quinta-feira, 30 de abril de 2009

Maio, mês de Maya

O mês recebeu seu nome da Deusa grega Maya [ou Maia-NT], uma das Pleiades, que é identificada como a Deusa da Fertilidade Bona Dea. Não se deve confundir com a Deusa hindu Maya, a Deusa da Ilusão.
Festas em Maio:
1ª de Maio – Festival da Bona Dea e Vinalia, a celebração da colheita de uva [e da produlção de vinho-NT] do ano anterior.
9 de Maio – Festa dos Larvae.

As "larvas" ou "lemures" são espectros ou espíritos dos mortos.
11 de Maio - Consagrado a Mania, Deusa da Morte e mãe dos Lares.
14 de Maio - Argeis, o ritual que acompanha a Procissão de Argei. Uma pricissão vai aos santuários de Argei; essas procissões iam pelos dezessete santuários especiais através das regiões de Roma na Servia como um rito preparatório. Os argeis são feixes em formas humanas que são atirados ao rio em Março.
15 de Maio - Mercuralia, em honra a Mercúrio.
Os mercadores espargem com água consagrada suas cabeças, navios e mercadorias.
21 de Maio - Vejovis, uma das quatro Agonalia.
Na tradição religiosa de Roma Antiga, a Agonalia era um festival celebrado várias vezes ao ano em honra de várias divindades, como Janus e Agonius, os quais os Romanos costumavam evocar nos seus empreendimentos importantes.
Vejovis era um dos Deuses antigos dos Romanos. Ele era um Deus da cura e foi associado ao Deus grego Esculápio.
23 de Maio - Tubilustrium, a Purificação dos Trompetes.
Uma ovelha é sacrificada para santificar [consagrar-NT] os trompetes usados em muitas das cerimônias públicas, é uma cerimônia de purificação e preparação tanto pelo inicio do ano sagrado e da estação da campanha militar.
25 de Maio - Consagrado a Fortuna, Deusa do Destino, Oportunidade, Sorte e Prosperidade.
29 de Maio - Ambarvalia.
A purificação ritual dos campos, quando as fronteiras entre os campos são purificados por uma procissão de animais sacrificatórios.
Fonte: Wikipedia e Nuova Roma, com edição e tradução.

1º de Maio

Amanhã será o Dia Mundial do Trabalhador, mas será uma data especial também para Pagãos por ser um dia sagrado. No hemisfério norte, nós comemoraremos ou Beltane, ou Walpurgis Night, ou May Pole. No hemisfério sul, nós comemoraremos o Sanhaim.
O interessante para este blog e para mim foi encontrar no livro "A invenção das Tradições", de Eric Hobsbawm e Terence Ranger, que a data do 1º de Maio pode ter origem nas festas populares.
"O principal ritual internacional destes movimentos, o 1ª de Maio desenvolveu-se espontaneamente dentro de um período surpreendentemente curto. [snip] A escolha desta data foi certamente bastante pragmática na Europa. [snip] Havia sido proposto, com certa razão, que essa data coincidisse com [snip] a data em que tradicionalmente se encerravamos contratos de trabalho [snip].
[snip] A escolha de uma data tão carregada de simbolismo pelas antigas tradições revelou-se importante [snip]. Desde o início, a ocasião atraiu e absorveu elementos simbólicos e rituais, principalmente a de celebração semireligiosa e sobrenatural, um feriado e um dia santo ao mesmo tempo.
[snip] O antigo simbolismo da primavera, a ele associado de maneira tão fortuita, foi perfeito para a ocasião [snip]." [Hobsbawm, E. & Ranger, T. - "A invenção das Tradições", pg. 291-292, Ed. Paz e Terra]
Apenas neste dia o sagrado e o profano se encontram e as pessoas celebram seus laços comunitários, religiosos e sociais. Eu duvido que os sindicatos locais incluam um Poste de Maio nas celebrações do "Dia do Trabalho". Certamente irão manter a celebração desvinculada de sua origem religiosa, preferindo o vínculo desta com os ideais marxistas.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sacrifício

No início homens eram sacrificados, geralmente após batalhas entre grupos rivais ou mesmo quando as aldeias estavam com problemas: doenças, escassez de alimento, água, etc. O sacrifício era algo importante, pois somente heróis eram sacrificados: o guerreiro preferia morrer com a honra de servir seus deuses que negar este amor e optar por uma vida simplória e anônima.
Com o tempo os sacrifícios passaram a utilizar animais. Ao Homem viver seria sua maior honra, e se era para agradar os deuses, então que animais com sangue e olhos como os dele deveriam morrer. O Homem a vida dos outros animais passou a estar sob seu julgamento, e por um longo tempo os Deuses aceitaram essas ofertas de cordeiros, bois, bodes... bodes expiatórios. O Homem que não queria morrer por seus deuses, também não queria mais matar animais com seus gritos de dor e olhares fixos nos seus.
Assim os sacrifícios passaram a ser vistos como atos de crueldade à vida, sem heróis e sem bodes o Homem passou a utilizar plantas. Há exemplos como os troncos queimados em rituais invernais, de oferendas de grãos em barcos, de grandes esculturas humanas feitas de palhas e galhos. As plantas não possuem olhos e nem sangue, mas passaram a ser os novos heróis de sangue.
Com o surgimento das religiões e seus pecados, karmas e demais castigos, o sacrifício passou a ser novamente do Homem. Mas indisposto de honrar sua vida ao seu Deus, o Homem passou a sacrificar suas funções vitais, privando-se da alimentação, jejuando por dias e noites, do prazer do sexo, vendo-o como algo sujo e necessário apenas para reprodução, e demais prazeres.
O corpo, antes morada sagrada de um espírito herói passou a ser visto como uma máquina de maldade, e assim peças dessa máquina passaram a ser sacrificadas para agradar o novo Deus, ou mesmo os antigos Deuses. O Homem passou a ver a vida como algo desagradável e a morte como um banho de purificação, uma salvação.
Atualmente vivenciamos diversos sacrifícios. No atual mundo “civilizado”, não contente com o auto-sacrifício, o Homem passou a sacrificar os próprios Deuses em honra de... de si mesmo. O Homem querendo escapar de qualquer dor passou a negar sua religião, a pedir sem agradecer, a ver o alimento numa caixinha de papelão congelada e pré-cozida.
Estando o mundo espiritual dependente do mundo material, os Deuses aceitaram tal condição, mas o Homem esqueceu que extinguindo os Deuses estará extinguindo a si próprio, cortando o ciclo que alimenta os dois mundos, e assim morrerá, desaparecendo, anônimo, sem um pós-morte, sem salvação, sem nada.
Ainda que existam heróis, ainda que existam Deuses, a honra perdeu sua grandiosidade nas sociedades, o heroísmo passou a ser visto como algo de poucos, a ser evitado por afetar a integridade do Homem.
Você prefere viver pouco e morrer honrado(a) ou viver bastante e morrer anônimo(a)? Assim como Tétis profetizou a Aquiles: lutar em Tróia e alcançar a glória eterna, mas morrer jovem, ou permanecer em sua terra natal e ter uma longa vida, mas sendo logo esquecido? Pense nisto!
Por Arwëniem em Templo Ancestral [original perdido]

