domingo, 28 de outubro de 2012

A abóbora de Linus

Parem o bonde do Paganismo Brasileiro que eu quero descer. Eu até engulo a patriotada de querer fazer o 31 de outubro o Dia do Saci. Mas saber que tem pagão brasileiro reclamando que Halloween não é Samhain não dá.
Se vamos evocar a Musa da História, vamos ouvir o que Ela tem para contar na integra, não apenas aquilo que queremos ou nos convém.
Atribui-se a origem do Samhain aos Celtas, um povo antigo, de quem se conhece mais lendas do que fatos. Os Celtas não eram um povo homogêneo, mas um conjunto de povos, que tinham alguns elementos em comum na linguagem e na religião, que chegaram na Europa, a colonizaram e se misturaram com os muitos povos nativos.
Os celtas não deixaram qualquer registro escrito, o pouco que se sabe deles nos é contado pelos Romanos, que invadiram e conquistaram boa parte da Europa, resultando em uma assimilação e romanização da crenças locais. Do pouco que se registrou, observou-se que os Celtas celebravam os solstícios e equinócios.
Depois entraram em cena a imposição do Cristianismo e as invasões bárbaras. Com o colapso do Império Romano, novos reinos se ergueram das ruínas, seguiram-se mais guerras, mais invasões, mais migrações, mais influências culturais.
Na Bretanha, houve a conquista dos Anglos e Saxões, dos desdobramentos da história surge o Reino Unido como um poderoso Império.
Vem a Era Colonial e a Coroa Inglesa reclama a si os territórios no Novo Mundo, dos desdobramentos da história surge os EUA, cuja força e influência são presentes nos dias atuais.
Houve na Europa conflitos entre cristãos, a perseguição religiosa fez com que muitos buscassem refúgio nos EUA. Do Reino Unido veio o costume de celebrar o "All Hallows Eve", ou "Festa de Véspera do Dia de Finados".
Os refugiados nos EUA transformaram esta festa no conhecido Halloween, um feriado importante na cultura americana, como o "4th of July", "Tanksgiving Day" e "Christmas Eve". O Brasil, como colônia européia e americana [economica e culturalmente] assimilou, adotou e copiou algumas destas festas.
A "origem" da celebração do Samhain não vem dos celtas, mas do reconstrutivismo Cultural que surgiu no século XVIII, com o Movimento Romântico, o Neopaganismo, a Royal Society of Folclore. O Neopaganismo tornou-se um fenômeno mundial graças à influência da cultura americana no mundo. O Neopaganismo chegou e ganhou força no Brasil porque nós importamos essa cultura.
Nós somos descendentes de portugueses, italianos e espanhóis, celebramos uma festa de origem inglesa, importada dos americanos. E ainda tem pagão brasileiro reclamando que Halloween não é Samhain.
Podemos até reclamar que o Halloween se tornou uma festa comercial, como o Natal. Celebrações atraem gente e onde tem gente tem comércio. Comércio faz parte de nossa natureza e é também uma manifestação divina, por Hermes e Mercúrio!
Não cabe a nós, pagãos, agirmos como rabinos insandecidos; não podemos nem devemos expulsar os vendilhões do templo.
Então, caro cidadão brasileiro, quer venha a comemorar o Halloween, o Samhain ou o Dia de Finados, boas festas.
E que a Grande Abóbora te abençoe.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O mundo de Gepeto

