mesmo nome, mesmo sem que ele tivesse qualquer conhecimento de Madeline ou de seus ensinamentos. Desde então o nome Lumiel tem sido amplamente adotado no mundo todo como um nome mais aceitável e menos controvertido para o arcanjo rebelde e Senhor da Luz.

Em 1990 eu saí do armário luciferiano ao escrever uma série de artigos no The Cauldron sob o pseudônimo de “Frater Ashtan”. Estes artigos foram mais tarde incorporados em meu livro The Pillars of Tubal Cain [Os Pilares de Tubal Cain-NT] publicado em 2000 pela Capall Bann. Em meus artigos e no livro eu usei o nome “Lumial” para Lúcifer e cunhei o termo “Ofício Luciferiano”. Este termo foi usado para descrever aquelas formas de bruxaria tradicional moderna que reconhecia Lúcifer como o Deus das Bruxas e salvador e redentor da humanidade. Desde que muitas pessoas entraram na onda luciferiana e variavam desde o genuíno ao falso com alguns malucos espalhados também. Exemplos genuínos de grupos de Oficio Luciferiano que apareceram ao público e estão em meu livro são o Cultus Sabbati, Whitestone, o Pickingill Craft, e o covine original de Robert Cochrane.

THP. Que diferença você percebe no Antigo Ofício da atualidade e aquele que estava ativo em 1960, pouco depois da morte de Robert Cochrane?

MH. Depois do infortunado suicídio de Cochrane no verão de 1966 um dos únicos que clamaram públicamente seguir um caminho tradicional foi a Sybil Leek e ela fugiu aos EUA de pois de Ter saído de sua vila pela excessiva atenção midiática e hostilidade local. Leek afirmou ter sido iniciada no Horsa Coven em New Forest em época anterior aos Saxões. Ela não está incluída em meu livro porque eu sempre tive muitas dúvidas sobre suas afirmações fantásticas e contraditórias. Outras bruxas tradicionais que eram também proeminentes na época foram Charles e Mary Cardell do Coven of Atho e eles são mencionados. Desafortunadamente eles se envolveram com o tribunal depôs que um jornalista espiou um de seus rituais e publicou uma matéria sensacionalista. Os Cardells perderam a causa, foram forçados a pagar as custas que os levou à ruína e então sumiram da atenção pública.

Depois da morte de Cochrane dois membros de seu covine, os quais haviam saído vários meses antes de sua morte, fundaram The Regency e este grupo pioneiro aparece no livro no capítulo dedicado a isto. Tinha um círculo interno que incluía muitos membros do velho covine. Entretanto tinha uma ‘outer court’ [corte externa-NT] neopagã que organizava os rituais sazonais em vários locais abertos ao públicos. Isto era único na época. Eles também atraíram muitos wiccanos e ocultistas da cena esotérica na época. Estes rituais abertos continuaram até 1970 quando o The Regency tornou-se u grupo fechado mais uma vez. Devido à idade e saúde de seus membros sobreviventes recentemente ele cessou de congregar.

Não foi até 1980 e 1990 que outros oficiantes tradicionais que estão descritos no [livro-NT] Children of Cain, como Andrew Chumbley do Cultus Sabbati, Tony Newman da tradição Whitestone e Evan John Jones do extinto grupo de Cochrane, apareceram em público. Eles eram seguidos por pessoas como Bob Clay-Egerton, cuja apresentação em um velho covine em Alderley Edge em Cheshire durante a Segunda Guerra Mundial está também registrada no livro.

No que tange ao Velho Ofício em geral, em 1960 e 1970 seus membros mantiveram um perfil discreto. Muitos objetaram e ficaram horrorizados com a publicidade procurada por Gerald Gardner. Eles temiam que ao atrair a atenção à existência continuada da bruxaria nos dias de hoje a perseguição seria revivida e eles seriam expostos e prejudicados. Realmente muitas histórias sensacionalistas nos jornais em 1950 e 1960 sobre a bruxaria moderna levaram à tentativas de reinstaurar leis anti-bruxaria. Tem sido sugerido que praticantes das artes ocultas como tarólogos, mediuns e clarividentes devessem ser registrados e licenciados!

Ironicamente a exposição midiática mais positiva que os wiccanos receberam em 1980 e 1990 encorajou a muitos membros da Velha Crença a se arriscarem a aparecer públicamente. A motivação deles foi a de provar que outras formas de bruxaria além da Wicca existiam e tinham uma procedência histórica e isto ainda é uma luta em curso. Também foi para encontrar uma necessidade genuína enquanto muitos dos que foram iniciados na Wicca popular tornaram-se desiludidos com ela. Eles agora estão buscando algo mais profundo e mais autêntico. O desafio tem sido feito, talvez em alguns casos justificadamente, que ao provar um rosto público o Ofício Tradicional estava sanado para o consumo geral. Entretanto este rosto público muitas vezes era uma máscara que mais ocultava do que mostrava. A este respeito ele ainda está comprometido com a necessidade de um grau de segredo e ocultamento citado anteriormente.

THP. Desde 1999 você tem sido um iniciado da Ordem de Bruxaria Tradicional Cultus Sabbati. Até onde você pode falar, quais destaques de seu corpo iniciático ficaram fora, fora outras linhagens de bruxa que você tenha familiaridade?

MH. Em nível pessoal minha indução na Cultus Sabbati foi como “voltar para casa”. Quando pela primeira vez eu entrei no círculo com outros membros minha sensação imediata foi de uma conecção espiritual psíquica e física poderosa com algo realmente genuíno e muito antigo. Isto não é algo que se possa forjar, embora muitos charlatães, pretensiosos e impostores tenham tentado por anos.

Buscadores me perguntam como eles podem reconhecer o que é o autêntico Ofício Tradicional. Mais e mais eu acredito que é essa conexão com a bruxaria histórica, tanto em crença quanto em prática, que provê o critério necessário para julgar o que é autêntico e o que não é. Diferentes ramos do Antigo Ofício tem semelhanças e diferenças é claro. Entretanto a maior parte das formas genuínas de bruxaria tradicional compartilham certas “chaves” que podem ser reconhecidas e indicar que são genuínas.

THP. Você passou um bom tempo pesquisando o bruxo tradicional Robert Cochrane e seu Clan of Tubal-Cain. Você também teve contato com Evan John Jones enquanto ele era vivo, assim como outros membros que conheceram ou trabalharam com Cochrane. Quais são suas opiniões sobre o legado de Robert Cochrane e sua influência atual na Bruxaria Tradicional?