Propaganda e religião















Eu encontrei uma notícia curiosa no blog Wild Hunt: na Flórida e na Carolina do Sul [Estados dos EUA] foram autorizadas a produzirem placas de carro "religiosas", contendo imagens cristãs. De imediato, eu me lembrei do caso das propagandas ateístas nos ônibus em Londres, o que provocou uma grande polêmica.

Nos EUA, os Estados são confederados, ou seja, possuem uma liberdade relativa quanto a leis estaduais, mas desde que estas leis estaduais não violem a Constituição e é nessa base que alguns advogados locais estão contestando na Justiça tal autorização.
Na Grã-Bretanha, a iniciativa dos ateus se baseia no direito da liberdade de expressão e opinião, ainda que seja considerada agressiva e ofensiva.
No Brasil, fica ao encargo do proprietário enfeitar ou não seu carro com decalques que indiquem seus gostos, preferências, opiniões e crenças, desde que não violem as regras de trânsito.
A Propaganda tem o intuito de divulgar qualquer serviço, produto ou idéia, nisso incluindo crenças e descrenças. A Propaganda não tem a pretensão, a intensão ou a obrigação de ser verdadeira e tal atributo é ptencializado quando se trata de divulgar uma crença ou descrença. Tanto Cristãos quanto Ateus cometem os mesmos erros ao divulgarem por meio da propaganda clichês superficiais, generalizantes, discriminatórios e preconceituosos contra aqueles que tem uma opinião, crença (ou descrença) diferente.
Embora eu seja contra o proselitismo, como comunicólogo eu espero que a Propaganda continue sendo usada como veículo independente para divulgar os gostos, as preferências, as opiniões e as crenças de cada indivíduo. Tanto que sonho em algum dia poder encontrar produtos voltados para o público Pagão, como uma placa de carro semelhante à que enfeita o tópico no blog do Wild Hunt.

sábado, 25 de abril de 2009

Classe 101 de wiccanice

A questão surge frequentemente: "O que torna alguém falso ou um farsante?" O conceito de "pink-wiccano" é similar ao "twinkie" [bolo recheado conhecido no Brasil como "Ana Maria"-NT] tal como é usado nas comunidades indígenas americanas: uma pessoa que brinca com práticas espirituais ou leva a sério suas práticas mas segue mais a estereótipos do que a informação real. Praticar um numero significativo de um desses comportamentos característicos será o suficiente para te rotular assim. Se você acha isso ofensivo, então você provavelmente é um wilkano clássico.
1. Afirmar estar praticando um caminho realmente velho, mas não se esforça em encontrar o que as pessoas efetivamente faziam ou acreditavam nesse caminho, inventando as práticas enquanto afirma que era assim que os antigos faziam.
2. Ignorar qualquer coisa escura ou ameaçadora, mesmo pretendendo trabalhar com divindades sombrias. Falar como a divindade de sua escolha é sempre boa ou sempre certa, ou pretender que sua Deusa Sombria favorita é apenas mal compreendida.

3. Aceitar qualquer coisa que outro wilkano te disser ou que leu em algum livro com um enorme lua crescente em sua lombada. Alternativamente, aceita qualquer fonte como definitiva, se se importar com que os intelectuais pensem dela. E passar qualquer coisa que seja, que você ache que saiba ser, embora você tenha inventado.
4. Pegar tudo que foi trabalhado em qualquer tipo de desafio que envolva lógica ou fato. Apenas sentimentos realmente importam. Desconsiderar o que outros tem a dizer se não confirmar o que você acredita, mesmo se eles puderem provar suas afirmações.
5. Brigar com qualquer um que não te considere, especialmente se eles continuarem a apresentar evidências que refute suas afirmações e declare que no fim você está falando que "todo mundo tem capacidade de dar uma opinião" e então a sua opinião é tão boa quanto a de qualquer um.
6. Enfatizar ruidosamente que ninguém tem o direito de fazer julgamentos sobre o que você escreveu se eles não te conhecem bem fora da rede. Desconsiderando o que você evidentemente disse, apenas suas motivações declaradas deveriam importar para as outras pessoas.
7. Evitar conflitos a qualquer custo e entrar na discussões de outras pessoas, mesmo quando você não estiver diretamente envolvido, tentando fazer com que concordem pelo bem da concórdia. Concordar com outros apenas para arrefecer os ânimos, ou mesmo os instruir em como ele devem se dar bem. Se você modera um forum, apagua qualquer mensagem que não concorde com você ou que apresente opiniões incômodas.
8. Tenta fazer com que outros parem de profanar ou parem de falar em um assunto porque te incomoda.
9. Conta aos não wilkanos o quanto horrivel/desespiritualizado eles são por não aceitar todos os Pagãos, a despeito do comportamento deles.
10. Queixa-se frequentemente da perseguição ou repete de alguma forma o mito do "Tempo das Fogueiras", mesmo que não tenha sido perseguido.
11. Em conversas sempre assume que a Rede (ou outro código) se aplica a todos os Pagãos. Se for ligeiramente desafiado, age confuso; se for altamente desafiado, entra no modo Olho Gordo Master e acusa o infiel de satanismo, crowleyismo ou pior.
12. Dê palestras em qualquer dos assuntos favoritos da Wilka.
13. Insiste que a Wilka é qualquer coisa que você quiser que seja, a despeito da história. Exige respeito ao que você está fazendo, mesmo que arruine os esforços de seus percusores e iniste em chamar o lixo pelo mesmo nome. Não se importa em renomear o que você faz, embora parcamente baseada em uma forma original, porque você quer tirar vantagem das pessoas que vieram antes de você e alega uma forma de linhagem desconsiderando a lacuna entre o que eles fizeram e o que você faz.
14. Se sua crença é que "todas as Deusas são a Deusa e todos os Deuses são o Deus" e ultimamente todas as divindades são aspectos do Um, usando isso como desculpa para não aprender sobre ou trabalhar com divindades especificas. Ou, quando você evoca o Senhor ou Senhora pelo nome, mistura e equivale a outro casal de outro panteão de outra época.
15. Usa a incapacidade como uma desculpa para não verificar seus fatos ou aprender algo novo, ou como uma desculpa para adotar outros comportamentos fúteis. Reclama de perseguição se alguém ousa sugerir que usar um corretor ortográfico não é fora do propósito mesmo para uma pessoa incapacitada.
16. Assina seus emails/comentários com "Namaste" ou "BB" quando o conteúdo da mensagem insulta alguém ou contradiz a saudação.
17. Não demonstra qualquer sinal de ter sido tocado pela divindade ou por uma experiência estática. Se importa mais com o que a sociedade ou seus amigos pensam do que com o que as divindades pensam. Não fazer coisa alguma que possa desenvolver seu caminho/abilidades/percepção, que possam provocar alguma desaprovação ou te fazer perder a pose.
Autores: Freeman e Sky Dancer.

