segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Cruzada religiosa contra os direitos civis

O vereador Carlos Apolinário, ligado à Assembleia de Deus, apresentou proposta para criar em São Paulo, o dia do "orgulho hetero", levando o projeto para votação às vésperas da Parada Gay.
A Marcha para Jesus virou palco de repúdio à decisão judicial que garantiu a união estável homoafetiva, tendo como principal estandarte que "o verdadeiro Supremo é Deus".
A deputada Myriam Rios, hoje missionária católica, fez pronunciamento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro propagando a expressão "orientação sexual pedófila". Dizia ter medo da proximidade de uma babá lésbica a filhas pequenas ou do assédio de um motorista travesti sobre seus meninos.
Porque a incorporação de direitos civis aos homossexuais está incomodando tanto assim aos ativistas da religião?
Não são eles os primeiros que deveriam se destacar pela defesa do amor, da solidariedade e do abrigo aos mais vulneráveis?
Onde estão as tradicionais preocupações com desigualdades sociais e manifestações de fraternidade?
Há quem diga que os grupos religiosos se sentiram intimidados com a proposta de criminalizar a homofobia.
Paradoxo dos paradoxos, pois a punição do preconceito é justamente o combustível para a liberdade de crença.
Em algum lugar do mundo, membros das mais diversas religiões já sentiram na pele o terror do preconceito e da intolerância. Como reproduzi-lo, então?
Depois da decisão do STF que autorizou a Marcha da Maconha, reconhecendo o legítimo direito à manifestação, muitos disseram em um misto de birra e revolta: se vale defender a maconha, vale falar
qualquer coisa. Acabou-se a mística da homofobia.
É uma ideia equivocada.
Como bem explicou o ministro Celso de Mello, em voto primoroso, a liberdade deve ser garantida para expressar os mais diversos pensamentos. Mas nunca para ferir -o Pacto de San José da Costa Rica,
que o país subscreveu, exclui do âmbito protetivo da liberdade de expressão todo estímulo ao ódio e ao preconceito.
Propor a legalização da maconha é legal. Dizer que os homossexuais são promíscuos, não.
Reverenciar o "orgulho hetero" também não é o mesmo que fazer uma parada gay -assim como prestigiar a consciência negra não se equipara em louvar o "orgulho branco", típico dos sites neonazistas.
A diferença que existe entre eles reside na situação de poder e de vulnerabilidade.
Os movimentos negros e gays se organizam pela igualdade e procuram combater a discriminação - o "poder branco", memória do arianismo, busca exatamente reavivá-la. Não quer igualdade, quer supremacia.
Basta ver que a proposta do "orgulho hetero" se impõe como um resgate da "moral e dos bons costumes", tal como uma verdadeira cruzada.
Por fim, mas não menos importante, a absurda vinculação entre homossexualidade e pedofilia.
Não é grave apenas pelo que mostra -um profundo desconhecimento da vida. Mas, sobretudo, pelo que esconde.
Jogar o defeito no outro, no diferente, naquilo que não nos pertence, é o primeiro passo para esconder o mal que nos cerca, e assim evitar sua punição.
Em vinte e um anos de judicatura criminal, vi inúmeros padrastos molestaram sexualmente suas enteadas, tios violentarem suas sobrinhas e até mesmo pais condenados por estupros seguidos em meninas de menos
de dez anos. Na grande maioria dos casos, os crimes são praticados por heterossexuais.
Não se trata de tara, perversão ou qualquer outro atributo de fundo moralista. É simplesmente violência.
Misturar as estações não é ruim apenas por propagar um preconceito infundado. Mas por nos distanciar do problema e, em consequência, da solução.
Quando um dogma supera as lições que a vida nos traz, quando o apego à filosofia é maior que o amparo a dor, quando até o sempre solidário cerra os punhos, um sinal de alerta se acende.
É preciso relembrar que somos todos humanos.
Autor: Marcelo Semer
Fonte: Ariquemes
Original perdido.
Repostado. Texto originalmente publicado em 30/06/2011, resgatado com o Wayback Machine.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Carta para a Sandy

Como entender a participação da cantora Sandy no comercial da cerveja Devassa, antes protagonizada por Paris Hilton, um paradoxo denunciado aqui? O que há de bom na personificação? Não se pode ter um lado relaxado, descontraído, sem ter que recorrer à cerveja? A Sandy não pode ser mulher e fazer o que bem entender sem ter que recorrer à ingestão de uma bebida alcoólica? A Sandy tem consciência que fez uma propaganda que contradiz esta postura?

Quando eu estava no ensino médio, você fez um desserviço pras meninas da minha idade, que é a mesma idade que a sua.
Foi a época da “Garota Sandy“: uma jovem, bonita, magra, de cabelo liso, a filha que todo pai e mãe queria ter, rica…. e virgem. E que afirmava que queria casar virgem.
A Garota Sandy era aquilo que nenhuma de nós éramos, mesmo que a gente tivesse uma ou outra característica dessas aí de cima. A verdade é que a gente nem queria ser daquele jeito.
Foi a primeira vez (que eu me lembre) que eu me vi sendo comparada com um modelo de mulher que eu não queria ser. E eram os outros que nos comparavam. Aí a gente foi se sentindo inadequada, umas mais, umas menos.
Qual era (qual é) o problema de não casar virgem? (Isso pra não perguntar qual é o problema de não querer casar…)
Você não acha um problema de fato, até porque há alguns anos você afirmou que não tinha casado virgem. Fico até aliviada por você, porque imagina se não fosse bom com seu marido? Ainda mais se a relação de vocês for monogâmica e conservadora… Não desejo uma vida sem orgasmo nem pro meu pior inimigo.
Mas voltando. O padrão “Garota Sandy” não foi uma reportagem qualquer que saiu na revista da folha. Reforçou um padrão que faz com que a anorexia e a bulimia estejam entre as principais doenças de jovens mulheres, que faz com que milhões de meninas e mulheres vivam sua sexualidade a vida inteira de forma passiva, em função do desejo e do prazer do cara, que faz as meninas e mulheres que são donas do seu desejo serem consideradas vadias, vagabundas, putas, devassas.
O machismo faz isso: separa as mulheres entre santas e putas, “valoriza” as santas e puras e desqualifica, discrimina, violenta as “putas”.
Deve ter algum motivo pra você se afirmar como santa, e não como puta, numa época da sua vida.
E daí eu vou te dizer, caso você ainda não tenha entendido o porquê dessa carta aberta, seu segundo desserviço pras mulheres. Ser a nova garota devassa.
Nem as santas, nem as putas, são donas do seu desejo, do seu corpo, da sua sexualidade. O símbolo da devassa, e o imaginário que essa cerveja construiu – e que você vai propagandear – é o de uma mulher feita nos moldes do que a maioria dos homens tem tesão por. Importa o tesão deles, e não o nosso.
As revistas femininas (e as masculinas) fazem isso também. Sabe aquelas dicas da Nova pra fazer qualquer mulher deixar qualquer homem louco na cama? Então. É o mesmo machismo, a mesma submissão.
Você de alguma forma tá querendo apagar a imagem de santa, usando a ideia de que você pode ser devassa?
Vou te dar um conselho… de mulher pra mulher: você não precisa ser santa, nem puta. Você pode ser livre.

Citado de Roupas no Varal, original perdido. Repostado. Texto originalmente publicado em 07/11/2011, recuperado com o Wayback Machine.

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Carta de Repúdio para Myriam Rios

"Calando-te sempre, darás lugar à injustiça." (Publílio Siro)
"A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos." (Barão de Montesquieu)

"O preconceito é um fardo que confunde o passado, ameaça o futuro e torna o presente inacessível." (Maya Angelou)

"( O Amor ) Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; (1 Coríntios 13:6)

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos" (Mateus 5:6)

