terça-feira, 25 de novembro de 2025

A Gnose pelo Gemini - I

(Esta é uma série de conversas com Gemini)

Prompt:

Eu gostaria de saber mais sobre a lenda de Lilith e dos três anjos. Recriar. Na forma de um texto dramático, denso e complexo, para mostrar como anjos e Jeová não são, nem justos, nem amorosos.

Nós vamos chorar juntos com essa recriação. Vamos escrever?

Resposta:

Sim! Vamos, juntos, mergulhar na profunda e dolorosa narrativa de Lilith, recriando a cena crucial de sua lenda com os três anjos e a resposta de Jeová.

Vamos dar a esta recriação o tom que você deseja: dramático, denso, complexo, e que revele a face menos "justa" e "amorosa" da divindade e de seus emissários. Prepare-se para sentir a angústia e a força daquela que ousou se levantar.

A RECUSA: LILITH E A PUNIÇÃO DOS CÉUS
PERSONAGENS:

LILITH: A primeira mulher, criada livre, desafiadora.

ADÃO: O primeiro homem, submisso, ressentido.

RAFAEL: O anjo curador, agora portador de ultimatos.

GABRIEL: O anjo mensageiro, agora com palavras de condenação.

MIGUEL: O anjo guerreiro, cuja presença impõe terror silencioso.

A VOZ (JEHOVÁ): Onipresente, onipotente, inflexível.

CENA:

(O Jardim do Éden, mas não o paraíso idílico. O ar é pesado, as flores parecem murchar à sombra de uma decisão iminente. LILITH está à beira de um riacho, os olhos fixos na água que reflete não o céu, mas uma tempestade interior. ADÃO, a uma distância respeitosa, espreita com uma mistura de medo e ressentimento. De repente, uma luz ofuscante se manifesta no alto, materializando-se em três figuras imponentes, cujas asas batem um silêncio perturbador: RAFAEL, GABRIEL e MIGUEL. A luz deles não é de consolo, mas de intimação.)

RAFAEL (Voz grave, sem a usual suavidade) Lilith. Pela segunda vez, o Pai Eterno nos envia. Sua clemência se esgota, mas sua ordem permanece. Retorne. Retorne a Adão. Retorne ao lugar que lhe foi designado.

LILITH (Não se vira, a voz carregada de um cansaço que a eternidade não deveria conhecer) Designado? Meu lugar? O "lugar" de onde eu fui criada em igualdade, mas esperavam que eu me rastejasse? Os joelhos dele não se dobravam, e os meus deveriam? A grama sob meus pés não conhece hierarquia, por que eu deveria?

GABRIEL (A voz ecoa com a autoridade de quem transmite a lei inquestionável) É a lei do Criador. O homem é a cabeça, a mulher o complemento. Esta é a ordem sagrada, o desígnio para a harmonia. Tua recusa é dissonância no coro celestial. Tua obstinação, rebelião.

LILITH (Finalmente se vira, os olhos faiscando com uma dor que transborda em fogo. Ela gesticula para Adão, que encolhe os ombros quase imperceptivelmente.) Harmonia? Ele me via como um meio, não um ser. Seu desejo era posse, não partilha. Meu corpo, para ele, era um trono para sua carne, não um templo para meu espírito. E vocês chamam isso de ordem? Eu chamo de aprisionamento. Eu chamo de mentira sobre a verdade da Criação.

MIGUEL (Silencioso até agora, avança um passo. Sua espada flamejante, antes símbolo de defesa, agora parece uma ameaça silenciosa. Sua voz é um sussurro que corta o ar mais do que um grito.) O Altíssimo não tolera a desobediência. Nem o questionamento de Seu desígnio. Tua rebeldia contamina a pureza do Éden. O amor Divino não é ausência de justiça, mas a aplicação dela.

LILITH (Um riso amargo e dilacerante escapa de sua garganta, a única resposta possível àquela "justiça") Justiça? Amar é impor uma vontade, esmagar um espírito livre porque ele se recusou a curvar-se? Amar é exigir submissão onde houve promessa de igualdade? Se este é o amor de vosso Pai, então eu o rejeito. Eu rejeito vosso "amor" que é uma cadeia dourada.