Meus caros, diletos e eventuais leitores ateus vão ficar chateados, mas tem tido tanto preconceito, discriminação e intolerância contra a religião que eu me vejo na obrigação de relembra-los de alguns fatos sobre a ciência.
O propósito da ciência é descobrir o que as coisas são e como funcionam. Não é propósito da ciência descobrir se há um motivo ou um propósito para as coisas serem como são ou funcionarem como funcionam. Questões sobre a vida e a existência são propósitos da filosofia e da religião.
Para produzir conhecimento, a ciência tem o metodo cientifico, fatos e evidências. No entanto fatos e evidências apenas demonstram que existem, as elucubrações tiradas a partir destes são subjetivas.
A ciência, através do método cientifico, produz tecnologia, uma consequência muito útil resultante da observação, compreensão e imitação daquilo que é observado. Não é porque somos capazes de construir coisas que isto comprova que este conhecimento seja totalmente objetivo, nem que seja o único caminho para se saber a verdade.
O mundo não é feito apenas de coisas e mecanismos, existem seres e relacionamentos. Nós, a despeito da tecnologia, continuamos a sermos humanos, com os mesmos cinco sentidos limitados e um cérebro altamente influenciado por preferências pessoais e percepções subjetivas. Nós apenas conseguiríamos ser absolutamente objetivos se fossemos robôs.
Os ateus e céticos não devem perceber que o elogio à tecnologia pode ser usado como um elogio ao teísmo. Somos nós quem construímos a tecnologia, esta não se constrói sozinha. Portanto, são os Deuses quem construíram [e constroem] o mundo a vida, o universo, estas coisas não se construíram por si mesmas.
Tal como Gepeto, que queria tanto ter um filho que construiu uma marionete. Mas nem todo seu conhecimento e técnica foram o suficiente para animar, dar vida à marionete.
A ciência não é capaz de dar uma alma ao homem. O método cientifico não é capaz de dar uma sensibilidade ao homem. Sem isto, não há imaginação, arte, teatro, música, poesia, amor. Sem isto não há humanidade.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Abtagigi - a que envia mensagens do Desejo

Também conhecido como: Kalili; Kilili

Abtagigi é o espírito suméria da sexualidade sagrada. Ela desperta e estimula impulsos eróticos.

Babilônios e assírios usavam a forma semítica de seu nome, Kalili, da mesma forma que eles chamaram Inanna, Ishtar, Abtagigi-Kalili está entre os espíritos da comitiva Inanna-Ishtar.

Governantes antigos sumérios manteve seu poder promulgando anualmente o Grande Rito, consumando (literalmente) a sua relação com Inanna-Ishtar, que estava temporariamente em posse do corpo de sua sacerdotisa.

A semelhança do nome de Kalili com Lilith não pode ser ignorado. Espíritos irmãos, ambos estão preocupados com o poder inerente no desejo sexual, bem como aspectos esotéricos da sexualidade e da energia sexual, mas Aptagigi-Kalili funciona dentro do templo, enquanto Lilith, um espírito de natureza selvagem, permanece fora.

Abtagigi às vezes é descrito como um espírito maligno de prostituição, mas que a perspectiva deriva aqueles que associam sexo com pecado.

Abtagigi possui os segredos do Grande Rito e pode ser requerida por aqueles que as procuram.

Ela protege os trabalhadores do sexo. Ela também pode ser requerido para despertar ou despertar desejos sexuais, especialmente para aqueles para quem o sexo foi profanado por experiências abusivas, humilhante ou traumática. Ela é um espírito poderoso e pode, por solicitado para punir aqueles que o ato sexual profano.

Fonte: Enciclopédia dos Espíritos, J. Illes, pg. 117
Pescado da página do facebook "The Blyssful Witch".
Traduzido com a ajuda do Google Tradutor.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O pé de feijão

