sexta-feira, 30 de abril de 2010

Noite da Walpurga

Em outro tópico eu escrevi sobre a curiosa coincidência de que o Dia do Trabalho [1º de Maio] caia exatamente em uma data sagrada do Paganismo, o Poste de Maio, na Grã-Bretanha. Neste mesmo dia, no norte da Europa, comemora-se a Noite da Walpurgia, ou Dia de Santa Valburga ou Valpurga, segundo o wikipédia.
A Noite da Walpurgia é um velho festival pagão que recebeu este nome da Santa Valpurga (ou Valburga), cuja festa ocorre em 1º de Maio. Neste dia crê-se que as bruxas montam em vassouras e bodes para ir aos locais de antigos sacrifícios pagãos nas montanhas Harz, especialmente em Brocken, o ponto mais alto das montanhas.
A tradição, provavelmente vicking e difundida pelos celtas, marca a transição do inverno para a primavera, adorando e invocando os Deuses da fertilidade.
Na Roma antiga, o mês de Maio era consagrado aos antepassados. Era um mês que em toda a Europa e Ásia se acreditava que os espíritos andavam entre os vivos.
Assim como no Sanhaim [31 de Outubro], é uma celebração em homenagem aos que se foram e se oferece banquetes e libações aos ancestrais. Crê-se que durante a comemoração os mortos voltam a este mundo e podem ser vistos celebrando junto com os vivos.
Isso é um diferencial do Paganismo. Nenhum Inferno. Nenhuma condenação eterna. Nenhum Deus ameaçador, ciumento, colérico e vingativo. A vida no além é uma continuação da vida presente, será boa ou ruim conforme as nossas ações, não por nossos méritos. Cabe a nós termos a responsabilidade e a consciência sobre esses atos. Quando a consciência pesa, cabe ao individuo procurar reparar o erro e cumprir os rituais de purificação. Não existe expiação coletiva. Não existe salvação. Não existe pecado. Não existe Redentor.
O Cristão vê nisto um absurdo, pensando que isto levaria a uma vida vivida apenas pelo prazer e satisfação. Mas não é assim, isso é imaturidade e não faz sentido também viver uma vida apenas com restrições e privações. Nós tentamos buscar um equilíbrio, uma harmonia, vivendo a vida com naturalidade. Sem medo de um castigo divino.
As celebrações no 1º de Maio servem para nos lembrar que a vida no além ainda é vida. Nós vamos errar, nós vamos sofrer, porque isso faz parte da vida, do aprendizado e nenhum Deus que se preze nos negaria isso. Esta é a única forma de descobrir quem somos nós e por que existimos. Esse é o sentido da Instrumentabilidade Humana. Nós temos que ser a Besta que grita Eu no coração do Universo, descobrindo e tornando possível a convivência do individual e do coletivo como parte da mesma natureza humana.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Árvore da Lua

A Árvore da Lua não é um vegetal; é um sistema energético-simbólico, parecido com a Árvore das Sephiroth. Não faz parte da Wicca Gardneriana, mas é uma parte vital da Bruxaria. Na verdade, toda a Tradição dos Mistérios da Bruxaria está nessa árvore.
Na Tradição dos Mistérios da Bruxaria há um símbolo conhecido como a Árvore da Lua. Representações dessa árvore podem ser encontradas em antigas culturas, como a dos etruscos, assírios, gregos e romanos. Cada cultura antiga imaginou o desenho da árvore de acordo com seu estilo único de arte, e ainda o simbolismo essencial da árvore reflete a unidade de um conceito essencial.
Como notado previamente, as árvores têm sido vistas como pontes simbólicas para o “Outro Mundo” por muitos séculos. No folclore europeu passagens para o Reino das Fadas freqüentemente aparecem no oco de certas árvores. Na sabedoria do norte da Europa a árvore pode fornecer iluminação, como no caso do deus Woden que pendeu de uma árvore por vários dias. Esse tema também se reflete na imagem clássica do Tarot, o Enforcado.
O tema da iluminação através de uma árvore é freqüentemente simbolizado por seu fruto. O fruto em si traz consigo a essência divina da deidade que mora na árvore. Esse tema básico aparece também no culto de Dionisos onde seu espírito é passado para o vinho ritual, o fruto da videira [cf. chakra Soma, e sua respectiva secreção.]. A associação da Lua com a árvore é muito antiga e liga a Deusa da Lua ao fruto da árvore.
Uma das mais antigas representações da Deusa da Lua era um pilar de madeira ou tronco de árvore, nesse caso de Hécate. A adoração arcaica de Hécate incluía um pilar de madeira (conhecido como hekataion) que era colocado em uma encruzilhada. Aqui nós encontramos a árvore como um símbolo da deusa em um lugar que representa a entrada do Outro Mundo.
Na arte antiga a Árvore da Lua é representada como se fosse uma verdadeira árvore, ou como um mastro truncado ou pilar estilizado. Em muitos mitos antigos a Árvore da Lua era cortada e esculpida em forma de barco para um deus morto ou um caixão como no mito de Osíris. Aqui nós vemos as raízes de um tema antigo no qual o deus sacrificado viaja em um barco lunar em seguida à sua morte. Esse tema modificado aparece na lenda arturiana onde o corpo do Rei Arthur é levado para Avalon (a Ilha das Maçãs) em um bote.
Na arte antiga a Árvore da Lua é representada comunemente portando treze florações ou tochas, simbolizando o fato de que há sempre treze luas em um ano (quer sejam luas cheias ou luas novas). A Árvore da Lua típica é freqüentemente decorada com fitas, similar ao Maypole europeu. Às vezes a Árvore da Lua aparece envolta em um pórtico de templo ou em uma treliça. Isso relembra o fato de que a Deusa da Lua foi adorada primeiramente em uma gruta ou em um bosque de árvores.
Na Tradição de Mistérios da Bruxaria, os ensinamentos internos concernentes ao significado esotérico da Árvore da Lua ainda são retidos. O simbolismo da Árvore da Lua é múltiplo e encerra os próprios Mistérios. O estudo e compreensão da Árvore da Lua traz à pessoa o fruto da árvore divina. Aqui a pessoa encontra um único fruto branco, que é a sagrada comida da iluminação.
Autor: Raven Grimassi
Livro: Witchcraft, a Mystery Tradition
Citação dada pela Nadia, na Sociedade Wicca

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Mulheres contra os ultraortodoxos

Jerusalém, 23 abr (EFE)[link morto].
Uma vez por mês as vozes de mulheres judias se elevam diante do Muro das Lamentações, em Jerusalém, para entoar as rezas da lua nova, um ritual rejeitado pelos ultraortodoxos, que consideram pecado ouvir uma mulher cantar.
Há duas décadas, as "mulheres do muro", como são conhecidas, tentam desta forma reivindicar seu direito de fazer rituais religiosos no lugar mais sagrado para o judaísmo, enfrentando a concepção mais tradicional da fé, que proíbe que mulheres ordenem como rabinas, leiam o rolo da Torá ou liderem rezas.
A legislação israelense reserva aos homens o direito de dirigir cerimônias religiosas, vestir o tradicional manto de oração ou usar as cintas com inscrições na praça do Muro das Lamentações, onde as normas são ditadas pelo setor ultraortodoxo judaico.
Frente às limitações ao papel das mulheres na prática mais tradicional, no judaísmo reformista e no neo-ortodoxo (correntes majoritárias fora de Israel), as mulheres participam ativamente da liturgia, dirigem rituais, rezam junto aos homens e estudam o Talmude (registro de discussões rabínicas).
"É uma vergonha que a sociedade israelense sucumba ao extremismo radical dos haredim (ultraortodoxos), que são apenas uma pequena parte do judaísmo", disse à Agência Efe Peggy Cidor, membro da direção da organização Mulheres do Muro (WOW, na sigla em inglês).
Israel permite que membros da WOW realizem cerimônias no Muro das Lamentações apenas uma vez ao mês, no primeiro dia da lua nova.
Mais de uma centena de religiosas feministas se reúnem às sete da manhã no local sagrado, rodeadas de soldados e policiais que as protegem de possíveis ataques dos ultraortodoxos, que, em mais de uma ocasião, chegaram a lançar cadeiras contra elas. Apesar de a legislação impedir que elas usem vestimentas religiosas reservadas aos homens, muitas cobrem a cabeça com o quipá e usam o manto religioso debaixo de seus casacos.
Elas também se enrolam com cachecóis ou decoram o manto com bordados de flores coloridas para burlar sua definição estrita, que é oficialmente branco com listras pretas.
Atrás delas e fora da ala reservada para as mulheres em frente ao muro, 20 homens rezam em apoio à iniciativa e para reivindicar que representantes dos dois sexos possam orar juntos no santuário.
Em contraste, na zona de reza masculina, 50 homens ultraortodoxos vestidos totalmente de preto e indignados pelo atrevimento das mulheres aumentam suas vozes para impedir que seu pecaminoso canto chegue a seus ouvidos.
Alguns se aproximam para xingá-las, as acusam de não serem judias, de serem uma vergonha para seu povo e de profanarem o sagrado lugar. Outros vão mais além e as chamam de lésbicas ou rogam maldições para que nunca tenham filhos.
"É parte da ignorância de não estudar a fundo as fontes, que estabelecem que as mulheres sejam liberadas de alguns preceitos, mas não que sejam proibidas de cumpri-los", diz Sandra Kochmann, rabina do movimento conservador e originária do Uruguai.
Segundo ela, "as regras que impediam que as mulheres participassem do culto são uma questão de interpretação da época. Hoje os textos devem ser interpretados levando em conta que elas fazem parte de todas as esferas da vida".
Depois das rezas do amanhecer, o grupo se desloca para o parque arqueológico adjacente para ler o rolo da Torá, algo expressamente proibido na praça do Muro das Lamentações, por serem mulheres.
Cidor diz ser "imprescindível que o muro seja de todos os judeus, não só dos mais radicais" e que a situação atual "é igual à que ocorre no Irã".
Os judeus extremistas, denuncia indignada, "construíram uma barreira para separar homens e mulheres, não permitem que cadeirantes entrem em Shabat e proíbem que cristãos entrem na praça com uma cruz no pescoço".
Nota da casa: Bem que as mulheres cristãs poderiam se inspirar nesse exemplo e começarem a lutar pelos seus direitos religiosos, dispensando a "ajuda" do pai, do marido, do padre, do bispo...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A verdadeira religião da Europa