MH. Em uma carta para seus correspondentes Robert Cochrane expressou sua frustração com outros membros de seu covine. Ele os intimou que não estavam entendendo o que ele estava fazendo. Quando eu encontrei Evan John Jones em sua casa em Brighton e falei bastante com ele sobre o velho covine eu tive a mesma impressão. Um incidente em particular durante minha estadia com ele ilustrou graficamente isto.

Eu mostrei a John uma carta escrita por Cochrane ao curandeiro Norman Gills de Oxfordshire na qual Cochrane descreve a invocação a Lúcifer. John não estava feliz com o conteúdo desta carta pois ele havia negado que Cochrane a escreveu. Ele afirmou que não havia aspectos luciferianos no velho covine quando ele era membro. Esta situação mudou evidentemente assim que o oficial Clan of Tubal Cain na GB, herdada de John Jones por Shani Oates, em 1990 agora descreve-se publicamente como uma tradição “gnóstica-luciferiana”.

Depois da morte de Cochrane o Clan of Tubal Cain na forma do velho covine virtualmente cessou de existir. John Jones resignou do Ofício para lidar com assuntos domésticos e não foi até a metade de1980, com a permissão da viúva de Robert Cochrane, que ele decidiu reviver o Clan e iniciar um casal americano – algo que ele me disse mais tarde Ter se arrependido amargamente. Eu acho que a quebra de continuidade foi muito importante e explica muito o que se seguiu – a forma como sua tradição mudou desde sua morte e a disputa atual entre sucessores rivais pela liderança do Clan.

Acima de tudo a tradição de Robert Cochrane tem tido uma poderosa e importante influência no revivalismo moderno da bruxaria tradicional. Por exemplo, seus sistema de Ofício está sendo trabalhado e continua sendo bem sucedido por grupos e indivíduos que não são publicamente conhecidos e não fazem afirmações sobre iniciação física vindo de seu fundador. Cochrane pode ou não ter sido econômico quanto a verdade sobre algumas de suas afirmações de ser um bruxo tradicional de uma tradição familiar. O júri ainda está deliberando.

Se Cochrane não era um bruxo tradicional então nós temos que ter contato com membros genuínos do Velho Ofício. Porque sua tradição contém muitas das “chaves” mencionadas antes que podem ser usadas para identificar a bruxaria tradicional. Eis o porque ser ridículo que seus críticos dizerem que Cochrane “forjou tudo”. É significante que estes que fazem tais afirmações nunca tenham trabalhado pelo seu sistema. Se o fizessem, eles mudariam de opinião — assim que trabalhasse e desse resultados. Este é o teste final de qualquer forma de bruxaria ou magia.

THP. Como escritor-editor e iniciado, você ocupa uma posição única, estando com um pé dentro e outro fora do Círculo. Como esse acesso tanto ao interior quanto ao exterior da Bruxaria Tradicional afetou-o em sua compreensão?

MH. Eu acho que tornou a minha vida mais difícil! Pode ter me ajudado a entender o Ofício e suas várias formas mas teria sido mais fácil se eu fosse um membro anônimo de um covine. Ser uma pessoa pública e uma vida íntima mágica é um ato dificil de manobrar. Em meu caso entretanto serve muito bem minha dupla personalidade geminiana!

THP. Embora alguns praticantes modernos afirmem pertencer a uma linhagem da Bruxaria Tradicional que são “puras” em suas origens regionais ou culturais, na maior parte das vezes nós vemos que a bruxa-feitiçeira é altamente sincrética em natureza, incorporando diversos elementos de encantos mágicos e crenças populares. Um exemplo é o prevalecimento de grimórios continentais e magia salomônica na bruxaria britânica e na prática dos curandeiros populares. Em sua opinião, quais foram as grandes contribuições originais que o Velho Ofício deu ao ocultismo ocidental?

MH. Enquanto esta pode ser uma visão controversa, eu acho dificil separar completamente o Velho Ofício da tradição mágica ocidental. A relação entre a bruxaria histórica e magia cerimonial é complexa e difusa. Antes nesta entrevista houve uma referência a ocultistas trabalhando com bruxas rurais que ilustrava esta questão. Um exemplo disto que eu passei pessoalmente foi a história de um Magister de um covine em Northern England no século XIX que estava envolvido com o tipo de magia da Hermetic Order of the Golden Dawn. Como resultado isto foi introduzido no que anteriormente era um covine de bruxas rurais.

As outras contribuições do Velho Ofício para a tradição mágica se relaciona com a sobrevivência da magia salomônica. Era sempre as bruxas quem preservavam as práticas mágicas na tradição dos grimórios. Em seu livro “Witchcraft and the Inquisition in Venice 1550-1650”, Ruth Martin faz referência à uma mulher detida por praticar bruxaria e uma cópia da Key of Solomon [Chaves de Salomão-NT] foi encontrada em sua casa. Ela evidentemente havia emprestado o grimório e estava copiando manualmente material dele em seu “Livro Negro” pessoal.

Mesmo Gerald Gardner herdou esta tradição dos Elders do velho covine que ele foi iniciado em New Forest em 1939. Em um artigo na revista Illustrated em 1952 dizem que foi adicionado material da “Key of Solomon” em seus rituais. No protótipo do “Book of Shadows” [Livro das Sombras-NT] de Gardner, “Ye Bok of ye Arte Magical” escrito em 1940, o ritual de lançamento do círculo vem da “Key” e é o magus (sic) quem lança com uma espada cerimonial e não a sacerdotisa como em versões recentes do BoS [LdS-NT]. Elementos da Hermetic Order of the Golden Dawn e da OTO [Ordo Templo Orientis-NT] e AA [Astrum Argentum-NT] de Aleister Crowley foram também introduzidos na bruxaria moderna neopagã.

Bill Liddell do Ofício de Pickingill me disse que os velhos curandeiros emprestaram sigilos e “palavras bárbaras de poder” dos grimórios para usar em encantos para combater o poder da bruxaria maléfica. Seus clientes ficaram impressionados que essa “magia superior” pudesse superar maldições. Entretanto, ele adicionou, a ironia era que esses curandeiros eram eles mesmos bruxos. Na maioria o curandeiro da vila era também o líder do covine de bruxas local.