Mais uma vez, Joãozinho, desafiando todas as probabilidades e o instinto de auto-preservação, você se dispõe e se expõe.
Acha mesmo, Joãozinho, que tem permissão ou razão de reclamar, de ousadamente exigir retorno? O que tem feito, realmente, que valha a pena? Vede tudo o que recebeu até hoje! Mesmo os obstáculos, as dificuldades, as dores, as mágoas, não foram igualmente responsáveis por ter chego onde chegou até hoje?
O que tem feito, realmente, para merecer tua Mãe? O que tem feito realmente, para reverenciar tua Sacerdotisa? O que tem feito, realmente, para adorar tua Deusa?
Voltemos ao básico, Joãozinho.
Alegre-se que teve a capacidade de perceber onde estava, o que estava fazendo e o que estava realizando.
Ainda está começando a resolver suas pendências passadas, ainda está resolvendo seus traumas, ainda está cicatrizando suas feridas, ainda está superando as cicatrizes. Mas não é porque o mundo te tratou mal que você deve tratar o mundo mal.
Para que a lama se torne solo fértil, você tem que ser um canal das bençãos.
Você chegou até o local onde se ergue o pé de feijão.
O que deseja? Voltar para o rebanho, viver uma vida medíocre e sem sentido, ou descobrir a razão de sua existência, descobrir sua missão e seu destino?
O que deseja? Continuar a remoer o passado, continuar a repetir padrões negativos em busca de reconhecimento, continuar a mendigar atenção em busca de aceitação ou reencontrar o verdadeiro valor que há em si mesmo?
O que deseja? Lamentar que vendeu sua vaca por um punhado de feijões ou subir pelo pé de feijão, até chegar ao Castelo dos Ventos, até encontrar o Pote de Ouro?
A vitória e os louros chegam apenas aos heróis.
Heróis são aqueles que rejeitam as ilusões do ego e isto leva à loucura e ao saber.
Saber te levará mais à margem da sociedade, te afastará ainda mais daquilo que é desnecessário, fútil e supérfulo. O preço do saber é o sofrimento, Joãozinho.
Não há aprendizado e amadurecimento sem sacrifício e sofrimento, Joãzinho.
Esse é o sabor agridoce do Ofício.
Mas ânimo, pois quanto maior for teu sacrifício, sofrimento e perda, tanto maior será teu regozijo.
Ide, continue, Joãozinho, que teus ancestrais e Deuses te aguardam em Tir Na Nog, com um lugar reservado para ti no Grande Banquete, com muita comida, bebida, música e amor.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Os dez sóis

Comprando um produto para minha esposa, o vendedor, de Hong Kong, avisou que o envio poderia atrasar devido ao festival de meio de outono.
O festival do meio de outono pode ser considerado uma festa pagã por seus elementos e este festival foi divulgado neste blog. O que eu gostaria de publicar é a lenda de Hou Yi, que faz parte dos festejos.