Vários estudantes ( inclui-se ai heterossexuais e católicos ), resolveram escrever suas notas de repúdio a respeito do pronunciamento lamentável, beirando ( ou cometendo ) o crime da Deputada Estadual Myrian Rios ( PDT-RJ ).
Antes de tudo gostaria de esclarecer a confusa mente da Deputada Myrian Rios a respeito da Homossexualidade e da Pedofilia.
- Homossexualidade é a atração física e emocional por alguém do mesmo sexo;
- Pedofilia é a atração doentia por crianças ( tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino ), classificado como parafilia ( doença de ordem psíquica-sexual );
Sobre a homossexualidade, gostaria de deixar claro que ela não é uma opção como a senhora afirmou várias vezes, a homossexualidade é estabelecida por fatores hereditários ( Freud, 1905 ), biológicos ( Dr. Milton Diamond, orientação sexual, Universidade de Mõnoa do Hawai ), Endócrinológicos ( Dr. Jacques Balthazar da Universidade de Liège, na Bélgica ), Neurobiológicos ( Dr. Ivanka Savic, Berglund e Per Lindström Dr. do Instituto Karolinska, da Suécia, Estocolmo ) e por lógica analítica quem iria escolher uma orientação sexual diferente da maioria sabendo do preconceito que a senhora mesmo expôs?
Ela não é uma doença, não é transmissível, não é perigosa para a sociedade ( Conferir declaração da APA de 1973 ).
Homossexualidade não se aprende, não se impõe e não se induz, a homossexualidade existe desde os primórdios da humanidade e se mantém segundo especialistas ( Relatório Kinsey ) em 10% da população.
Já a Pedofilia, é uma doença, uma parafilia e não uma orientação sexual como a senhora afirmou! Cometida em maioria por heterossexuais, homens casados com mulheres 73% dos casos de pedofilia cometidos por heterossexuais, associar pedofilia a homossexualidade é má fé e caracteriza crime de injúria.
Já a sua Homofobia expressa é uma doença aprendida, sintomatologicamente parecida com a homossexualidade ego-distônica que é quando um homossexual não se conforma com sua condição, o problema não esta no ser homossexual e sim nas implicações que isso traz para a vida do indivíduo por fatores formados no Superego do individuo quem vem da religião, da sociedade, da filosofia e tudo praticado por outrem. A homofobia é uma das principais causadoras da homossexualidade ego-distônica, do suicídio entre homossexuais, da desenvolvimento de psicopatologias no homossexual e estes problemas agradecem a colaboração da Deputada Myrian Rios.
Como Psicanalista eu posso lhe afirmar e meus colegas que irão comentar texto abaixo confirmam também é que se existe uma coisa que a criança aprende é comportamento, e homossexualidade não é comportamento, homossexualidade é o conjunto da percepção, emoção, espiritualidade, afetividade, atração física por alguém do mesmo sexo que não se manifesta necessariamente através de comportamentos, existem homossexuais afeminados, como existem os que não são, assim também como existem heterossexuais afeminados que não são homossexuais, fatores hormonais contribuem para uma modelação na estrutura psicomotora de um indivíduo que não implica na orientação sexual, o fator hormonal da homossexualidade só é atribuído dentro do útero materno. Rebato aqui o pronunciamento errôneo de que a travestilidade é uma orientação sexual, travestilidade é identidade de gênero, porém a senhora parece não compreender a diferença e mesmo assim ousa falar de sexualidade humana, também uso o meu conhecimento baseado no CID e no DSM responsáveis pelo catalogo de doenças de origem psíquica para afirmar que a Pedofilia é uma doença e não uma orientação sexual como afirmou em tom de certeza a senhora. Já a homofobia pode se manifestar como comportamento agressivo, verbal ou físico, no caso da senhora, verbal e a senhora tem proporcionado uma zona de conforto para a o da Homofobia dentro da sociedade brasileira, assim como a sua ignorância e informações passadas erroneamente as pessoas que lhe assistiam, assim encaro a senhora como uma pessoa perigosa para nossas crianças e nossos jovens indefesos , com base nos estudos comportamentais, afirmo que a homofobia é algo que se aprende, através do comportamento alheio, tendo maior impacto quando as informações homofóbicas vem por parte em uma sociedade aonde ainda e infelizmente as pessoas seguem uma escala de "importância" e a senhora como Deputada que se diz representante do povo tem um grau "superior" nessa infeliz escala criada pela sociedade que precisa ser desconstruída, visto isso, seu pronunciamento perante a o conhecimento da classe Psi. ( Psicanalistas, Psicólogos e Psiquiatras ) é condenável, deplorável, homofóbico, infundado, propõe a propagação do ódio a homossexuais e a desinformação sobre a sexualidade humana que já enfrenta os obstáculos do fundamentalismo religioso que quer se sobrepor a evolução científica, necessitando assim de correção pública, visto que já que se aprende a ser homofóbico, deve se mostrar as nossas crianças e adolescentes que não é certo ser homofóbico e como ferramenta temos a punição jurídica que será lhe aplicada ( ou não ) por difamação, calúnia e injúria, vejo que a ALERJ deve repudiar o seu pronunciamento e abrir um processo disciplinar contra a senhora para que nossas crianças e jovens vejam que quem pratica homofobia, pratica crime de ódio e é punido, independente de sua "escala" na sociedade. Aqui findo a minha opinião dando espaço para outros profissionais e estudantes que se mobilizaram em nota de repúdio ao seu pronunciamento.
Dentro do conjunto de manifestação, das mais plurais classes profissionais, que trabalham com o entender da formação do ser humano em todos os âmbitos (Psíquico, Espiritual e Físico ) solicito a resposta:
1 – Do Partido Democrático Trabalhista (PDT) a qual a Deputada Myrian Rios é filiada;
2- Solicito também resposta da Igreja Católica Romana, vista que a mesma é intitulada como "Deputada dos Católicos" e como cargo de Missionária que tem, sobre o pronunciamento explicitamente homofóbico, preconceituoso, desprovido de respeito e conhecimento a qual a Igreja Católica Romana tem procurado erradicar de seu meio pelos pronunciamentos e tratados ecumênicos que tem feito afim de acolher os homossexuais, assim como o reconhecimento da orientação sexual homossexual que o fez em outrora;
3 – Solicito resposta do Partido Verde a qual o Deputado Estadual Xandrinho faz parte e em tom de consentimento concordou com as declarações de teor preconceituoso da Deputada Myrian Rios.
4 – Solicito também avaliação da Secretaria Nacional de Direitos Humanos,
5 – Também da Comissão da Ética da ALERJ para instauração de processo disciplinar contra a Deputada Myrian Rios por Injúria, Difamação e Homofobia para com os Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Travestis.
6 – Solicito também que os Deputados que afirmaram seu compromisso outrora para com todos os fluminenses a fim de proteger a integridade moral dos residentes do Estado do Rio de Janeiro que se manifestem e abram pedido de processo disciplinar contra a Deputada Myrian Rios pelos motivos já citados. Lembrando que a ALERJ tem compromisso de cuidar e proteger todos os moradores do Estado do Rio de Janeiro, a qual é representada por uma diversidade de pensamentos que tem o direito de defendes seus pontos de vistas, sem discriminar ninguém, falar que homossexuais são perigosos para crianças e equipara-los a pedófilos é dissimular o ódio contra a população LGBT que já é discriminada pelo fundamentalismo social e religioso.
Atenciosamente, Felipe Resende, Psicanalista, especialista em Sexualidade Humana.
Fonte: Homofobia Basta
Repostado. Texto originalmente publicado em 30/06/2011, recuperado com o Wayback Machine.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Outra entrevista: Shapash

Eu saí dali e o sírio mal encarado puxou meu braço antes de eu ir embora.

- Eu não tenho culpa alguma com as chuvas em Petrópolis.

Eu dou de ombros e imagino que essa inserção foi feita por causa dos comentários da "desconhecida", a leitora que inspirou e incentivou as postagens sobre Baal e Astarte.
As fontes que eu consultei dizem que ora Astarte é a filha, ora que é a consorte de Baal. Minha experiência com os Deuses e Deusas mostram que tudo é possível. Existem inúmeros mitos antigos mostrando Deuses casando (e trepando) com suas mães, irmãs, primas ou filhas.

Consultando a fonte que alimentou  a postagem sobre o ano sagrado cananeu-fenício, eu achei o seguinte trecho:

"Solstício de verão: 19, 20, 21 ou 22 de junho
Dia de Jejum - A MORTE DE BA'AL - 17º dia do mês, durante a lua minguante
Começam 3 semanas de luto intenso no pico do calor do verão, tempo de seca, tempo de pousio, quando não há agricultura ativa", o coração do verão : quente como uma fornalha, seco como um túmulo. A terra está ofegante em exaustão" Baal foi devorado por Mot."

"9º dia do mês - Dia de Jejum - Último Dia do Festival dos Mortos - fim de 3 semanas de luto
O último dia do tempo fúnebre inclui um jejum à luz do dia, e as pessoas são obrigadas a não usar couro. Judeus modernos incluem luto por refugiados, vítimas do holocausto, guerra nuclear, etc.

O retorno de Baal

Após o pôr do sol, o início de um novo dia sinaliza o fim do período de luto. Há uma bênção especial da lua crescente para trazer boa sorte e orvalho de verão. Os judeus leem no Cântico dos Cânticos: "A voz do meu amado! Lá vem ele, saltando pelas montanhas, saltando sobre as colinas! Meu amado é como uma gazela, como um jovem cervo. Aqui ele está atrás de nosso muro, olhando através as janelas, espiando pela treliça."

Por volta dessa época, os criadores de animais decidem quais animais oferecerão aos templos. Nem todos serão mortos, pois os templos mantêm rebanhos. É também a última vez no ano para colher madeira para levar aos templos para uso em sacrifícios antes do início da estação chuvosa. Também a época do último plantio do ano."

"Sexto mês

Elul (hebraico) Ululu (babilônico) (final de agosto-início de setembro)
Lua cheia - Casamento de Ba'al e 'Anat
Este importante evento foi provavelmente originalmente celebrado com ritos orgiásticos. Nos tempos mais modernos, as pessoas celebram casamentos que foram propostos durante o festival da uva do 5º mês."

"Décimo segundo mês

Adar (hebraico) Addaru (babilônico) (final de fevereiro - início de março)
Lua cheia - A Festa de Athtartu/Astarte
Para afugentar as chuvas do velho Ba'al Hammon e dar as boas-vindas à fertilidade da primavera, um banimento festivo do inverno e do ano velho é comemorado como o Mardi Gras com dois dias de folia, travessuras, alegria, fantasias, máscaras. Neste último mês de inverno, a magia é realizada para expulsar a chuva/inverno/espíritos malignos fazendo muito barulho, especialmente batendo os pés toda vez que o nome de Hammon é mencionado; então as pessoas batem, enforcam e queimam Hammon em efígie. Nos tempos antigos, este era outro festival orgiástico extático. As pessoas começam a preparar com dias ou até semanas de antecedência, especialmente fazendo doces. É comum comer bolos de sementes de papoula, dar comida aos amigos e dar caridade aos pobres. Os judeus o celebram como Purim, que significa o lançamento de sortes."

- Quer falar algo, Baal?
- Não.

Ele me empurra na direção da rua. Quase saindo do átrio de acesso do edifício, eis que eu sou puxado para o canto e uma figura feminina agarra meu pescoço e me beija.

- A desconhecida falou sobre mim. Eu acho que seria grosseiro não falar de mim.

Da mesma fonte:

"Shapash é a deusa do Sol. Chamada de Luminária das Divindades , a Tocha dos Deuses , Ela vê tudo o que acontece na Terra durante o dia e guarda as almas dos mortos no submundo à noite. Uma das principais divindades do panteão ugarítico, ela auxilia Anat em sua busca por Baal. Como o acadiano Shamash , ela é uma divindade da justiça, muitas vezes servindo para mediar as divindades em disputas. Ela está relacionada com Shamsh, Chems , uma deusa-sol árabe adorada ao nascer, meio-dia e pôr-do-sol. Ela também pode ter sido uma divindade proeminente em Ebla chamada Shipish . O deus do sol acadiano / babilônico Shamash ou Shemesh, também portadora de luz, defensora da lei e da ordem e oráculo profético, era originalmente uma deusa, como demonstrado em nomes pessoais Ummi-Shamash, que significa Minha Mãe é Shamash."