Há uma religião do Ocidente. Essa religião é o antigo paganismo grego ou latino, celta ou germânico…esse paganismo valia os outros. Ele não está assim tão longe de nós. Nunca somos mais do que pagãos convertidos…o pagão é aquele que reconhece o divino através das suas manifestações no mundo visível”. Foi assim que em 1965 o Cardeal Jean Danielou respondeu à questão. A Europa é um continente pagão. Simplesmente ela esqueceu-o durante séculos por múltiplas razões.
Mas, dir-me-ão, esse paganismo desapareceu há 2000 anos, vencido na Europa pela fé cristã., noutros sítios por outras revelações (o islão no norte de África e na Turquia, outrora cristãs). Os estudos históricos, cada vez mais folheados – e libertados dos preconceitos cristãos – mostram que aquilo que podemos chamar, para simplificar, paganismo europeu, nunca desapareceu e que a conversão do nosso continente fez-se muito lentamente…e sem doçura (excepto na Irlanda e na Islândia).
A conversão foi imposta, pelo ferro e pelo fogo. Ela estendeu-se por séculos: os lituanos, por exemplo, não foram convertidos – pela força – senão nos séculos XVI e XVII. Nas nossas regiões, os antigos cultos politeístas foram cobertos com um verniz cristão, frequentemente muito superficial.
Veja-se o culto dos santos, das fontes, das procissões, as fogueiras dos santos populares (e todo o calendário de festas), e mesmo a Trindade, muito pouco monoteísta. É apenas na Contra-Reforma, em reacção ao protestantismo, que a Igreja católica ergue uma grelha eficaz. Mas as mentalidades, o que Jung chamava o Inconsciente Colectivo, conservaram as estruturas mentais do paganismo; apenas os vocábulos mudaram. Da mesma forma, o estudo da nossa cultura mostra que na Europa todos os renascimentos foram feitos por um recurso à memória pagã: O Renascimento italiano ou francês, o Romantismo alemão, etc. Mas hoje, neste início de século XXI, face ao triunfo aparente do materialismo mais aviltante, face também à ofensiva de religiões selvagens e frequentemente exóticas (as “seitas”), face sobretudo ao islão cada vez mais massivamente presente sobre o nosso solo (com as consequências que este tipo de colonização implicam, vide a Índia ou a Macedónia), como dizer-se pagão sem passar por um excêntrico?
Desde logo, paganismo não combina de todo com materialismo. Honrar os deuses, que são potências e não pessoas, não significa adorar o bezerro de ouro. Neste sentido, um pagão consequente está mais próximo de um cristão repugnado pela mercantilização do mundo do que de um consumidor satisfeito. Depois, o pagão não pode ser membro de uma qualquer “seita”, que fecha sempre os seus membros numa visão paranóica do mundo, com a sua espera do Apocalipse, o seu culto do livro único que contém todas as verdades e dos eleitos, únicos que serão salvos. O pagão vive numa relação de co-pertença com o cosmos, do qual não é nunca o centro.
O seu livro é a natureza, mesmo se admite que Homero, por exemplo, é um autor “inspirado”. O pagão não se refugia em paraísos artificiais nem em miseráveis consolações d’além-mundo (…)
Para o pagão a ética é por definição trágica, feita de aceitação do destino, encarado como um desafio para provar a fidelidade à sua visão de Honra, para oferecer um nome sem mácula aos seus descendentes.
Porque o pagão situa-se numa continuidade, a da terra e dos mortos, como dizia Barrès. Ele define-se como herdeiro de um legado ancestral, que lhe cabe enriquecer e transmitir. O pagão, se tem a cabeça nas estrelas, mantém os pés bem firmados sobre a terra que é a sua, sem jamais perder o contacto com essas duas dimensões. Ele é filho da terra negra e do céu estrelado.
Face à pretensão monoteísta de deter a única verdade – e de impedir os outros de escolher o seu caminho para o divino – o pagão faz prova de tolerância, no sentido em que ele sabe, no mais profundo de si, que o caminho para o divino pode fazer-se por uma infinidade de vias.
Um tal mistério não pode nunca resumir-se a um catecismo predeterminado nem a um conjunto de gestos repetidos de maneira mecânica.
A religião da Europa é de essência cósmica. Ela encara o universo como eterno, sujeito a ciclos. Esse universo não é visto como estando vazio de forças nem como “absurdo” como pretendiam os niilistas. Tudo faz sentido, tudo são forças e potências impessoais regidas por uma ordem inviolável, a que os indianos chamam dharma (conceito mais tarde recuperado pelos budistas), termo que pode parecer um pouco exótico, mas que os Gregos traduzem por Kosmos: Ordem.
Depois de milénios, a nossa religião tradicional, reflexo da tradição primordial, incentiva o homem a inserir-se nessa ordem, a conhecer-lhe as leis implacáveis, a compreender o mundo na sua dupla dimensão, visível e invisível. O pagão de hoje, como há três mil anos, faz suas as divisas do Templo de Apolo em Delfos: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses” e “Nada em Excesso”.
Christopher Gérard, Revue Renaissance – Réflexion et Culture, Abril de 2002, N°5 (via Vouloir)
Citado e copiado de: A Vida é a Derradeira Obra de Arte
Nota da casa: Uma boa fonte para conhecer o Paganismo, mas que faz a linha racista do Gladius. Uma pena.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A fundação de Roma

Diz a lenda que em 21 de Abril de 753 antes da era cristã ou era comum, o latino Rómulo, irmão de Remo, filho de Marte, Deus da Guerra, e de Reia Sílvia, vestal (sacerdotisa de Vesta, Deusa do Fogo Sagrado do Lar e da Pátria), fundou a cidade de Roma, que viria a ser a capital de um dos maiores impérios de sempre, proto-fundador do Ocidente e raiz étnica - pelo menos em parte - das actuais Nações latinas, entre as quais se inclui Portugal.
Reia Sílvia era filha de Numitor, filho de Procas, rei da cidade latina de Alba Longa. O irmão de Numitor, Amúlio, tomou o poder e obrigou a filha do irmão a tornar-se vestal (sacerdotisa de Vesta) porque as vestais não podiam deixar de ser virgens e Amúlio não queria que Reia Sílvia tivesse filhos, os quais um dia poderiam reclamar o trono que Amúlio queria para si e para os seus próprios filhos.
Todavia, Reia Sílvia foi fecundada por Marte, que das Alturas desceu sobre ela e fez com que a virgem desse à luz dois gémeos, Rómulo e Remo. Amúlio ordenou que fossem atirados, mãe e filhos, ao rio Tibre, mas Tiberinus, o Deus do rio, salvou Reia de se afogar. Quanto aos filhos, foram recolhidos e amamentados por uma loba (daí a conhecida imagem da Loba que amamenta duas crianças, como se pode ver acima) sob uma figueira (a ruminalis ficus) e protegidos por um pica-pau (ambos os animais são consagrados a Marte), tendo posteriormente sido adoptados por um pastor, Fáustulo, e sua esposa, Acca Larentia, que os criaram.
Mais tarde, os irmãos colocaram o seu avô Numitor no trono e decidiram depois criar outra cidade. Remo viu seis abutres sobre o monte Aventino e afirmou que a nova urbe teria de nascer ali, mas Rómulo viu doze abutres sobre o monte Palatino e decidiu-se por esta última elevação como ponto de partida do novo Estado. Traçou por isso um sulco numa área plana, em torno do monte, dizendo «Morto será aquele que violar esta fronteira!». Como Remo troçasse do irmão e saltitasse de um lado para o outro do sulco, Rómulo matou-o. Isto é mito fundador, é lenda imortal, narrativa primordial (de alguns) dos nossos ancestrais. Por isso, o caminho do sulco de Rómulo seria o caminho que, mais tarde, os jovens solteiros romanos iriam percorrer, à volta do Monte Palatino, todos os anos, por ocasião da celebração da Lupercalia.
E um dos muitos testemunhos desta ligação primordial tem também a ver com o dia de hoje, no qual Roma, além de festejar a sua fundação, celebrava também a Parilia, cerimónia religiosa em honra de Pales, a Deusa Protectora dos Rebanhos. A figura da Divindade feminina protectora Cujo nome radica em Pal- será eventualmente uma das mais antigas e disseminadas do mundo indo-europeu. Na Grécia, uma das mais importantes Deusas, Atena, protectora de Atenas, tinha nesta cidade o título de Pallas; nota-se ao mesmo tempo a semelhança (como fez Georges Dumézil) entre a romana Pales, protectora dos rebanhos, e a indiana Vispala, Deusa igualmente protectora dos rebanhos, mas em Cujo nome «Vis» significa «Tribo», «Casa». Extraordinariamente, há na Lusitânia uma Deidade Cujo nome é Trebopala, em que «Trebo» significa, em Céltico, «Tribo», «Povo», enquanto «-pala» terá o sentido de «Protecção». A lusitana Trebopala seria pois exactamente equivalente, na Sua origem e significado, à indiana Vispala, como se pode deduzir da leitura do artigo «O Sacrifício entre os Lusitanos», da Dra. Maria João Santos Arez, bem como da tese de licenciatura do Dr. Andrés Pena Granha, intitulada «Território Político Celta na Galícia Prerromana e Medieval».
E ainda hoje a palavra «pala» é em Português usada com o sentido de protecção... «viver à pala de», é, como se sabe, «viver sob a protecção de», ou «à custa de», e constitui expressão assaz usual.
Honremos pois o nosso passado milenar, cuja raiz se oculta na noite dos tempos, mas que, seguramente, constitui a base dos principais elementos da herança nacional: a estirpe indo-europeia.
Fonte: Gladius
Nota da casa: Eu mantenho minha opinião que este "orgulho da estirpe" é mais um mito moderno do que um fato.