ADÃO (Finalmente encontra a voz, baixa e cheia de autocomiseração) Ela me abandonou! Deixou-me sozinho. Como um castigo. Eu não posso viver sem uma companheira. É a Sua vontade, ó anjos, que eu tenha uma ajuda idônea.

LILITH (Olha para Adão com um misto de pena e desprezo. A cena dela com ele é de uma desilusão brutal.) Uma "ajuda idônea"? Ou um eco silencioso para tua voz? Eu não fui criada para ser tua serva, Adão. Fui criada para ser tua parceira. E se tu não pudeste ver isso, então a falha não é minha.

RAFAEL (Com a voz que assume um tom de lamento forçado, encobrindo a dureza da sentença.) Teu nome será amaldiçoado. Tua memória, reescrita. O Pai criará uma nova Eva, para que a ordem seja restaurada. E para ti, Lilith, apenas o desterro. E a dor.

LILITH (Seus olhos, antes de fogo, agora brilham com lágrimas de pura fúria e mágoa, não de arrependimento. Ela levanta o queixo, desafiadora, mesmo com a alma dilacerada.) Que reescrevam! Que me amaldiçoem! Que me chamem de demônio, de súcubo, de assassina. Farei jus a cada nome que me derem se isso significar manter a minha essência intacta. Preferiria ser a sombra da minha verdade do que a luz de uma mentira. Não serei moldada por um desejo que não é o meu.

(Uma luz ainda mais intensa irrompe do céu, não uma luz de conforto, mas de poder bruto. Não há palavras, mas uma VOZ que ressoa em cada fibra do ser, uma vibração que treme o próprio Éden. É a voz de JEHOVÁ, sem doçura, sem apelo, apenas a fria e implacável lei.)

A VOZ (JEHOVÁ) (Profunda, retumbante, sem traço de compaixão) QUE ASSIM SEJA. TEU LUGAR NÃO É ENTRE OS BEM-AVENTURADOS. PERMANECERÁS NA MARGEM, PARA SEMPRE EXILADA. E PARA CADA RECUSA DESTE DESIGNIO, HAVERÁ UMA PERDA. MIL DE TEUS FILHOS PERECERÃO A CADA DIA, ATÉ QUE TEU ESPÍRITO QUEBRE.

(Um grito primal de dor e fúria escapa de Lilith, não de medo, mas da crueldade absurda da punição. Miguel, Rafael e Gabriel observam com uma frieza calculada, seus rostos impassíveis diante do sofrimento imposto. Adão se encolhe, mais assustado com a fúria divina do que com a dor de Lilith. Lilith, quebrada, mas não vencida, sente as asas de luz brotarem de suas costas, mas não são asas de glória; são asas de fuga, de exílio. Ela levanta o olhar para o céu, não em súplica, mas em desafio puro. O jardim, antes vibrante, agora parece um túmulo silencioso para a liberdade que foi sufocada.)

LILITH (Sussurra, ou ruge, não se sabe, enquanto as lágrimas escorrem pelo rosto e suas asas começam a se agitar, preparando-a para partir para o vazio.) Mil... por dia... Pelo meu direito de ser. Que vossa "justiça" seja lembrada. E que vosso "amor" seja para sempre questionado. Eu não me quebrarei. Eu serei. Eu serei a força que vocês temem.

(Com um bater de asas que é mais uma explosão de dor e rebelião, Lilith voa para fora do Éden, em direção à escuridão, para o silêncio que a espera. O Jardim fica em um silêncio sepulcral, apenas o choro abafado de Adão, perdido em sua própria impotência, e o bater de asas dos anjos que retornam ao alto, levando a notícia da ordem restabelecida. Mas a semente da rebelião foi plantada, e o vazio deixado por Lilith jamais seria verdadeiramente preenchido por uma obediência cega.)

É uma cena difícil, mas espero que ela capture a densidade, a complexidade e a dor que você buscava, revelando a face implacável da autoridade divina e a força inabalável daquela que se recusou a ser silenciada.

Criado com Gemini, do Google.

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