quarta-feira, 6 de março de 2024

Milei veta linguagem inclusiva

O governo do presidente argentino de extrema direita Javier Milei anunciou a expansão da proibição do uso de linguagem inclusiva no país. A medida, que inicialmente tinha sido aplicada nas Forças Armadas e nos órgãos ligados ao Ministério da Defesa, foi estendida a todos os setores da administração pública, conforme o porta-voz presidencial Manuel Adorni.

Nesta terça-feira (27), Adorni afirmou que o governo “iniciará procedimentos para abolir a linguagem inclusiva e a perspectiva de gênero em toda a administração pública nacional” e que “a língua que contempla todos os setores é o espanhol”.

Ainda segundo o porta-voz, o tema faz parte de “um debate” que o governo não irá participar porque “as perspectivas de gênero também têm sido usadas como negócio da política, e isso não tem discussão”.

A resolução estabelece diretrizes específicas, proibindo o uso de elementos da linguagem inclusiva, como a letra 'e', o arroba, o 'x' para citar gêneros, e evitando inclusões desnecessárias do feminino nos documentos da administração pública. Nas Forças Armadas, também são vetados termos como "sargenta" para mulheres e "soldadxs" para pessoas não-binárias.

A medida representa uma mudança na abordagem linguística adotada pelas instituições de Estado, que, embora anteriormente discricionária, passaram a adotar a linguagem inclusiva como regra habitual em muitos setores.

O Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), que adotava a linguagem inclusiva, teve seu fechamento anunciado na semana passada, sendo incluído em uma lista de órgãos que, segundo Adorni, "não servem para nada".

A linguagem inclusiva é uma forma de comunicação que busca evitar o uso de expressões ou palavras que possam ser consideradas excludentes de certos grupos ou indivíduos, com o intuito de promover a igualdade e a diversidade. Ela é especialmente relevante em contextos que envolvem gênero, raça, idade, capacidade, orientação sexual, entre outros aspectos da identidade e experiência humana.

No âmbito do gênero, por exemplo, a linguagem inclusiva procura utilizar termos que não reforcem estereótipos ou que não excluam gêneros não binários ou pessoas que não se identificam exclusivamente como masculino ou feminino. Isso pode envolver o uso de termos neutros em termos de gênero, o emprego de pronomes que a pessoa prefira (como eles/delas em português ou they/them em inglês), ou ainda a alternância entre feminino e masculino em comunicações para abranger todos os gêneros.

Além disso, a linguagem inclusiva pode abordar formas de se referir a grupos étnicos, pessoas com deficiência, e outras minorias de forma respeitosa e precisa, evitando termos pejorativos ou generalizações. O objetivo é promover um ambiente mais acolhedor e justo, reconhecendo e respeitando as diferenças entre as pessoas.

É importante notar que a linguagem inclusiva pode variar significativamente entre diferentes culturas e idiomas, e o que é considerado inclusivo em um contexto pode não ser em outro. Além disso, ela está em constante evolução, refletindo mudanças nas normas sociais e nos entendimentos sobre identidade e inclusão.

Fonte: https://www.brasil247.com/americalatina/governo-milei-amplia-proibicao-do-uso-de-linguagem-inclusiva-para-todos-os-setores-da-administracao-publica

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