A programação foi iniciada com um café da manhã, servido no terreiro, que fica no bairro de Itapuã. Em seguida, foi realizada uma caminhada com diversas representações religiosas, movimentos sociais, culturais e toda comunidade, com o encerramento do ato no palco montado no Busto de Mãe Gilda, na Lagoa do Abaeté, também em Itapuã.
Vestido de branco, o público participou do ato ao som dos atabaques e xequeres, samba de roda e ritmo de afoxé.
Além do bairro de Itapuã, um um grande Xirê - palavra Yorubá que significa roda, ou dança para a evocação dos Orixás conforme cada nação - e ritual de plantio de baobá ao som do Afoxé Omorobá e do Samba das Obás foi realizado no Parque Pedra de Xangô, no bairro de Cajazeiras 10.
O evento, organizado por Mãe Diala, do Ilê Asè Baba Ulufan Alá, e Pai Josias do Ilê Asè Obá Paleomon, contou com a presença das Matriarcas da Pedra de Xangô. A Pedra de Xangô é um sítio natural sagrado afro-brasileiro, sede de uma Área de Proteção Ambiental e patrimônio cultural reconhecido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) e patrimônio geológico de relevância nacional reconhecido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi estabelecido através da Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, e visa reforçar o enfrentamento a prática criminosa que teve a pena endurecida em janeiro de 2023, com até cinco anos de reclusão.
A mudança se deu através da Lei que equipara crimes de injúria racial a racismo, e que também protege a liberdade religiosa. Na Bahia, 94 casos de racismo religioso foram registrados nos últimos cinco anos pela Associacao Brasileira de Preservação da cultura afro-ameríndia (AFA).
O governador Jerônimo Rodrigues anunciou na última sexta-feira (19), a criação da Ronda Omnira de Proteção à Liberdade Religiosa, um ronda policial que tem o objetivo de combater a intolerância religiosa, atendendo as demandas de vítimas desse tipo de crime.
O anúncio foi feito durante a Sexta da Paz, evento alusivo realizado no Largo do Pelourinho, em Salvador, que antecedeu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
O governador entregou duas novas viaturas para o patrulhamento. A Ronda Omnira - expressão em yorubá para liberdade - é uma iniciativa do Grupo de Trabalho Permanente pela Igualdade Racial do Departamento de Promoção Social da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), e é um serviço administrativo e operacional especializado na condução das ocorrências delituosas ligadas aos terreiros de matriz africana na capital baiana.
A operação será conduzida pelo Departamento de Promoção Social (DPS) da PM-BA que, através do Grupo de Trabalho Permanente pela Igualdade Racial (GTPIR), promoverá rondas circunscritas. Um efetivo de 22 homens e mulheres da Polícia Militar da Bahia atuarão em espaços de sacralidade de matriz africana e em questões ligadas à intolerância religiosa e ao racismo estrutural.
Há 17 anos, o 21 de janeiro se tornou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Foi nessa data que morreu, no ano de 2000, Mãe Gilda. Ela chegou a ser agredida na cabeça com uma Bíblia. O terreiro no bairro de Itapuã também sofreu ataques e ela foi acusada de charlatanismo.
Gildásia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda de Ogum, fundou o Ilê Axé Abassá de Ogum, Terreiro de Candomblé, em 1988, nas imediações da Lagoa do Abaeté.
Foi iniciada no Candomblé em 1976 no Terreiro de Oya, ao completar sete anos de iniciada na religião recebe o cargo de yalorixá e em 6 de outubro de 1988 registrou seu terreiro, de nação Ketu, na Federação do Culto Afro. Mãe Gilda foi uma ativista social e se destacou pela sua personalidade forte e grande participação em ações para a melhoria do bairro de Nova Brasília de Itapuã.
Com a saúde fragilizada em decorrência de agressões morais ocasionadas por intolerância religiosa, Mãe Gilda faleceu deixando seu legado com a filha Jaciara Ribeiro dos Santos.
Fonte: https://g1.globo.com/google/amp/ba/bahia/noticia/2024/01/21/atividades-e-caminhada-marcam-dia-nacional-de-combate-a-intolerancia-religiosa-em-salvador.ghtml
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