Citando:
De acordo com o dicionário Houaiss da língua portuguesa, o adjetivo inabalado significa: – “que não está abalado; firme, seguro”.
Soa um tanto demasiado, portanto, rememorar-se o primeiro aniversário do 8 de janeiro como o triunfo de uma democracia “inabalada”; uma democracia segura, firme. A democracia não está segura; não pelo menos ante ameaças consideráveis e tentativas constantes de fraturas democráticas.
Há uma estabilidade precária. A qualquer descuido, a situação política e institucional do Brasil pode ficar de cabeça para baixo; de pernas para o alto.
A democracia brasileira não só continua fragilizada e questionada por forças autoritárias bem representadas na sociedade brasileira e no sistema político e institucional, como segue ameaçada e tutelada.
Os setores da elite dominante que atentaram contra a democracia nos últimos 60 anos da história nacional são exatamente os mesmos – os mesmos de 1954, quando do suicídio de Getúlio Vargas; os mesmos do golpe militar de 1964; do impeachment fraudulento da Dilma em 2016; os mesmos da prisão farsesca do Lula em 2018 para permitir a eleição do Bolsonaro, e os mesmos que não aceitaram o resultado da eleição de 2022.
São sempre aqueles mesmos setores golpistas porque eles sempre desfrutam dos mesmos ambientes e das mesmas condições de impunidades e de anistias espúrias que protegem seus crimes.
Fonte, citado parcialmente: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/ilusoes-de-uma-democracia-inbalada-por-jeferson-miola/
O novo mito que ganha impulso com a efeméride de um ano do ataque às instituições republicanas de 8 de janeiro de 2023 é que a democracia brasileira venceu e está “inabalada”.
Não há dúvidas de que a tentativa de golpe com a ação de destruição das hordas fascistas não conseguiu impor uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que entregasse o poder às Forças Armadas e afastasse o então empossado presidente Lula.
No entanto, a democracia brasileira enfrenta uma profunda crise e continua agonizando. A derrota dos golpistas não representou, definitivamente, a redenção do nosso sistema político.
Membros da cúpula das Forças Armadas, que tiveram participação no processo do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, atuaram para manter a prisão do Lula, fizeram parte do governo Bolsonaro e se envolveram no ataque de 8 de janeiro, continuam impunes.
O governo federal, sob o comando de um presidente da República eleito pela maioria dos eleitores e expressão da soberania popular, está cada vez mais refém do Congresso Nacional e do STF.
Nesse cenário, a burguesia mantém o controle da economia, joga a carta da “estabilidade econômica” e usa o Poder Legislativo e o Poder Judiciário para limitar a atuação do governo federal e bloquear o programa vencedor nas eleições de 2022.
O 8 de janeiro não foi o capítulo final da crise política nem a regeneração da democracia brasileira. A tentativa de golpe, inclusive, é consequência da dissolução do regime político. Enquanto não houver mudanças na estrutura de poder, que resgatem o sentido profundo da soberania popular, de que todo o poder emana do povo, nossa frágil democracia estará em risco.
Fonte, citado parcialmente: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/mito-da-democracia-inabalada-por-igor-felippe-santos/
Nota: a política no Brasil conta com problemas estruturais, culturais e sociais. Os que estão no poder conseguiram incutir essa mentalidade apolítica no brasileiro médio comum. A educação nunca foi prioridade e nós estamos longe de formar uma consciência e participação política. Agora, nós temos outro problema: as redes sociais e os aplicativos de mensagens.
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