Conforme conta a lenda, durante o reinado do imperador Yao, dez Sois apareceram no céu ao mesmo tempo originando gravíssimas secas.
Que teria acontecido? Xibe, a Mãe-Sol, tinha dado à luz dez filhos. Moravam todos juntos no lago oriental Tanggu, para além dos confins do mar, e como não houvesse dia em que não nadassem e brincassem nas águas do lago, estas estavam sempre escaldantes durante todo o ano. No centro do lago crescia uma - enorme arvore chamada Fusang, com mais de mil metros de altura e mil braçadas de circunferência e com dez ramos, aonde os dez Sois iam sempre descansar.
Mas os Sois não passavam o tempo divertindo-se em vão, pois, por ordem do Imperador Celestial, todos os dias um deles tinha de trabalhar, a fim de iluminar o mundo dos humanos. Ao que estava de guarda, competia-lhe levantar-se a oriente de madrugada, atravessar o largo céu e pôr-se a ocidente no crepúsculo, emitindo durante a sua paisagem luz e valor ao mundo. Os dez irmãos revezavam-se constantemente nessa missão a cada dez dias. O mundo de então era maravilhoso! Tinha imponentes montanhas, impetuosos rios, densas florestas, viçosas e coloridas vegetação e flores, e terras férteis arroteadas a custo de suor... Em resumo, para os dez jovens Sóis a terra era bem mais divertida do que o lago oriental Tanggu.
Todavia, os Sois tinham poucos ensejos para apreciarem juntos a esplendorosa paisagem terrestre, pois, por ordem do Imperador Celestial, cada qual podia somente descer a terra uma vez em cada dez dias.
Os Sois eram muito travessos e um dia conversavam uns com os outros quando se puseram a lastimar.
- Este lago aborrece-me muito. Estou farto de ficar aqui nove em cada dez dias. Já não posso aguentar mais! - queixou-se um dos Sois.
- É verdade! Estamos presos a este lugar desinteressante. O Imperador Celestial controla-nos tão à risca que não chegamos a ter nenhuma liberdade - acrescentou um outro.
- Eu, por mim, penso que o regulamento é justo porque o mundo humano não poderia suportar o valor se todos ai fossemos juntos - retorquiu um deles.
Ouvindo esta opinião, o Sol que tinha falado primeiro ficou muito zangado:
Justo?! Justo?! Acho que não é nada justo! deveríamos era poder divertirmo-nos a nosso bel-prazer, pois de outro modo, contidos entre estas quatro paredes, todos os dias, a vida realmente perde o sentido. A meu ver, a partir de amanha, deveríamos ir todos juntos aonde bem quiséssemos.
- Sim, tem razão. Vamos! - ecoaram em uníssono as vozes dos outros.
Assim, no dia seguinte, e a despeito das proibições do Imperador Celestial, os dez Sois deixaram o lago Tanggu e foram despreocupadamente brincar nos céus sobre o mundo humano.
Quando um Sol aparecia no céu a terra era iluminada e aquecida de modo normal, mas com dez Sois surgindo ao mesmo tempo a situação tornava-se totalmente diferente. Em breve o mundo apresentou um aspecto desolador, pois a partir de múltiplos e diferentes ângulos os Sóis derramaram a sua luz sobre a terra iluminando-a completamente e deixando-a sem nenhuma sombra. Devido a forte incidência dos raios solares a temperatura subiu vertiginosamente, os rios secaram, a vegetação e flores murcharam, e as plantações ressecaram. Devido ao extremo calor, os seres humanos respiravam ofegantes, acabando por ter de irem se esconder em grutas.
Completamente alheios a extensão da calamidade que desencadeavam na superfície do planeta, os Sois vadiavam, brincavam e até se contentavam com as suas travessuras.
O imperador Yao, que reinava então na China, era um homem de hábitos extremamente frugais. Habitava em uma cabana, comia arroz não-refinado e bebia sopa com ervas silvestres. Tomando a peito os sofrimentos do seu povo, decidiu ir suplicar aos Sois que se afastassem imediatamente do mundo humano, caso contrário, a população não poderia sobreviver, mas não querendo saber do que ouviam, os Sois continuaram a brincar sem terem a mínima intenção de voltarem para o lago de Tanggu.
O imperador terrestre não teve então outro remédio, senão recorrer ao Imperador Celestial, o qual, ficando furioso ao saber que os Sois tinham transgredido as suas instruções provocando enormes calamidades no mundo, mandou chamar imediatamente o guerreiro Hou Yi, e disse-lhe:
- Os filhos da mãe Xihe violaram a minha ordem. Eles agem como irresponsáveis, perturbando a vida normal dos habitantes do mundo. Quero que os castigues com este arco vermelho e estas dez flechas brancas que te dou.
Assim, armado com o arco e as flechas e por encargo do Imperador Celestial, Hou Yi desceu ao mundo humano.