Divulgando o que é bom

Vejo pessoas que estão praticando a Arte há séculos e que quando surgem questões elementares como essa do colar [de âmbar e azeviche-NB] jamais ouviram falar sobre o tema ou perdem literalmente o rumo.
Muitos vão me dizer : "Ah mas esse tipo de coisa não se encontra por ai...os livros são limitados....não há literatura disponível sobre o tema no Brasil...."
E eu respondo: realmente!
Mas há coisas que vocês podem fazer para dirimir esses problemas. Primeiro, a maioria da boa literatura sobre Wicca ainda está e sempre estará disponível em inglês. Se querem aprofundar o que sabem terão que ler em inglês. Então, começar um curso de inglês não faz mal a ninguém. Segundo, outro lugar onde podem buscar pelos conhecimentos que faltam é junto a um grupo estruturado em uma Tradição séria. Se quiserem sair da superficialidade da Wicca fastfood disponível aos montes por ai, é necessário dar um passo além. Infelizmente nem os livros, mesmo os em inglês, contêm os Grande Mistérios da Arte. Será que não está na hora de vocês começarem a avaliar e iniciarem uma busca pelas Tradições disponíveis em sua região para buscarem uma Iniciação formal? É o únicos sistema efetivo de crescimento e aprofundamento na Arte que podemos considerar confiável. Assim tem sido desde o surgimento da Wicca e assim será para sempre.
Hoje temos muitas Tradições, não só de Wicca mas de muitas outras formas de Paganismo disponíveis no Brasil, como a Gardneriana, Alexandrina, Diânica, Correliana, Feri e por ai vai...
Se a Tradição que fala ao seu coração não está disponível no Brasil, porque não buscar o conhecimento onde ela está? Viajar às vezes é inevitável, mas conhecimento sem sacrifício não tem valor. Se o que você procura não está disponível no Brasil você terá SIM que viajar para alcançar o que deseja até que possa plantar as primeiras sementes por aqui, até que isso cresça e se torne uma árvore enraizada e forte. O que eu tenho percebido ao longo de todos esses anos na Wicca é que as pessoas são altamente acomodadas. Se o que elas buscam não está disponível, permanecem na passividade a vida inteira até que as coisas sejam mais "fáceis" ou invés delas mesmas tomarem a frente para tornar isso mais fácil aos outros. Isso é uma coisa que nunca me conformei, nem nunca me conformarei e é o que me faz muitas vezes pensar em abandonar meu trabalho público de vez: a falta de empenho e comprometimento das pessoas, atrelada ao seu comodismo sem limites.
Se cada um saísse de sua própria zona de conforto para ir além, isso ajudaria e muito na ampliação não só dos seus horizontes mas dos horizontes da Arte para a região onde vivem, contribuindo como um todo para tornar a Wicca mais diversa e plural em nosso pais.
Não se aprende Wicca em comunidades da Internet...
Não se aprende Wicca nos sites da Internet...
Não se aprende Wicca totalmente nem mesmo nos livros disponíveis no mercado...
Wicca se aprende com prática, experiência e vivência e nisso a busca por uma forma de instrução tradicional pode ser de valor incalculável.
ACORDEM MINHA GENTE!!!!
Não se esqueçam que é cada um de nós que fazemos a Wicca do nosso país!
Obviamente essa não é uma mensagem direcionada a essa ou aquela pessoa nesse tópico, mas a todos os praticantes da Arte no Brasil que possam estar lendo esse post no momento. A Wicca em nosso país precisa de mais ação e empenho, por parte de todos nós.
Autor: Claudiney Prieto
Fonte: Sociedade Wicca
Nota da casa: Considerando que esta sempre foi a posição e a opinião deste pagão que vos escreve e considerando que o autor do texto e dono da comunidade SW demonstra ter uma posição mais a favor de uma Wicca "popular", "evoluída" ou "progressiva", vale a pena perguntar se a SW vai efetivamente se tornar uma comunidade séria para se estudar a religião ou se é apenas mais uma jogada.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A jornada do Louco

Eu enviei um "resumo" da minha história com a Arte ao bruxo de Pernambuco e ele, gentilmente, a divulgou em seu blog.
Meu interesse por povos antigos vem desde meus 16 anos, quando eu resolvi apostatar [romper com a Igreja], depois de ter feito aos 12 anos algo que muito Cristão não faz em vida: ler a bíblia.
Isso é um dado curioso e interessante, pois foi justo na bíblia onde eu vi os primeiros "sinais" de que havia "mais coisas entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia supõe". Foi na bíblia onde eu vi magia, sacrifício, necromancia, evocações...bruxaria! E lá fui eu, um brasileiro, em um país católico, em busca de mais informações...foi uma verdadeira garimpagem.
Hoje, felizmente [ou infelizmente] há bastante informação sobre a Arte e creio eu que a internet tem se mostrado uma ferramenta crucial em minha jornada, ajudando, aperfeiçoando e eu diria mesmo que serviu-me de lição em muitas ocasiões.
Sim, a internet. Eu comecei a "navegar" em 2001, nos quiosques do correio, no espaço que existia [gratuito] no Banco do Brasil [centro de SP] ou nos espaços cedidos pela Prefeitura. Ali eu consegui organizar e publicar meus escritos. Ali eu comecei a organizar e construir minhas páginas virtuais. Ali eu tive os primeiros contatos com grupos de todo o tipo: ateus, bruxos, satanistas. Tudo e qualquer coisa que desafiasse, que contestasse a Igreja, eu estava interessado.
Em 2002 e 2003 eu comecei a me interessar pelo Satanismo [La Vey] simplesmente porque muitas coisas que ele escreveu combinavam com o que eu havia escrito dos 18 aos meus 21 anos, uma obra que eu defino como minha catarse, o início de minha cura interior. Nessa época nascia "ArchasBr", uma página virtual que encampava nos ideais do Satanismo, não porque eu esperava conseguir derrotar a Igreja, mas porque eu precisava quebrar o círculo vicioso em que eu estava, preso no Cristianismo e em seus dogmas doentios. Sim, eu queria chocar, sacudir, não apenas aos que me visitavam, mas a mim mesmo. E continuava a procurar uma base, um porto, um caminho de volta para casa, o Caminho pelos Bosques Sagrados.
Foi em 2003 ou 2004 que eu encontrei a Wicca, o Paganismo e a Bruxaria Modernos. Foi nessa época que conheci a Abrawicca, no Yahoo! Grupos e tentei participar. Tentei, pois meu entusiasmo com o que escrevo sempre me leva a ações não recomendáveis. Alguém no grupo viu minha página. Alguém me denunciou. E até hoje a Mavesper me considera um promotor da pedofilia, se não coisa pior. E para piorar, eu escrevi no Midia Independente meu libelo entitulado "O Vaticano Wiccano". Mas não fiquei totalmente "órfão", uma pessoa [que infelizmente não lembro quem] indicou o Forum da Wicca Gardneriana e com Mario Martinez eu aprendi muito. Ali eu conheci Scathy Morrighan. Ali, com ela, eu comecei meu lento e duro retorno para casa.
Assim, em 2006, eu conheci e iniciei minha participação no Amber & Jet, onde eu nutro minha paixão pela Wica Tradicional, sem deixar de lado meus estudos particulares e independentes. Por algum tempo, cheguei a participar do Gardnerians All [Y! Grupos] e mesmo da Sociedade Wicca [orkut]. Eu saí do Gardnerians All depois de ler muita bobagem, eu fui banido da Sociedade Wicca por ter contestado seu proprietário.
Sempre polêmico. Sempre controvertido. Nunca me arrependi. Nunca olhei para trás. Nunca vou vender a Tradição. Nunca vou colocar minhas perefências pessoais, minhas necessidades ou meus objetivos acima da Arte. Se isso significa que eu ficarei isolado, banido, exilado, no ostracismo, que seja. Minha vida deve servir aos Deuses Antigos.
Jornal O Bruxo - Pernambuco: Sua História: A jornada do Louco
Grato, companheiro.

domingo, 18 de abril de 2010

8 mil tambores

Droga! Eu não apenas perdi esse evento/oportunidade como, ainda por cima, encontrei apenas hoje. Então, se meus leitores me desculpam, vou divulgando, mesmo que com atraso.
Segundo profecias indígenas, no dia em que se reunirem os sons de 8000 tambores sagrados será o início da verdadeira cura da Terra. Então está rolando uma grande convocação internacional para serem tocados tambores ao redor do mundo no próximo equinócio de outono, dia 21 de março. Onde você estiver, nesse dia toque seu tambor, organize sua rodinha, junte sua tribo.
"A cerimônia dos 8000 tambores sagrados ajudará a regenerar um campo ilimitado de vibrações poderosas, um enorme efeito do som cósmico de alta freqüência se espalhando e ajudando a purificar e a harmonizar a Terra e a humanidade." Esta é a tradução moderna da profecia dos ancestrais da Primeira Nação Otomì, a Civilização Sagrada do Silêncio, do Som, do Tempo, do Espaço e do Milho (Ñä tho-Ñahñu-‘Ñuhmu-‘Nuhu-Olmecas-Toltecas-Teotihuacanos), que anunciam o despertar dos povos indígenas e de toda a humanidade. O reencontro reunirá o som de 8000 Tambores Sagrados para que a vibração gere a Mähki Nathi (Poderosa Medicina Sagrada) e a energia sanadora intensificada para a cura da Mãe Terra.
Também, as mensagens de nossos anciãos e anciãs sábias nos falam da necessidade de converter os tambores de guerra em Tambores de Paz, ao reconhecer a importância de trabalhar pela harmonia e a transformação pacífica dos conflitos que se manifestam em todo o mundo.
Vamos reconhecer que tudo é Sagrado, que nossa missão é trabalhar por nossa vida em equilíbrio entre nossas famílias, comunidades, povos, humanidade, plantas, animais, ar, terra, fogo, cosmos, com nosso próprio coração."
A profecia dos 8000 tambores
Pela cura da mãe Terra, pela vida e pela paz
Diante da grande ferida aberta na Mãe Terra ao redor de todo o planeta, os anciãos e anciãs sábios, guardiões da tradição Otomi Olmeca Tolteca Teotihuacana, do México, enviam urgentemente essa mensagem ao coração e à consciência do mundo e de toda a humanidade:
“…Os povos e nações indígenas, como guardiões da Terra, sabemos que os centros de energia e os campos vibratórios de várias regiões da Terra têm sido afetados consideravelmente pela perda do sagrado e pela desconexão com o espírito da mãe Terra. Como conseqüência, guerras entre grupos que ambicionam o poder e o controle do mundo, a discriminação racial, os genocídios contra povos indígenas, a contaminação e a devastação do planeta, com o conseqüente extermínio de plantas, animais e da espécie humana.
… É tempo de sentir, pensar, dizer e agir para transformar essa situação; é necessário gerar altas freqüências de vibração…Consideramos urgente fazer uma conexão com o poder energético e curativo do som cósmico; façamos sentir a medicina da vibração do som da humanidade através da voz com orações, com música, com canto, com instrumentos musicais cerimoniais como os tambores sagrados, incluindo o tambor de nossos corações. “
É por isso que chamamos a todas as famílias das quatro direções para nos unirmos para a cura das feridas provocadas na Terra por falta de conexão com o sagrado. Oremos juntos pela cura da mãe Terra, pela vida e pela paz.[Outro Mundo]

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quartel da PM recebe "batismo" de pajé