Shapash é a Deusa do Sol. Considerada filha de El, uma divindade antiga quase nos moldes de Anu e que pode ser considerado "pai" dos Elohim, a família de onde originou Yahweh. Ela aparece junto com Astarte em alguns mitos envolvendo Baal. Outra Deusa citada é Anat, que pode ser considerada parente de Asherat, a Deusa que era considerada consorte de Yahweh. Eu conheci Amaterasu, outra Deusa do Sol. Algo que deve causar confusão nas mentes dos pagãos modernos é que existem tanto Deusas quanto Deuses atribuídos aos corpos e fenômenos da natureza.

- Seja bonzinho e preencha meu ventre com sua essência. Astarte ficou estranha depois que veio morar com os humanos. Ela quer acreditar que é normal rejeitar ou negar a sexualidade, justo ela!

Eu tento raciocinar e protestar, mas minha consciência vai se desmanchando enquanto eu sou inserido no santo dos santos. Desconhecida, desculpe minha ousadia e atrevimento, mas eu vou desmaiar enquanto minha essência é vertida no ventre de Shapash que, acho eu, está com um enorme sorriso de satisfação.

Dakpassa

Dar, num sentido lato da palavra, pode ser um caminho qdo pensamos q estamos sem saída... sempre podemos fazer algo de bom por alguém e por nós mesmos, com alegria... qdo vc estiver fud*** na vida, lembre-se disso: dakpassa!!! Doar-se a uma causa ou ação voluntária, ajudar, cuidar, enfim... deixa sua alma respirar um pouco e sair da lógica social... mtas pessoas ao se sentirem perdidas encontram alento olhando para as pessoas a quem podem se doar e ajudar... não há ninguém q seja tão pobre q não possa ajudar, nem ninguém q seja tão rico q não precise de ajuda.
"Muitas pessoas tem um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não tem, e as que tinham e perderam". Geralmente, são essas últimas que vem ao meu consultório, para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc. Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão", além da inevitável receita do anti-depressivo do momento. Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?! Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais. Àquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:
"AMANTE" é aquilo que nos "apaixona", é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono, é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso "AMANTE " é o que nos mostra o sentido e a motivação da vida. Às vezes encontramos o nosso "AMANTE" em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, em escolas espirituais, na boa mesa, no estudo, ou no prazer obsessivo do passatempo predileto.... Enfim, é "alguém!" ou "algo" que nos faz "namorar a vida" e nos afasta do triste destino de "ir levando"!..
E o que é "ir levando"? Ir levando é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, ou achar que o mundo social é terrível demais e até pensar que se é superior a ele, ir levando é portanto regeitar o mundo, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva. Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão, de que talvez possamos realizar algo amanhã. Por favor, não se contente com "ir levando"; procure um amante, seja também um amante e um protagonista... DA SUA VIDA!
A psicologia após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:
"PARA ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR A VIDA".

Original: Dr. Jorge Bucay - tradução do original "Hay que buscarse um Amante" [Google]
Repostado. Texto originalmente publicado em 17/01/2011, recuperado com o Wayback Machine.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Entrevista com Astarte

De um leitor: "o bem e o mal existem, e aqui não é o Paraíso da deusa Astarte, aqui é a Terra".

Eu costumo dizer que não existe coincidência. O comentário citando Astarte foi feito depois que eu recebi a sugestão dos leitores para falar de Baal.
Então foi estranho e suspeito eu receber um convite:
 
"Você falou de como Baal foi demonizado. Ele não foi o único. Venha em minha residência. Eu vou te conceder uma entrevista"
- Astarte.
 
O endereço, que evidentemente não vou divulgar, fica em algum lugar da Mooca. Um sírio mal encarado abre a porta, me revista e acena na direção da varanda, onde uma pessoa parece me aguardar, sentada em uma mesa guarnecida com uma toalha simples e uma taça de cristal repleta de tâmaras.
Eu me sento e observo a mulher diante de mim. Cabelos cacheados de cor caramelado. Olhos de tom azul turquês. Pele acobreada, bem ao estilo mediterrâneo. Assim que eu tomo o assento, ela se apruma, tentando esconder com um xale seus seios que teimam em aparecer no decote generoso.
Se eu estou diante de Astarte, uma Deusa do Sexo, ela demonstra a mesma preocupação de uma mulher comum, ao tentar cobrir a exposição dos talentos que a mesma deliberadamente quer expor em roupas curtas ou reveladoras.
Eu fico sem jeito e acanhado, afinal, eu estou diante de uma Deusa que pode ser considerada parente de Inanna, Ishtar, Vênus e Afrodite.
 
- Eu li o seu texto sobre Baal.
- Quer contar a sua história, Astarte?
- Eu começo declarando que eu sou fenícia, a mesma origem de Europa.
- Fenícia tem conexões com a Filistéia, Canaã e Assíria?
- São civilizações com regiões em comum. Pode-se dizer que eu e Baal somos parentes.
- Eu escrevi que Belzebu e Belphegor tem em comum Baal como origem de seus nomes.
- O meu nome deu origem a Astaroth que, pela demonologia, é um arquidemônio.
- Quais os seus vínculos com Inanna, Ishtar, Vênus e Afrodite?
- Inanna é descendente de Anu. Uma dinastia anterior à minha. Ishtar é meio que irmã de Inanna e é meio que minha tia. Se você disser a ela que eu disse isso, eu te mato.
- Eu jamais faria isso. Mas e Vênus e Afrodite?
- Afrodite é uma esnobe. Ela aceitou trabalhar para Zeus no Olimpo e fica dizendo que é helênica. Nem os Gregos são helênicos.
- Conhece as origens dela?
- Todo mundo sabe. Ela nasceu em Chipre. Uma ilha humana que, como em toda Gaia, foi ocupada por diversos povos, de diversas etnias e origens.
- E a Deusa romana?
- Considerando que os fundadores de Roma foram os sobreviventes de Tróia, Vênus pode muito bem ser parente nossa.
- O que tem a dizer do mundo humano e do predomínio das religiões abraãmicas?
- Desde que os humanos adotaram o monoteísmo, tudo que eu vejo é guerra, contendas, conflitos, ódio, pobreza e miséria. Algum dia vão descobrir que adoram um Deus que não tem qualquer vínculos com suas origens, suas raízes ou seus ancestrais. Yahweh sempre foi, desde que nasceu, um babaca, vingativo, ciumento e violento.
- A minha espécie tem muitas perguntas. O que tem a dizer sobre o Bem e o Mal?
- Sinceramente? Sua gente quer encaixar forças cósmicas dentro de uma pequena, finita e instável expectativa moral.
- Muitos de nós espera ir para algum tipo de Paraíso após a morte. Existe um Paraíso? Qual seria o seu Paraíso?
- A minha espécie vive outro tipo de realidade. Alguns assistem, impressionados, com o mundo que vocês criaram. Alguns querem "consertar", como se tivesse algum defeito, mas a vida, a natureza e a existência são abençoadas. Viver inclui dor e sofrimento, sua gente é a única que choraminga e piora, por atos e palavras. Eu não tenho um lugar especial, mas eu visitei o reino de Hades. Independente de quem você acredite ser ou ter, vai para o mesmo lugar, o Mundo dos Mortos.
- Não há reencarnação?
- Se você entende como "reencarnação" a sucessão de corpos que uma alma veste ao longo do tempo, eu devo dizer que vocês se preocupam demais com o vasilhame. A existência da alma é eterna e vocês vão seguir vivendo em diferentes clusters de espaço/tempo.
- Então há alguma possibilidade de nossa alma seguir existindo em algum tipo de Paraíso?
- Sinceramente? O planeta em que vivem pode ser um Inferno ou Paraíso. Façam aqui e agora.
- Muitos de nós sonha em morar junto aos Deuses. Isso é possível? Você aceitaria conviver com um vizinho humano?
- Eu estou morando aqui, não estou? Os Deuses e Deusas que sua espécie adorou na antiguidade estão vivendo entre vocês, observando, aprendendo, registrando, trabalhando. Eu não sei exatamente qual o objetivo disso tudo, eu só quero aproveitar minhas férias.
- Existe alguma chance dos Deuses e as religiões antigas voltarem?
- Talvez. Alguns querem. Eu estou muito ocupada como executiva chefe de uma famosa marca mundial de produtos de beleza.
- O tem a dizer para o ser humano?
- Vivam e cultivem um mundo justo para todos. Saibam de uma vez: Amor é o Todo da Lei.