THP. Seu livro “Children of Cain” discute minunciosamente a figura controversa de George Pickingill. Bill Liddell, quem você mencionou, afirma ser um membro hereditário da bruxaria tradicional de Pickingill. Ele escreveu uma boa quantidade de informação sobre esse assunto, mas foi muito contraditório. Considerando seu conhecimento pessoal da Bruxaria Tradicional em Essex, quais são os maiores argumentos que Pickingill era de fato um praticante de magia?

MH. Tendo me correspondido com e sobre [Pickingill-NT] com Bill Liddell desde 1977 eu não estou querendo, como seus críticos, dispensa-lo como mentiroso e fantasioso. Eu concordo que a imagem que ele apresenta de George Pickingill não se encaixa na conhecida imagem pública desse curandeiro. Talvez isto apenas mostre o quanto o velho George era em esconder a verdade. Algumas contradições podem surgir pelo fato que Bill estava passando a informação que seus Elders e outros lhe passaram e algo disto pode ter sido lendário. Porque ele escreveu em primeira pessoa em seus artigos as pessoas não perceberam que a informação de Bill estava vindo de diversas fontes. Cada uma dessas fontes tinha sua própria agenda para promover e eram elas mesmas contraditórias.

As histórias populares sobre Pickingill e seus poderes mágicos colecionados pelo folclorista amador Eric Maple em Canewdon em 1950 providenciou muitas evidências conectando as práticas dos curandeiros com a bruxaria histórica. Também tinha a intenção de generalizar que como curandeiro e bruxo Pickingill não era uma figura isolada na vila. Maple colecionou muitas histórias sobre outros habitantes de Canewdon que eram reputados como bruxos e podem ou não terem sido associados com o velho George e seu alegado covine. Isto é por que era popularemente conhecido como o “bruxo da vila” e a área em volta era “região de bruxas”.

Novamente a descrição das crenças populares sobre as bruxas e magos de Canewdon e seus poderes alegados e atividades ressoou com considerações da bruxaria histórica e também a sobrevivência do Velho Ofício na moderna Essex e leste da Inglaterra. Um exemplo é o amplo uso das bruxas do século XIX e XX em Canewdon de espíritos familiares. Estes assumiam a forma de ratos brancos e coelhos brancos tanto quanto criaturas híbridas. Familiares [espíritos-NT] também aparecem nos processos de bruxaria em East Anglian 200 anos antes e isto sugere uma continuidade histórica de crença e prática.

THP. Nos círculos ocultistas modernos, há uma animosidade entre os praticantes de magia cerimonial e bruxaria. Entretanto, magia cerimonial, conjuração de anjos, controle de elementais e comando de espíritos goéticos foram produtos de troca dos curandeiros britânicos, e também é frequentemente encontrado na Bruxaria Tradicional. Aonde estão os pontos históricos mais importantes do contato entre os praticantes de bruxaria rural e magia cerimonial urbana?

MH. Como mencionado antes, eu nunca entendi esta dicotomia entre bruxaria e magia cerimonial ou os fortes sentimentos que isto engendra atualmente. A bruxa gardneriana Doreen Valiente afirmou que o Ofício nada tinha com magia medieval e posteriores tradições mágicas ritualísticas. Entretanto, em seu livro “Where Witchcraft Lives” publicado em 1962, ela descreve um rito de bruxa para divinar [um tipo de oráculo-NT] o futuro usando uma bola de cristal. Na mesa ao lado ela diz que tem uma faca de ritual, um turíbulo, uma caixa de incenso e um pentáculo feito de cera branca gravado com sigilos mágicos. Evidente que o pentáculo é uma das ferramentas do trabalho tradicional do magico cerimonial!

Parte do problema é a projeção das visões e idéias do moderno neopaganismo de volta em um passado que nunca existiu e a teoria que a bruxaria histórica era uma sobrevivente direta das religiões pré-cristãs. Como Robert Cochrane disse, elementos dos cultos de mistério pagãos sobreviveram nos históricos cultos de bruxas mas não era “pagão” per se. Elementos de velhas crenças pré-cristãs podem também serem achadas nas lendas folclóricas, o que era e é conectado com o Ofício e em alguns costumes sazonais populares.

Historiadores como Carlo Ginzburg, Bengt Ankarloo e Gustav Henningsen identificaram elementos na bruxaria histórica da sobrevivência da adoração de uma forma de Deusa que pode ser identificada tanto como Diana como Frau Holda. O ensaio de Gustav Henningsen “Ladies From the Outside: An Archaic Pattern of the Witche’ Sabbath in Early Modern Witchcraft: Centres and Peripheries”, publicado por Clarendon Press Oxford em 1993, é uma fonte útil relacionada a esta teoria. O ensaio fala da perseguição das bruxas sicilianas pela Inquisição Espanhola quando a Sicília era uma colônia imperial espanhola. Descreve observações coletadas pelos inquisidores dos contatos entre bruxas e fadas e uma reverência de uma figura feminina identificada pelos seus seguidores como a “rainha das fadas”. Uma “Deusa” similar é conhecida também nos processos contra bruxaria na Inglaterra e Escócia e era chamada de “Rainha de Elfhame’ ou Terra das Fadas.

Voltemos ao tema bruxaria e magia ritual. A evidência sugere que as formas arábicas da práxis mágica e o material dos papiros greco-egípcios que foram incorporados mais tarde nos grimórios e na tradição salomônica entrou pelo sul da Europa durante a ocupação moura da Espanha medieval. Este foi um período crucial na história do culto das bruxas europeu quando idéias, conceitos, crenças e práticas do Oriente Médio e Norte da África influenciaram seu desenvolvimento e evolução.

Pelo fim da Idade Média é dificil ver as diferenças entre bruxas e praticantes de magia cerimonial. Em verdade eles se juntaram nos papéis encenados na magia popular pelos curandeiros e curandeiras. A diferença perceptível entre a bruxa e o mago eram muito baseados na interpretação e categorização dos praticantes de magia por aqueles que estavam perseguindo supostamente bruxas ou pela crença popular mantida pelas massas sobre bruxaria.