Fonte: Oak Forest Coven

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Evolução vs tradição

O Ofício que Gerald Gardner encontrou em suas passagens entre grupos teatrais, sociedades fiolclóricas e clubes de saúde não é o mesmo Ofício que praticamos atualmente, embora as raízes estão bem visíveis se a pessoa é iniciada e treinada de uma forma que mostre e preserve isso.
Os pedaços que Gardner encontrou e que seus iniciados desejam perpetuar são os pedaços que sobreviveram mais coisas que bruxas de outras fontes trouxeram a ele ou a seus iniciados e foram incluidos para o que se tornou as Tradições.
Os pedaços que ainda são praticadas e ensinadas, ainda existem e podem ser revividas. Quando uma prática não é mais ensinada, os iniciados seguintes não sabem o que fazer se devem aprender, ocorreu uma evolução e isso não é positivo ou negativo. Isto é o que é.
Os covens atraem pessoas que toleram a forma que este coven trabalha, os covens repelem aqueles que resistem. Eventualmente a rejeição acontece antes da iniciação, ás vezes após a iniciação e eles têm a opção de permanecer até eles puderem concluir, encontrar um coven menos repulsivo, modificar as tradições, se tornarem ecléticos, se tornarem solitários ou parar de praticar.
Nosso coven não pratica exatamente da mesma forma que nossos covens mãe, mas nossos estudantes tem todo o material se permanecerem o suficiente para observar todas as práticas, copiar todas as notas e livros e completar todos os exercícios. Leva alguns anos para que a Perfeita Confiança faça efeito e mostre coisas que nunca estarão escritas e raraente ditas.
Um crescimento rápido não é o objetivo. A sobrevivência dos caminhos Antigos e a Sabedoria Antiga nas mãos certas é o objetivo.
A evolução "criou" o gato doméstico. Eu imagino o que o tigre pensa dessa evolução. Um dia não haverá mais tigres, porque nós tiraremos todo o habitat deles. Um dia em um festival [público] alguém irá estranhar a presença de um tradicionalista. Substitua essa tradição por outra e nos tornamos dinossauros ou peças de museu porque os ecléticos se multiplicam rapidamente e poucas das Velhas Bruxas escolhem reencarnar e se juntar a nós novamente.
Algum dia terá uma novela chamada O Último Gardneriano. Gardner pensou ter encontrado a última das bruxas da Bretanha e ficou surpreso quando sua proposta para documentar esta Crença antes de morrer se tornou em um sopro no chifre que chamou muitos de nós de volta para Casa.
Eu espero que de alguma forma a essência sobreviva tanto quanto as coisas que são raramente ditas. Eu sei como algumas coisas foram perdidas em minha linhagem ascendente e felizmente nós fomos capazes de recuperar. Outros ramos dessa linhagem não conseguiram e sua concepção da Tradição parece ser evolucionário, nem positivo nem negativo, apenas é. Será interessante ver as gerações passarem e [ver] o que meu coven tataraneto considerará ser a essência da Tradição e que será descartado no caminho. Eu espero que os Deuses nos permitam manter o que temos e que não tenha alguém que ache que saiba melhor e mude as coisas, se esquecendo ou jamais conhecendo porque nós fazemos o que fazemos da forma que fazemos.
Na minha Tradição, eu não tenho controle sobre o que os outros covens fazem, mesmo que se originar do meu. Autonomia significa total responsabilidade pela preservação da lenda e da prática é o principal do 3* Grau. Neste momento, muitos de nós revisa os pedaços: "O que é o Ofício? O que é importante? O que eu preciso aprender agora para servir melhor aos Deuses e para honrar aos Elders que vieram antes de mim?" Fica muito mais fácil ser um 1* ou 2* Grau que acha que entenderam tudo.
Felizmente, muitos 3* Grau tem um bom time de bruxas para ajudá-los a ponderar o abismo da filosofia sobre "O que é o Ofício e qual é minha responsabilidade a isto?" Como um progenitor, nós podemos cuidar disto, dar o melhor que podemos e então deixar que isto caminhe e cresça por si mesmo.
Portanto, eu acho que mudanças as vezes acontecem por uma falha no esforço, trabalho negligente e o desenvolvimento de hábitos que não são consistentes como o que veio anteriormente.
Eu não me preocupo com a evolução do Ofício. Eu me preocupo muito mais como eu posso ensinar aos que trabalharão em meu coven tudo que eu aprendi nas últimas décadas tanto quanto eu dou a eles as ferramentas e as estratégias para lidarem com qualquer tipo de novo desafio, oportunidades e demandas do Ofício enquanto crescem. Trabalho suficiente para toda uma vida.
Autora: Juniper Castalia, Alexandrina 3*, no fórum Amber & Jet.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lugares sagrados na Lusitânia