Resistência ao arrebanhamento

Bom dia, Boa tarde e Boa noite a todos os irmãos pagãos, bruxos, magos, wiccans ou seja lá o título que carrega como seu (ou mesmo a falta dele!)
Venho falar sobre um tema que muito me afligiu: a JÁ FAMOSA (graças aos deuses só no meio pagão) Igreja de Bruxaria e Wicca do Brasil. Tomei conhecimento desta tentativa inusitada através de uma mensagem eletrônica que iniciava uma campanha irônica (uma vez que evitarei o termo sms, por motivos óbvios e não quero que meu tópico seja deletado!).
Através deste fato inusitado, eu, aqui do interior do estado de São Paulo, tomei conhecimento do que estava ocorrendo nos “grandes círculos de discussões pagãos”, envolvendo nomes famosos, pessoas notáveis, egos, elderes, tradições e rótulos, rótulos e mais rótulos.
Pois bem, deixarei minha opinião clara, sem ofender a nenhum dos “sacerdotes cocada preta” (adorei o temo e me regozijei em risos):
Há partes já expressas no site em construção da IBWB que me causaram arrepios, os mesmos arrepios que me fizeram deixar a religião católica. Trechos como “Sacerdotizas e Sacerdotes credenciados pelo conselho de Elderes” e o próprio termo “conselho de Elderes”.
Se você chegou agora, não perdeu muita coisa, eis o resumo:
1 – Uma instituição que deseja representar os mais diversos ramos do paganismo, bruxaria e afins.
2 – Esta instituição não pede, divulga ou aceita opiniões sobre seus dogmas e “Standards” (retirado do próprio site da IBWB.)
3 – Esta instituição cria um conselho e elege uma sacerdotisa mor, que está longe de ser a pessoa mais lúcida, carismática e com capacidades comunicativas que seriam esperadas por alguém em “tão elevada função”, que defende em comunidades do Orkut que não se pode opinar, uma vez que a instituição já tem registro, dentre outros ataques megalômanos.
Pergunto a você, leitor que se atreveu a ler até aqui:
Estaria este grupo pronto a TE REPRESENTAR?
Você foi consultado quanto aos rumos de uma instituição que deve mostrar “a cara dos pagãos” e lutar pelos seus direitos?
Você acha que os “notáveis” do cenário do paganismo escolhidos farão o trabalho certo?
A minha resposta a todas estas perguntas é: NÃO, não apenas por não simpatizar com a figura fantasmagórica e ególatra de MAVESPER, mas por achar tal intento impossível. Reunir em uma única instituição algo tão íntimo e de tantas cores, opiniões e formatos como é o paganismo (ou bruxaria, magia ou seja lá como resolveram determinar que estas praticas se chamam) é uma tarefa hercúlea e fadada ao fracasso.
Porém me preocupa “a capa da revista”, quem vai fingir que me representa, sem ao menos ter me consultado, afinal, sou um homem que já saiu do “armário mágico” e muitos sabem o que faço. Um representante incapaz de lidar com a opinião discordante e a sua própria raiva em uma simples comunidade o Orkut não fará papel melhor ou menos vexatório diante do Brasil todo.
Minha vida e meu caminho pouco se alterarão diante da existência ou não desta “igreja” (RS desculpem, por mais que insistam em afastar o significante do significado, é impossível!), tenho meu próprio local para ritual, grupo, rituais e além de TODO O RESTO DE MINHA VIDA para me preocupar, mas me preocupo com os irmãos das grandes capitais, que assim como eu se distanciaram de um modelo eclesiástico fracassado e se lançaram contra o mundo a fim de sanar suas dúvidas e anseios e não possuem um conforto como o meu, tendo que recorrer a parques públicos, para estar perto da natureza. Estes terão que se recolher às “Igrejas”, onde são teoricamente aceitos, se, é claro, se encaixarem no “standard” pré-estabelecido pelos líderes que não elegeram e que nem ao menos conhecem de verdade.
Parece que se perdeu a visão intimista desta religião (ou oficio, como preferirem).
Espero que se este intento se tornar realidade, os acólitos e adoradores não escolhidos para serem sacerdotes “credenciados” não se assustem com os dízimos (que, podem apostar, aparecerão sob a forma de uma doação para despesas do templo e sacerdotes), com os abusos e inconsistências de uma liderança que está longe de ser imparcial, por estar intimamente ligada à figura da Abrawicca, que sempre foi alvo de muita discussão no meio (e, cá entre nós, Claudiney Prieto não é o Sacerdote Mor apenas por se tratar de uma figura tão adversa e obvia que nos pouparam deste último insulto) devido ao seu comportamento autoritário e ortodoxo (por mais que digam o contrário.)
Finalizo este manifesto com pesar, por esta ideia ter sido cogitada, uma vez que, desde o princípio dos tempos, a ARTE vem sendo praticada em pequenos grupos, atendendo às suas necessidades, sem a necessidade de institucionalização de algo que funciona MUITO BEM há milênios.
Já ouço os sons do “Sacerdotisa-móvel” se aproximando, as sacolas de dinheiro sendo transportadas em pleno Maracanã, as bênçãos, a necessidade de mais fiéis, a infalibilidade sacerdotal…
Poxa… já até mesmo sinto meu corpo queimando nas fogueiras…
Autor: João Paulo
Fonte: Comunidade Orkut "Wicca Brasil"
Nota da casa, reiterando meu comentário nessa mesma comunidade:
Até agora, só vi gente que está ou anda em volta do círculo da Mavesper e do Claudiney.
Até agora, não vi um alto sacerdote ou alta sacerdotisa da Wicca Tradicional em mais essa panelinha que visa tentar controlar e unificar a Wicca nos moldes das convicções deste círculo, tendenciosamente diânico, onde a voz da tradição, dos princípios e dos valores da Wicca são ocultados, censurados e proibidos.
Até agora, nem a Mavesper nem o Claudiney se manifestaram sobre onde entram figuras tupiniquins como Eddie, os wiccanos-cristãos e outras personagens que vivem empestiando a comunidade, como góticos, pseudo-vampiros e os que estão fazendo uma wiccumba.
Ainda não tive uma resposta quanto ao meu caso, ainda considerado um banido, um excluído, um excomungado, por ter a mais absoluta dedicação aos Deuses, não às vaidades, não às agendas pessoais, nem sonhos de grandeza e poder.
PS: O "sacerdote" Claudiney certamente é autoritário, mas apenas finge ser ortodoxo, dependendo de quais opiniões, doutrinas e objetivos que ele quer defender para se tornar o Papa da Wicca.
PS²: Sheeple, do inglês Sheep (ovelha) + People (Pessoas), é um termo pejorativo o qual atribui o comportamento de um rebanho de ovelhas de seguirem umas as outras ao fato de que as pessoas acreditam no que é dito sem uma pesquisa prévia sobre o assunto, o conceito de uma pessoa simplesmente seguir ordens de uma pessoa que parece confiável ou uma autoridade, o termo sheeple é constantemente utilizado nos cenários políticos e religiosos.[wikipedia].
Nota final: Repostado. Texto originalmente publicado em 27/11/2011, resgatado com o Wayback Machine.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O que a Deusa pode fazer

Eu encontrei esse texto na internet e resolvi publicá-lo aqui, com meus comentários, para a reflexão dos pagãos, bruxos e wiccanos brasileiros.

Ao primeiro olhar, as divindades da bruxaria podem parecer bastante atraentes. Elas não exigem um padrão de santidade, elas aceitam qualquer um, mesmo se elas não forem chamadas pelo nome certo ou nenhum nome em absoluto e elas são tanto masculinos como femininos. Elas parecem ser mais simpáticas e íntimas do que Jesus. Entretanto, se você examinar as ofertas dessas divindades pagãs junto com o que Jesus tem a oferecer, torna-se rapidamente bem claro que Jesus tem muito mais a oferecer do que qualquer outro deus ou deusa pagãos tem a oferecer. As ofertas das divindades pagãs, como todas as mentiras de Satan, tem muito brilho e pouca substância. Para o propósito desse artigo, eu irei me referir às divindades pagãs como a Deusa, uma vez que muitos pagãos crêem em uma deusa e é mais fácil escrever de um jeito que inclua todas as possibilidades.

Interessante como os cristãos falam em 'padrões de santidade', como se apenas Jesus ou o Cristianismo fossem as únicas fontes da moral humana. A autora convenientemente esquece que muito do que sabemos e pensamos a respeito da moral veio dos Gregos e Romanos, todos politeístas e pagãos. Não é verdadeiro, portanto, a alegação que nossos Deuses sejam amorais. Um pagão, bruxo ou wiccano sabe que 'padrões morais' variam muito conforme a época, a cultura e o povo, portanto, nós preferimos ter uma conduta ética, uma vez que consideramos essa padronização um absurdo arbitrário.

A Deusa não pode prover uma conclusão à história humana.
Muito dos não-cristãos vêem a idéia do retorno de Jesus como horrivel. "Nossa Deusa não é um deus vingativo que um dia irá acabar com a Sua criação", eles ridicularizam. "Ela nos ama o suficiente para deixar que nós façamos as nossas escolhas". Esta é uma afirmação sustentada pela emoção que esconde a verdadeira situação.
Jesus põe um limite no mal. Ele não deixará que a guerra, a doença, a tristeza e a morte reine para sempre. Ele tem um plano para para a história humana. Não importa o que aconteça, por mais horrivel, ele está no controle e ele não irá deixar tudo em nossas mãos.
Nós todos sonhamos com um mundo onde um dia todos irão viver em paz e harmonia. Mas a forma da Deusa tornar isto possível é através da ação humana. Ela não oferece uma promessa de interferir na história humana. Ela permitirá, se quisermos, que nos destruamos. Sem intervenção divina, a única forma de mudar esse mundo é através da política. Pense, por um instante, o quanto isso é assustador. Mesmo se acabarmos com os problemas humanos, ainda teríamos os desastres naturais. Ainda teríamos a dor dos relacionamentos onde as pessoas se machucam e traem. Ainda teríamos as doenças. Ainda teria a morte. O objetivo do Paganismo não é a perfeição - a Deusa não observa esse ápice em Sua criação. A visão da Deusa para o mundo sempre inclui o sofrimento humano.

Com todo o respeito à autora, mas nem mesmo Jesus conseguirá dar uma conclusão à história humana. Não constitui como uma solução plausível, se apenas aos que crerem em Jesus terão direito a viver em um possível 'mundo novo', igualmente utópico e idílico do Cristianismo. O próprio surgimento do Cristianismo se dá dentro de um processo histórico, recheado de guerras, doenças, tristezas e morte. Muitas dessas ocorrências foram causadas por pessoas que supostamente representavam a Jesus, portanto, se Jesus não é capaz de controlar seus próprios sacerdotes, de jeito algum controlaria o mundo. Quais mudanças existiram no mundo sob o domínio da Igreja? Nenhum, toda a ciência, arte, cultura e medicina só voltaram a existir no Ocidente depois que a Igreja perdeu seu poder. De onde os pesquisadores e cientistas do século XVIII desenvolveram a tecnologia, a matemática, a história, o pensamento, a medicina? Dos mesmos Gregos e Romanos, pagãos. O Cristianismo parece ser mais uma imposição desse ideal de perfeição, o ideal asséptico e estéril da virtude hipócrita, uma vez que não agrega os indivíduos nem propõe as mudanças necessárias no sistema da sociedade.