A Polícia Militar de Botucatu, a 238 km de São Paulo, encontrou uma forma diferente de pedir proteção divina. Nesta quinta-feira (15), uma pajelança foi realizada no batalhão da cidade. Com trajes e instrumentos típicos, 30 índios da aldeia "Teguaporã" participaram do ritual. Eles cantaram; dançaram e benzeram os carros e a sede do quartel.
O comandante da PM também foi batizado e, simbolicamente, passa a fazer parte da tribo. É a primeira vez no interior do estado que uma tribo indígena realiza uma pajelança fora da aldeia. Além da parte espiritual, a cerimônia reforça o programa de inclusão social entre os dois povos.[G1-SP]
Dentro da filosofia de Polícia Comunitária e buscando a inclusão social como parte das comemorações do Dia do Índio (19 de abril), às 10 horas da próxima quinta-feira, o 12º 12º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior), sediado em Botucatu, receberá 20 integrantes da Aldeia Teguaporã, da cidade de Itaporanga, a 363 quilômetros da Capital. Liderados pelo cacique Darã, os índios apresentarão números de dança denominados 'Mungaraí', acompanhados de cânticos e movimentos herdados de seus ancestrais.
Após a apresentação, o cacique Dará e o pajé Awa Wyty iniciarão o ritual da 'Pajelança' - um termo genérico aplicado às diversas manifestações do xamanismo dos povos indígenas brasileiros, que se refere a rituais nos quais um especialista entra em contato com entidades não-humanas (espíritos de mortos, de animais etc.), visando resolver problemas que acometem pessoas ou coletividades.
O grupo benzerá as viaturas de Polícia Militar, bem como os portões da unidade policial. Sempre ao som de cânticos, o cacique Darã borrifará fumaça do Petenguá - uma espécie de cachimbo feito de madeira - nos veículos, policiais e convidados. O objetivo da cerimônia é proteger policiais e viaturas de tiroteios, acidentes de trânsito ou quaisquer perigos enfrentados no desempenho da profissão.[Rede Bom Dia][link morto]
Dentro da filosofia da Polícia Comunitária e como parte das comemorações do Dia do Índio, na próxima quinta-feira, às 10h, o 12º Batalhão de Polícia Militar do Interior de Botucatu (100 quilômetros de Bauru) vai receber 20 integrantes da aldeia indígena Teguaporã, de Itaporanga (SP). Liderados pelo cacique Darã, os índios apresentarão números de dança, denominados Mungaraí, com cânticos e movimentos herdados dos ancestrais.
Após a apresentação, o cacique Dará e o pajé Awa Wyty darão início ao ritual denominado pajelança. O grupo irá benzer as viaturas de Polícia Militar, bem como, os portões da Unidade. Sempre ao som de cânticos, o cacique Darã, borrifará fumaça do Petenguá (espécie de cachimbo feito de madeira) nos veículos e policiais e convidados. O objetivo da cerimônia é proteger policiais e viatura de tiroteios, acidentes de trânsito ou quaisquer perigos enfrentados no desempenho da profissão.
Na segunda parte da cerimônia, o comandante do 12º BPM/I, juntamente com um aluno da rede pública de Botucatu, do Programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC), serão batizados pelos índios e ganharão nomes no idioma tupi guarani. O “batismo” indígena serve para dar proteção aos policiais, além de promover a integração cultural dos povos.
Toda a população está convidada a assistir ao evento que foi marcado para as 10h, defronte à sede do 12º BPM/I, na rua General Júlio Marcondes Salgado nº 414, Centro de Botucatu. Os índios trarão colares, pulseira, arcos, flechas, cocares e outros artesanatos para exposição e venda. As pessoas que quiserem também poderão ter esses objetos benzidos pelo pajé Awa Wyty.
O cacique Darã é o líder da aldeia Teguaporã, com cerca de 100 índios, se instalaram em Itaporanga, oriundos das terras indígenas de Araribá, em Avaí. Darã é orientador do programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC), que é aplicado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, desde 1999.
Em 2007, Darã participou da Conferência Anual do JCC, na cidade de Ogden, Estado de Utah, Estados Unidos, ocasião em que ministrou palestra a 1.800 estudantes, policiais e professores de vários países.
Na mesma época, Darã e PMs do Estado de São Paulo visitaram aquela aldeia, que fica no Parque Nacional dos Everglades, estado da Flórida quando foram recebidos pelo cacique Billy Cypress que está agendando viagem ao Brasil.[JCNET][link morto]

terça-feira, 13 de abril de 2010

Milhões de hindus se banham em ritual no Ganges

HARIDWAR, Índia — Milhões de peregrinos hindus reunidos nesta terça-feira às margens do Ganges, no norte da Índia, participam de um dos maiores festivais religiosos do mundo, que começou em janeiro passado.
A festa do "Kumbh Mela" - de três meses de duração - é realizada na cidade de Haridwar, 250 km ao norte de Nova Délhi.
Seu objetivo é permitir aos hindus que lavarem seus pecados durante os banhos rituais nas águas do rio interrompam o ciclo da reencarnação.
Esta festa comemora uma batalha mitológica hindu entre os deuses e os demônios, que disputavam uma porção de néctar da imortalidade. Durante a baalha, algumas gotas do néctar caíram em quatro lugares diferentes: as cidades de Allahabad, Haridwar, Ujjain e Nasik.
O "Kumbh Mela" alterna entre essas quatro cidades e é celebrado a cada três anos.
Segundo um dos porta-vozes do festival, 6,7 milhões de pessoas já se encontram presentes para o banho ritual mais importante, segundo os astrólogos. Esse banho coletivo acontece nesta quarta-feira.
Dez milhões de peregrinos são esperados.
"O rio é uma força espiritual que sinto dentro de mim", declara à AFP Pradip Ghosh, um devoto de 62 anos procedente de Calcutá.
Nesta quarta, centenas de "Naga Sadhus", sábios nus e cobertos de cinza, entrarão no rio para esse banho ritual.
Esta comunidade, que fez votos de pobreza, vive reclusa nas montanhas do Himalaia.[AFP][link morto]

Central Valley Wicca

As histórias da Wicca são difíceis por causa do segredo envolvido -- mesmo entre nós -- nos dias mais antigos. Lembre-se que mesmo a existência de Dorothy Clutterbuck foi questionada até que Doreen Valiente procurou pela evidência da velha Dorothy.
Realmente, nós não conhecemos os membros do Coven de New Forest. Philip Hesselton tem escavado ao redor e tem provavelmente a melhor idéia de quem estava nesse coven. Aparentemente Gardner fundou outro [coven] e não sabemos muito sobre ele. Não existem muitos registros a serem mantidos e então há pouco a encontrar. Uma história de detetive.
Nós não temos informação alguma sobre o Coven de New Forest após Gardner -- pelo menos, não que eu saiba. E nós temos muito pouca informação sobre os covens que Gardner fundou mais ou menos através de diferentes sacerdotisas. Patricia Crowther teve o Coven de Sheffield, Pat Kopanski teve outro, cujo nome eu não sei. Doreen, com Gardner, manteve o Coven de Bricketwood, talvez depois que Dayonis saiu – não tenho certeza. Tem também o Coven de Londres. Rae Bone fundou outro coven, embora acho que tenha trabalhado com o Coven de Bricketwood em algum momento. Isto torna possível um grande número de iniciações. Olwen iniciou os Bucklands, e esta é a fonte da linha mais popular da Wicca nos EUA.
Esta é a cena inglesa. Os Bucklands fundaram o Coven de Long Island em 1964. Espalhou-se rapidamente. Mas um dos iniciados de Rae Bone foi ao Canadá em 1959, e era um coven muito discreto, muito privativo -- permaneceu desconhecido e longe da política.
Em algum lugar por volta deste tempo, alguém veio ao Central Valley e fundou um coven aqui, aproximadamente há 60 milhas de Sacramento. Nós sabemos o nome dela no Ofício, mas nada mais sobre ela. Ela trouxe o Livro das Sombras que nós da CVW compartilhamos. Algo do material nele é encontrado virtualmente em cada outro BoS da BTW. Algumas passagens são encontradas somente no Book of the Art Magical [Livro da Arte Mágica] de Gardner, um texto desconhecido para a Doreen, e representa o mais recente material escrito identificado com a Wicca. Ficou perdido até 1975.
Nós temos alguns registros dos covens da CVW. Eu acho que nós temos pelo menos os nomes mágicos das pessoas que estavam no primeiro coven aqui. Depois disso, é possível seguir a linhagem de iniciados da CVW satisfatoriamente. Um daqueles membros desapareceu, e nós não temos nenhuma idéia se essa pessoa produziu iniciados. Nós conhecemos os iniciados dos outros membros. Nós temos alguns registros de antes de 1962 que mostram um coven desenvolvido e nos dá um vislumbre de nossas origens.
O ramo mais recente de CVW que tem outro nome que não Wicca é a Majestic Order. Os demais não tiveram um nome especifico até 1975. Um grupo de iniciados Majestic tinham empreendido procurar pelo BoS como ele tivesse existido quando foi trazido primeiramente para a Califórnia. Após muito trabalho de detetive e o encontro de outros covens que descenderam da mesma primeira Alta Sacerdotisa, eles tomaram o nome, Kingstone. Os demais da Wicca do Central Valley usaram o nome de Silver Crescent. Existem agora dois Majestics separados. Um é o mesmo que se encontra no coven que produziu os detetives que se transformaram em Kingstone.
O outro, o Myjestic, descende de uma sacerdotisa que foi iniciada por uma Alta Sacerdotisa Majestic mais recente, mas que saiu e começou a iniciar outros sem dizer-lhes que teve outros iniciados. E ela começou a adicionar todo tipo de materiais no BoS. E continuou adicionando. Ela inventou o absurdo do “vagão coberto”. Nada desse tipo veio dos anos de 1800, a menos que alguém trouxe uma cópia do "The Long Lost Friend", um livro publicado recentemente em 1800. Não é Wicca, nem mesmo Witchcraft, mas magia popular, magia natural. Mais tarde ela disse também que o material veio da França. Eu ouvi dizer que ela disse para outra pessoa que o material veio do porto de Nova Orleãs. Meu iniciador da [tradição] Mohsian tem um 3º Myjestic, e as origens de Nova Orleães e francesas vieram como novidade a ela. Isto deve ter sido inventados após os meados de 1980. Eles ainda têm o BoS original, mas após do fato está de toda a maneira cercado de material adicionado e em alguns casos, apenas de ficção criada pela sacerdotisa que fundou dessa linha. É triste. Aqueles que eu encontrei eram pessoas realmente boas. Muito dedicadas, muito bem versadas e trabalham muito duro.
Autor: Branson [Forum Amber & Jet - Yahoo! Grupos - via email]