"Sabemos pouco sobre os santuários lusitanos mas a abundância de capelas cristãs nas maiores elevações do seu território, levam-nos a pensar que era no alto dos montes que se evocariam as forças da Natureza e se fariam os sacrifícios. Parece-nos que a Penha de Prados (próximo de Prados, no concelho de Celorico da Beira) seria um local de sacrifício. A sua situação e a posição de algumas pedras lembrando um altar sugerem essa imagem. A Penha situa-se nos contrafortes da Serra da Estrela. O topónimo Penha é pré-romano e segundo autores, celta. Os Lusitanos faziam vaticínios através de sacrifícios humanos cortando o diafragma da vítima de modo a observarem o interior do corpo. Estes vaticínios eram formulados por um adivinho. Chamavam-lhe hieroskopos. Parece haver aqui uma semelhança com a prática da adivinhação dos sacerdotes gauleses. Sabemos que havia montes sagrados (Monte de Vénus) e rios. O Douro era um rio sagrado. Muitos topónimos que se mantêm em Trás-os-Montes e na Beira são nomes de Divindades: Laroco, Losa, Pala, Touro, Porco, Corvo, Luzelos, Serapico (Serápis), Celorico, Arentio, Caria (Cari), Ilurbeda, Caro, Cabar, Araco...Os cultos da Natureza predominaram entre os Lusitanos. As suas sobrevivênciasa persistem cristianizadas. Um dos cultos mais frequentes entre os povos de economia agro-pecuária é o das Divindades reguladoras da chuva.
O culto das fontes e dos cursos de água é comum a todo o mundo que sofreu influências culturais célticas. Sobrevive no nome de alguns rios e de ninfas minerais. Na mitologia céltica a mais importante Deusa da Terra era Ana-Dana, mãe dos Deuses. Mas, entre os Lusitanos, na sua fase mais primitiva, os Deuses confundiam-se com as forças da Natureza e com a capacidade procriadora. (...) São inúmeros os testemunhos da sacralidade das fontes mantidos através da tradição oral. Algumas vezes a explicação só surge muito recentemente. Uma brigada da Junta de Energia Nuclear trabalhando no concelho do Sabugal, verificou que a fonte santa tinha águas radioactivas, o que explicaria a sua eficácia. Na periferia da Guarda, na Senhora dos Remédios, ao fazerem a limpeza da canalização que conduzia a água para a fonte, encontraram em 1954 a cabeça de mármore de uma ninfa, que tive então oportunidade de estudar. Uma inscrição renascentista foi colocada na fonte dizendo: SALUS INFIRMORUM, confirmando a tradição salutífera. No tanque das Caldas do Cró, apareceram à volta de 1950 moedas romanas com a Deusa Salus.
O Deus Bormanicus, referido numa lápide de Caldas de Vizela, seria uma Divindade de águas termais. O mesmo poderia significar uma ara de Villas-Buenas, Salamanca, consagrada a Celioborcae. Celorico da Beira tem umas águas salutíferas, de onde talvez lhe provenha o nome dado por uma Celioborcae.
Turiaco também era uma Divindade lusitânica, aquática. Está citada numa ara de Santo Tirso. Segundo os investigadores L. Albertos e Palomar, o carácter desta Divindade permanece em hidrónimos em que entra o radical Tur. Este aparece com frequência por toda a Hispânia, segundo informa Blázquez. Na Beira Alta, perto de Vilar Formoso, conhecemos a ribeira de Turões, cuja raiz da palavra parece ser a mesma. A ara de Freixo de Numão, em linha recta situada a uns quarenta quilómetros da ribeira de Turões (Vilar Formoso), tem uma inscrição aos Lares Turolicis (atentar no radical de teónimo Tur), ao qual se acrescentou o nome de uma gens lusitana, como consta numa inscrição achada em Caldas de Lafões. O rio Tua poderá ter herdado a designação de uma Divindade hídrica."
Citado a partir de: "Os Lusitanos, Mito e Realidade", de Adriano Vasco Rodrigues.
Citado e coletado do blog: Gladius

domingo, 19 de abril de 2009

Idolatria vs Iconoclastia

Um dos assuntos mais levantados por quem costuma difamar e caluniar o Neopaganismo, a Bruxaria e a Wicca gira em torno da pecha pejorativa de que nós somos idólatras, tendo evidentemente por base um trecho da bíblia condenando a feitura e a adoração de imagens.
Mas será que o Deus bíblico é contra a feitura de imagens? O que Ele tem contra imagens ou seu uso em rituais?
Segundo os textos bíblicos, Yahveh proibiu ao povo de Israel que fizessem e adorassem a imagens de qualquer coisa que exista na terra ou no alto: [Êxodo 20:1-4] "Então falou Deus todas estas palavras dizendo: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra."
Vamos esquecer por algum tempo que esse Deus se identifica claramente como sendo o Deus de Israel e de nenhum outro, vamos inlcusive esquecer que este Deus é a base do Deus Cristão e que bibliólatras citam esse trecho sem analisar seu contexto e vamos a um trecho onde este mesmo Deus manda ou autoriza a feitura de imagens: [Êxodo 25:10-20] "Também farão uma arca de madeira de cetim; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura, de um côvado e meio, e de um côvado e meio, a sua altura. E cobri-la-ás de ouro puro; por dentro e por fora a cobrirás; e farás sobre ela uma coroa de ouro ao redor; e fundirás para ela quatro argolas de ouro e as porás nos quatro cantos dela: duas argolas num lado dela e duas argolas no outro lado dela. E farás varas de madeira de cetim, e as cobrirás com ouro, e meterás as varas nas argolas, aos lados da arca, para se levar com elas a arca. As varas estarão nas argolas da arca, e não se tirarão dela. Depois, porás na arca o Testemunho, que eu te darei. Também farás um propiciatório de ouro puro; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura, de um côvado e meio. Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte e o outro querubim na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele. Os querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com as suas asas o propiciatório; as faces deles, uma defronte da outra; as faces dos querubins estarão voltadas para o propiciatório."
Ou então este trecho, igualmente significativo: [Números 21:5-9] "E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito, para que morrêssemos neste deserto? Pois, aqui, nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil. Então, o SENHOR mandou entre o povo serpentes ardentes, que morderam o povo; e morreu muito povo de Israel. Pelo que o povo veio a Moisés e disse: Havemos pecado, porquanto temos falado contra o SENHOR e contra ti; ora ao SENHOR que tire de nós estas serpentes. Então, Moisés orou pelo povo. E disse o SENHOR a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo.
Como podemos ler, existe um conflito, uma contradição, quanto ao que Yahveh realmente diz quanto ao uso e adoração de imagens. O caso é de pura e simples iconoclastia, mais por motivos políticos do que religiosos.
Vamos então ao cerne da questão: o que é uma imagem e como e por que esta é usada em rituais?
A imagem é vista apenas na forma de estátua, mas uma imagem é também qualquer instrumento religioso e sacro, como quadros, pinturas, castiçais, turíbulos e mesmo um texto, como a Escritura. Imagem é um ou mais conjuntos simbólicos usados para simbolizar ou representar algo, alguma coisa, alguém. Nesse sentido, dar atenção em demasia ao que está escrito na Escritura consiste também em uma idolatria, o texto sagrado é a base a partir de onde o crente vai construir sua relação com Deus, não o seu objetivo. Ao se prender a um texto, escrito por homens tão falíveis quanto ele, o crente perde seu objetivo e se torna mais um fanático, mais um fundamentalista, perdendo todo seu propósito de busca espiritual.
Para nós, Neopagãos, há tanto sentido encontrar a Deus na Escritura [um livro, um objeto inanimado] quanto encontrar aos Deuses na Natureza. Assim como os Cristãos encontram a Vontade do Deus Cristão na Escritura, os Neopagãos encontram a Vontade dos Deuses Antigos na Natureza. Enquanto que para os Cristãos a Escritura é a mais pura Verdade manifestada do Deus Cristão, para os Neopagãos a Natureza é a mais pura Verdade manifesta dos Deuses Antigos. Os Cristãos evocam e adoram ao Deus Cristão através do uso da Escritura, os Neopagãos evocam e adoram aos Deuses Antigos através do uso da Natureza. Para o Cristão a Escritura é o intermédio para entrar em contato com o Deus Cristão, para o Neopagão a Natureza é o intermédio para entrar em contato com os Deuses Antigos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Religião e crença dos Vietnamitas

