terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Falando em guerra cultural

Dois artigos, um do Jason Mankey e outro publicado no Wild Hunt.

O jornal Atlantic publicou um texto de David Wolpe de título "O retorno dos pagãos".

O subtítulo é sugestivo:
"Abrace uma árvore ou uma nota de um dólar e o pagão que há em você brilhará."

Passou desapercebido o texto de Ted Peters, na coluna Public Theology, na seção Progressive Christian, no Patheos, de título "Os Cristãos Estão Perdendo A Guerra Cultural?"

Segundo o Wikipédia:
Uma guerra cultural é um conflito cultural entre diferentes grupos sociais que lutam para impor suas próprias virtudes, crenças e práticas à sociedade.

Nesse sentido, o Cristianismo é quem está em guerra cultural. Desde que se tornou a religião oficial do Império Romano, através de suas organizações religiosas, o Cristianismo parece adorar a guerra. Marte e Ares aplaudiram, se não fosse o problema que adoram outro Deus.
Que é descrito como Senhor dos Exércitos. Não é mera coincidência que as religiões abraâmicas tenham tanta afinidade com o pensamento militar. Também não é mera coincidência que o Cristianismo tenha uma postura conservadora, tenha se associado com a extrema direita e se manifeste de forma tão fundamentalista.

Isso explica muito o esforço do John Stonestreet em distorcer os fatos. De uma efeméride, como o anúncio da "palavra do ano", John usa para fazer seu discurso de ódio enrustido de sermão contra a comunidade LGBT.

Para Jason:
"Como muitos monoteístas, Wolpe está convencido de que a cosmologia de sua religião é a única maneira correta de pensamento, e que o monoteísmo é superior a outros credos."

Mas a coisa é pior. Wolpe entra com uma identificação do Paganismo de direita e de esquerda. Pior ainda, coloca em torno do credo dele uma auréola de perfeição e santidade inexistentes. Não faltam notícias e registros históricos mostrando que os "piedosos" cristãos não são melhores que qualquer outra pessoa.
A adulação do poder, da riqueza, está incrivelmente presente na história do Cristianismo e na Igreja. Mas o cristão aprecia desfilar e exibir essa santidade imaginada.

Para Manny Moreno (Wild Hunt):
"Não está claro como o conselho editorial do Atlantic chegou a Wolpe como um estudioso do paganismo, moderno ou clássico. Essa falta de familiaridade é evidente no artigo.

Esta edição da The Atlantic nunca menciona o monoteísmo como uma fonte do patriarcado, ou como tem sido central para a autocracia e o abuso durante milénios.

Nunca há uma menção de como as histórias do capitalismo centrado na ganância e a propagação do monoteísmo estão intimamente interligadas.

Nunca há uma menção de como o monoteísmo mina a moralidade social e a empatia.

Os pagãos foram submetidos e continuam a ser perseguidos por parte dos monoteístas."

Isso não explica a razão dessa postura. Não convém para a Igreja e seus defensores falar dos fatos. Desde sua invenção, o Cristianismo é um projeto de dominação.
De uma heresia que surgiu no meio do Judaísmo, usou de todos os meios para conquistar o domínio. Pouco depois de ser decretada como a única religião permitida e oficial, templos e estátuas foram destruídas. Os Deuses Antigos foram transformados ou em santos ou em demônios.
Para que isso funcionasse, foi tolerado e permitido o sincretismo. Mas isso apenas gerou as heresias, o que ensejou o crime contra a humanidade conhecido como Santo Ofício.
Mas o monólito trincou por si só. Veio o Cisma entre o Ocidente e o Oriente. Veio a Reforma e o Protestantismo. Aconteceu o embaraçoso abraço da Igreja com a extrema direita. Atualmente, padres e pastores disseminam discurso de ódio enrustido de sermão.
Se há uma guerra cultural, o Cristianismo está fadado a perder, por causa de "fogo amigo".
Quando sumir, a humanidade irá ter uma chance de ter um futuro.

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