Na verdade a palavra “bruxaria” e “bruxa” eram usadas por estranhos para identificar e descrever um amplo espectro de praticantes de magia. Eles não eram provavelmente usados amplamente pelos praticantes para se descreverem. Mesmo hoje existem alguns tradicionalistas que preferem não usar a palavra por causa de suas conotações populares. Robert Cochrane por exemplo se descreve como um pellar – uma palavra da velha linguagem da Cornualha significando um curandeiro ou encantador. Ele também disse que membros modernos do Velho Ofício chama-se de “Povo Bom”, “Papoulas Verdes” (mulheres), “Magos” (homens), “Cavaleiros” e “Jack e Jill”.

THP. Bruxaria Tradicional, em alguns casos, algumas de suas lendas e práticas rituais parecem ter vindo das guildas [corporações ou sindicatos-NT] comerciais, cuja influência definhou com a Revolução Industrial. Por que isto aconteceu e quais aspectos da guilda comercial ou sociedades tem uma ressonância particular com o corpo da prática da bruxaria?

MH. O elo entre a bruxaria tradicional e as velhas guildas comerciais da Idade Média e além é um assunto interessante que tem sido negligenciado nos estudos históricos. Certamente existem ligações entre o Velho Ofício e sociedades secretas na área rural como a guilda dos cavaleiros, o Miller’s Word [uma sociedade teosófica-NT] e a Society of Ploughman [sociedade de fazendeiros-NT]. Bruxas eram encontradas também em sindicatos como o dos ferreiro, sapateiro, alfaiate, seleiros, pedreiros e mineiros.

Um exemplo clássico de uma guilda comercial conectada com a bruxaria tradicional é a Horseman’s Word [guilda de cavaleiros-NT], cujos membros são mais conhecidos com encantadores de cavalos. Esta era uma sociedade rural que se espalhava em East Anglia, o oeste do país e Escócia e era exclusivamente masculina. Em muitos outros aspectos combina com o modelo da bruxaria histórica. As iniciações aconteciam à meia-noite em lugares remotos e envolviam testes e provas, um juramento solene, a passagem do conhecimento secreto e uma comunal e quase sacramental refeição de pão e whisky. Os rituais eram presididos pelo presidente dos cavaleiros que usava uma cabeça de bode e peles de animais. Na Escócia ele era chamado Auld Chiel ou o Velho Chefe – um apelido para o Diabo. Parte da iniciação do Mundo era recitar a história ao candidato de como o primeiro homicida e mago Cain, o patrono dos cavaleiros, domou o primeiro cavalo selvagem.

Há também conecções evidentes entre a bruxaria tradicional e a franco-maçonaria, que se originou das guildas medievais dos pedreiros com suas lojas e era conhecido como “o Ofício”. As lendas medievais maçônicas remontam-no [o termo-NT] à construção do Templo de Salomão em Jerusalém e sua construção supostamente ter sido feita usando métodos mágicos. Salomão era conhecido por ser um poderoso mago e ele evocou djinns ou espíritos para ajudar os trabalhadores humanos a construir o templo. Era também dito que o rei era assistido pelo primeiro ferreiro bíblico, Tubal Cain, um dos avatares do Deus-Bruxo na bruxaria tradicional. A reputação de Salomão como praticante de magia que poderia evocar e controlar demônios ou espíritos nos leva ao mais famosos grimório de todos entitulado com seu nome.

THP. Considerando as mudanças pelas quais o Velho Ofício passou, particularmente nos últimos 50 anos, você ainda o vê como parte vital da vida no campo, e de que formas isto pode ter mudado?

MH. Nós temos que ter cuidado para não encorajar fantasias como o Homem de Palha ou Casa da Colheita, mas, nas palavras imortais de Cecil Williamson, “Isto ainda continua atualmente”. A despeito do uso de fertilizantes químicos, super tratores com ar condicionado e fazendas em escala industrial, é surpreendente como as velhas crenças e superstições sobrevivem na área rural. Pessoas do campo ainda põem uma tigela de mel e leite do lado de fora à noite dizendo que é “para os ouriços”, bonecas de trigo são feitas do último feixe da colheita e mantida na fazenda para o próximo ano como um encantamento de fertilidade, e pedaços de bolo enterrados no primeiro sulco de um campo arado, enquanto o próprio arado é abençoado, embora seja na igreja pelo vigário. Ainda existem indivíduos dotados que podem encantar verrugas, curar doentes e terem a Segunda Visão. Poucos possuem o poder maléfico do Olho Gordo.

Também existem covines no campo seguindo a tradição do Velho Ofício e evitando a exposição pública. Alguns destes são grupos revivalistas oriundos dos tempos modernos, mas outros afirmam origens mais remotas. Um dos mais velhos covines rurais no país se encontra na pitoresca vila de Long Compton próxima do círculo de pedras de Rollright na borda de Oxfordshire-Warwickshire. O curandeiro Norman Gills, que é mencionado em meu livro, afirma ter tido contato com esse velho covine. Eles usam ritualmente um par de chifres de cervo que estavam em propriedade de Gills e vieram a estar em propriedade de um amigo meu alguns anos atrás. Eles estão agora sendo usados por um covine tradicional moderno em Shropshire que lhes deu uma ligação mágica e física com o Velho Ofício. O covine de Long Compton ainda estava ativo em 1960 e, se os rumores locais são verdadeiros, ainda existem atualmente.

THP. Como você vê o papel da “observância dupla de crenças” na Bruxaria Tradicional?

MH. Se olharmos nas declarações dos processos de bruxaria existiam muitos encantamentos usados pelos acusados que eram cristãos ou semi-cristãos. Muitos destes eram de origem do catolicismo romano e pré-reforma evocando a Virgem Maria, o Pai, Filho e Espírito Santo, e a companhia dos santos. Hoje em dia algumas bruxas tradicionais usam salmos para propósitos mágicos e subvertem e invertem o imaginário, o simbolismo e crenças cristãs de uma forma herética. Outros oficiantes vêem a história de Jesus como uma versão legítima do antigo mito do “Deus sacrificado” ou rei divino. Eles não vêem problema em atender a serviços especiais na igreja como a Missa da Meia-noite na Véspera do Natal, quando o Senhor da Luz nasceu, ou o Festival da Colheita em setembro em celebração do espírito do milho John Barleycorn.

THP. Qual a sua opinião sobre a idéia que os espíritos ou divindades encontradas na bruxaria e na magia serem meros aspectos da psiquê humana?