Como em muitas outras coisas no Vietnam, por lá, a religião também não é o que parece. Apesar da maioria se dizer, bem genericamente, budista (85%), o que eles praticam, na verdade, é o que se conhece como “tripla religião”, um sincretismo que mistura as duas principais religiões trazidas pelos invasores chineses, Confucionismo e Taoísmo, séculos atrás, com a veneração ancestral de mortos, animais e forças da natureza, originada nos mais remotos tempos da região.
Provando ser, mais uma vez, um povo que resiste às invasões - militares ou culturais - os vietnamitas adaptaram as religiões aos seus hábitos e crenças e não o contrário. Por exemplo, apesar da religião “predominante”, o budismo Mahayana, pregar o vegetarianismo, come-se muita carne no Vietnam e os praticantes apenas se abstém de carne uma ou duas vezes por mês. A Igreja Católica não é diferente. Apesar de já ser a segunda religião mais “importante”, o que se vê é muito parecido com a umbanda brasileira, altares com imagens de Cristo lado a lado com “santinhos” com nomes e fotos dos mortos e imagens de animais adorados na casa.
O Templo Bach Ma, ou Templo do Cavalo Branco, é um exemplo do mélange espiritual vietnamita. Eu nunca vi nada igual. Reza a lenda que um madarim tentava construir uma fortaleza, um muro para proteger a cidade, mas ele sempre caía. Até que um cavalo branco desceu dos céus e indicou, deixando seu rastro, onde o muro deveria ser feito. E o muro resistiu por séculos. Esse cavalo branco virou um herói nacional e é venerado, no Templo Bach Ma, junto com Confúcio, Buda, as Mães Sagradas (Mãe do céu, da água e da floresta), Long Do (Barriga do Dragão) e, principalmente, os mortos, que têm um papel fundamental na espiritualidade do povo.
Apesar de não ser visto com bons olhos pelo Governo, o culto aos mortos está em cada esquina de Hanói. Latas de coca-cola e cerveja (importada, Heineken!) são oferecidas, junto com enormes pratos com pacotes de biscoito Maria, alimentos locais, muito incenso e dinheiro falso, de papel. Uma placa com nome dos mortos que são adorados nos templo. Uma mulher queima “dinheiro” na calçada, no mercado 19-12, como oferenda aos que já se foram… eles acreditam que esse dinheiro pode ser útil no inferno, antes que possam mudar para o paraíso.
O espiritismo, no Vietnam, mistura pessoas do mundo real, mortos, animais, forças da natureza no que se chamou, uma época , animismo, que vêm de ânima.
Alguns animais cultuados por lá são: Tartaruga: [lembram que elas carregavam placas com nomes de estudiosos, lá no Templo da Literatura?] adorada como símbolo de longevidade, elas estão em toda parte. No Templo do lago Hoan Kiem tem o que se diz ser uma tartaruga gigante (250 kg) empalhada, que teria sido encontrada por lá. No mercado, encontra-se muitas tartaruguinhas com uma espada nas costas. Eu trouxe uma que é uma bússola de Feng Shui. O Dragão: É o animal mais importante das celebrações religiosas vietnamitas, é o guardião, protege o povo e empoderando e dando inteligência. Fênix: Geralmente representado por um casal de pássaros, a fênix é a rainha, a manifestação da beleza e paz. Acredita-se que trazem boa sorte. Também adoram unicórnios, tigres, leões e, nas colônias de pesca, as baleias, são consideradas fundamentais para trazer sorte e proteger os pescadores no mar.
Fonte: Síndrome de Estocolmo [link morto]