sábado, 10 de abril de 2010

Relacionamento: Amor e Liberdade

Relacionar-se é uma das maiores coisas da vida: é amar, compartilhar. Para amar é preciso transbordar de amor e para compartilhar é preciso ter (amor). Quem se relaciona respeita e não possui. A liberdade do outro não é invadida, ele permanece independente. Possuir é destruir todas as possibilidades de se relacionar. Relacionar é um processo. Relacionamento é diferente de relacionar-se: é completo, fixo, morto. Antes devemos nos relacionar conosco mesmos e escutar o coração para a vida ir além do intelecto, da lógica, da dialética e das discriminações. É bom evitar substantivos e enfatizar os verbos. A vida é feita de verbos: amar, cantar, dançar, relacionar, viver.
Nada machuca mais do que quando um sonho é esmagado, uma esperança morre, o futuro se torna escuro. A frustração representa uma parte muito valiosa no crescimento espiritual. A nova psicologia está baseada nas experiências da escola mais antiga, tantra. Qualquer um que seja dependente de alguém, odeia essa pessoa.
Quando há atração sexual e o ciúme entra é porque não há amor. Há medo, porque o sexo é uma exploração. Não se pode amar alguém não-livre, pois o amor só existe se dado livremente, quando não é exigido, forçado e tomado. Quanto mais controlamos, mais "matamos" o outro. Confiança não pode ser forçada. Se ela existir, segue-se por ela. Quando amamos alguém, confiamos que não quererá outro. Se quiser, não há amor e nada pode ser feito. Só através do outro tornamo-nos conscientes de nosso próprio ser. Só num profundo relacionar-se o amor de alguém ressoa e mostra sua profundidade: assim nos descobrimos. Outra forma de autodescoberta, sem o outro, é a meditação. Só há dois caminhos para chegar ao divino: meditação e amor.
O amor se relaciona, mas não é relacionamento, que é algo acabado. Ele é como um rio fluindo, interminavelmente. Há flores do amor que só desabrocham após uma longa intimidade. Relacionar-se significa que estamos sempre começando, sempre tentando nos tornar conhecidos. A alegria do amor está na exploração da consciência. Quando investigamos o outro, fazemos o mesmo conosco. Aprofundando-nos no outro, nos aprofundamos em nós mesmos. Tornamo-nos espelhos para o outro e o amor torna-se meditação. Quando mais descobrimos, mais misterioso o outro se torna: o amor é uma aventura constante. Quando estamos apaixonados, a linguagem não é necessária. O amor não escraviza, não é possesivo nem exigente. Ele liberta, permitindo aos amantes voarem alto, em direção a Deus. Quando apreciamos nossa solidão, nos tornamos meditadores. Só quem é capaz de ser feliz sozinho pode contribuir com a felicidade de outro.
Quando há dependência não há maturidade nem amor, há necessidade. Usa-se o outro, o que é desamoroso. Ninguém gosta de ser dependente, porque a dependência mata a liberdade. A maturidade vem com o amor e acaba com a necessidade. Amor é luxo, abundância. É ter tantas canções no coração, que é preciso cantá-las, não importando se há quem ouça. Quando somos autênticos, temos a aura do amor. Quando não, pedimos amor aos outros. Quem se apaixona não tem amor e, assim, não pode dar. Quem é maduro não cai de amor, mas se eleva nele. Duas pessoas maduras que se amam, ajudam-se a se tornarem mais livres. Liberdade, moksha, é um valor mais elevado que o amor. Por isso é que o amor não vale a pena se a destruir.
É preciso muita coragem para permanecer aberto, sem criar um relacionamento. O amor acontece, nós não o fazemos acontecer: só podemos nos tornar disponíveis. O amor vem do nada, como um solavanco e só é possível entre iguais. Se escolhemos alguém que tem medo de aprofundar é porque nós também temos. Quando o amor se aprofunda, aumenta a liberdade. Elevar-se no amor é um aprendizado, uma mudança, uma maturidade. É algo espiritual. Quem é sábio não impõe sua idéia a ninguém. A vida é incerta, a insegurança é seu próprio espírito. Só a morte é certa. Nunca devemos perguntar sobre problemas dos outros.
O crescimento precisa de liberdade. De todas as artes, o amor é a mais sutil e precisa ser aprendida. Amor é felicidade, harmonia, saúde. Um grande amante está sempre pronto a dar amor e não está preocupado se vai receber de volta ou não. O amor tem sua própria felicidade intrínseca. Quanto mais amamos, maior a possibilidade da pessoa certa acontecer, porque o coração floresce. O amor real nos deixa felizes e harmônicos pela simples presença do outro.
Quando amamos alguém não admitimos que o amor possa acabar e, se ele existe, não há necessidade de arranjo legal. O casamento é necessário porque não há amor. Amor é a fragrância de um coração meditativo, silencioso e tranquilo; luxúria é paixão cega. Não há como melhorar o amor. Se é ele, é perfeito. Se não for perfeito, não é amor. Quem quer conhecer o amor, deve meditar. Só os místicos o conhecem. Ele é um dos muitos atributos de Deus, que também é compaixão, perdão, sabedoria etc. Quem está centrado, é meditativo. O amor é uma alegria transbordante, um estado do ser. O medo é o oposto do amor. O ódio é o amor invertido. No amor nos abrimos, confiamos, expandimos. No medo nos fechamos, duvidamos, encolhemos.
Para amar é preciso conhecer. Quem é independente, aprende, amadurece e se transforma com as mudanças. O amor é o fenômeno mais mutante da vida: é como uma flor que se abre a cada manhã. Só os independentes podem amar e ser amados. Diante de um problema o que mais importa é saber exatamente qual é problema e não sua solução. Todo caso de amor é um novo nascimento. O ego é como a escuridão, mas quando chega a luz do amor, a escuridão se vai. As escolhas devem ser pelo real, pior e doloroso e não pelo confortável, conveniente e burguês. O amor nos tira do ego, do passado e do padrão e por isso parece confusão. Ficar louco de vez em quando é necessidade básica para permanecer são. Quando a loucura é consciente, pode-se voltar. Todos os místicos são loucos. O amor é alquimia porque primeiro tira o ego e depois dá o centro. Amar é difícil, mas receber amor é quase impossível, porque a transformação é maior e o ego desaparece. É o anseio pelo divino que impede que qualquer relacionamento satisfaça. As pessoas mais criativas são as mais insatisfeitas porque sabem que muito mais é possível e não está acontecendo.
Autor: Osho
Nota da casa: A humanidade foi capaz de lutar e conquistar sua liberdade em todos os campos, menos no do amor e no do relacionamento.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Luzes e Sombras

Como um país não é mais ou menos importante em relação a seu tamanho, uma religião também não deve ser. Durante muitos séculos nós bruxos fomos obrigados a permanecermos nas sombras ou como costumamos dizer dentro do meio wiccano “no quarto das vassouras”, uma alusão a imagem criada por Walt Disney em seus desenhos.
Somos parte viva do COMBATE CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, mesmo porque, também somos vítimas desse descaso das autoridades e do “pré conceito” da sociedade que durante muitos anos foi bombardeada com informações que denegriam e ainda denigrem a imagem dos bruxos e bruxas, transformando-nos em algo feio, demoníaco, sombrio e malvado.
Prova viva deste combate se vê através do renascimento da religião WICCA, que em meados dos anos de 1940 e 1950, foi impulsionado pelo bruxo inglês Gerald B. Gardner juntamente com outros bruxos e bruxas, quando ainda existiam leis na Inglaterra contra a bruxaria. Embora essa fundamentação tenha ocorrido na década de 1940, a WICCA só foi revelada publicamente em 1954, quando da época da sanção da última das leis contra a Bruxaria na Inglaterra.
A religião WICCA e seus termos são baseados em diversas culturas do paganismo antigo, modificadas pelo que, segundo os antigos, era uma tradição sobrevivente da bruxaria medieval. Desde 1954, quando veio realmente a público, várias tradições surgiram dentro da religião WICCA, transformando-a nesta pluralidade que vemos hoje em dia.
Somos conscientes do trabalho que devemos fazer enquanto religião, assim como somos conscientes que fazemos parte de um todo que se empenha no apoio na formação de uma sociedade plural e igualitária que tenha em sua base os melhores princípios morais.
No entanto, percebemos que ao nos juntamos com outras religiões “minoritárias”, nos tornamos mais minoritários ainda, se é que seja possível. Muitas vezes somos lembrados como “outros” ou “etc.”, como se isso fosse uma lembrança de nossa existência. Logo, notamos que não basta lutarmos apenas contra a intolerância religiosa, mas que temos também uma luta pessoal: tornarmos reconhecidos e respeitados como religião perante as outras religiões também chamadas “minoritárias”.
Nós da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, temos que tomar cuidado para que não façamos com as religiões menos expressivas do que as chamadas “minoritárias”, o que as religiões ditas de massa fazem conosco, pois este foi um dos motivos que nos uniu.
Possuímos um ditado em nossa tradição que diz: “A esperança de uma boa colheita reside na semente”, pois bem, esta semente foi plantada através desse texto no qual nós wiccanos regaremos até que vire uma árvore frondosa, e oramos para que dê bons frutos. Contamos com o apoio de todos os religiosos e religiões envolvidas na Comissão que nos ajudem a manter esta árvore viva, desta forma, conseguiremos fazer com que esta cresça e seja vista de longe por quem deseje ou necessite vê-la.
Autor: Og Sperle
Fonte: Liberdade Religiosa [blog alterado, link morto]

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Templo de Nehalenia reativado

Desde 25 de Março deste ano que é legal na Holanda o casamento na reconstrução do templo de Nehalennia em Colijnsplaat. O presidente da câmara e os vereadores designaram o local como «casa de congregação», depois de um casal ter pedido permissão para aí celebrar matrimónio.
O mais curioso é que este novo templo (clicar para ver) nem tinha originalmente um intuito propriamente religioso. De facto, foi edificado a título de mera reconstrução histórico-cultural e turística, em 2005, no local onde em 1970 um pescador descobriu, por acaso, vestígios de um antigo templo celto-romano consagrado a Nehalennia, Deusa celta, ou talvez germânica, ou talvez arcaicamente indo-europeia (pré-celta e pré-germânica) do Mar, amplamente adorada na região que é hoje a Holanda e a Alemanha, tendo o Seu nome sido encontrado pelos actuais investigadores em mais de cento e sessenta altares votivos.
Muito simbólico, este desenvolvimento - espelha, em microcosmos local, o que está a acontecer, desde há séculos, em todo o Ocidente, desde o Renascimento: a pouco e pouco, a princípio pela via cultural, o Homem Ocidental vai subindo as escadas de volta ao seu verdadeiro lar espiritual, de volta ao culto dos Deuses dos seus ancestrais europeus. A cada passo, a luz é mais nítida, a luz que, efectivamente, emana do Alto.
Fonte: Gladius

