sexta-feira, 13 de julho de 2007

A questão do sacro-ofício

Para quem está começando a estudar bruxaria e wicca, fica muitas vezes numa saia justa, principalmente quando o assunto é lidar com as críticas de cristãos ou mesmo de pessoas de outras religiosidades quando o assunto resvala no sacrifício - seja de animais, seja de seres humanos.
Eu pessoalmente já tentei diversas vezes explicar o contexto religioso e histórico no qual, incluindo os hebreus, executavam sacrifícios ritualísticos envolvendo o derramamento de sangue. Isto está no Levítico, sem esse contexto e sentido religioso de que certas faltas, erros ou pecados contra Jeová somente seriam perdoadas mediante um sacrifício em sangue está presente na mitologia cristã.
Queiram os apologetas ou não, Jesus, esse personagem real ou mítico, procurou ser sacrificado para com isso iniciar uma era messiânica, pois ele realmente achava que com seu sacrifício, os pecados de todos os judeus seriam perdoados, trazendo assim uma nova era, a era do Messias.
Em outras palavras, Jesus realizou um sacrifício ritualístico, da mesma forma que está preconizado no Levítico e que muitas formas de antigas tradições em bruxaria ainda praticam sacrifícios ritualisticos de animais. Os cristãos se sentem justificados pelo sacrifício de Jesus, muito mais devemos nos sentir pois na época da Inquisição foram milhares de pagãos, bruxos e tantos outros inocentes que morreram por nós.
Para nós, pagãos, bruxos e wiccans, Jesus não pode ser confundido com Cernunnos, o Deus dos Campos que é sacrificado para garantir a fertilidade da próxima colheita, como fazem muitos wiccans-cristãos (uma aberração !).
Cernunnos é uma entidade ligada a este mundo, coisa que Jesus sempre ressaltou estar em confronto, durante seu ministério. Cernunnos é Filho e Consorte da Deusa, coisa que Jesus nunca foi, pois igualmente renegava sua sexualidade, bem como sua essência humana, pois sua única companheira - Maria Magdalena - nunca foi aceita como parte de seu grupo.
Dentro da mitologia cristã, Jesus pode ser considerado, no máximo, o Rei Sacrificado, uma vez que seus Apóstolos criam que ele ela o descendente do Rei Davi, mas que para cumprir as profecias de Isaías, devia ser sacrificado. Mais uma vez, dentro da mitologia cristã existem elementos referentes aos Antigos Mistérios que celebramos até hoje, mas os cristãos irão sempre negar essa influência da Velha Religião.
Existem muitas religiões ancestrais, muitas praticaram até o século XII formas de sacrifício ritualísticos. Atualmente, apenas tradições africanas ainda praticam sacrifícios de animais. Dentro dos contextos religiosos e históricos destas culturas, temos que aceitar e tolerar, pois eles fazem o que muitos de nós fez no passado.
Tudo evolui, hoje em dia, tanto na bruxaria (witchcraft) quanto na wicca existe uma preocupação em acabar com essas práticas, por evidente inadequação espiritual. Agora, no lugar de animais usa-se oferendas em pães, bolos, vinho, frutas. Afinal, a tradição mais antiga revela que devemos ter respeito pela natureza, pois ela é sagrada, assim como a vida. Sacrifício, somente quanto ao desapego à coisas materiais e ao ego.

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