Desde seu nome, a atividade acadêmica realizada na última segunda-feira (11), fomentaria “uma identificação automática e indevida entre a religião islâmica, o fundamentalismo, e o terror”, segundo a Rede, como se esses elementos resumissem a “essência do Islã”, além de trazer o conceito de “democracia” de forma “abstrata, sem definir localidade, país ou contexto social”.
Tal discurso poderia gerar “medo infundado ao islamismo e aos muçulmanos que vivem integrados e de forma pacífica no Brasil”, religião presente no país desde o sequestro e escravização dos malês, grupo de origem nagô e que falavam árabe. Os malês, inclusive, foram protagonistas de uma das grandes revoltas abolicionistas do final do século XIX em Salvador.
“A disseminação de estereótipos anti-islâmicos gera desconfiança e temor, contribuindo para isolar os muçulmanos brasileiros da comunidade brasileira em geral, gerar ódios, culpabilizações infundadas, e expor suas vidas a perigo”, afirma a nota.
Os efeitos da intolerância e racismo religioso contra muçulmanos no Brasil é um tema pouco abordado, ainda que sejam o segundo grupo mais atacado, superados apenas pelos povos do axé (umbanda, candomblé, ifá, culto à jurema, entre outros). As mulheres, principalmente as revertidas, são o principal alvo de discriminação, sofrendo desde agressões verbais e físicas até sendo negadas oportunidades de trabalho.
Sob a coordenação da professora da USP, Francirosy Campos Barbosa, o Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos (Gracias) realizou o primeiro Relatório de Islamofobia no Brasil em 2022. O trabalho possibilitou a organização de dados para dar resposta aos desafios cotidianos enfrentados pela comunidade.
Nesse sentido, organizações como a (Associação Nacional de Juristas Islâmicos) ANAJI oferece serviços jurídicos para amparar em casos de islamofobia, como a luta das mulheres que usam vestimentas religiosas como o hijab, de não serem impedidas de emitir a CNH. Outro caso recente abordado pela ANAJI foi o ataque islamofóbico na Mesquita Abu Baker Assadik, em São Bernardo do Campo (SP), em que um homem invadiu o Jummah Salat (reza de sexta-feira, a mais importante da semana), para desferir insultos e ameaças.
Além do viés islamofóbico, o evento contou com a participação de Zeev Benny Begin, ex-parlamentar sionista “favorável a que o Estado racista de Israel mantenha o controle sobre a Palestina ocupada e à mentira do “direito de defesa” do ocupante e colonizador”, de acordo com nota lançada pelo Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP-USP). Zeev é filho do ex-Primeiro Ministro israelense Menachen Begin, responsável pela milícia Irgun, que realizou expulsões em massa e limpeza étnica contra o povo palestino.
Fonte, citado parcialmente: https://jornalggn.com.br/cidadania/academicos-repudiam-evento-islamofobico-na-usp/
Nota: como se o terrorismo estatal cometido por Israel não fosse uma ameaça. Como se não tivesse terrorismo cristão. Como se o fundamentalismo cristão não fosse uma ameaça mais tangível na realidade brasileira.
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