Todo político é corrupto
Ninguém sabe ao certo quem pariu esse clichê. Se foi a Elite, para fazer o cidadão não se importar com a política e votar sempre nos mesmos, uma vez que nada vai mudar; ou se foi obra de setores da Imprensa (ou de grupos Anarquistas), seja pela agenda da Ética ou da Revolução Social. Entretanto nossos políticos são como nós, produtos de um contexto cultural e social. Melancólico, eu diria, mas eles são um espelho de nossa sociedade. Qualquer um que não tire vantagem ou aproveite a oportunidade é taxado como trouxa. Triste, mas a única lei que funciona no Brasil é a Lei de Gerson.
O futuro do Brasil está na Criança/Adolescente
O pai deste clichê certamente é a Imprensa e esta idealização utópica do Jovem como força de renovação é um eco da década de 60 e dos movimentos socialistas. Entretanto muitos dos “adultos” que estão aí no poder, fazendo as mesmas coisas (se não piores) que seus antecessores são os mesmos que engrossavam os movimentos estudantis e os coros com palavras de ordem. Triste, mas ou a idade ou o poder corrompe os ideais sociais até do mais ferrenho Jovem militante.
O Brasil vai crescer se houver mais investimento na Produção/Educação
Há uma dupla paternidade neste clichê, um é de setores políticos vinculados aos empresários e outro é de setores midiáticos vinculados às “causas humanitárias”. Um setor quer investimento na Produção não para aumentar a assimilação de mão de obra, mas para aumentar os lucros e diminuir a carga tributária. O outro setor não deve conhecer os mecanismos econômicos que existem entre Produção/Trabalho/Riqueza. Certamente a Educação por si só não garante a colocação no mercado de trabalho, nem tampouco reflete diretamente na qualidade da produção (pouca ou nenhuma empresa estará interessada em aplicar inovações vindas dos funcionários, sobretudo em empresas tradicionais ou familiares, onde postos chave são ocupados por pessoas nem sempre capacitadas). Triste, mas isto dependeria de uma ação política e de uma organização social para modificar profundamente a estrutura econômica brasileira.
O Brasil está precisando ter mais Ética
Difícil definir sequer se há uma paternidade, ou se foi uma fertilização artificial, ou clonagem. A Ética não é um fim em si mesma, nem pode ser reduzida a determinados valores morais. A Ética é o estudo dos valores morais efetivamente em ação em uma sociedade, no que a nossa contém exemplos tanto de altruísmo quanto de egoísmo. Como um pêndulo, a Ética tende a mostrar o consenso entre dois padrões extremos. Triste, mas acabou virando mais uma bandeira, uma fachada ou palavra de ordem vazia de sentido, para fins eleitoreiros.
O Brasil está precisando ter uma Revolução Social
A paternidade é um paradoxo: provém da Revolução Burguesa na França, mas sem a qual nenhuma idéia socialista posterior seria possível. A teoria, na prática, demonstrou que, logo a seguir a revolução, aparece algum grupo de liderança, que estruturará uma Ordem e um Governo, para restaurar a ordem segundo “a vontade popular”. Inevitavelmente, qualquer oposição ou voz discordante a este grupo será taxado e perseguido como “traidor da Revolução Popular”. Triste, mas é possível ver o mesmo tipo de fundamentalismo messiânico em muitos partidos e grupos ligados ao defunto pensamento marxista.
Precisamos nos unir para ajudar os mais carentes
Não é um mito moderno, uma vez que o Cristianismo e a Igreja Católica cresceu muito com esse apelo. Mas considerando que a população carente cresceu muito a partir da Revolução Industrial e o implemento do Sistema Capitalista, a Elite tem montado instituições de caridade para este fim. O público alvo das campanhas é a Classe Média, ávida consumidora de uma espiritualidade mercenária produzida e vendida pela Elite. Não se engane com esse clichê, nem com a fachada de responsabilidade social que fazem parte do disfarce dessas instituições. Nenhuma estaria funcionando se não produzisse um lucro ideológico à Elite. Junto com a caridade estimulada vem o consumo de mais espiritualidade mercenária, consola as consciências mais culpadas e conforma as consciências mais criticas. Triste, mas é um suborno, mitiga a fome de alguns enquanto se mantém a mesma estrutura social injusta que os mantém miseráveis.
No Brasil vigora um Capitalismo Selvagem
Definitivamente parido pelas alas de esquerda da política brasileira, com se houvesse um Capitalismo Civilizado, sem falar no enorme preconceito contra indivíduos não urbanizados (detesto ser politicamente correto). Um sistema econômico é dinâmico e deve possuir em si as estruturas necessárias para se adaptar ao momento histórico em que se vive, do contrário o sistema entra em colapso e ninguém sai ganhando. Não é o sistema, qualquer que seja o rótulo, que se torna ruim, mas aqueles (que se convenciona chamar de Elite, que aparece tanto no Sistema Capitalista quanto no Comunista, diga-se de passagem) que, conhecendo os mecanismos, tiram vantagem privada e ilícita às custa da maioria, tornando as conseqüências deste sistema algo socialmente injusto. Triste, mas tornar o sistema mais democrático sem a devida adequação estrutural pode acabar agravando a situação.
O Brasil está sob a ditadura da Burguesia
Definitivamente a paternidade vem da teoria marxista que, como toda teoria visionária, não sobreviveu à morte de seu idealizador e foi deformada em sua aplicação prática. Por mais exata que tenha sido a análise do Sistema Capitalista, esta teoria foi formulada dentro de um contexto histórico-social que está em contínua mudança. Eu cansei de evidenciar a presença de uma ideologia messiânica e espiritual dentro do esforço de esboçar a Teoria do Materialismo Dialético. A Burguesia não é uma entidade maligna, nem é um grupo que possui uma protoconsciência coletiva. Tanto quanto o Proletariado, é agente passivo e ativo do processo histórico em que faz parte, interagindo com e junto ao meio social e a realidade política em que está inserido. O que se forma, em qualquer sistema, é uma Elite que possui meios e conhecimento dos mecanismos deste sistema, para lhe fornecer riqueza e poder. Quem quer que entre ou assuma esse posto, irá imediatamente manter o sistema para preservar seus privilégios. Inevitavelmente, o projeto de todo individuo que estiver excluído dessa Elite estará em conquistar uma parte (ou toda) dessa riqueza e poder. Triste, mas é a isso que a utopia da Luta de Classes se resume: um grupo que faz uso da teoria marxista, de palavras de ordem e da mobilização popular para assumir o lugar da Elite.
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