Ela não pode amar ou ser amada.
Uma das crenças do Paganismo é que a Deusa não é separada de sua criação de forma alguma. Ela é tudo e tudo é Ela. O poder da Deusa está em tudo e em nós, tudo que a magia faz é evocar e direcionar esse poder.
O problema com isso é: se a Deusa está em nós, se a Deusa é nós no sentido mais prático, é impossível ter um relacionamento com Ela.
O amor é um conceito relativo. Para amar alguém, deve existir dois aspectos: a pessoa que ama e a pessoa que é amada. Se a Deusa é tudo e não está separa disto, então dizer que Ela me ama é o mesmo que dizer que uma pedra me ama, uma árvore me ama ou meus pés me amam. Essas coisas não são pessoas. Eu não posso ter um relacionamento com coisas.
Um preconceito contra o Cristianismo é que distinto significa distante, mas isso não é verdadeiro. Algo pode ser distinto de você, mas ser mais próximo que seu fôlego. De fato, a distinção de Jesus de nós permite a ele nos amparar, nos ouvir, nos aconselhar de uma forma que ele não poderia fazer se ele fosse apenas um outro aspecto de nossa existência.

Esse é um preconceito comum entre os cristãos. Mal conhecem a própria doutrina e acham que sabem alguma coisa de Paganismo. O Paganismo, assim como o Cristianismo, possui diversas tendências e denominações e nem todos acham que a Deusa é tudo. A magia não está apenas presente no Paganismo, mas igualmente no Cristianismo, seja na liturgia, seja na leitura dos evangelhos.
A autora esquece que para amar é preciso que a pessoa que é amada corresponda ao sentimento e isso não acontece com Jesus. Eu devo lembrar que, para início de conversa, nos evangelhos se afirma que quem não crer em Jesus está condenado... que tipo de amor é esse? Em muitas partes do evangelho também se pode ver esse lado de Jesus que não ama, mas condena, como quando ele chamou os Judeus de filhos de Satanás, os fariseus de raça de víboras ou quando ele expulsou os cambistas do templo a bordoadas. Toda a tônica dos evangelhos está nesse preconceito de que todos nascemos pecadores e que, por isso, precisamos ser salvos crendo e aceitando a Jesus... isso é amor?

Ela não pode dar orientação moral.
O Paganismo afirma que não há verdade absoluta. Esta afirmação por si só exclui qualquer forma de verdade – se não há verdade absoluta, então as pessoas que crêem que existe uma verdade absoluta estão erradas. Se não há verdade absoluta, então não há moralidade absoluta – não há um padrão de certo ou errado. Entretanto, é quase (senão completamente) impossível agir de uma forma que não afetem outros. O efeito pode não ser imediato, ou pode não ser perceptível, mas a chance de nós fazermos algo que não afete outra pessoa é muito baixo.
Segundo, se não há valores absolutos de certo e errado, então a afirmação ‘não prejudicar os outros’ não tem mais validade que outras afirmações morais. Se a Deusa não tem um padrão e regras morais (e se um jeito é tão bom quanto outro, Ela não tem – uma vez que a moral de cada sistema de pensamento e religião diferem) então não há um padrão externo de moral para o Pagão e então, nenhuma orientação moral.Em contraste, Jesus nos dá uma clara orientação moral de como ele quer que vivamos nossa vida. Nós podemos não gostar de tudo que ele diz, mas isso não significa que não seja bom para nós. Nós temos uma mente limitada e nós não podemos entender sua perspectiva celestial de nossa perspectiva terrena. Mas não é porque nós não gostamos ou não entendamos que signifique que não está certo.Deus nos dá não apenas orientação moral, ele nos dá o desejo de fazer o bem. Deus não apenas mostra o que fazer, através do Espírito Santo, Ele nos dá a vontade e a habilidade de fazê-lo. Agora, nós como Cristãos nem sempre tiramos vantagem disso, mas a ajuda está ali.

A autora tenta conduzir o leitor à uma visão preconceituosa sobre o Paganismo e o Pagão. Para o Pagão, a questão é ética e verdades só existem quando estão comprovadas e corroboradas por outras verdades, mas as verdades existem, o que é bem diferente de pegar um padrão e querer que tudo mais se encaixe nele.
A autora confunde a dialética necessária para a convenções de verdades com moral, assuntos distintos, pois nem toda verdade é moral, nem toda moral é verdade. A autora também confunde ações ou atos com moral ou padrões de certo e errado. Atos ou ações são categorizados como certos ou errados por suas conseqüências e, dentro de um padrão cultural, são discriminados moralmente segundo opiniões subjetivas.
Mais uma vez insisto: para o Pagão, a questão é ética e muito do que a cultura Ocidental possui como padrão moral se deve ao pensamento de filósofos Gregos e Romanos, todos pagãos. Para que haja ética, necessariamente se considera as relações individuais e coletivas sobre valores e padrões morais, então o Paganismo possui uma orientação mais equilibrada que a pretendida pelo Cristianismo.
Quais são as orientações morais que o Cristianismo pretenda ou arroga apenas a si, se toma apenas seu padrão como o único? Por que o cristão ignora as passagens bíblicas amorais e imorais? Por que o cristão ignora certas passagens dos evangelhos que mostram o lado amoral ou imoral de Jesus?

Ela não pode ser testada de forma objetiva.
Quando a Wicca (uma forma de Paganismo) começou, acreditava-se que se possuía uma religião que era transmitida intocada desde o tempo do Paleolítico. Por causa da perseguição, a religião ficou na clandestinidade, mas alguns mantiveram os Velhos Caminhos e isto finalmente voltou à tona.

A antiguidade da Wicca se provou falsa. Mas para muitos wiccanos, isso não tem importância. Muitos fatos históricos afirmados pela Wicca se provaram falsos, mais notavelmente a ideia que as culturas matriarcais honravam as mulheres e o número de pessoas mortas na Caça às Bruxas. Mais uma vez, isso não importa. Por que?
Paganismo e, portanto, a Deusa, não é uma religião histórica. Não há maneira alguma de um pesquisador testar se a Wicca é verdadeira de forma objetivaempírica. A pessoa que quiser verificar se o Cristianismo é verdade, pode ver para as enormes evidências históricasarqueológicas e cientificas que sustentam a bíblia. A bíblia faz certas afirmações sobre a natureza divina, a pós-vida que experimentaremos, a moralidade que devemos viver e as escolhas que devemos fazer nessa vida. A bíblia afirma ter testemunhas oculares para a ressurreição de Jesus. Existem fontes que você pode consultar fora da bíblia que a confirmam. Agora, nem toda questão ou dúvida será resolvida e para realmente saber que a bíblia fala a verdade, você tem que dar um passo de fé e acreditar nela tal como está escrita.
Nenhum outro conhecimento pode ser obtido da Deusa senão o subjetivo. Não há conhecimento objetivo algum que se possa ter dEla, nada senão o que você experimenta. Imagine se, o que você está experimentando é incorreto, ou se você está perdendo alguma coisa, ou se há alguém que sabe mais que você e pode te dizer que o que você pensa estar experimentando é bom? Que pena. Não há nada objetivo no que embasar sua crença.

Essa, sem dúvida, foi a parte mais hilária do texto. Eu sei que tem muito Pagão mal-informado, mas a autora está generalizando. Algo que é incrível é a afirmação da autora que o Cristianismo tem mais embasamento histórico do que o Paganismo e a Wica, ou mesmo que existem ‘provas históricas, arqueológicas e científicas’ que comprovam a bíblia. A autora mostra total desconhecimento de qualquer outra fonte efetivamente científica, histórica ou arqueológica, senão não teria afirmado algo assim a respeito do Cristianismo. Eu gostaria de entrar mais no mérito, mas basta apenas salientar que a própria autora admite que é necessário crer na bíblia para que esta seja verdade.
O conhecimento iniciático da Wica não são simples experimentos aleatórios arbitrários. Assim como na metodologia científica, as experiências possuem coerência e eficiência, portanto não são subjetivos.

Ela não pode te dar vida eterna.
Existem certas coisas em mim que eu posso mudar e ainda ser eu. Mas ainda sou eu se não fosse fêmea? Não. Muitas partes das experiências que me fizeram como eu sou teriam ido embora. Ainda seria eu se tivesse pais diferentes? Não. Muito da minha vida teria sido totalmente diferente. Mesmo se eu esquecer depois de sofrer um terrível acidente, essas coisas ainda estariam moldadas no que eu sou e eu ainda teria consciência delas. Se todas as minhas experiências forem mudadas, eu não sou mais eu, eu sou outra pessoa. Há algo em mim que não se encontra em outra pessoa.

