Os novos regulamentos já serão aplicados ao Campeonato Mundial de Atletismo de Tóquio, que começa em 13 de setembro. O protocolo de teste será supervisionado pelas federações membros enquanto preparam seus atletas e equipes para o campeonato em no Japão.
Embora exista uma polêmica internacional em torno da participação de atletas transgênero nas competições femininas, esse teste não está diretamente ligado ao tema. O teste detecta ou não a presença do gene SRY, que faz parte do cromossomo Y e faz com que as características masculinas se desenvolvam nas pessoas.
Como explicou uma reportagem da BBC, se um embrião humano tem cromossomos XY, o gene SRY leva à formação de testículos, que então produzem hormônios, incluindo testosterona, que levam ao desenvolvimento masculino – aumentando a massa muscular e a força.
Uma pesquisa mostrou que os atletas que nasceram homens e passaram pela puberdade masculina têm vantagens fisiológicas sobre os nascidos do sexo feminino — com cromossomos XX e sem gene SRY.
Gênero diverso
Assim, o teste é projetado para determinar o sexo biológico em casos de atletas que são DSD – aqueles nascidos com diferenças no desenvolvimento sexual, uma condição rara, na qual os hormônios, genes e ou órgãos reprodutivos de uma pessoa podem ser uma mistura de características masculinas e femininas. Alguns podem nascer com genitália feminina externa, mas testículos funcionais, e muitas vezes são certificados como femininos ao nascer e criados como tal.
Quando as novas regras foram anunciadas no final de julho, o ex-atleta olímpico Sebastian Coe, presidente da World Athletics, disse que a filosofia da associação é a proteção e a promoção da integridade do esporte feminino. “É muito importante em um esporte que está permanentemente tentando atrair mais mulheres que elas entrem em um esporte acreditando que não há teto de vidro biológico. O teste para confirmar o sexo biológico é um passo muito importante para garantir que esse seja o caso”, explicou.
“Estamos dizendo, em nível de elite, para você competir na categoria feminina, você tem que ser biologicamente feminino. Sempre foi muito claro para mim e para o Conselho Mundial de Atletismo que o gênero não pode superar a biologia”, defendeu.
Os novos regulamentos seguem as recomendações do Grupo de Trabalho de Atletas de Gênero Diverso aprovado pelo Conselho em março de 2025. Esse grupo passou mais de um ano estudando os desenvolvimentos na lei, ciência, esportes e sociedade em relação a atletas de gênero diverso e fez as seguintes recomendações que foram amplamente consultadas no início deste ano:
• Afirmar formalmente o design e os objetivos para a categoria feminina.
• Revisar os regulamentos de elegibilidade para que sejam consistentes com o design e os objetivos.
• Mesclar os Regulamentos DSD (diferenças de desenvolvimento sexual) e Transgêneros e, se o efeito for restringir as oportunidades para os atletas DSD, adotar medidas para atender ao interesse de confiança daqueles que estão atualmente em andamento.
• Adotar um requisito de autorização prévia para todos os atletas que competem na categoria feminina.
• Considerar iniciativas futuras, inclusive para apoiar atletas de elite XY com diversidade de gênero.
A categoria de atleta feminina é definida na Regra de Elegibilidade 3.5, que afirma que apenas os seguintes atletas podem competir nesta categoria:
a. Mulheres biológicas.
b. As mulheres biológicas que usaram testosterona como parte do tratamento de afirmação de gênero masculino além de uma isenção de uso terapêutico concedida de acordo com as regras antidoping da World Athletics não podem competir na categoria feminina até o decurso de um período de tempo após o último uso de testosterona
c. Homens biológicos que têm Síndrome de Insensibilidade Andrógena Completa e, portanto, não passaram pelo desenvolvimento sexual masculino, incluindo qualquer tipo de puberdade masculina.
d. Homens biológicos com diferença de desenvolvimento sexual que satisfaçam as disposições transitórias emitidas pela World Athletics.
As disposições transitórias não se aplicam a mulheres transgênero, pois não há nenhuma competindo no nível internacional de elite sob os regulamentos atuais.
Polêmica no boxe
O debate de gênero ficou especialmente quente na disputa dos Jogos de Paris, em 2024, por conta do título da argelina Imane Khelif. Suas vitórias foram criticadas por Donald Trump, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e a autora dos livros da saga Harry Potter, J.K. Rowling, entre outros.
Por conta da controvérsia, a World Boxing introduziu os testes genéticos e já informou que eles estarão em vigor nos Jogos Los Angeles em 2028.
Em fevereiro, já empossado presidente dos EUA, Trump, assinou um decreto com o objetivo de excluir meninas e mulheres transgêneros dos esportes femininos, o que aponta para um controle efetivo também na Olimpíada.
A nova presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Kirsty Coventry, já se posicionou a favor de uma abordagem geral sobre o tema no esporte, uma mudança em relação à gestão anterior, que deixava essas decisões para as federações de cada categoria.
Fonte: https://www.infomoney.com.br/esportes/atletismo-passa-a-exigir-teste-genetico-de-sexo-biologico-ja-para-o-mundial-de-toquio/
Nenhum comentário:
Postar um comentário