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O fim da Sabedoria

No dia 7 de Abril de 529, o imperador cristão Justiniano fechou a Academia como parte do seu combate contra o Paganismo. De tal modo foi este evento simbólico que muitos consideram tratar-se do fim da Antiguidade e do princípio da Idade Média, isto é, da época das trevas, trazida pelo Cristianismo.
E porquê?
Porque a Academia era o foco difusor duma das senão a principal corrente filosófica do pensamento clássico pagão: o Neoplatonismo, ou seja, a filosofia de Platão desenvolvida na Antiguidade tardia e enriquecida com o misticismo e o pensamento mágico da época.
O espaço da Academia foi ao mesmo tempo, desde a Idade do Bronze, um santuário dedicado a Atena, Deusa Bélica da Sabedoria e Protectora de Atenas. Este santuário estava talvez associado com o dos Gémeos Divinos, heróis-deuses conhecidos como Dióscuros (literalmente «Dios» + «Kouroi», isto é, «Os Rapazes de Zeus»), Castor e Pollux (celebrados em Roma no dia 8 de Abril), pois que o herói Akademos revelou aí aos Gémeos Divinos onde é que Teseu tinha escondido Helena. Devido ao respeito religioso que tinham pelo local, os Espartanos não destruíram o local quando invadiram essa região da Grécia (Ática).
Existia aí um bosque de oliveiras em honra da Deusa. Uma das cerimónias religiosas que tinha lugar neste santuário era a corrida de tochas nocturna; também se realizavam, neste «locus» consagrado, jogos funerários, bem como procissões dionisíacas. As ruas da Academia estavam alinhadas com os túmulos do Atenienses.
Os sucessores de Platão neste centro de sabedoria antiga foram Speusippus, Xenócrates, Polemon, Crates, Arcesilaus; Aristóteles foi também membro desta espécie de universidade, ao mesmo tempo em que formou a sua própria escola, o Liceu.
Após o encerramento da Academia, os seus membros procuraram protecção sob o reinado do rei persa Khosrau I, da dinastia dos Sassânidas, levando consigo vários papiros de Literatura e Filosofia, e, em menor quantidade, de Ciência. Fez-se um tratado de paz entre os impérios persa e bizantino, em 532, o qual garantiu a segurança pessoal dos refugiados da Academia, alguns os quais encontraram abrigo no baluarte pagão de Harran, perto de Edessa.
Fonte: Gladius

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Festival da Fertilidade no Japão

E por falar em comemorações, Páscoa, Ostara, Primavera, Fertilidade, no Japão a comemoração é mais explícita.
Nesse ano, a festividade japonesa foi divulgada em duas notícias:
Pessoas de todo o mundo estiveram esta semana em Kawasaki para celebrar a fertilidade e pedir protecção contra doenças sexualmente transmissíveis. O rei da festa foi um pénis gigante, feito de madeira.
Todos os anos um gigante pénis de madeira é o grande protagonista de uma festa que reúne milhares de pessoas em Kawasaki, no Japão. Celebrar a fertilidade e pedir protecção contra as doenças sexualmente transmissíveis são os grandes objectivos daquele que é já conhecido como o "Festival do Pénis".
A festa data de um ritual com mais de 300 anos, quando as prostituas se reuniam para pedir protecção contra doenças como a sífilis. Hoje em dia, são mais de 30 mil os foliões que se juntam para acompanhar o percurso do grande pénis de madeira. A escultura, com cerca de 280 quilos, é transportada em ombros até ao túmulo da Tagata Shinto, que fica no templo da deusa Takeinadane-mikoto, deusa da fertilidade.
"Geralmente, os festivais japoneses não estão muito acessíveis aos estrangeiros mas este é diferente", explica a organização do evento. "Aqui participam pessoas de todas as nacionalidades". E se em dias de festa a comida é sempre essencial, em Kawasaki os pormenores gastronómicos não são deixados ao acaso. Entre os vários alimentos com formato de órgãos sexuais servidos durante a festa, os mais procurados são as salsichas enroladas em pão, que simboliza a vagina.[Expresso]
Milhares de pessoas acompanharam no domingo um festival da fertilidade no templo Kanayama, perto de Tóquio, cuja atração principal é o desfile de pênis gigantes.
A divulgação pela internet ajudou a popularizar o evento, que vem atraindo um número crescente de turistas estrangeiros.
O evento começou a ser comemorado há três séculos, quando prostitutas que trabalhavam na região começaram a procurar o templo para pedir proteção contra uma epidemia de sífilis.
Atualmente, o festival celebra os fieis que desejam partos sem problemas, casamentos ou relacionamentos harmoniosos, mas também vem ganhando novos significados, como os pedidos de proteção contra a Aids.[BBC]

sábado, 3 de abril de 2010

A Ênfase Matriarcal na Wicca

A Wicca é uma religião politeísta, ou seja, aceita a existência de diversos deuses e deusas. Entretanto seu culto é dualista, voltado a uma Deusa-Mãe criadora, cósmica (universal) e imanente (inseparável) a própria criação e a um Deus-Pai igualmente criador, cósmico e imanente.
A Deusa e o Deus são ao mesmo tempo opostos, complementares e necessários não só a criação como também a manutenção da vida. O culto Wiccano expresso nos Sabbaths, Esbbaths e ritualísticas diárias representa o mecanismo para agradecer, exaltar, conectar-se e auxiliar os Deuses nesse processo.
Se ambos são tão importantes e necessários porque dar ênfase ao culto da Deusa? Muitas pessoas afirmam que o objetivo disto tem relação com um “combate camuflado” às religiões patriarcais, mas não se trata disso. O objetivo da Wicca não é ser um “cristianismo de saias”, tal ênfase até possui relação com o patriarcado, mas não com as religiões dele e sim com as conseqüências sociais, culturais e espirituais geradas por ele.
O culto ao divino masculino, independente de como ele é celebrado pelas diferentes religiões, visa o “Dom do Deus”, as características do Deus. Estas representam a razão, lógica, força, atitude, virilidade, ação, coragem, individualidade e etc. Foi exatamente isto que o patriarcado trouxe a sociedade global, todas as pessoas baseiam suas atitudes e pensamentos na lógica, na força, na imposição do poder pessoal, na guerra, na dominação, enfim, tornamo-nos seres ligados unicamente aos dons do Deus.
Tais dons são extremamente importantes, porém viver baseado somente neles traz uma carga de conseqüências destrutivas sem igual. A lógica não permite a conexão com forças e poderes subjetivos e sutis, ela gera o individualismo, a arrogância, o desnível social e conseqüentemente propicia um maior número de guerras e um total distanciamento do homem com a natureza, esta servindo para dominação.
Em contra partida temos os “Dons da Deusa” ligados aos sentimentos, sensações, intuição, fertilidade, amabilidade, sensibilidade, conexão com o meio externo e etc. Estes dons também são extremamente importantes, pois propiciam a formação de comunidades e famílias mais unidas, trazem mais sensibilidade às pessoas e permite uma real conexão entre os seres e organismo a sua volta. O paganismo é essencialmente matriarcal porque ele visa à conexão do homem com a natureza e o responsável por isso é a Deusa.
“Conhece-te a ti mesmo” é a voz do Deus, é o Dom do Deus. Ambas as capacidades são necessárias, se o homem não conhece a si mesmo será incapaz de compreender a natureza a sua volta. Mas ele não pode visar apenas o conhecimento interno, precisa equilibrar as duas coisas para ser pleno em sua existência.
O “Mito da Deusa” apresentado no livro “A Bruxaria Hoje” de Gerald Gardner, expressa com magnitude o valor de ambos os Deuses em nossa vida. Este texto maravilhoso explica com vivacidade o processo iniciático da própria Deusa, mostrando que o dom dela é o amor, enquanto o dom do Deus (que é a Morte do texto) é o poder da magia e o conhecimento dos mistérios. Para chegar ao Deus, para sermos iniciados e renascer, precisamos antes chegar a Deusa e aprender a amar.
É por isso que a Wicca dá ênfase à Deusa e ao feminino, porque para alcançar a iniciação, conhecer e conectar-se ao Deus e se unir em totalidade com a natureza – que é o corpo dos deuses – precisamos, antes, conhecer e aprender com a Deusa, pois ela é a Senhora do amor, que aprendeu todos os Mistérios e recebeu o dom da Magia.
Ao buscar a Deusa nos tornaremos pessoas mais amáveis, mais conscientes de nossa comunidade, seremos mais sensíveis as necessidades do mundo e nos conectaremos melhor a natureza, conseqüentemente cavalgaremos ao lado do Deus em sua caçada selvagem em busca da renovação. Dar ênfase a Ela, não significa negar Ele, pelo contrário.
Autora: Dayne Anglius
Publicado na "Sociedade Wicca".

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ram Navami e a Kumari

Encontrado no G1:
Meninas se vestem de deusa em festival na Índia.
Comemoração do Ram Navami ocorre em Calcutá, nesta quarta (24 de Março).
Centenas de meninas se caracterizam de deusa virgem, ou Kumari.
Mas o que é Ram Navami?
O festival de Ram Navami é a celebração do aniversário de Lord Ram.
Lord Ram é a sétima encarnação do Deus Vishnu. A celebração se dá no nono dia do mês hindu Chiatra (esse ano a data é 24 de março).
Ram Navami marca o final do festival de nove dias chamado Vasant Navratri.
A celebração desse dia começa com uma prece para Surya (Deus Sol) logo no inicio da manhã. Ao meio dia, hora que supostamente Lord Ram nasceu uma prece especial é realizada.
Ram Navami é realizado no inicio do verão, quando o sol começa a sua aproximação no hemisfério norte. O sol é considerado o protetor da dinastia de Ram. A hora do nascimento de Lord Ram é justamente quando o sol está no seu ápice.
A cidade de Ayodhya no estado de Uttar Pradesh é o principal ponto de peregrinação por ser a cidade natal de Ram. Procissões com carruagem carregando imagens de Lord Ram, sua esposa Sita, seu irmão Lakshaman e de Hanuman percorrem as cidades.[Juliana-India][blog morto]
E quem é a Kumari?
No Nepal , desde tempos imemoriais , há mais de 2.600 anos, é realizada a prática da adoração da “Deusa Viva”, representado pelo culto à Kumari.
O culto impõe a veneração de uma criança, símbolo da pureza, escolhida após realização de severo ritual de iniciação e investida com o supremo poder de Deusa e adorada pelo povo como divindade.
Essa menina é chamada de KUMARI DEVI . A palavra Kumari , no idioma “nepali” significa Virgem e a criança entronizada é considerada como encarnação temporária de Taleju Bhawani, que é a manifestação da face feminina da deidade DURGA, a Mãe Universal.
A seleção para a escolha da DEUSA VIVA, é um ritual tântrico elaboradissimo. Depois de passar nos testes preliminares, compostos de 32 atributos de perfeição, como ter a pele perfeita, sem nenhuma cicatriz, traços particularmente finos, personalidade angelical, cor dos olhos que devem ser pretos e os cabelos também, ter todos os dentes, som da voz, etc , seu horóscopo deve também ser analisado e apropriado e o astrólogo oficial dá a última palavra.
São crianças na faixa de 3 ou 4 anos e a escolhida reina até a vinda da primeira menstruação pois segundo a tradição, a deusa não pode ter nenhum tipo de sangramento.
Ela é maquiada, coberta de jóias e finalmente colocada no alto de um trono de ouro para receber seus visitantes, todos a seus pés para ganhar a bênção que traz boa sorte.
Seus deveres públicos consistem em fazer aparições ocasionais em uma janela encravada no Templo e também participar da cerimônia de cerca de 6 festivais, por ano.
A cada manhã, é banhada por seus serviçais , em um ritual impressionante de cerimônias e de preces que acontecem em um ambiente infestado de incenso. A Kumari recebe muitas oferendas, presentes e até dinheiro dos visitantes.[Viagens Pelo Mundo]
Triste, mas em um país supostamente "laico" e com uma Imprensa "livre", deveria ter mais notícias falando dos hábitos e crenças de outros povos. Mas, apesar do discurso, tanto o nosso Governo quanto a nossa Imprensa continuam vinculados com a Igreja.