A Deusa tira isso de você. Ela apenas deixa você experimentar por um curto período de tempo e então acaba. Muitos Pagãos acreditam em reencarnação e eles vêem isso como uma forma de vida eterna- e ainda assim aquilo que decidiu ser Pagão não está mais lá.
Muitos Pagãos tentarão explicar dizendo que o corpo muda, mas a pessoa dentro continua a mesma. Isso não é possível, primeiro porque o corpo dá a forma ao que a pessoa é por dentro e, segundo, porque não há algo como uma vida após a outra.
O que faz você ser você não são pequenas coisas que os Pagãos dizem ser carregado de uma vida a outra, estas coisas são as combinações de seu corpo físico, seus pensamentos e estados emocionais, sua personalidade, suas experiências, todas essa coisas. Isto não são coisas que você pode isolar e dizer que faz você ser você. Existem muitas coisas na alma humana para dizer que podem ser isoladas e serem passadas adiante. A Deusa não respeita isso.
Mas Jesus sim. Indivíduos humanos significam tanto para ele que ele veio e morreu na cruz para que eles possam estar com ele para sempre no Paraíso. Ele respeita tanto a humanidade que ele deu a eles a escolha de rejeita-lo e não estar com ele. Você não pode fazer isso com a Deusa. Uma vez que todos os caminhos conduzem para as mesmas divindades, você não tem escolha senão em crer em tal divindade, porque se todas as formas conduzem para o mesmo caminho, mesmo se não crer em nada você estará crendo em algo. Jesus não exige que você gaste seu tempo de vida ‘queimando’ o karma, sem que você se lembre o que você fez para merecer este karma (e devido a reencarnação, o karma para todos os propósitos irá punir ou recompensar uma pessoa diferente). Jesus exige que nós abandonemos nossa vontade egoísta a ele, nosso orgulho, nossa arrogância, nosso egoísmo, mas ele nunca exigiu que desistíssemos do que somos. Ele quer moldar isto da forma como ele sempre quis que fosse. Jesus te criou para a perfeição e ele não aceitará nada senão o melhor daqueles que ele ama.
Os deuses da bruxaria não exigem coisa alguma. Eles não estão preocupados com santidade, conhecimento certo, justificação ou perfeição. Muitos dos mitos Pagãos usam para construir de suas divindades para mostrar seres caprichosos. Os deuses dos mitos são obcecados com sexo, eles matarão seus desafetos e eles estão muito envolvidos com seus próprios assuntos para cuidar dos humanos. Resumindo, eles são como nós – e, portanto, não merecem honras ou adoração.
Jesus exige que você morra. Ele exige que você morra para si mesmo. Ele pede para que você coloque de lado sua duvidas contínuas, seu orgulho, sua crença de que você é bom demais e ver você através dos olhos de Deus.
Para um Deus Santo, mesmo o melhor de nossos feitos são trapos sujos. Deus deu um padrão: santidade perfeita. Um santo bom Deus não poderia fazer por menos. Mas por nossa escolha, pelo orgulho, nós escolhemos não segui-lo. Mesmo se nunca cometermos erros, nós pecamos. Isso o que pecado é: perder a marca. Mas Jesus pagou o preço por nosso pecados. Nós temos que vestir a justiça que ele nos deu para sermos capazes de participar do banquete.
Pode ser doloroso aceitar a Cristo. Para alguns significa abrir a mão de algo que eles valorizam, ou mesmo suas vidas. Significa nos ver como somos e admitindo a Deus que precisamos de Sua ajuda. Mas ele oferece muito mais. Ele dá tanto que, o que quer que sacrifiquemos, não é nada comparado ao Seu amor e sacrifício.

Para um texto confuso e preconceituoso, o encerramento foi lamentável. Nós somos não apenas um conjunto de sentimentos, experiências e emoções, senão não haveriam tantas personalidades e identidades diferentes. Cada um de nós é o que é por que a resultante desses conjuntos sofrem uma interpretação de algo que está previamente existente, a alma. Cada conjunto de interpretação é útil para aquele corpo, em um determinado espaço-tempo, em um determinado meio social. Padrões que irão mudar conforme as reencarnações e que, portanto, não são carregados por motivos óbvios, mas o principal que é o crescimento espiritual é resguardado porque são valores constantes. O conceito de karma não é unanimidade entre os Pagãos, para muitos a questão do karma é algo a ser resolvido pelo indivíduo na vida atual, não na futura.
A autora demonstra não conhecer a doutrina que ela mesma tenta elogiar. Nos evangelhos, bem como no texto da autora, está bem claro que a pessoa tem que mudar aquilo que a pessoa é, exatamente para se adequar a esse padrão moral que nada tem de divino, é puramente humano.
Em várias partes dos evangelhos afirma-se exatamente o oposto do que a autora alega, diz-se que é obrigatório a crer e aceitar apenas a Deus e a Cristo, qualquer outra forma de crença ou opinião é condenada ao Inferno por rebeldia a Deus.
O Paganismo admite que é apenas uma das muitas opções, sem jamais pretender ser a melhor, a mais certa, a mais perfeita, ou a verdadeira, como é de costume no Cristianismo e outras religiões monoteístas. Os mitos são apenas orientações, não escrituras sagradas indiscutíveis, são elementos que o Pagão trabalha para alcançar o auto-conhecimento e a iluminação.
Para isso, o Pagão rejeita a verdade da bíblia porque esta não se sustenta nem em si mesma. O Pagão rejeita a doutrina do pecado, bem como a doutrina da salvação. O Pagão rejeita a santidade do deus bíblico, bem como a divindade de Jesus. O Pagão rejeita o moralismo hipócrita e a perfeição idealizada. O Pagão rejeita a imposição de um credo estranho e estrangeiro. O Pagão sempre honrará os Deuses Antigos, os seus ancestrais, sua cultura e seu povo, mesmo que tenha que lutar contra a tirania e opressão desse deus.

Repostado. Texto original publicado em 24/12/2007, resgatado com o Wayback Machine.
Nota posterior. Eu vou dizer o que a Deusa pode fazer.
A Deusa é a geradora.
A Deusa é quem recebe o sacrifício.
A Deusa é quem concede as bênçãos.
A Deusa é a fonte e a origem do Amor.
A Deusa é quem nos nutre.
A Deusa nos concede o prazer e o êxtase.
A Deusa é a Vida e a Natureza.
A Deusa é quem acolhe as almas.
A Deusa é quem nos concede a Vida Eterna.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A literatura e o pensamento medieval

Quando se fala em literatura clássica, eu posso citar as obras Teogonia [Hesíodo], Ulisses [Homero], Ilíada e Eneida [Virgílio].

A literatura é uma das poucas artes humanas que sobreviveram ao fim do Império Romano e a ascenção do Cristianismo. A literatura na Idade Média não ficou restrita ao domínio da Igreja ou a temas religiosos.

Nessa época apareceu o romance de cavalaria e os poemas épicos. O mais antigo deles é Beowulf que, junto com a Canção dos Nibelungos e a Saga dos Volsungos, consistem em textos baseados em sagas heróicas que registram os resquícios das lendas antigas misturadas com as tinturas cristãs.

Outro grupo são os chamados de Matéria, da França, da Bretanha e de Roma.

Na Matéria de França, pode-se citar as Canções de Gesta e o ciclo Carolíngeo, de onde o personagem Astolfo é originado.

Na Matéria de França consta a história de Roman de Renart [Reynard, o Raposa], a Canção de Rolando e a Canção de Roncesvale.

Na Matéria de Roma, pode-se citar o Romance de Alexandre, o Romance de Tróia, o Romance de Tebas e o Romance de Enéias.

Na Matéria da Bretanha, pode-se citar Mabinogion, o ciclo de Ulster e o Arturiano.

Muitos dos preconceitos e estereótipos dessa época surgiram das versões feitas para o cinema baseadas nessa literatura.

Mesmo assim, pode-se dizer que a literatura reflete a sociedade e a cultura de sua época. Portanto, a literatura medieval é conhecida mais pelos romances de cavalaria, reflexo da organização social, política e econômica em feudos, dominados pelos senhores feudais, que formavam a corte e a aristocracia, consolidadas na figura do rei e no regime monarquista.

Muitos dos romances modernos herdaram essa visão romântica da literatura medieval, como a figura da princesa que espera por seu cavaleiro em sua armadura brilhante para resgatá-la.

O outro lado também é verdadeiro, como o preconceito e estereótipo da figura da madrasta, da bruxa, da fada e do dragão.

Esse era um mundo onde o maniqueísmo cristão separava tudo nessa luta do "Bem" contra o "Mal", onde o cavaleiro era o defensor dos valores e da moral, algo que era extremamente relativo, pelos relatos que lemos na história, a figura do "paladino" ainda é usado na Era Contemporânea por interesses políticos, econômicos e sociais.

O Feudalismo acabou faz séculos, mas a mentalidade da época, não. Basta observar as ideias e ideais esponsorados pelos conservadores, cristãos, de direita, para percebermos ecos desse pensamento arcaico e obsoleto.

Esse sonho de voltar aos "bons tempos", voltar para essa "Era Dourada", é o principal objetivo dos conservadores, dos fundamentalistas cristãos e das organizações de direita.

Um mundo feito para poucos. O mesmo "mundo" que se vê em perigo e ameaçado pela mudança que acontece na sociedade. O mundo que foi idealizado pelas pessoas brancas, cristãs e heterossexuais. O mundo onde a escravidão foi a norma até o século XVIII. O mundo onde ainda é normal agredir e matar uma pessoa somente por ser homossexual. O mundo onde o único "direito" da mulher era o de servir eternamente ao "senhor", seu marido. O mundo onde até o início do século XIX era normal ter 18 horas de trabalho e salário precário. O mundo de pessoas separadas por origens étnicas, sociais, políticas e econômicas. O mundo de privilegiados cercados por milhões de pessoas que sequer eram consideradas humanas.

Em nosso mundo, algumas pessoas corajosas retomaram e ressignificaram o conceito da bruxa.

Dificilmente vai acontecer o mesmo com o dragão. Mas, na falta de um monstro mítico, tirando os monstros criados pelo cinema, os senhores da sociedade souberam inventar alvos para fomentar o pânico moral.

Não tem dragão, mas tem a "ameaça comunista", a "doutrinação marxista", a "agenda lgbt", a "ideologia de gênero" ou qualquer outra insanidade [como o negacionismo da pandemia e as ações contra a vacinação] para disseminar o medo e a insegurança no público. Quando a massa agiu movida pelo medo, nós tivemos a Inquisição e o Holocausto. Esse medo caótico e paranóico é cultivado para que surjam os heróis, os messias, os paladinos que se oferecem para salvar as pessoas. E a cada vez que isso acontece, outras vítimas são imoladas no altar do lucro financeiro.