MH. Há uma visão pós-moderna baseada na psicologia que seres espirituais não tem existência real. Em verdade eles estão “na mente” ou na “psiquê humana”. Esta idéia não pode ser confundida com a antiga doutrina esotérica do “deus interno” ou da fagulha divina que todo ser humano, nascido do barro ou renascido, tem e cuja qual nos conecta ao reino espiritual enquanto estamos encarnados no mundo material.

Falando de minha própria experiência, eu não tenho dúvida que os espíritos tem uma realidade objetiva. Enquanto eles estão separados de seres humanos é verdade também que individual e coletivamente praticantes da Arte são atraídos a um espírito particular. Em minha opinião isto não acontece porque eles são aspectos de nossa psiquê. Ao invés disso, eles são atributos destas entidades que correspondem aos traços da personalidade, ênfase mágica e desenvolvimento espiritual tanto do praticante quanto do grupo e das tradições. Certamente quando espíritos se manifestam no Círculo da Arte é claro que não são apenas projeções da mente humana.

Se nós acreditamos na realidade de um reino multidimensional além do mundo material, e esta é a crença central na bruxaria, então nós temos que aceitar que é habitado por outros seres, que são quer sejam humanos ou não-humanos. No Além estas entidades podem não aparecer em forma física que nós poderíamos reconhecer. Tem sido sugerido que de fato eles podem aparecer em formas abstratas como energia pura. Por esta razão quando eles interagem com humanos os espíritos podem adotar imagens arquétipas que são cultural e históricamente relevantes aos que os experimentam.

O mágico cerimonial W.E. Butler uma vez me disse uma história interessante a este respeito. Ele e sua esposa, que era médium mas não uma maga treinada, estavam visitando um antigo local no campo próximo de seu lar em Hampshire. Enquanto estavam no local ambos experimentaram independentemente uma visitação de um elemental ou fada. Quando descreveram suas experiências um para o outro a esposa de Ernest disse que parecia com uma típica fada, pequena e vestindo uma típica túnica verde medieval com um gorro e sapatos pontudos. Em contraste com essa imagem popular do Povo Bom vista por sua esposa, Ernest viu a entidade como uma pequena bola de luz verde.

Em muitas formas do Ofício Tradicional existem os mitos dos Vigias ou chamados de “anjos caídos” encarnados em “casacos de carne” no mundo material. Eles fazem isso como exemplos culturais então eles podem instruir os humanos nas artes da civilização e magia. Alguns oficiantes luciferianos também crêem que através das eras Lumiel reencarnou na forma física em seu papel como Senhor do Mundo para acelerar o desenvolvimento espiritual da raça humana. Estas visitas recentes estão supostamente registradas nos mitos antigos relacionados a Deuses salvadores sacrificados como Osiris, Tammuz, Adonis, Attis, Mithras, Baldur, Quetzalcoatl – e mesmo Jesus. Se os velhos Deuses e espíritos são meramente aspectos da psiquê humana ou projeções de nossas mentes então estes mitos, e as crenças correspondentes associadas à eles, não existiria no mundo mitológico.

THP. [O livro-NT] Crianças de Caim descreve um capítulo sobre Bruxaria Tradicional na América. Você pode falar um pouco sobre a situação única que permitiu o crescimento da bruxaria e as várias formas híbridas de magia popular nos EUA?

MH. É bem conhecido que religiosos dissidentes e sectários escaparam da perseguição na Europa no século XVII e se instalaram na Pensilvânia, Massachusets e New England. O que é pouco conhecido é que junto dos cristãos alguns dos velhos colonos eram ocultistas que trouxeram com eles tradições da magia cerimonial e popular vindas do Velho Mundo. O infame processo contra a bruxaria em Salem e em outros lugares foi amplamente desprezado pelos historiadores modernos como produtos de histeria moral e intolerância religiosa. Ainda assim haviam muitas bruxas genuínas, curandeiros e magos operando na América colonial daquele tempo.

Tais práticas de magia popular como divinação pelo método tradicional “cortar e peneirar”, quiromancia e leitura de cartas eram comuns. Havia também o uso de bonecas de pano para maldições, garrafas-de-bruxa para detectar e expor supostas bruxas, remédios herbais para cura e mesmo iniciação no Ofício pelo ‘Man inn Black’ [Homem de Preto-NT]. Nos velhos registros americanos ele era descrito como um nativo americano, provavelmente porque os Puritanos consideravam os habitantes aborígenes do país que eles invadiram como “adoradores do Diabo”.

Um ramo diferente de magia popular emergiu da Diáspora Africana pelos escravos trazido à América para trabalhar para os donos de plantação brancos e como serviçais para famílias ricas. Eles importaram sua própria marca de prática mágica baseadas no espiritismo e fetichismo africano. No Novo Mundo estas crenças originais foram influenciadas pelo Cristianismo, o que providenciou uma “máscara” útil e aceitável. Outras influências externas vieram da fusão das formas de magia espanholas e imagens dos sabbats das bruxas européias com feitiçaria sulina americana nativa.

Imigrantes escapando da extrema pobreza e fome da Irlanda também trouxeram suas p´roprias tradições populares e a “crença das fadas”, como também fizeram os colonos da Escócia. O influxo de pessoas da Alemanha, Holanda e Áustria introduziram a magia do grimório e formas cristãs de encantamento que eventualmente produziu o “hexerei” ou a dita “hexcraft”. Há evidências também no século XIX de tradições familiares e “covens” ou grupos de magia que atraíram a bruxaria histórica britânica misturada com espiritualismo, teosofia e magia cerimonial. Todas estas diferentes influências ocultistas e mágicas ajudaram a criar uma rica tapeçaria da bruxaria e crenças populares pela América do Norte.

THP. Para aqueles que não sabem a distinção, quais são as diferenças essenciais entre Bruxaria Tradicional e Wicca?

MH. Enquanto os wiccanos costumam a trabalhar skyclad [nudez ritual-NT] dentro de casa, bruxas tradicionais trabalham com túnicas fora de casa onde que que seja prático. Então eles são chamados às vezes de “covens vestidos”. Na Wicca a Alta sacerdotisa é a líder do coven acompanhada pelo Alto Sacerdote como seu consorte e as iniciações são feitas estritamente homem-mulher ou mulher-homem. Não pode haver desvios desta regra. Entretanto na maior parte dos covines tradicionais existe um líder masculino, conhecido como Magister (Mestre) ou Diabo e ele pode iniciar a ambos, homem e mulher. Alternativamente o Magister e Magistra (Mestra) podem ter a mesma hierarquia e comandam o coven juntos. Na tradição de Cochrane embora seja geralmente o Magister quem está governando ele tira seu poder e autoridade da Donzela do Clan.

