quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Etérea, paraíso LGBT



Até a década de 90, século XX, empresas e agências de publicidade deitaram e rolaram, com estratégias de marketing voltados ao público infantil.
Em 1983 a Mattel lançou o brinquedo do He-Man e só depois veio a série de animação.
O sucesso resultou na produção da série She-Ra (1985), voltado para as meninas, mas com características iguais ao seriado He-Man.

Em 2018, a DreamWorks e a Netflix (eu não estou ganhando um centavo com isso) lançou o reboot.
Mas muita coisa mudou nesses anos. As empresas estão cooptando a bandeira LGBT, tentando ser (ou, ao menos, se esforçando) mais inclusivas.
Em 1985, o pessoal careta reclamou que a She-Ra era muito sensualizada. Em 2018 o mesmo pessoal reclama que a She-Ra é muito masculinizada.

Esse seriado inclui dois casais homossexuais e introduz um histórico em relação ao Hordak no mínimo instigante.
Hordak é mostrado como um mero clone do Mestre da Horda, então a nova narrativa dá a entender que Hordak faz o que faz porque quer "mostrar serviço" ao seu irmão mais velho.
O Mestre da Horda, por sua vez, segue o padrão de muitos vilões. O mundo, as pessoas, são imperfeitas, então tudo tem que ser purificado e tornado um reflexo da perfeição do Mestre. Isso são familiar? Essa é a ideologia do fundamentalismo cristão e da extrema direita.

O núcleo de personagens tem um autoconhecimento, se descobrem e evoluem.
Peculiar é ver os capangas do Hordak serem, aos poucos, transformados (convertidos?) em colaboradores da Resistência.
Até Hordak conquista sua redenção e se torna mais um amiguinho. A vitória da Resistência elimina a dualidade e o conflito.
A melhor cena (atenção! spoiler!) é Felina confessando seu amor para Adora (She-Ra) e as duas dão o beijo da vitória.

Terá outra temporada? Talvez, digamos, uma crossover, com a participação de Thanos?
Infelizmente, apesar da boa intenção, o seriado reflete o maniqueísmo típico das religiões abraâmicas.
Para que o universo exista, é necessário o equilíbrio entre forças opostas.
A existência do herói é justificada pela existência do vilão.

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