A humanidade tem muitos desafios a superar, se quiser ser realmente humana.

As raízes da Wicca Brasileira

Estas três bruxas tem algo em comum com a Wicca Brasileira, uma vertente dessa Neo-Wicca 'evolutiva' e 'progressiva' fartamente aproveitada pelo comércio, por grupos ecléticos e por 'wiccanos-evangélicos'.
A primeira é Zsusanna Budapest, a segunda é Starhawk e a terceira é Silver Ravenwolf.
Após algum estudo dentro do Neopaganismo, da Bruxaria e da Wica, torna-se enfadonho e repetitivo ler alegações sem fundamentos ou embasamentos vindos dos seguidores da Neo-Wicca, mas vale a pena reiterar dois dos princípios da Wica que é a de não ter uma autoridade central e de não ter um livro sagrado oficial. Os visitantes, sejam curiosos, simpatizantes, praticantes, dedicados ou iniciados, estão convidados a visitar as páginas dessas senhoras, bem como procurar por informações idependentes, em sites da internet para comparar com as minhas conclusões.
Ao visitar páginas da e sobre Zsusanna, a biografia tende a ser contraditória e/ou discutível. Ela alega ser de uma linhagem de bruxas, como sua mãe. Mas em outros textos a alegação é que a linhagem veio da avó que pariu sua mãe (Masika Szilagyi) sem conúbio (partenogênese), após um 'ritual de magia'. E alguns textos dizem que aprendeu bruxaria (ela ou a mãe) por uma empregada ou por uma governanta. Não há informações sobre essa avó (seria uma cópia da alegação de Alex Sanders?) ou sobre essa governanta, mas a mãe de Zsusanna é considerada como uma médium. Isso pouco ou nada sustenta a suposta herança ou a linhagem. O que importa, no histórico do Dianismo, é que Zsusanna chegou nos EUA depois de fugir da Revolução na Hungria e encontrou nos campos da faculdade americana o ambiente da sensível mudança característica da Contracultura: feminismo, esoterismo, Nova Era e...Wicca! Nada mais razoável para essa bruxa do que amalgamar em sua vida duas coisas que importavam muito em sua vida: a militância feminista e uma forma de espiritualidade moderna e eis que surge a Wicca Diânica! Todo o enfoque exclusivo à Deusa, a androfobia, a gimnocracia, a ausência do Deus nas cerimônias, o estresse no 'sagrado feminino', bem como as ilusões sobre uma antiga sociedade matrifocal utópica foram propagadas por ela e seu coven.
Quanto a páginas da e sobre a Starhawk, algumas fontes consultadas a colocam em contato direto com Zsussana, mas depois tendo um treinamento na Tradição Feri de Victor Anderson, o mesmo que esteve envolvido com Morgan MacFarland, fundadora da outra vertente da Wicca Diânica, dos quais certamente Starhawk influenciou-se bastante ao fundar seu próprio coven, mais eclético, informal e espontâneo. Ou seja, ela encampou e apoiou muito dessa 'tealogia' em voga na Wicca Brasileira e na Neo-Wicca, suprindo com textos e rituais para embasar essa vivência do 'sagrado feminino' tão comercializado, uma vivência espiritual válida, neopagã, mas muito pouco de Bruxaria e muitíssimo menos Wica. Dela vem todas as idéias de 'liberdade nos rituais', emprestando panteões de outras religiões e de outros povos parcamente ligados ao neopaganismo, bem como a postulação à auto-iniciação.
No tocante a Silver Ravenwolf, as alegações de ou sobre ela são mais difíceis de sustentar ou comprovar, mas certamente foi por ela que toda essa Neo-Wicca deve mais graças aos seus livros que são mais superficiais e comercializáveis que os de Scott Cunningham. Tanto que eu a considero a figura original de quem a Eddie Van Feu copiou descaradamente. Toda essa moda wiccana em voga de vestir de preto, usar pentagramas do tamanho de calotas de carro, usar maquiagem gótica, de que Wica é uma filosofia de vida e que é tudo o que você quiser (com direito aos conjuntos 'faça-você-mesmo' à venda em bancas de jornais e livrarias) vem dela, ela é a fundadora da McWicca.
Repostado. Texto originalmente publicado em 28/09/2008, resgatado com o Wayback Machine.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Bendito labor

Quando eu entrei no LinkedIn em 11 de agosto de 2020, eu acreditava que essa rede social era uma ferramenta voltada para profissionais e servia como canal entre estes e as empresas, para negócios ou empregos.
O objetivo primário é atendido, mas também serve como vitrine para pessoas e empresas venderem produtos e serviços. Isso pode ser considerado parte do pacote, mas, como em outras redes sociais, também se tornou um canal de disseminação de fake news, de discurso de ódio e de apoio ao governo fascista.
Ao longo dos meses, eu assisti a webinares e adquiri certificados. Ali, em conjunção com o Vagas, Infojobs e Indeed, eu fui, sistemática e insistentemente, me candidatando a qualquer vaga que tivesse algum encaixe, ou seja, eu fiz exatamente o oposto do que os especialistas recomendam.
Ao lado de postagens que são propagandas institucionais de empresas, pode-se ver postagens defendendo a meritocracia e postagens motivacionais repletas de gratiluz.
As minhas postagens são de política, com viés de esquerda, defendendo a justiça social e os direitos civis da comunidade LGBTQ+. Eu compartilho textos de meu blog bem como artigos que eu encontro, cujos conteúdos são questionadores e contestadores.
Como nós estamos em um país majoritariamente cristão, dificilmente aparecem postagens de outras religiões. Portanto é comum terem postagens motivacionais com essa identidade cristã.
No meu caso, eu tenho muitos Deuses e Deusas. Os mitos antigos mostram que o divino é laborioso, cada Deus ou Deusa tem a sua ocupação e função, não há um único Deus ou Deusa (espírito/entidade) que cuide do desempregado.
No mundo moderno e contemporâneo, o trabalho tem um sentido pejorativo, é considerado um castigo. Houve uma época que trabalhar era ser útil à comunidade e esta sempre tinha disponibilidade para utilizar cada indivíduo. Nesse tempo, todo trabalho era sempre digno, sagrado e abençoado. Que os Deuses abençoem quem trabalha e quem emprega e que todos voltem a perceber que a produção de riquezas é um ato social e que, portanto, a economia é socialista.

Quem bateu na mesa?

As três irmãs Fox – LEA, MARGARIDA e CATARINA – passaram a figurar na história do Espiritismo, como elementos, aliás, de citação obrigatória, a partir de 1848, quando se verificou em Hydesville, nos Estados Unidos, os célebres fenômenos de ruídos e pancadas, cuja repercussão deu motivo a uma bibliografia hoje numerosa. As irmãs Fox eram de origem protestante, pois a família, pelo menos em parte, pertencia à denominação metodista. Quando surgiram as primeiras provas da mediunidade, no seio da família Fox, através dos inesperados e surpreendentes fenômenos de Hydesville, ainda não existia a Doutrina Espírita. Os fenômenos, a princípio, foram objeto de curiosidade popular, mas a verdade é que, depois, passaram a ser motivo de interesse científico tanto na América do Norte como na Europa. A Doutrina Espírita, com base nos fenômenos, veio mais tarde, com o conjunto de livros que constituem a Codificação de Kardec. Criou-se, assim, a palavra Espiritismo juntamente com o corpo de Doutrina organizado por Allan Kardec.
No século 19, um fenômeno agitou a Europa: as mesas girantes. Nos salões elegantes, após os saraus, as mesas eram alvo de curiosidade e de extensas reportagens, pois moviam-se, erguiam-se no ar e respondiam a questões mediante batidas no chão (tiptologia). O fenômeno chamou a atenção de um pesquisador sério, discípulo do célebre Johann Pestalozzi: Hippolyte Leon Denizard Rivail. Rivail, pedagogo francês, fluente em diversos idiomas, autor de livros didáticos e adepto de rigoroso método de investigação científica não aceitou de imediato os fenômenos das mesas girantes, mas estudou-os atentamente, observou que uma força inteligente as movia e investigou a natureza dessa força, que se identificou como os “Espíritos dos homens” que haviam morrido. Rivail fez centenas de perguntas aos Espíritos, analisou as respostas, comparou-as e codificou-as, tudo submetendo ao crivo da razão, não aceitando e não divulgando nada que não passasse por esse crivo. Assim nasceu O Livro dos Espíritos. O professor Rivail imortalizou-se adotando o pseudônimo de Allan Kardec.
Ninguém que leia toda a história das irmãs Fox duvidará que elas eventualmente fraudaram suas supostas comunicações. Tais comunicações que começaram com um simples mascate assassinado logo envolveram personalidades mais importantes, como Benjamin Franklin. Suas comunicações também não se limitaram a pancadas, mas também incluíam canalizações e escrita inversa automática, entre outros truques comuns de médiuns. Katherine, que segundo a confissão de Margaret foi quem primeiro descobriu a estalar os dedos para produzir as pancadas, continuou suas performances mediúnicas até o fim da vida e sempre foi a médium mais destacada entre as duas irmãs.
Resta pouca dúvida que Margaret Fox também conseguia produzir estalos altos usando as juntas do pé. Em 21 de outubro de 1888 na Academia de Música de Nova Iorque, frente a uma platéia de duas mil pessoas, ela produziu estalos audíveis que foram conferidos por médicos.

