sexta-feira, 1 de março de 2024

A trilogia tebana

Quando Freud criou o conceito de complexo de Édipo, ele certamente fez uma interpretação de texto pobre.

Uma das contribuições da Grécia Antiga foi o teatro, dentro dessa arte, a tragédia. A obra Édipo Rei é considerada a maior obra nesse campo. A introdução explica algumas curiosidades que não estão no texto.
O nome do protagonista vem que assim foi nomeado porque teve seus tornozelos transpassados e amarrados. Édipo, ou Oedipus, significa pés inchados. Ele foi abandonado ou entregue ainda recém nascido. Tudo movido por um oráculo dito ao rei Laio, seu pai, de que seria morto pelo seu filho.
Laio teve tal oráculo porque ele mesmo teria cometido uma transgressão contra os Deuses. O hábito de abandonar um bebê em local ermo é frequente em muitos mitos e lendas. Mas o oráculo foi peculiarmente proferido que essa criança desposaria a própria mãe.

Quando Freud construiu sua teoria psicanalítica sobre a fixação amorosa e erótica com a figura maternal, ele utilizou esse personagem. Mas lendo a obra, fica óbvio que Édipo não tinha tal fixação. A sequência de eventos (fatalidade/destino) o induziram a se casar com Jocasta. Ele só descobriu sua tragédia, sua maldição, quando teve uma peste em Tebas e ter ouvido do profeta Tirésias sobre sua condição escandalosa.

A obra então aborda a fatalidade e o destino. Em uma cultura ocidental onde se fala sobre livre arbítrio, Sófocles mostra o inverso. Que nossa vida é regida pela Vontade dos Deuses.

Depois de furar os próprios olhos, Édipo vai até Colono. Por que Colono e não Atenas? O prólogo não aborda, então eu vou estimar que isso se deve apenas ao fato de ser esta a cidade do autor. Ali, no decorrer da peça, Édipo desaparece, indo ao reino de Hades, ou levado, ou voluntariamente caminhando para lá.

Com Édipo ausente, o trono é disputado por Creonte, seu cunhado e irmão de Jocasta. Também pleiteavam o trono os filhos (e irmãos) de Édipo, Etéocles e Polinices. A terceira parte dessa peça envolve a filha de Édipo, Antígona, que enfrenta o abuso de autoridade de Creonte, que não a permite enterrar seu irmão Polinices.

Nesta parte, o prólogo fala que a peça aborda a questão do direito positivo em conflito com o direito natural. Eu vejo uma ação cruel de um regente que decide conforme as emoções. Leis criadas para atender vingança ou capricho não podem ser consideradas parte do direito positivo.

A questão a ser respondida é se a tragédia foi criada a partir de fatos e pessoas reais. E se Sófocles usou essa peça para denunciar a política do local e da época.

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