Kanamara Matsuri

Um festival inusitado e curioso atrai todo ano cerca de 10 mil turistas à cidade japonesa de Kawasaki, na província de Kanagawa.
O Kanamara Matsuri, ou Festival do Falo de Aço, é realizado há cerca de 40 anos e os símbolos que representam o templo são os órgãos sexuais masculino e feminino.
Popularmente conhecido como Festival da Fertilidade, o evento atrai muitos curiosos, que se divertem com as cenas inusitadas. Mas os japoneses levam os rituais muito a sério.
Kazujiro Kimura, chefe da comissão organizadora do evento, explicou à BBC Brasil que o deus do templo de Kawasaki garante fertilidade e harmonia aos casais. "Antigamente, as prostitutas vinham até aqui para pedir também por proteção contra doenças sexualmente transmissíveis", conta.
O festival serve também para fazer campanhas de prevenção à Aids. "Começamos a distribuir panfletos e camisinhas há seis anos", lembra Izumi Tamaki, responsável pelo departamento de saúde da cidade.
Enquanto os japoneses oram e seguem as tradições, os turistas se divertem com o festival. A brasileira Hiroko Kuba, de 40 anos, mora no Japão há seis anos e esta foi a primeira vez que visitou o festival. "Vim mais pela curiosidade e achei tudo muito engraçado", conta.
As formas dos orgãos sexuais masculino e feminino podem ser vistas por toda parte, em ilustrações, doces, lembrancinhas e esculturas. Três pênis gigantes chamam a atenção do público. Dois deles - um negro e outro rosa - são carregados pelas ruas em pequenos andores.
Os visitantes também aprendem a esculpir pênis em nabos e cenouras. O templo foi construído há mais de 150 anos, no chamado Período Edo (1603-1867). Os monges do templo também divulgam uma história folclórica sobre o deus local.
Segundo a lenda, um demônio com dentes afiados teria se escondido na vagina de uma jovem e castrado dois homens durante a noite de núpcias. Então, um ferreiro teria construído um falo de aço para quebrar os dentes do demônio.

Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 14 de abril de 2009

Crise humana

Vivemos na era da individualidade, da evocação proverbial do ego.
Na verdade a crise financeira e económica que agora atravessamos transformou-se numa bem mais gravosa crise social, com a consequente crise de valores e de confiança que as próximas gerações lamentavelmente terão de atravessar.
Podemos culpar o sistema neo-liberal, o capitalismo, o terrorismo e muitos outros "ismos", mas o problema essencial reside em cada um de nós, enquanto seres humanos educados sob a égide católica, muçulmana, judaica, ateia, hindu ou outra qualquer. É na própria individualidade e na sua abstenção face a valores comuns a uma sociedade dita igualitária e fraterna, que reside o grande problema social actual.
O indíviduo passou a tomar conta de si pouco se importando com outrem: " Então? Como é que é? Tudo bem?" "Sim, vai-se indo". Quantas e quantas vezes ouvimos repetidas vezes estas expressões na nossa vida diária? Provavelmente dezenas de vezes. É verdade. Tornou-se um hábito mecânico, tal como acordar todos os dias à mesma hora para ir para o emprego ou lavar os dentes antes de deitar. É algo que dizemos ou fazemos institivamente, mas que não deixa de ter um certo condimento caricatural.
Não me proponho fazer uma análise geracional que sustente uma teoria sobre as contigências da vida social actual, mas para todo o efeito e com base no senso comum (que na maioria dos casos é o factor de maior peso na expressão das nossas opiniões), sinto que as gerações que me precederam tinham, de uma forma geral, uma série de valores quase intocáveis: a justiça, a amizade e a confiança eram pilares, que dificilmente eram abalados.
O companheirismo, e a entreajuda são hoje linhas ténues no horizonte. O Amor deixou de se espalhar para se concentrar, em nós próprios. Hoje não lutamos em conjunto contra uma injustiça, lutamos entre nós próprios porque queremos ser melhores, ter mais poder, mais influência. Hoje não me indigno contra o meu empregador por não me ter sido aumentado o salário segundo o decreto-lei nºxxx, porque tenho medo de sofrer represálias. Se o meu colega me fizer uma proposta para um abaixo-assinado a manifestar essa mesma indignação eu digo que vou pensar, mas acabo por não assinar.
Hoje seria impossível existir um movimento com a força de um Maio de 68 ou com a força dos movimentos populares e militares que derrubaram as ditaduras do séc. XX.
O perigo do sistema em que vivemos é que, ao contrário de uma ditadura, as forças do real poder são invisíveis e a invisibilidade torna-as imunes. Não existe um rosto, não existe uma figura ou várias a quem possamos apontar o dedo como pudemos (ou podemos ainda) com Salazar, Estaline, Hitler, Franco, Pinochet, Fidel ou Sharon...
O mundo encontra-se numa encruzilhada, mas nós cabisbaixos só pensamos no nosso projecto post-mortem. Isso mesmo, post-mortem. Aquilo a que nós hoje, cidadãos do mundo chamamos de projecto de vida nada mais é que a marca - mais ou menos ambiciosa - que pretendemos deixar cá, e com a qual queremos que sejamos lembrados depois da inevitabilidade da morte. Queremos ser lembrados no futuro por aquilo que fizemos no passado.
Na era da individualidade, aquilo que realizamos hoje será a marca de um passado que há-de vir ou não. Aquilo que projectamos para o futuro é a miragem do que poderemos ser depois de já cá não estarmos. Para nós, seres individuais que vivemos este tempo de crise a vida é um longo projecto post-mortem. No passado "colectivo" não terá sido assim. No futuro espero que também não.

Fonte: Rebuços Aleatórios

domingo, 12 de abril de 2009

A questão das gerações e da "autoridade"

A "autoridade" ainda repousa nas mãos da geração recente que a mantém. Mesmo neste modelo. Talvez especialmente neste modelo. Eu prefiro ver a Wicca morrer a modificá-la por algo que não é. Morte é parte do ciclo natural e nós não fazemos proselitismo. Quando os Deuses cessam de chamar novos neófitos, a Wicca termina. Será assim. Como deve ser. Uma vez que começemos a modificar a Tradição para atrair novos neófitos ou para torná-la mais palatável para os sentimentos modernos, a Wicca se tornou outra coisa e morreu de qualquer forma. Existe uma premissa subentendida que a Wicca existe para servir à Wicca. Nós não servimos para isso. Nós existimos para servir aos nossos Deuses. Eles nos dão poder então nós devemos serví-los. Se ninguém mais nos é enviado para ser treinado, então nosso sacerdócio cessará. E no tempo certo, os Deuses a quem servimos como sacerdotes chamará a outros. Estes irão tatear até descobrirem um meio que os permitirá servir aos Deuses, com formas, lendas e tradições diferentes e um novo sacerdócio aos nossos Deuses irá surgir. Quando as pessoas certas respondem ao chamado, quando uma nova egrégora servindo ao nosso Senhor e Senhora surgir novamente, nossos Deuses irão notificar o trabalho e guiar as mãos que escrevem os materiais e falarão as palavras e oficiarão os rituais e mais uma vez o velho poder retornará. Não nos esqueçamos a Carga de [Doreen] Valiente: "Haverá uma reunião, aos que estão ansiando aprender toda bruxaria, mas ainda não atingiu seu mais profundo segredo, a estes Eu irei ensinar estas coisas que ainda são desconhecidas." Autor: Adam Pacio (3* Alexandrino), no forum Amber & Jet
Nota da casa: Uma afirmação ousada e corajosa, diante do movimento de popularização e massificação da Wilka S/A, com seus ideais espúrios que a Wicca deve "evoluir", "progredir" e abandonar a tradição em nome de valores ecléticos.