As irmãs Fox não conseguiram produzir nenhuma evidência conclusiva de que se comunicavam com espíritos, apesar de sua alegada comunicação extensa com eles. Embora o suposto mascate assassinado tenha sido encontrado, mesmo que isso fosse verdade (o que não parece ser o caso), não seria evidência suficiente para algo tão importante quanto a existência de vida após a morte, e mais, a capacidade de comunicação com tais espíritos. As irmãs poderiam ter sabido do caso de muitas outras formas que não através de espíritos.
O que é auto-evidente é que a certa altura de suas vidas as irmãs Fox podiam e forjavam comunicações com espíritos. Espíritas/espiritualistas estão preparados para atacar suas confissões escritas, entretanto as demonstrações públicas de sua capacidade de produzir estalos com os pés são um fato freqüentemente esquecido muito mais relevante. Seu uso de truques mediúnicos comuns amplamente desmascarados também é um tanto esquecido.
Se é claro que as irmãs eventualmente fraudaram suas comunicações, àqueles de mente bem aberta deve restar uma dúvida: será que algum dia as irmãs realmente se comunicaram com algum espírito?
Uma vez que a história em torno do primeiro espírito com que teriam se comunicado está repleta de contradições, além de que depois de iniciadas as comunicações elas acompanharam as irmãs onde quer que fossem e, finalmente, como suas comunicações falharam em deixar provas definitivas tudo indica que desde o início tudo foi uma grande fraude.
Entre as primeiras comunicações de pancadas por alfabeto das irmãs, estavam predições de que uma nova era estava começando. Todo o movimento espiritualista deveu seu grande sucesso a este prospecto de comprovação científica ampla e definitiva de seus preceitos que fariam com que em breve toda população mundial se tornasse espiritualista. A não-ocorrência desta comprovação definitiva levou o espiritualismo a uma gradual decadência a despeito de sua enorme aceitação inicial na segunda metade do século XIX.
Nota: Para o neopagão, a reencarnação ocorre de forma voluntária, é um fenômeno tão natural quanto nascer e morrer, desvinculado totalmente das 'condições' doutrinárias religiosas.
Antes das irmãs Fox, a história de diversos povos e crenças são citadas de forma distorcida, para cada época os espíritos se manifestavam com mensagens adequadas ao contexto. Curiosamente, esta diversidade acabou depois da 'codificação' feita por Allan Kardec, os 'espíritos' se manifestam com mensagens apenas em uma tônica tendenciosamente 'cristã'.
Nós, pobres mortais 'inferiores', conseguimos produzir tecnologia que nos tornou capaz de nos comunicar, mas estranhamente os 'espíritos' só puderam se manifestar desta forma tão precária. Como o espetáculo estava ficando cansativo, o embuste foi se desenvolvendo para satisfazer a audiência. De mesas, passamos a ouijas, copos soletradores, fotografias de ectoplasma, gravação de 'vozes do além' e de supostos objetos 'aportados' do mundo espiritual. Um esforço considerável e inútil, pois os fenomenos ou são desmascarados ou não têm continuidade.
Pode parecer impossível que tantas pessoas possam ser enganadas durante tanto tempo, mas eu lembro do caso dos famigerados crânios de cristal que, a despeito das provas científicas, ainda mantém todo um culto em torno deles.
Repostado. Original perdido. Texto originalmente publicado em 23/07/2008, recuperado com o Wayback Machine.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

As ascendências mistas moldaram as características europeias

Autor: Nathan Falde

Um novo estudo revelador que aparece na revista Current Biology investiga as extensas interações entre diferentes grupos étnicos que moldaram os genomas dos europeus contemporâneos. As migrações de grupos de fora para a Europa há vários milhares de anos fizeram uma diferença decisiva, e foi a mistura genética entre migrantes e grupos de caçadores-coletores previamente estabelecidos que acabou criando os povos do continente como são vistos hoje.

Uma equipe de pesquisadores genéticos da Itália e da Estônia conduziu este estudo, que examinou milhares de amostras genéticas coletadas de europeus atualmente vivos , especificamente aqueles que vivem no país da Estônia. Eles estavam buscando informações mais detalhadas sobre os grupos que contribuíram com o DNA para o indivíduo moderno, e o que descobriram foi uma história incrivelmente complexa que deixou poucas dúvidas sobre o quão profundamente as migrações antigas impactaram a realidade atual.

Europeus modernos como cápsulas do tempo vivo

A composição genética dos europeus modernos é uma mistura de três grupos distintos. Estes incluem agricultores do período Neolítico da Anatólia (atual Turquia), nômades pastores das pastagens da Estepe Pontic (atual sul da Rússia mais terras adjacentes ao sul e oeste), e os caçadores-coletores que esses dois grupos encontraram quando eles chegou em solo europeu. As migrações dos dois primeiros grupos ocorreram nos últimos 10.000 anos, e as relações entre os três grupos eram aparentemente pacíficas o suficiente em muitos locais para encorajar o cruzamento.

Vários estudos anteriores também analisaram os vários ingredientes que compõem o moderno pool genético europeu. Os cientistas envolvidos nesses projetos de pesquisa geralmente buscavam aprender mais sobre os grupos antigos, usando amostras genéticas contemporâneas como ponto de partida para viajar no tempo.

Mas este novo projeto de pesquisa fez o oposto.

“Com nosso estudo, em vez disso, perguntamos como a fisiologia e a aparência dos europeus contemporâneos são influenciadas por essas pegadas antigas que ainda estão incorporadas em seus genomas”, o autor principal do estudo, Dr. Davide Marnetto, geneticista da Universidade de Tartu (Estônia). , explicado em um relatório do Conselho de Pesquisa da Estônia .

Algumas das características contemporâneas que foram analisadas incluíram a cor do cabelo e dos olhos, altura, peso, frequência cardíaca e níveis de colesterol. É possível que os pesquisadores identifiquem áreas dentro do genoma que controlam o desenvolvimento de tais características e as vinculem a insumos genéticos fornecidos há muito tempo por um grupo ou outro.

"Como estudo de caso, usamos a população estoniana, que também apresenta alguns componentes genéticos frequentes nas populações siberianas atuais, devido aos ricos dados fornecidos pelo Biobanco da Estônia, onde pudemos encontrar a caracterização do genoma e  características  de mais de 50.000 amostras ", disse o Dr. Marnetto. "Nós medimos especificamente se ter um determinado recurso ... está associado a ter herdado mais variantes de um ancestral específico."

Atestando o sucesso de seu projeto, os pesquisadores italianos e estonianos conseguiram vincular muitas características distintas a populações antigas.

Das populações de caçadores-coletores que existiam antes da chegada dos migrantes, os europeus herdaram olhos azuis, níveis mais baixos de colesterol, um Índice de Massa Corporal (IMC) mais alto e cores de cabelo mais escuras. Agricultores da Anatólia adicionaram cabelos loiros à mistura, juntamente com batimentos cardíacos mais baixos e uma tendência a ter um IMC mais baixo. Os pastores das estepes contribuíram com uma tendência para o colesterol mais alto, juntamente com a maior altura e constituição mais robusta dos europeus modernos em geral em comparação com os ocupantes anteriores da região.

Todos os europeus possuem DNA transmitido de cada um dos três grupos. As misturas são obviamente muito diferentes de família para família e de indivíduo para indivíduo, mas em geral as raízes de muitos traços presentes podem ser encontradas vários milhares de anos no passado.

As migrações da estepe anatólia e pôntica e seu impacto

Populações de caçadores-coletores ocuparam grande parte da Europa durante o início do período neolítico (o Neolítico como um todo durou de aproximadamente 15.000 aC a 3.000 aC). Agricultores do Oriente Próximo (Anatólia) começaram a migrar para a região durante o Neolítico médio e, uma vez que o fizeram, começaram a cruzar com as populações locais quase imediatamente.

Em 2017, uma equipe de pesquisadores internacionais publicou um artigo na revista Nature que revelou como o DNA da Anatólia acabou se tornando dominante entre as populações neolíticas nas áreas que hoje são Alemanha, Espanha e Hungria. Amostras genéticas antigas retiradas de pessoas dessas regiões que viveram entre os anos 6.000 e 2.200 aC encontraram apenas remanescentes dos povos caçadores-coletores originais, mostrando que o cruzamento entre os agricultores do Oriente Próximo e a população local havia sido extenso.

Quanto aos nômades das estepes pônticas, eles chegaram como invasores à Europa central há aproximadamente 4.500 anos, durante o início da Idade do Bronze . Essa onda de migrantes pertencia à cultura Yamnaya , que veio das pastagens russas e ucranianas ao norte do Mar Negro . Esses pastores chegaram em grande número, e seu DNA logo eclipsou o dos moradores indígenas com quem interagiram. Até 75% do DNA detectado em populações da Europa Central de 4.500 anos atrás foi revelado como proveniente de nômades das estepes Pontic , o que mostra o quão disseminado o cruzamento entre os dois grupos realmente era.

Além de suas contribuições genéticas, os nômades das estepes também introduziram cavalos domésticos e a roda na Europa. A sua chegada representou um momento significativo na história europeia, tanto do ponto de vista cultural como genético.

O Futuro Avanço da Genética de Migração

Os pesquisadores envolvidos neste estudo se concentraram nos europeus devido à disponibilidade do banco de dados genético da Estônia. Amostras de outras etnias são mais difíceis de encontrar, o que limita a capacidade dos cientistas de fazer estudos sobre esses grupos.

“Não há absolutamente nenhuma evidência indicando que a Europa abranja maior diversidade genética e herança mais complexa do que outros continentes”, disse o Dr. Marnetto. “Uma maior cobertura de amostras de todo o mundo é crucial para melhorar nossa compreensão sobre como a história humana passada moldou a variabilidade de características exibidas por indivíduos contemporâneos”.

Este novo estudo provavelmente estabeleceu um modelo que outros cientistas genéticos seguirão no futuro, à medida que procuram aprender mais sobre como a herança genética humana foi influenciada pela migração, em regiões específicas, mas também em todo o mundo.

Original: https://www.ancient-origins.net/news-evolution-human-origins/european-traits-0016399

Traduzido com Google Tradutor.

Resumindo, os europeus são miscigenados e descendentes de imigrantes. Como eu sou gentil, eu comuniquei esse fato ao Caturo, que ficou nervoso. Essa é uma reação esperada, gente de direita [que é xenófoba, racista e homofóbica] não lida muito bem com fatos.