Ao chegar à terra, Hou Yi ficou perplexo com os males que o povo passava sob o brilho dos dez Sois e, levantando os olhos, furioso, tirou o arco que levava ao ombro e preparou uma flecha que, enérgica e certeiramente disparou contra eles. A flecha atravessou rapidamente os ares atingindo um dos Sois em cheio. Ouviu-se então um estrondo celeste, e o Sol, atingido pela flecha transformou-se em uma bola em chamas despedaçando-se no solo. Espantados, os outros nove tentaram fugir o mais depressa que puderam, mas Hou Yi, com tiros rápidos e certeiros atingiu um após outro. Quando o guerreiro tirou a sua ultima seta, o imperador Yao deteve-o e disse-lhe:
- Pare! Não dispare mais! A luz solar é muito proveitosa ao mundo humano. O problema que existia é que dez Sois era demasiado para as necessidades de sobrevivência humana, mas agora, como só resta um, o melhor é não disparar mais.
Acenando positivamente com a cabeça, Hou Yi guardou então a sua arma. O ultimo Sol estava pálido de medo!
Com a morte dos nove Sois, a temperatura normal reestabeleceu-se sobre o mundo humano, gradualmente a população saiu das grutas e recomeçou a cultivar os terrenos, a caçar e a reconstruir casas, levando alegremente a sua vida pacifica de outrora.
Apos ter liquidado os nove Sois, o herói Hou Yi preparava-se para voltar as alturas, quando os habitantes da terra lhe pediram insistentemente e muito reconhecidos, que passasse uns dias de folga juntamente com eles e que, como na terra ainda existiam muitas outras calamidades, se fosse possível, o herói os ajudasse a eliminá-las.
Hou Yi decidiu satisfazer-lhes o desejo.
Com a destruição dos noves Sois, e depois de o planeta ter-se completamente recomposto da grande secura, Hebe, o demônio das aguas, começou a intensificar as suas perniciosas atividades. Assumindo a forma de um dragão branco, cavalgando sobre uma torrente de agua, o demônio viajava constantemente por toda a parte provocando enormes inundações, nas regiões por onde passava, a força da corrente arrastava homens e gado, destruindo casas e desenraizando plantações e árvores. Quando a noticia chegou aos ouvidos do imperador Yao, este ficou muito inquieto e foi imediatamente pedir ajuda ao herói Hou Yi, que generosamente lhe prometeu fazer o melhor que pudesse.
Assim, Hou Yi resolveu ir para a margem de um no e esconder-se atrás de um grande salgueiro, ficando a espera do aparecimento de Hebe, o demônio das aguas. Não tardou muito para que visse nadando em sua direção um dragão branco, acompanhado por altas vagas e desencadeando uma enchente que transbordava das margens do rio. Foi então que Hou Yi disparou a ultima flecha que lhe restava e atingiu o olho esquerdo do dragão branco. Ouviu-se um grito estridente e o animal mergulhou nas profundezas.
Ferido, o demônio das aguas foi queixar-se ao Imperador Celestial:
- Eu vivo no rio e nunca fiz nenhum mal a Hou Yi, no entanto, ele feriu-me no olho. Peso-lhe que justiça seja feita e que se vingue deste crime por mim, caso contrario, de que servem os princípios e a lei?
Mas o Imperador Celestial, estando a par do que se passava, criticou-o severamente:
- Sendo um demônio das águas, podias servir o povo, em vez de vacilares por toda parte e molesta-lo com tempestades e cheias! O teu procedimento mereceu bem o castigo que Hou Yi te aplicou!
Não tendo razão para se justificar, Hebe, o demônio das aguas, partiu sem dizer mais nada para o fundo do rio onde habitava, sem mais coragem para criar futuras desordens no mundo humano. Rodeado de afeição e respeito, Hou Yi continuou vivendo feliz na terra, sempre correndo riscos a bem da humanidade e perseguindo animais ferozes nas florestas e montanhas. Nesse tempo, o mundo era infestado por vorazes feras selvagens que deambulavam e dizimavam os homens - isto, porque a humanidade estava mal equipada para as poder enfrentar. Hou Yi não parava de correr, transportando o seu arco e flechas às costas, exterminando animais selvagens e aves ferozes.
Na planície central da China, Yayu era uma fera muito conhecida por sua bestialidade. Segundo se dizia, tinha o corpanzil de um boi coberto de longos pelos vermelhos, uma cara humana, patas de cavalo e o seu rugido, dir-se-ia, o choro de uma criança: melancólico e chocante. Tinha uma enorme força, galopava mais velozmente que todos os outros animais e ninguém escapava às suas vorazes mandíbulas. Por vezes, pela calada da noite, a fera irrompia no seio das tribos destruindo as casas e devorando as pessoas. Eram incontáveis as pessoas que ela tinha comido!
Tomando em conta os interesses do povo, Hou Yi tomou a seu cargo destruir a fera Yayu.
Assim, um dia, e de acordo com as informações dadas pelos caçadores, o herói foi procurar a fera em uma alta montanha. Chegando a um vale das redondezas deparou-se, repentinamente, com um monte de ossos humanos. Levantou então a cabeça e avistou ao longe a fera devorando uns homens no cimo de um penhasco. Furioso com o que via, o herói disparou uma flecha contra a fera acertando em cheio na cabeça do animal fazendo-o rolar pela montanha abaixo soltando roucos gemidos. A partir dessa altura, os habitantes dessa região puderam viver descansados!