Da mesma forma, enquanto os tradicionais possam reverenciar o Deus-Bruxo e a Deusa-Bruxa, que são deidades ou espíritos específicos, não qualquer Deus ou Deusa pagãos que quiser, igualmente como o Senhor e a Senhora, alguns velhos covines são exclusivamente voltados ao culto do Deus Cornífero. Mesmo quando há igualdade divina no Ofício Tradicional, o Deus é uma figura bem menos emasculada do que em sua contraparte na moderna Wicca e tem um papel mais amplo. Outros covines tradicionais tem um sistema de crença animista e são politeístas por natureza com uma larga comitiva de espíritos masculinos e femininos.

Em um nível operativo e prático, trabalhar em transe, “sonho mágico” e possessão espiritual são um importante aspecto do Ofício Tradicional. Contactar o espírito do mundo e os ancestrais mortos também ocorrem regularmente, e não apenas no Halloween. Em geral o ambiente dos ritos tradicionais de bruxas é bem diferente da Wicca. Por causa disso é muito difícil descrever a diferença a menos que você a tenha experimentado.

Fonte: Three Hands Press
Nota: No que tange esta casa, apenas no Dianismo e na Neo-wicca há tal emasculação, para não dizer omissão ou obliteração, do Deus Cornífero.

domingo, 11 de setembro de 2011

Como Amar quem insiste em nos fazer odiá-los

Encontrei este excelente texto que vem no momento certo para meu trabalho de desenvolvimento espiritual.

[...]é muito fácil Amar e tratar bem os q tratam a gente bem e a gente sente felicidade qd tá perto deles, é fácil gostar dos q gostam da gente. Isso é básico, "naum passa da sua obrigação".
A "recompensa" vem de Amar os q tratam a gente mal, nos humilham, nos odeiam e fazem esforços pra gente odiar eles tb.
E a dica, o método pra conseguir essa proeza, já foi dada. Se alguém te bater numa face, oferece a outra tb. Se alguém te roubar um produto, entregue mais um. Se alguém te obrigar a fazer um esforço, faça até ele ficar mais q satisfeito.
Fazer essas coisas é difícil, mas ao contrário de outras situações como arrancar o olho ou cortar a mão q ele fala em sentido figurado, nisso aí ele fala no literal mesmo. Naum é bom tentar resistir ao corrupto, ao ladrão, ao bandido, ao q tenta escravizar, explorar ou abusar da gente.
Se a gente tentar resistir, vai ser definido o conflito, onde um vence e outro perde. Qd o "homem mau" chega tentando causar algum mal na gente, se a gente tentar impedir esse mal, vamos ter q entrar em guerra com ele. Se ganharmos, vamos ter absorvido a vibração do conflito; se perdermos, além de tb ter absorvido a vibração do conflito, ainda vamos ter prejuízo muito maior. E vamos ter gerado o ódio do conflito dentro da gente, e instigado o ódio no "homem mau" q veio nos prejudicar. E a Energia do ódio vai sendo multiplicada e propagada de pessoa em pessoa.
Por outro lado, ao depararmos com uma pessoa q quer nos prejudicar, se deixarmos ela fazer oq quiser ela fica satisfeita e vai embora. Naum há conflito, nem ódio, ela vai embora e continuamos nossa Vida. A pessoa tb, naum vai ficar em conflito com ninguém, o ódio nela naum vai se multiplicar, e ela ainda vai embora rindo chamando a gente de idiota. Se "oferecermos a outra face", "deixarmos o manto", "andarmos a mais" a pessoa vai ficar satisfeita e vai embora mais rápido ainda (se ela naum quiser escravizar a gente e dar uma de abusado né).
No início parece difícil, mas desenvolvendo o hábito, com o tempo vai ficando mais fácil. Vibrar Amor dentro da gente, Amar a Vida à nossa volta, criar Fluxos de Energia doando Amor a todos à nossa volta, plantando Amor em pessoas aparentemente inférteis, convertendo o ódio à nossa volta em Amor puro e transparente.ssoa tb, naum vai ficar em conflito com ninguém, o ódio nela naum vai se multiplicar, e ela ainda vai embora rindo chamando a gente de idiota. Se "oferecermos a outra face", "deixarmos o manto", "andarmos a mais" a pessoa vai ficar satisfeita e vai embora mais rápido ainda (se ela naum quiser escravizar a gente e dar uma de abusado né).
Naum parece lógico no ponto de vista econômico e social, mas eu posso comprovar por experiência própria q tudo q tentam nos roubar, a gente acaba recebendo de volta depois, por outra via. O prejuízo, mesmo financeiro, é momentâneo; às vezes até mesmo só ilusório. O segredo é procurar ter sempre a quantidade exata q a gente precisa: nem tentar acumular mais do q o necessário no medo hipócrita de perder tudo no futuro, nem passar necessidade na humildade hipócrita de querer parecer coitadinho pros outros pra querer q eles nos alimentem e sintam pena da gente. Se alguém vem e tira dum lado, o mesmo recurso aparece do outro. É preciso ter .
Outra coisa muito interessante [...] a questão de ser fácil, quase inútil, Amar os q nos Amam ou pelo menos nos tratam bem. Isso até Animal faz, gostando de kem dá comida pra ele.
Nós [...] temos o dever de expandir nossa Consciência [...] uma das formas de Expandir nossa Consciência é levando o Amor em excesso aonde ele falta. Se nós somos capazes de Amar, podemos nos considerar felizes, e no dever de levar o Amor aos q naum Amam, pra q eles tb possam vibrar o Amor e terem a oportunidade de serem felizes tb.
No início parece difícil, mas desenvolvendo o hábito, com o tempo vai ficando mais fácil. Vibrar Amor dentro da gente, Amar a Vida à nossa volta, criar Fluxos de Energia doando Amor a todos à nossa volta, plantando Amor em pessoas aparentemente inférteis, convertendo o ódio à nossa volta em Amor puro e transparente.
Fonte: Hikari

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Iniciação - uma carta de amor