sábado, 11 de abril de 2009

Religião e crença dos Akha

Os Akha compartilham a crença uniforme de muitas culturas antigas que todas as coisas tem seu dono, seu espirito, o qual entre os Akha é chamado Yaw Shahl.
O Xamanismo pré-data todas as outras religiões e sobrevive nos dias atuais após 20 mil anos por causa de sua filosofia de vida sustentável.
Os Akha vivem pelo código que "todo é sempre agora", uma inerente crença na "roda do tempo eterna" onde não há separação entre a humanidade e o mundo "material ou objetivo". Eles têm um profundo senso de mito que age como uma ligação entre a imaginação e o mundo sagrado. Através do mito o mundo é intrínseco, liga a consciência à imaginação.
O mundo dos Akha é uma presença tanto numinosa e pessoal, não uma coisa nem um objeto inanimado. O que eles chamam de natureza não é distinto de sua humanidade: eles pertencem ao mesmo continuum de sentimentos.
Não há dicotomia entre eles. Frágeis comunidades tribais compartilham a percepção que o universo é uma teia orgânica, sagrada e indivisível, atada ao feminino.
Os Akha acreditam que escrever as coisas iria fixar o mundo e isso significaria que morreria. Para os Akha, o mundo não é determinado por escrita, mas por relações e inter-relações.
Os Akha tem rituais para os vivos e seus ancestrais.
Rituais são parte de suas vidas porque eles dissolvem o senso do indivíduo [self] e a dicotomia entre eles e o mito. Eles [os rituais] cobrem todos os aspectos da vida - ocupação, saúde, ambiente os reinos humano e espiritual.
Os Akha acreditam que a civilização Ocidental é complexa, mas compartilham uma coisa em comum: o mundo é material. Poder e riqueza são suas formas de linguagem. Dominação sobre a floresta e as águas refletem isso. O Monoteísmo formou o Homem Ocidental e em troca o Homem Ocidental tem dominado o mundo.
Os aborígenes das Américas, da Austrália, da Tasmânia, da Amazônia, da Índia, da África, da Sibéria e Ásia compartilham que o mundo é sagrado. O Homem Ocidental não diz que que o mundo é sagrado, diz que o Homem é o princípio dominante no mundo.
Por favor ajude a nós e a todas as pessoas que creem que o mundo é sagrado, pela humanidade, antes que seja tarde demais e nos encontremos perdidos, encarando apenas a nós.
Fonte: AFECT [link morto]

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Celebração da Primavera na Polônia

Não sabemos donde viemos, nem sabemos para onde vamos, o único facto que é certo é o nosso nascimento, a explosão de energia que vai crescer e crescer todos os dias, e que temos de usar do melhor modo que pudermos.Acreditamos nos Deuses Eslavos. Acreditamos na sabedoria, na bondade e na beleza escondidos sob os Seus semblantes. Os Deuses Eslavos são fontes de vida, de poder e de felicidade. A crença nos nossos Deuses é a herança à qual damos continuidade.
Os Deuses Eslavos, adorados por milénios, são as mais belas imagens do Poder Divino e as que estão mais próximas dos nossos corações. Os Deuses criaram uma ordem hierárquica, multi-pessoal, mutuamente complementar. A ordem que emergiu do caos.
Acreditamos que os Deuses dão sentido à nossa existência, acreditamos que Eles protegem do esquecimento as acções dos nossos avós, as nossas acções e as dos nossos filhos e netos. As coisas mais valiosas serão passadas em diante e irão existir no ciclo eterno da vida a renascer.
Assumimos que a morte do homem termina um certo estádio. É a condição da transformação em novas formas de existência. É um derramamento de uma forma velha e exausta. Os nobres e persistentes serão recompensados com a entrada nos níveis de existência continuamente mais altos, mais conscientes, mais significativos e mais perto dos Deuses.
Defendemos os nossos valores, famílias e a nossa comunidade. Defendemos o direito de viver no nosso próprio território, defendemos o espaço da nossa civilização.
Os nossos rituais cultivam a relação com a nossa comunidade espiritual e étnica. Refeições e orações comuns. Homenagem prestada aos nossos ancestrais. Os sacrifícios feitos aos nossos Deuses. Trazemos de volta o sentido das nossas antigas festas nativas.
Fonte: Gladius

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ações contra a intolerância religiosa

Líderes religiosos de todo o País querem uma punição mais rígida para os veículos de comunicação que promovam a intolerância religiosa. A reivindicação é um dos principais pontos no texto final do Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que será apresentado dentro de 30 dias em Brasília. Hoje, representantes da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Comunidade Muçulmana, Federação Israelita, evangélicos, afrorreligiosos, ciganos e juristas se reuniram durante todo o dia para elaborar tópicos que estarão no texto de apresentação do plano. "Um dos exemplos são os programas religiosos, que demonizam ou fazem estereótipos das outras religiões", disse o presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos. O ex-secretário de Justiça de São Paulo, o jurista Édio Santos, defendeu a aplicação de multas mais pesadas e a perda da concessão pública para emissoras de TV, que veiculam estes programas. "A atual legislação já prevê a perda de concessão para a emissora que veicular este tipo de programa, mas não está sendo aplicada", ressaltou o jurista. Ele lembrou que o Código Penal prevê pena de três a cinco anos de reclusão para o religioso ou jornalista que promover a intolerância religiosa.O texto pedirá ainda o cumprimento da Lei 10639/03, que obriga os sistemas de ensinos municipal, estadual e federal a incluir aulas sobre questões étnico-culturais em seus currículos, e o aperfeiçoamento do artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que torna facultativo o ensino religioso nas escolas e na formação dos professores do ensino fundamental.Os religiosos querem ainda a retirada do artigo da prática de "curandeirismo" do Código Penal e a melhor divulgação do artigo 20 da Lei 7716/89, que pune os crimes de racismo e intolerância religiosa, para todas as delegacias do país. A criação de um Conselho Nacional de Diversidade Religiosa também está sendo estudada.
Fonte: Estadão
Nota: Eu acho que seria interessante igualmente pensar em punições contra os grupos, instituições ou templos religiosos que cometem tal crime através desses programas.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Páscoa, a festa popular e ecumênica

