quarta-feira, 21 de agosto de 2013

No reino de Southerly

Depois de 2 meses e meio eu terminei de ler os 5 volumes das Cronicas de Gelo e Fogo. A saga é intensa e capta a atenção, os capítulos recebem o nome do personagem no qual a ação está centrada, dando a impressão de que a historia ocorre em diversos níveis. Por outro lado é incompreensivel o sucesso desta história ambientada na Idade Media com nobres e reis vivendo uma riqueza indecente enquanto a massa vive na pobreza extrema. Eu vou dar um desconto por ter referências ao Paganismo e aos mitos antigos, mas eu não achei qualidade literária, as "cronicas" está para a Literatura como o som ambiente está para a Música.
No encerramento do vol 5 muitas historias ficaram sem conclusão e o futuro de Westeros ficou indefinido. Não houve um clímax, o que tornaria necessário o vol 6. O 4 vol foi o mais chato, cheio de historias e personagens secundários enquanto o vol 5 alguns personagens principais saíram de cena.
O reino de Westeros, pelo mapa apresentado, parece-se muito com a Grã-Bretanha, os Países Livres seriam a França, o que tornaria os reinos do Mar do Leste a Asia Menor e o Oriente Médio.
Eu tento imaginar como seria o Brasil dentro das "cronicas". Eu chamaria a América Latina de reino de Southerly e o Brasil seria o Condado de Vera Cruz.
Aqui os castelos são feitos de taboas e sapê. As armaduras de nossos "sores" são feitas de latão. As correntes de nossos "meistres" são feitas de arruelas e tampinhas. A muralha, que ficaria no sul para nos proteger dos argentinos, seria feia de casca de côco. Em comum teria a intriga, traição, conspiração, patifaria, a riqueza indecente, a pobreza extrema, a negociata, a politicagem. Nossa inovação é a tradição tupiniquim de fazer tudo nas coxas.
Brasileiro é uma praga pior que barata. Onde não tiver brasileiro, pode ter certeza que tem um viajando. Quanto tempo Westeros aguentaria a presença de Brasileiros é uma questão que assombraria George Martin. Qual seria a reação dos lordes de Westeros ao ver chegar caravelas do Condado de Vera Cruz? Nossa reputação não é bem vista sequer nos Países Livres. Nos Países do Verão, os Dothraki teriam nojo de colocar qualquer khalazar em nosso encalço. Nenhum Homem de Ferro arriscaria passar pelo nosso litoral para fazer esposas de sal. Pobre do Lannister que passeasse por aqui, seria rapidamente tosquiado. Quem se daria bem e passaria longas férias por aqui seria Robert Baratheon.
George Martin negará, mas Westeros começou a entrar em decadência quando começaram a chegar os brasileiros. Eu sei porque Cersei mandou vir um mercenário [eu] do Condado de Vera Cruz. Aqui eu encontrei muitos brasileiros na corte. As Cronicas de Gelo e Fogo terminaram, mas para eu e muitos westerosis brasileiros a historia continua. Eu vou tentar desencalhar Bran, liberar Sansa, propor casamento para Arya, achar Ben Stark. Eu vou tirar Stannis do Jogo dos Tronos e, se eu achar Jaime e Tyrion Lannister, talvez consiga uma saída honrosa para Cersei, desde que me deixem cuidar de Mindinho.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sopa de pedras

Depois de dias, semanas e meses, cheios de surpresas e desafios, eis que eu tenho uma casa nova.
Eu mudei...ou será que não? Eu estou confuso. Uma vez eu recebi o elogio por ter conseguido mudar radicalmente para depois, a mesma pessoa que me elogiou, acusar-me de não ter mudado, que eu havia retrocedido. Acho que ela não me conheceu o suficiente ou não confiou ou não deu o devido crédito ao trabalho feito. Eu dei sinais que até um leigo teria visto que eu forçara a situação exatamente para haver um rompimento. Tal leitura não ocorreu, 2 anos de esforço, trabalho, dedicação foram descartados sem cerimônia.
Em outros momentos e épocas isso me deixaria deprimido, mas nada acontece por acaso. Eu não esperava sequer ter encontrado essa pessoa, aconteceu quando e como era necessário, acabou pela vontade divina. Caro dileto e eventual leitor, não se esqueça que seu mestre é um ser humano, não o idealize.
Mudanças ocorrem constantemente, mudamos diariamente, até o que parece não mudar não permanece o mesmo, não se entra no rio duas vezes do mesmo jeito. Mudanças acontecem por uma dinâmica própria, vem do jeito que devem vir, no momento que devem  vir e os resultados nem sempre são o esperado. Nisso eu vejo a Fortuna e o Destino. Na percepção das probabilidades se escondem pequenos milagres. Como acontecem com histórias de sucesso e seus autores.
Histórias de sucesso nos chamam a atenção exatamente por serem raras e eu imagino que ganho de riqueza seria para a Literatura se não tivesse o gênero "auto-ajuda". O problema das histórias de sucesso e seus personagens é que o ser humano ao focar sua atenção em um ponto tende a distorcer o que está em volta. Sem as devidas oportunidades, meios e a colaboração de diversos anônimos, não há história de sucesso.
Olhando em retrospecto, a mudança depende bastante da ação de terceiros. Freqüentemente eu ouço o quanto nós somos "culpados" pelo que nos acontece, de como nossa ação, comportamento e até sentimento resultam em uma situação e no ambiente. Depois de quatro meses conturbados e dois anos de trabalhos, vendo que o ambiente e as pessoas continuam a reagir da mesma forma, por mais que eu tenha mudado, eu vejo que há uma via de mão dupla. O meio e a sociedade também tem "culpa" no cartório.
A despeito de nossos esforços para termos um mundo, um país, uma humanidade melhores, caro dileto e eventual leitor, as coisas vão continuar a ser e acontecer como devem ser. No tocante ao brasileiro, depois daquela semana de protesto que foi uma brisa, onde tudo parece continuar a ser como era, eu mantenho o ceticismo que resultou no rompimento simplesmente por eu ter declarado o óbvio e a realidade: o buraco é mais embaixo.
Demos um passo importante e, mesmo se voltarmos atrás, não será a mesma coisa. Como quando se perde algo  ou a trilha. Carece coragem reconhecer o equivoco, refazer os passos e reiniciar a jornada de algum ponto inicial.
Eu mudei e eu vou continuar andando, agora mais experiente e amadurecido. O sentido de escolher um caminho é ser mestre de si mesmo. Não se entregue a terceiros, se entregue á jornada e confie nos Deuses.
Somente você, caro dileto e eventual leitor, sabe o tamanho de suas dificuldades. Só você sabe onde o calo aperta. Só você sabe o esforço e o recurso que dispõe. Somente você pode ser você, esteja onde for ou faça o que fizer, ninguém mais pode te substituir. Ninguém ocupará seu lugar e sua função de escrever sua história. Outros personagens ficarão envolvidos pois, em algum sentido, nossos destinos estão interligados. Mas não se esqueça que são gente, terão os mesmos medos, inseguranças, defeitos.
O sol sempre surge no dia seguinte. Esteja atento, esteja preparado, esteja aberto, seja realista e não crie espectativas nem faça apostas. Quando te apontarem o dedo, sorria e assimile. Lembre-se que, para cada dedo apontado, terão três na direção oposta.