Autora: Star Foster

Eu vou lhes contar porque eu pedi por minha iniciação na Bruxaria Tradicional.
1. Pessoas são melhores do que livros
Eu posso ler a liturgia do ritual, mas aprender na prática com a minha sacerdotisa é uma experiência transformativa. Ela é muito paciente e encorajadora. Eu tendo a ser literária, mas muitos dos meus momentos  do meu treinamento que dobraram minha mente até agora vieram de minha sacerdotisa desafiando meus preconceitos e guiando-me dentro dos canais apropriados para aquilo que eu estava tentando realizar. Para alguém que investiu uma década em estudo autodidático, eu nunca esperava aprender tanto antes da iniciação.
É um mundo solitário onde moramos e eu sou uma das pessoas menos sociáveis que eu conheço. Estabelecer conecções com pessoas em um encontro de coven é uma experiência poderosa. Duas primaveras atrás eu comecei a circundar com gentis estranhos e agora essas pessoas são família. Eu provavelmente sou o membro mais desajeitado da família, mas eu tenho sorte em ter um grupo tão gentil, sábio e acolhedor com quem aprender e crescer junto.
Sartre disse "O inferno são os outros" e o que ele disse soou verdadeiro com muita frequência. Eu nunca sou desencorajada por minha religião ou meus Deuses, mas outros pagãos fazem com que eu queira subir em uma árvore como Merlin. Eu acho que vir ao paganismo através da Internet me coloca em desvantagem. Pagãos na Internet são perversos. Parte de mim sempre espera que os pagãos que eu encontro se tornem feios em palavras e atos, uma versão deturpada da noiva de Gawain.
As pessoas na minha tradição constantemente me desafiam enquanto me fazem sentir em casa. Eu conheço meu coven e nosso coven-mãe, é meu refúgio do mundo desalmado da religiosidade externa e da picuinha interna. Assim quanto tão pouco eu tenho a dar, Lady Jasmine, Lord Solandrin, Lady Moonshadow, Lady Ariadna, Lady D'Cie, Lady Larina e Lord Gaelin, junto com muitos outros para mencionar, têm sempre me feito sentir em casa e tratada como uma pessoa real. Isso não é tão comum quanto deveria ser.
Eu também devo dizer que eu ouvi pessoas na minha tradição, velhos e jovens, dizem que não importa qual o nome de nossa tradição ou o que nossos covens são, enquanto a comunidade, o propósito e o ensinamento for o mesmo. Isso me impressionou quando as pessoas consideram suas tradições um ser vivo e não vinculados à nostalgia, ego ou reconhecimento de "marca". Eu tomei a mesma atitude. Eu vou estranhar se eu for informada que mudamos o nome de nossa tradição para Glitter Farting Fairies [Fadas do Peido Purpurinado-NT], mas desde que mantenhamos os mesmos valores eu usarei o nome com orgulho.
2. Hierarquia é bom
Serviço é um conceito amplo na tradição na qual eu fui aceita e iniciada em, e responsabilidade é levada muito a sério. Algumas pessoas riem do Ofício Tradicional que usam títulos, mas eu posso dizer que testemunhar o trabalho de meus Elders põem em seu Ofício e o serviço que eles oferecem aos outros, eles mereceram qualquer honorífico dado a  eles. Tornar-se um Elder em nossa tradição é como ter um emprego temporário e eu não tenho inveja ou rancor de qualquer um o título de Lord ou Lady em seus nomes de Ofício.
Hierarquia desanda nas mãos de indivíduos obcecados com controle ou fome de poder. Hierarquia apropriada envolve delegação, um sentimento de serviço e igualdade, e o reconhecimento que o coven é uma comunidade que depende de cada um. Minha tradição faz isso muito bem. Eu nunca tive que jurar lealdade a um indivíduo, nunca senti que não era capaz de questionar meus Elders e certamente nunca senti que estávamos divididos em abelhas operárias e abelhas rainhas. A hierarquia, a distribuição das tarefas e a ênfase que cada grau traz consigo responsabilidades e serviço aos outros encaixa-se perfeitamente comigo.
Minha sacerdotisa trabalha. Eu não a ajudo tanto quanto deveria. Então quando eu a vejo considerar, consultar, discutir e então eventualmente tomar uma decisão ela precisa fazê-lo a despeito de tudo, eu fico bem sabendo que a resistência termina com ela. Eu estou conformada com nossa hierarquia, apoiando a autonomia de nossa sacerdotisa e estar na base da pirâmide, porque em quase 2 anos eu nunca vi um de meus Elders abusarem de sua autoridade. Ser capaz de escrever isso me preenche com um enorme orgulho.
3. Diversidade em ação
Eu admito que tenho uma mente que rotula, classifica, alinha e marca percentuais quando lida com grupos de pessoas. Ser observador pode ser bom, mas eu não estou certa se este tipo de comportamento é saudável. Então eu sou uma das poucas pessoas na minha tradição que regularmente menciona nossa diversidade, porque é um tipo de benção. Pessoas de diferentes origens, etnias, identidades sexuais, ocupações e pontos de vista tem um tipo de mistura em uma comunidade sem qualquer ação ativa para que isso ocorra que eu possa ver.
Nossa diversidade vai além do que a maioria das pessoas pensa como diversidade. Sim, temos machos, fêmeas, heteros, homos, casados, solteiros, ex-cristãos, ex-muçulmanos, jovens, velhos, liberais e conservadores entre nós. Temos também politeístas, panteístas, monoteístas e uma mistura dos três entre nós. Os exemplos que acompanham uma lição podem vir dos mitos clássicos, um verso da bíblia ou [o filme-NT] Guerra nas Estrelas. Eu não vou dizer que não haverá enfado diante dos absurdos abraãmicos, mas Cristianismo, Islamismo e Judaismo são considerados fontes de sabedoria junto com todas as outras grandes mitologias do mundo. Não é algo para ser discutido. É tratado como a ordem natural das coisas e eu amo isso.
4. Hospitalidade sulina
Eu fui cortada de uma egrégora antes. Eu achei a idéia toda estranha, paranóica e incerta. As egrégoras da tradição na qual eu estou me iniciando não são tratadas como frágeis. De minha perspectiva, a intenção daqueles que criaram e mantêm a egrégora de meu coven, nosso coven mãe, e eu poderia tratar nossa tradição como um todo é criar uma comunidade na qual aqueles que procuram aprender, praticar, ensinar e incorporar nossa tradição são bem-vindos e apoiados.