No dia 12 de Abril o brasileiro irá comemorar a Páscoa e poderá escolher entre as muitas formas de comemorá-la. Tem a Páscoa dos Judeus, a Páscoa dos Cristãos, a Páscoa dos Pagãos e a Páscoa dos Comerciantes.
A Páscoa dos Judeus, a Pessach, é uma comemoração feita para lembrar a saída do povo de Israel do Egito.
De acordo com a tradição, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando de acordo com a Torá, o profeta Moisés foi instruído a pedir para que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas com o sangue do cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos.
Como recordação desta liberação foi instituído para todas as gerações o sacríficio de Pessach.[wikipédia]

A Páscoa dos Cristãos é uma comemoração feita para lembrar a morte e ressurreição de Cristo.
Pela tradição, a primeira celebração da Páscoa foi a Última Ceia celebrada por Cristo com seus apóstolos. A data bem como a cerimônia teve variações conforme a época, mas ainda mantém suas raízes Judaicas e seus símbolos Pagãos, reafirmando sua característica ecumênica e universal.
A Páscoa dos Pagãos, a Ostara, é uma comemoração feita para lembrar a chegada da Primavera e da renovação da Vida.
A sua origem é incerta, mas está ligada à Deusa Eoster, cuja raiz etimológica está presente na palavra Easter, que significa Páscoa em inglês. Esta ocorre no equinócio de Primavera, por volta do dia 21 de Março no hemisfério Norte e dia 21 de Setembro no hemisfério Sul, uma vez que as celebrações Pagãs estão relacionadas com as estações da natureza.
A Páscoa dos Comerciantes se inicia pouco tempo após o fim do Carnaval, quando as lojas e supermercados começam a colocar enfeites e produtos relacionados à Páscoa, como o Coelho da Páscoa e seus Ovos de Chocolate, símbolos emprestados da celebração Pagã. A arrumação dos ovos pendurados em caramanchões ocupando uma extensa área dos supermercados lembra e muito um templo. Poucos dias antes do domingo de Páscoa podemos ver os brasileiros se apinharem para comprar seus ovos, como se isso fosse uma obrigação quase que religiosa, mas a celebração é comercial.
Independentemente de qual for a sua forma de comemorar a Páscoa, eu desejo a todos os brasileiros:
Feliz Páscoa!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Celebração da florada da cerejeira

Centenas de pessoas comemoram a época de florada das cerejeiras, um dos símbolos do país. Jovens, crianças e adultos foram aos parques de Tóquio, nesta sexta-feira, para o "hanamí", celebração ao ar livre, debaixo das árvores floridas. A cerejeira - sakurá em japonês - é a flor nacional do país. Ela é símbolo de felicidade, e muito usada nas celebrações de casamento e em ocasiões festivas. Delicada, a flor dura apenas uma semana. Na tradição japonesa, essa é uma analogia à rápida passagem pela vida. As pétalas variam de um tom pálido, quase branco, até o rosa bem forte e vermelho. Duzentas espécies de cerejeiras são conhecidas no Japão. A florada marca o fim do inverno e o início de um novo ano escolar.[Bandnews]
Enquanto isso, no Brasil, na cidade de São Paulo, acontece o Hanamatsuri.
O evento comemora o nascimento do Buda Xaquiamuni com programação completa, que inclui cerimônia budista e cortejo solene do elefante branco, carregando a imagem do Buda criança, com a ajuda de diversas escolas infantis e acompanhamento musical.Na capital paulista, o evento acontece na Praça da Liberdade, onde é montado um altar com flores naturais chamado Hanamidô, em que os visitantes podem derramar chá adocicado (amachá) na imagem do deus.[Guia da Semana]
Segundo reza a tradição, o Buda Shakyamuni nasceu no quarto mês quando no céu surgia a lua cheia de primavera. Deslocando-se para o país de Koliya, sua terra natal, a rainha Mayadevi sentiu as pontadas do parto quando atravessava o Jardim Lumbini. Foi quando pediu para repousar, pois a viagem tinha sido árdua. Ao dobrar o corpo para deitar-se viu adiante uma flor que despontava num ramo. Foi neste instante que as contrações aumentaram e deu nascimento a um menino. Uma chuva de pétalas e néctar caiu naquele momento e dos cantos da terra se fez soar um brado anunàando a boa nova. Chamaram a criança de Sidharta. Assim, repetindo o acontecimento os seguidores do budismo do mundo todo comemoram o Vesak, no Japão conhecido por Festa das Flores ou simplesmente Hanamatsuri. Ocasião de grande festividade, em que num altar decorado com tIores a imagem do Buda Menino é devidamente instalado. Aqueles que pretendem homenageá-lo, dirigem-se até o altar, e numa concha recolhem chá adocicado que é derramado sobre a cabeça do Buda. Repetem este movimento por três vezes, fazendo pedidos como a realização de sonhos; pedem saúde e proteção. Esta versão popular, muitas vezes é substituído por um motivo filosófico: ao se banhar o Buda, estamos banhando a nós próprios. Assim, purificamos o nosso coração e podemos avaliar a nossa conduta perante a vida. Uma cerimônia acontece em 8 de abril, dia do nascimento (ou data próxima), com os representantes de inúmeras tradições budistas, saindo em cortejo pelas ruas do Bairro da Liberdade - em se tratando do município de São Paulo. Então, um andor com a imagem do Buda Menino é posto nas costas de um elefante branco. Crianças vestidas como os pequenos do Nepal, onde Buda nasceu, simulam puxar o carro em que vai o elefante. Atrás os monges de diversas tradições reúnem-se para acompanhar o cortejo. Bem termina a cerimônia do nascimento de Buda, a população que veio prestigiar recebe de brinde ramalhetes. Encerra-se com grande entusiasmo, principalmente com a oportunidade de comemorar o nascimento do Ser lluminado.Não apenas daquele, mas de sua natureza em todos os seres vivos.[Cultura Japonesa]