Em uma fértil planície do sul da China, habitava um animal monstruoso com dentes de três metros de comprimento e pontiagudos como formões. Os homens deram-lhe a alcunha de "dentes-formão". Quando as pessoas atravessavam os rios ou lagos onde ele habitava, por vezes o animal lançava-se de súbito sobre elas, levando-as para o fundo das aguas, onde as mastigava e depois as engolia. Dir-se-ia ser quase impossível vencê-lo, porque para além dos seus enormes dentes aguçados, tinha um corpo revestido de uma pele tão dura e tão espessa como uma carapaça indestrutível contra todas e quaisquer facadas ou machadadas. Felizmente Hou Yi era um exímio arqueiro porque um dia o "dentes-formao" lançou-se contra ele abrindo a sua enorme bocarra para o devorar e, se não fosse o herói ter acertado a garganta do animal em cheio com uma flecha, de terra terminado ali os seus dias.
Segundo conta a lenda, no sul da China corria um rio chamado Xiongshui onde habitava um temível monstro aquático chamado Jiuying que matava todos os incautos que se aproximavam das suas margens. O animal tinha nove cabeças e cuspia constantemente fogo e agua, sendo tão feroz que ninguém se atrevia a querer derrota-lo. Se por acaso alguém o ferisse ou lhe tentasse cortar uma das suas cabeças, o monstro não morria, mas, pelo contrario, lançava-se com uma fúria redobrada sobre o seu inimigo. No entanto, Hou Yi, ao encontra-lo disparou nove flechas tão rápidas e certeiras que o atingiram nas nove cabeças, vindo o animal a morrer sem mesmo ter tempo para reagir.
Pouco tempo após a morte do monstro Jiuying, nas margens do lago Dongting, não muito longe do rio Xingshui, surgiu uma jiboia gigante, de um enorme comprimento e grossura, e com uma boca tão grande que era capaz de engolir um elefante por inteiro, só vomitando os ossos do paquiderme depois de o ter digerido durante três anos. Segundo se dizia, estes ossos regurgitados eram os melhores e mais eficazes medicamentos para curar todas as doenças dos órgãos internos. Era realmente um ser terrível que despovoava todos os locais por onde passava, pois deglutia todos quantos conseguisse alcançar. Foi só apos uma renhida luta que Hou Yi a conseguiu matar, sendo que os ossos da jiboia gigante transformaram-se em uma montanha que veio a se chamar de Baling.
Depois de ter morto todas as feras do sul da China, Hou Yi voltou para o norte pela região leste. Estava ele atravessando a montanha Verde quando os seus habitantes lhe disseram que a região estava infestada por uma ave de rapina chamada Dafeng, a qual agredia as pessoas e perturbava a vida normal da população. Esta ave tinha um grande porte e quando em voo a amplitude das asas chegava a cobrir metade do céu. O bater das suas asas desencadeava fortes tufões que chegavam a desenraizar milhares de arvores e a destruir centenas de casas; homens e gado eram frequentemente vitimas da sua voracidade. Hou Yi compreendeu que a ave tinha um enorme poder e podia voar para muito longe com grande velocidade e que, com uma só seta, não seria possível mata-la, pois se ela fugisse ferida seria quase impossível liquidá-la mais tarde. Consciente de que tinha de acabar com a ave de uma só vez, depois de muito pensar, Hou Yi encontrou um meio: primeiro, amarrou uma corda a haste da seta; depois, disparou uma flecha atingindo a ave em cheio e prendendo-a de modo a não a deixar fugir; e finalmente, obrigando-a a pousar, decepou-a com a sua espada. O exemplo de Hou Yi passou a ser seguido por todos quantos tencionavam apanhar animais selvagens e aves possantes.
Mais tarde, Hou Yi foi para a aldeia de Sangcun, onde matou o colossal javali Fengxi e o lobisomem Fenghu que se podia metamorfosear de felino para humano.
Assim, gradualmente, o herói Hou Yi, após a sua inicial chegada e estabelecimento no mundo humano, veio a ganhar méritos sem par por parte de todos os povos. Certamente que sob o excesso do calor dos dez Sois escaldantes, as pedras já se teriam fundido em uma massa uniforme e todas as outras coisas a superfície da terra estariam derretidas, todo o planeta provavelmente estaria reduzido a cinzas, se não fosse Hou Yi ter infalivelmente atingido os noves Sois que agiam tão arbitraria e descuidadamente no céu. E que grandes ameaças seriam para a vida humana, se todos aqueles animais e aves malévolas não fossem mortos pelo herói?!... Por isso, de geração em geração, os povos continuam a recordar-se e a venerar o herói Hou Yi sempre com o maior respeito e grande admiração.
 