Eu recebi apoio desde a primeira vez que eu pisei no círculo como um neófito e uma das primeiras perguntas que fiz a minha sacerdotisa e sacerdote o que aconteceria se eu decidisse que esse caminho não é para mim. Disseram-me que eles iriam querer falar comigo para ter certeza que estava tudo bem, mas todos são livres para vir e ir como quiserem. Os Deuses não pedem uma cirurgia toda vez que alguém sai e este foi um grande fator em minha escolha em estudar com este coven.
Eu não irei dizer que meu primeiro ritual, particularmente meu primeiro ritual multi-coven, foi como se eu estivesse junto com velhos amigos. Eu observei o amor e a amizade existiam e eventualmente eu senti que esta era minha família. Em primeiro foi como um amigo te convidando para visitar sua grande, bagunceira, família quando você é ainda uma criança. Mesmo que essa não seja sua família ainda, você pode sentir a vibração e isto te faz sentir bem-vindo e em casa.
Os sentimentos de família, hospitalidade e aconchego são reforçados por cada pessoa ativamente engajada na criação da comunidade nesta tradição. Sinto como se as pessoas e a egrégora estão continuamente reforçando e estreitando esta atitude de hospitalidade, então o ambiente parece muito com a própria Deusa. Se isso soa exagerado, meigo ou pretensioso, eu não me importo. É como eu me sinto. Eu nunca deixei de ser um neófito, nunca senti que eu tinha que ser iniciada para ver o que era tradição e minha decisão ao pedir a iniciação foi amplamente baseada no fato que eu sabia que eu não precisava ser iniciada para me sentir bem-vinda ou ser tratada como pessoa.
5. Valores acima da magia
Eu pratico magia. Meu coven pratica magia. Teoria Mágica não é uma matéria, mas duas das matérias principais das aulas primárias que seguem as aulas de Teoria Metafísica. Eu tive experiências com magia e trabalho com energia neste coven que me modificaram profundamente. Dito isso, nós não focamos a magia.
Você não ouve nossos Elders falarem sobre magia tanto quanto eles falam de nossos princípios. Não é incomum encontrar um dos meus Elders falando sobre confiança, tolerância ou humildade no centro de toda conversa. Eles estão constantemente falando em crescimento espiritual, aprender as lições da vida, trazer equilíbrio na sua vida e construção de caráter.  A única vez que eu fui a meus Elders pedindo conselhos sobre magia isto veio com uma enorme dose de crenças e advertências para me examinar antes de seguir adiante. Meu encantamento funcionou muito bem e seus conselhos para me examinar provaram ser extremamente valiosos tanto na execução quanto em lidar com os resultados de meu feitiço.
De minha observação na ênfase deles nos valores e na força da magia deles, eu conclui que a eficiência de sua magia depende na qualidade da ferramenta. Uma bruxa é uma ferramenta mágica, a melhor já criada, então uma bruxa deve se por em ordem, para ser magicamente eficiente. Eu acho isso fascinante.
6. Foco na Wicca
Todos passam pelas aulas primárias. Eu fui uma solitária por 10 anos quando eu tive minha primeira aula formal. Eu não achei que estava abaixo de mim sentar e escrever os nomes dos sabás. Eu estava determinada em colher o que fosse das aulas. Eu fiquei surpresa em notar que eu aprendi é que Wicca é o suficiente.
As aulas têm pedaços de astrologia, herbalismo e outras disciplinas, mas a maior parte do material tem a ver com a própria Wicca. Por que acreditamos no que acreditamos, a razão por trás disto, a lenda, as práticas que apoiam e reforçam nosso Ofício. Um de meus Elders disse que não temos que brandir bandeira alguma senão a bandeira Wicca. Ela quis dizer que não temos que nos envolver em causas políticas ou sociais como uma tradição, que nosso principal propósito é a religião Wicca, mas desde que eu ouvi isso eu pensei sobe isso em outros termos. Nós não brandimos a bandeira da magia cerimonial. Nós não brandimos a bandeira do tarô. Nós não brandimos a bandeira do herbalismo. Nós não brandimos a bandeira da lenda druídica. Wicca é nosso foco e Wicca é o suficiente.
Nós passamos muito tempo com essas aulas primárias. Eu estou tentando passar novamente por elas, porque eu ainda estou aprendendo coisas novas enquanto eu reviso o básico. As pessoas assistem as aulas, elas aprendem o material para ser capaz de ensiná-las, elas conversam, elas mantêm na mão para fácil referência e elas estão constantemente procurando por novas e diferentes formas para comunicar os conceitos nas aulas. Geralmente mais de uma pessoa ensina e ás vezes muitos Elders irão ensinar porque cada um tem um estilo e perspectiva de comunicação únicos.
Eu tive aulas de herbalismo, feitura de vassoura e de cura de meus Elders, mas estas coisas são consideradas interesses especiais. O coração dos ensinamentos da tradição é wiccano, a base da Wicca é conceitos consideráveis que valem uma reflexão profunda e estudo, e eu nunca vi alguém substituir qualquer parte do núcleo dos ensinamentos por algo de outra religião ou disciplina espiritual. Mesmo meditação, que não é uma disciplina religiosa, é ensinada como algo que dá suporte e fortalece nosso Ofício. Você pode tirar cada referência e disciplina nas aulas que não seja o coração da prática e crença wiccana, e as aulas ainda permanecerão coesas, compreensivas dentro da religião wiccana. Isso significa muito para mim.
A iniciação saiu de moda, e muitas pessoas a vêem e Bruxaria Tradicional negativamente. Eu estive em momentos de minha vida onde se eu não estivesse envolvida com o Ofício Tradicional para salvar a minha vida, geralmente devido à pessoas que representam a Wicca pobremente. Assim que eu pedi e fui aprovada para ser iniciada, assim eu vi esta estranha data no calendário, eu achei que seria útil compartilhar o motivo pelo qual eu escolhi esse caminho. Tantos vêem a iniciação como restritiva e opressiva, que eu quis dar um testemunho positivo tal como por que uma excêntrica obstinada, pessimista e independente como eu veria isso de fora. Não é uma decisão fácil, não é uma decisão a ser tomada futilmente ou por razões erradas, e certamente o processo de iniciação não é algo que irá te levar a uma fantasia. Eu espero que isso seja útil para as pessoas, e eu espero que minha decisão faça sentido.

Fonte: Patheos