domingo, 23 de junho de 2024

Falando em censura...

“No Brasil, segundo informações, os tópicos mais comumente alvo de censura estão relacionados a questões de gênero e sexualidade, muitas vezes usados para estimular o pânico moral com base em notícias falsas”, informou Farida Shaheed, relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre documento que reúne censuras a livros por governos no mundo.

O relatório ainda será submetido aos governos membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU durante a sessão de julho. Nele, também são citados o fundamentalismo religioso presente nos Estados Unidos e o governo húngaro de extrema direita de Viktor Orbán. A informação é do jornalista Jamil Chade, do UOL.

De acordo com a relatora da ONU, temas fundamentais como racismo, cultura afro-brasileira, história e cultura indígena, liberdade religiosa, exploração colonial, ditadura militar, teoria da evolução, vacinação, crise climática e destruição ambiental também se tornam “motivos” para a censura no Brasil. No entanto, quando se discute sexualidade e gênero, a quantidade de obras censuradas é maior, até em outros países.

Embora o relatório da ONU não mencione nomes, o caso do escritor Jeferson Tenório, que ainda sofre ataques da extrema direita, ganhou destaque nos últimos meses. O mais recente, do récém-falecido cartunista e escritor Ziraldo, “O Menino Marrom”, também foi censurado há poucos dias após um pastor filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, publicar em suas redes que o livro “não diz nada sobre o racismo, induz as crianças a fazer pacto de sangue cortando o punho”.

Uma reportagem da Fórum reuniu todos os livros que foram retirados de bibliotecas, eventos e escolas por governos de extrema direita aliados ao bolsonarismo. Apesar da Constituição Federal garantir no Art. 1ª a livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, o Brasil continua vivendo um momento de crescente censura a livros.

O relatório da organização ainda cita os EUA, onde pelo menos sete estados silenciaram o ensino de orientação sexual e identidade de gênero em sala de aula através de leis repressivas. Em alguns casos, livros que abordam esses temas foram removidos à força de escolas e bibliotecas públicas. “Mais de 20 estados decretaram restrições contra a Teoria Crítica da Raça, o ensino do racismo estrutural e da desigualdade de gênero. As restrições aumentaram para abranger o feminismo negro e as estruturas que abordam a desigualdade estrutural", diz o trecho.

O governo do Quênia criminalizou a educação sobre temas LGBTI, silenciando o debate. Na Hungria, por exemplo, o governo ultraliberalismo de Órban está usando seu poder para controlar a academia e silenciar pesquisas que contrariam sua agenda. O fechamento da Universidade da Europa Central, a proibição dos estudos de gênero e a perda de autonomia da Academia de Ciências são alguns dos exemplos citados no relatório.

Fonte: https://revistaforum.com.br/cultura/2024/6/21/censura-livros-pela-extrema-direita-no-brasil-recebe-alerta-da-onu-160899.html

Nota: os mesmos que vociferavam pela liberdade de expressão (seletiva) querem censurar.
Eu vou encaixar aqui notícia semelhante.

Neste final de semana um fato causou perplexidade: a prefeitura de São José dos Campos, após pressão bolsonarista, censurou e mandou retirar das salas de leitura do município o livro "Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas", de autoria de Flávia Martins e publicado pela editora Mostarda.

O veto à obra ocorreu após um pedido do vereador Thomaz Henrique (PL-SP), que acusou a obra de fazer "apologia ao aborto".

À Revista Fórum, a prefeitura de São José dos Campos confirmou o veto ao livro que apresenta uma coletânea de mulheres na ciência.

“A Prefeitura de São José dos Campos informa que o livro ‘Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas’ foi recolhido das salas de leitura de todas as unidades de ensino para que o conteúdo seja reavaliado pela equipe técnica da Secretaria de Educação e Cidadania. Os exemplares nunca estiveram disponíveis nas salas de aula ou nas bibliotecas públicas do município, apenas nas salas de leitura das escolas’, declarou a prefeitura de São José dos Campos.

Em suas redes sociais, o vereador atacou a memória de Marielle Franco e o trabalho de Débora Diniz.

"Após a minha denúncia na última terça-feira, a Prefeitura informou oficialmente que retirou de todas as escolas municipais o livro que define a maior defensora do 4B0RT0 no Brasil, Débora Diniz, como mulher inspiradora. O livro defende os 'direitos reprodutivos' da mulher e o direito da mulher 'escolher ser mãe ou não', além de chamar os contrários ao @b0rt0 de 'gente chata'. O livro ainda trazia a ex-vereadora do PSOL, Marielle Franco, também como mulher inspiradora para alunas do 5º ano", disparou o parlamentar de extrema direita.

Fonte, citado parcialmente: https://revistaforum.com.br/brasil/sudeste/2024/6/17/obscurantismo-prefeitura-de-so-jose-dos-campos-confirma-censura-obra-sobre-mulheres-na-cincia-160654.html

Nota 2: onde estão os paladinos, colunistas (bolsonaristas), que defendiam a liberdade de expressão incondicional?

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