Bruxaria Medieval Do Paganismo à Heresia


Aproveitando o feriado da Semana Santa, eis que encontro na Livraria Saraiva uma revista com um artigo abordando a Bruxaria.
Por caridade, o Portal Ciência e Vida [link morto] disponibilizou o artigo na internet, de James Andrade, o que eu cito na íntegra:
A propagação de conhecimentos ocultos levou ao fortalecimento da figura das bruxas, algo que era, ao mesmo tempo, respeitado e temido como uma herança de tempos antigos. Mesmo assim sua associação com o profano e o proibido levou a Igreja Católica a tomar medidas para combater mais esse "mal na terra".
Nietzsche (1844-1900), em seu O Livro do Filósofo, refere-se ao período da seguinte maneira: "A história e as ciências humanas foram necessárias contra a Idade Média: o saber contra a crença..." .

O estudo do período medieval se inicia, deste modo, imerso em errôneas pressuposições. Um engano grosseiro que, aos poucos, se desfaz. Eventos importantes ocorreram. Um deles foi a solidificação do cristianismo, que criou Instituições e Dogmas, permitindo que nos refiramos a esta institucionalização como Igreja. Olhar para a Idade Média como algo de importância própria é o mínimo para se desfazer este mal-entendido; mas falemos de bruxaria. E de bruxas.
Como os registros históricos, principalmente aqueles vinculados à Inquisição e ao Santo Ofício, nos dão conta de que em cada quatro casos envolvendo bruxaria três eram com mulheres - outras fontes indicam números ainda mais insignificantes de homens - focaremos aqui o aspecto feminino do mito. As novas cores com que foram pintadas neste período, de certa maneira, tangencia como o papel da mulher também se modificou. Começaremos por uma visão panorâmica do assunto.
Origem do Termo O termo "bruxa" se perde no tempo, remontando facilmente a épocas pré-romanas. Em inglês, a palavra witch pode significar tanto bruxa, quanto feiticeira; provavelmente tem sua origem nos termos anglo-saxões "wissen", (conhecimento) e "wikken" (adivinhação). Vinculando, portanto, as bruxas a atividades adivinhatórias e àquelas relacionadas com o acúmulo de conhecimento, como o trato com as ervas e raízes.
Neste contexto, podemos traçar o perfil das bruxas, de forma geral, como personalidades femininas que estavam envolvidas em práticas "medicinais" (chás, beberagens e uma infinidade de outros artifícios para curar os enfermos) e vaticínios (profecias). Coisas que nas sociedades antigas, de certo modo também nas atuais, em nada se diferenciavam entre si, sendo ambas entendidas como Magia.
A Magia sempre foi entendida como uma interferência na ordem natural das coisas, uma ingerência, obtida por meio de palavras, gestos, objetos, oferendas, estando sempre relacionada com o sobrenatural. São das concepções mágicas do mundo que brotam as religiões. Aqueles que com ela se envolviam, por aprendizado ou por dom inato, sempre gozaram de um certo status social. Uma lacuna quase sempre preenchida pelas mulheres que, desde sempre, são mais identificadas com o sobrenatural.

O exemplo que nos chega do que seriam estas personalidades femininas são as parteiras e as benzedeiras, ainda tão presentes na vida de muitos brasileiros que vivem longe dos grandes centros e que, recuando-se poucos anos (40 no máximo), podemos identificá-las mesmo dentro de nossas famílias (minhas duas avós, tanto materna quanto paterna, eram parteiras e benzedeiras).
Estas mulheres estavam portando plenamente integradas ao grupo social. Não que estas relações fossem sempre pacíficas, muito pelo contrário; em épocas em que a mortalidade infantil era assustadora, a figura da parteira tendia a oscilar entre salvadora e carrasca. Convém nos lembrarmos também que neste mesmo extrato social ainda se inseriam os desviados, os doidos, os desajustados e tantos outros, todos vistos, de uma maneira ou de outra, envolvidos com o sobrenatural, consequentemente, com a Magia, sendo ela mesma, já habitada por outros tantos mitos e crendices. Aqui temos outro elemento que, invadindo o plano real, irá marcar profundamente a figura das bruxas: os Mitos.
Na Roma antiga existiam as Strix (origem da palavra italiana strega = bruxa); eram mulheres que, em certas noites, transformavam-se em corujas e procuravam crianças para sugar-lhes o sangue. Monstros similares eram as "stringlas" gregas. As germânicas "streghe" podem estar neste mesmo caldeirão.
A Grécia, em especial, é particularmente rica em mitos de monstros femininos que facilmente se associam a bruxas. Em sua vasta mitologia encontramos Atena, deusa da Sabedoria, cuja ave preferida é a coruja e que leva ninfas para um revigorante voo noturno sob o luar. A vingativa Lâmia, que, tendo perdido seus filhos, vinga-se sugando o sangue de crianças. Medeia e seus muitos feitiços, capazes até de devolver a juventude ao já velho Esão, pai de Jasão. Circe, que transforma a tripulação de Odisseu (Ulisses) em porcos. As tessalianas, que podiam assumir a forma de qualquer animal. As Sibilas, e muitas outras.
Assim colocados, lado a lado, pessoas reais e entes míticos, pode parecer estranho, porém é necessário um esforço de nossa parte em tentar entender que, em um mundo complexo, porém pouco compreendido como o antigo, bem como o medieval, todos estes elementos inevitavelmente se promiscuiriam, gerando um amálgama onde todas as partes envolvidas seriam chamadas de feiticeiras, magas, catimbozeiras, parteiras, curandeiras, benzedeiras e muitos outros nomes que, à época, tinham significados similares: bruxas, deixando claro que a fronteira entre o imaginário e o real era muito mais tênue do que podemos supor.
Vemos assim, que em praticamente todas as sociedades pré-medievais a figura feminina, com maior ou menor intensidade devido à sua capacidade de gerar vida e sua condição de "sexo-frágil", sempre foi relegada à casa e aos filhos, associando-se ao bem-estar. Por outro lado, também eram capazes de terríveis vinganças e sórdidas maquinações.
Hécate, deusa grega da bruxaria, que vagava pelas noites, sendo vista somente pelos cães que ladravam à sua passagem, às vezes aparecia associada à deusa Diana (Ártemis), a Lua. Na Idade Média os dois mitos praticamente se fundiram.
A Bruxa Primordial
A bruxa primeva é, portanto, o resultado mágico da fusão da mulher sábia, aquela que auxiliava no parto e cuidava das enfermidades, dos vitimados pelo sobrenatural, os desajustes mentais e sociais e dos muitos monstros sugadores de sangue que povoavam o imaginário popular, estando inequivocamente ligada a elementos naturais, a um saber ligado à terra, aos seus ciclos e aos seus muitos deuses; em especial os da fertilidade, em suma, Pagã. Um ser que vivia na tênue fronteira entre o real e o imaginário. Uma figura complexa. E ambígua.
Essa ambiguidade, tão presente (a mesma erva que cura pode também matar) foi uma constante; e neste ponto não se restringe apenas à questão de gênero nem de época, sendo o médico de hoje tão vítima desta desconfiança quanto a bruxa de outrora. Esta desconfiança, disfarçada, mas nunca superada, contribuiu para a existência de um convívio no meio social, no mínimo, delicado.
Situação facilmente estendida para todas as mulheres que, com seus humores e sangramentos, sempre esteve envolta pelo manto do sobrenatural. A distinção social dada à bruxa e a seus saberes tipicamente femininos reflete, em certa medida, a distinção dada à própria mulher. Seria fácil, portanto, nestas sociedades, supor o papel da mulher laureado de um certo prestígio, ainda que mínimo. Afinal, acima de tudo estava a figura da mulher como mãe; ela, enquanto geradora de vida, assumia maior importância até do que o seu fruto, o filho.
Contexto
Na Idade Média isso mudou. Para pior. Neste ponto é necessário se fazer uma pequena introdução sobre os muitos povos, diferentes entre si, que habitam a Europa neste período.
A Idade Média se inicia; segundo alguns defendem, com a queda do Imperador Augústulo (algo como Augustinho) em 476 d.C - indo terminar com a queda de Constantinopla (1453 d.C.). A condenação ao exílio deste trêmulo rapazola, que recentemente perdera o pai, Orestes, marca a queda do Império Romano do Ocidente e o fim da Antiguidade. Data meramente ilustrativa, uma vez que a agonia do Império Romano foi um processo longo e seus ecos persistiram por muito tempo.
O fato é que o desmoronamento da bem azeitada máquina administrativa romana - da qual a Igreja é a herdeira direta - lançou todo o continente, sua maior parte pelo menos, em um confuso desmantelo. É no bojo deste efervescente caldeirão de raças e credos, em meio a estes povos em franco processo de aculturação, que aqui, para efeito de simplificação, iremos reduzir para duas correntes principais: Os "Romanos", aqueles que estavam integrados no moribundo Império, sendo ou não 100% romanos. E os "Germanos", todos os povos que, pressionados pelos hunos, por outros povos, pela escassez de terras cultiváveis ou ainda pela própria fragilidade do Império Romano, desceram das frias terras do norte, avançando pelas praticamente inexistentes fronteiras romanas.

