Ele avalia que parte dos eleitores já concordavam com opiniões e ideias radicais, mas não se expressavam por medo de “ostracismo social”.
O especialista aponta que a extrema-direita tem “líderes pouco qualificados” e tem obtido apoio ao redor do mundo com a adesão de políticos maiores e mais conhecidos às suas ideias.
Leia o texto de Vicente Valentin na íntegra:
As eleições portuguesas de ontem realçam uma tendência comum: o apoio à extrema-direita cresce muitas vezes muito rapidamente.
Sabemos, porém, que as pessoas não mudam de ideia tão rapidamente. O que pode explicar esta velocidade de crescimento?
Eu trato dessa questão em meu livro, que será lançado este ano.
No livro, argumento que isto acontece porque o crescimento da extrema-direita deve ser entendido (pelo menos parcialmente) como um processo de normalização.
Muitas pessoas já tinham opiniões de extrema-direita, mas não as expressavam porque temiam o ostracismo social.
Como consequência, a extrema-direita tinha, na sua maioria, líderes pouco qualificados, que eram incapazes de mobilizar até mesmo os eleitores que concordavam privadamente com eles.
Mas, uma vez que políticos qualificados se juntem à extrema-direita (como Ventura em Portugal), são capazes de atrair o apoio destes eleitores.
Quando o fizerem, poderão crescer com uma rapidez impressionante, porque esse crescimento não exige uma mudança real nas preferências políticas das pessoas (o que é um processo de longo prazo).
Requer simplesmente que as pessoas comecem a agir de acordo com o que já pensavam em particular.
Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/professor-de-oxford-explica-ascensao-da-extrema-direita-normalizacao/
Nota: eu vi que muitos comentaristas estão espantados em ver brasileiros votarem em um partido de extrema direita em Portugal, que tem, inclusive, um integrante negro. A extrema direita não pode ser resumida em um rótulo, um líder ou um partido, mas nos ideais. Ainda que seja suicídio, a falta de consciência política, social e histórica faz pessoas comuns elegerem representantes de extrema direita. Na época do III Reich tinham judeus que colaboravam com o regime. Pessoas fazem isso na ilusão ou esperança de ter algum ganho ou tratamento especial. Mas serão descartados quando não forem mais úteis.
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