Fonte: FERREIRA FH., O.A. Hou Yi, o arqueiro que derrotou nove sóis. Portal Templodeapolo.net, Porto Alegre-RS.

Disponível em: Templo de Apolo. [link morto]

sábado, 6 de outubro de 2012

Eleições do cavalete

Ou como deixar mais confuso o cidadão dentro de um sistema eleitoral.
Amanhã o brasileiro irá escolher seus representantes para a Camera Municipal e Prefeitura de sua cidade.
Aqui em São Paulo eu vejo uma amostra do que deve acontecer pelo Brasil a fora.
Os mesmos candidatos de outrora, o mesmo horário eleitoral gratuito que não informa nem esclarece.
As mesmas campanhas, baixarias e promessas espalhafatosas.
A sensação é de que estamos escolhendo o melhor dentre prestigitadores e malabaristas.
E o assunto do momento é o suposto envolvimento de um candidato à Prefeitura com uma igreja neopentecostal. Não é muito pior do que bispos cometendo crime eleitoral nas eleiçoes anteriores.
O que marcou esse pleito eleitoral foram os cavaletes. Onde foi parar a Lei da Cidade Limpa eu não sei. Alguns artistas até fizeram uma intervenção urbana, criando o Cavalete Parade.
Esta eleição ficou marcado também pela incompreensível aliança entre partidos antagonistas. Mas há tempos que no Brazil os partidos políticos deixaram os princípios políticos de lado. Esquerda? Direita? Centro? Liberal? No Brazil, tanto faz. o único interesse de nossa classe política é chegar no poder. E fazer o que todos fazem. Como eu ouvi dois senhores de idade dizer: aqui no Brasil não se pode ser honesto. Algo que digo com frequência: nossa classe política é um reflexo da nossa sociedade. E o brasileiro que disser que nunca tentou ser malandro na vida é paraguaio.
Enquanto a nossa festa eleitoral vai sendo manchada por usos e abusos feitas por grupos e instituições, eis que tem os mesmos perdedores e inexpressivos que tentam chocar o brasileiro com discursos, acusações ou ações inócuas.
Pelo vai e vem das pesquisas de boca de urna, teremos segundo turno e aqueles que outrora eram adversários vão buscar coalizões e conluios. É a forma tupiniquim de fazer política.
Serão mais quatro anos para os futuros prefeitos e vereadores. Seja quem ganhar, o perdedor continua a ser o cidadão.
Boa festa eleitoral, brasileiro.