Todos estes povos tinham suas bruxas, e viam a mulher sob óticas diferentes. Ainda mais interessante é dizer que as próprias mulheres se viam de forma diferente. Foi neste ambiente, em que todos influenciavam e eram influenciados, nos séculos em que se fomentou a formação das futuras nações que se consolidaram na Idade Moderna, é que assistimos o cristianismo (aquele nascido no Concílio de Niceia (325 d.C.), tornado de Estado no Édito da Tessalônica (380 d.C.) e reforçado nos outros muitos concílios que se seguiram) se tornar uma Instituição e ganhar corpo. Força. Poder.
É no confronto direto com esta "nova" religião que o mito da bruxa ganhará os contornos que hoje vemos e em paralelo, assistiremos o delinear de uma nova posição a ser ocupada pela mulher, pois, no seu processo de "formatação", a religião criada em nome do Cristo afasta, paulatinamente, as mulheres dos seus nichos de poder, assumindo, em definitivo, seu aspecto Patriarcal. Justo a religião que, em seus primórdios, galgou importantes degraus apoiada por mulheres (vide a mãe e a esposa de Constantino).
É na institucionalização do Cristianismo que a mulher perde sua projeção inicial, relegada a um papel subalterno na Igreja que nascia. Uma nova realidade era escrita, não sem conflitos, arbitrariedades, sangue e Fé Verdadeira. Uma realidade regida por um Deus Único. Nas famigeradas "Três Ordens" (séc. XI) os que oram ocupam o topo da tríade.
Um dos passos mais importantes dados pela Igreja no sentido de exercer controle sobre seus seguidores foi dado no Concílio de Latrão (também chamado Latrão IV), convocado pelo então papa Inocêncio III, em 1215. Onde, dentre muitas outras resoluções, estabeleceu-se a obrigatoriedade da Confissão. Todo Cristão, a partir dos sete anos, ficava obrigado a se confessar com um sacerdote pelo menos uma vez por ano, correndo o risco de excomunhão se não o fizesse. Neste concílio também é recomendado aos padres uma atenção especial às heresias, estimulando o interrogatório em casos de suspeitas e, caso ficasse comprovado o desvio, a punição (lembremos que à mesma época existia a perseguição aos Cátaros).
Nessa nova realidade que surgia era o Filho, não mais a Mãe, a figura de maior importância. Mesmo que haja, principalmente após as Cruzadas (séc. XI a XIII), uma certa redescoberta do feminino cristão, na figura de Maria, a relação de primazia estava irremediavelmente comprometida. E aquele saber das bruxas, desde há muito associado a deuses muitos, será marcado indelevelmente pela chegada do Deus Único.
Apoiado nestes pressupostos é inegável que a Idade Média irá assistir a um reescrever do papel da mulher na sociedade, coisa que já vinha sendo delineada, mas que naquele momento ganha novos e fortes contornos. A mulher do cristianismo não é a mesma das religiões pagãs. Não diria nem melhor nem pior, só diferente. No período medieval estas mulheres se chocarão. O imaginário popular da época irá opor, bem ao gosto da época, duas figuras diametralmente opostas: a bruxa e a santa.
Uma, no sentido espiritual, tocada pelo Divino e a outra, no sentido mais carnal, tocada pelo Profano. A sexualidade feminina será o principal campo de batalha destas novas concepções. Não creio ser necessário dizer qual o nome reservado para as mulheres das religiões pagãs.
O Sexo, tão comum e natural nas religiões primitivas, torna-se, no decorrer dos séculos, a ruína dos homens. A leitura dos livros que compunham a Bíblia (aqui me refiro aos canônicos), uma das muitas possíveis, em que se constata que o Cristo, em não sendo casado, morreu puro, cria uma ideia, gestada nos mosteiros e disseminada por todos os cantos, que a demôniosos primórdios, que opunha Bem e Mal em uma disputa incansável, vemos o surgimento de outras frentes de batalha. Contra os infiéis que, ignorantes do Cristo, mereciam esforços para a salvação; contra aqueles que professavam outros entendimentos do mesmo Cristo; contra aqueles que abandonavam as fileiras da Igreja, e agora contra o desejo e a volúpia, que minavam a vontade dos homens, abriam espaço para o pecado.
A Posição da Igreja

Para a Igreja, porém, a luta era uma só, e louvável: a defesa da Fé, o que significava a salvação da alma, algo que, visto no contexto medieval, valia todos os esforços. Para muitos, ainda hoje vale. Uma guerra de muitos frontes e de perdas consideráveis, calorosamente travada nos muitos séculos da Idade Média, uma contenda que tratava tanto a maledicência e o malefício, que, claro, existiam, quanto às protociências que despontavam como sendo puro Mal. Tudo em nome do Dogma que, em última análise, é tão somente uma Opinião. Todos perderam, mas principalmente as mulheres, que assistiram, não passivas, mas incapacitadas, um lento remodelar da sua relevância social.
Relacionar a mulher com o pecado não era novidade - Eva estava lá desde os primórdios para comprovar a verdade inegável do fato - porém, este é só um dos aspectos que irão. compor o arquétipo da Bruxa que nos chega nos dias de hoje. A da bela e sensual jovem, caminho da perdição. No outro extremo desta composição está a decrépita e medonha anciã, aquela que tem um narigão e uma ruga quase tão grande quanto ele.
A madrasta da Branca de Neve, da adaptação para o cinema de Walt Disney, é um exemplo magnífico por representar, no mesmo personagem os dois extremos; antes dos filmes da Disney as ilustrações dos contos dos irmãos Grimm se encarregaram de fornecer o arquétipo de como seria uma bruxa velha. O caldeirão e a vassoura são outros elementos associados a elas.
Notar que, em sua maioria, são elementos do cotidiano feminino, comuns na sua labuta de esteio familiar, que assumem novas conotações. O objeto onde se cozinha é o mesmo onde se fundem poções maléficas; a ferramenta de limpeza se torna o meio de transporte mágico; assim por diante. Nestes elementos, porém, uma outra leitura é possível, mais sombria, mas necessária; é no seio do cotidiano, na rotina do dia a dia, no envenenar da comida, no cozinhar do cachorro preferido e servir como sopa que a vingança feminina se manifesta.
Novamente notamos a dubiedade do mito, sempre calcado em um delicado equilíbrio que, na Idade Média, será definitivamente quebrado com o surgimento de uma nova figura, fundamental para se buscar uma visão aproximada do que foi a bruxaria medieval: O Diabo.

Demônios dos mais diferentes tipos povoaram o imaginário medieval, vindos das tradições cristãs: como Asmodeu, Baal ou Belzebu, Beemot, Lúcifer, entre outros; ou importados de outras crenças, como o Pã grego, os Sátiros romanos, o mesopotâmico Pazuzu.
Na Idade Média, o Diabo estava em todos os lugares e as mulheres, comprovadamente fracas na Fé, eram o seu quintal.
Ardiloso, capaz de mudar de forma, apresentava-se como Súcubbus (aquela que fica por baixo), para seduzir os homens e Incubbus (aquele que fica por cima), para quem as mulheres se entregavam. Notar a sutileza em dizer que as mulheres se "entregavam" e que os homens eram "seduzidos". As atividades do Diabo, porém, seriam vistas com um certo desdém até meados do século XIV, é comum o entendimento dele não como adversário, mas sim como um empecilho. Até meados do século XI, a bruxaria também será vista, pela Igreja, com olhos mais complacentes, algo pitoresco, integrado à concepção popularesca do Cristianismo.
Os Cristãos
O Cristianismo foi totalmente hegemônico no longo período medieval. Porém, não foi linear em seu desenvolvimento, nem tão pouco homogêneo. O cristianismo praticado nos grandes centros, tidos como mais cultos, era, em muito, diferente daquele praticado nos locais mais afastados, tidos como mais tacanhos. Nestes locais ermos se mostrava como uma crença confusa, uma mistura de crendices, de antigas religiões e dos ensinamentos ouvidos dos pregadores das boas novas (Evangelhos). Tudo cerzido por uma compreensão toda própria do que significava cada um destes elementos. Porém, demarcava fortemente o seu espaço, e crescia a olhos vistos.
O pensamento cristão medieval tangenciou todo o continente Europeu, indo muito além dele. Logo, no mundo medieval, ser cristão era quase condição sine-qua-non para ser aceito socialmente; quem não fosse batizado era taxado de "Pagão" ou "Infiel", e vitimado pelo preconceito. Com a invasão muçulmana, esta situação se radicalizou ainda mais.
Na Idade Média, o Deus Único Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo) torna-se a fonte de tudo. A realidade está sujeita à sua vontade, uma vez que Ele a criou pode interferir nela à seu belprazer. Portanto, para se conseguir algo basta pedir à Sua representante na Terra: a Igreja.
Esta, por sua vez, era auxiliada na árdua tarefa de intermediária por um sem número de santos, santas e mártires, todos envolvidos em resolver as mazelas mundanas.
A lista continua, mostrando a especificidade de cada santo em determinada área, isso sem levar em conta aspectos como a adoração de relíquias (objetos tocados pelos santos ou até mesmo partes do seu corpo ou vestuário), a crença pia na transubstanciação do pão e do vinho em carne e sangue na Eucaristia, nas muitas qualidades divinas da hóstia, da água benta, dos rosários, dos amuletos, dos escapulários.
O período medieval foi totalmente dominado pela Magia. Outras épocas também o foram, mas o que torna este período especial são as tentativas, muitas vezes violentas, de se criar uma Magia única, de natureza cristã.
De início, a Igreja medieval não perseguiu a crendice, mas se valeu dela para crescer. Tudo aquilo que não era Divino só podia vir do Diabo e como o próprio era também uma criatura de Deus, a hegemonia estava na eminência de ser criada, bastando para tanto associar cada elemento não pertencente à religião cristã com elementos que existissem dentro dela. Surgiram assim deuses antigos que foram transformados em demônios, outros ainda foram substituídos por santos que executaram as mesmas funções. Para garantir um bom parto não mais se clamava à romana Lucina, para este momento especial lá estavam Santa Margarida ou Santa Marpúgis; isso sem falar da própria Maria, mãe de Deus, que nos chega como Nossa Senhora do Bom Parto. No decorrer da Idade Média, um monopólio dos aspectos não naturais da vida se estabelece. A faceta mágica da Igreja Cristã é tão fortemente disseminada que até mesmo os feitiços e encantamentos perderam o seu aspecto de manipulação de objetos, digamos naturais, para se tornarem manipulações sacrílegas de elementos cristãos, tornando-se assim, herética.
A Bruxa "primitiva", que perdurará, grosso modo, até meados do séc. XII, em meio a um cristianismo atulhado de crendices de caráter pagão.
A Bruxa "herege", que ganha notoriedade cada vez maior a partir do séc. XII, frente a um cristianismo que se busca mais puro.
No processo que acabou por levar Joana D'Arc (1412-1431) a um "Auto de Fé", leia-se fogueira, já figurava a palavra bruxa, vinculada à heresia.