De acordo com o artigo, há uma escassez de estudos sobre as formas de agressão mais adotadas por grupos de esquerda e de direita em países ocidentais, especificamente as formas motivadas pelas diferenças ideológicas dos extremistas e sua "tendência de usar a violência política".
Diferenças no uso da violência política
O objetivo da análise era determinar se existem diferenças na propensão ao uso da violência na promoção de causas políticas de acordo com o viés ideológico dos extremistas, fossem de esquerda, de direita ou islâmicos.
O estudo identificou duas bases de dados distintas para comparar o uso da violência política: uma focava em indivíduos radicalizados nos EUA — Profiles of Individual Radicalization in the United States (PIRUS) — e a outra tratava de ataques terroristas distribuídos pelo mundo — o Banco de Dados Global de Terrorismo (GTD).
A primeira considerava uma amostra de 1.563 indivíduos envolvidos em atividades extremistas domésticas entre 1948 e 2018, afiliados a ideologias de esquerda, direita ou islamista. Os apoiadores de direita eram 59% da amostra, enquanto os de esquerda formavam 23% e os radicais islamistas, 18%. Um ato violento foi definido como "conspirações para matar ou ferir, mesmo que sem sucesso", enquanto atos não-violentos foram classificados como "ação sem intenção de causar danos", como vandalismo, protestos e destruição de propriedade, desde que não houvesse feridos.
Já o terrorismo foi definido como "o uso ameaçado ou real de força e violência ilegal por atores não estatais para atingir um objetivo político, econômico, religioso ou social por meio de medo, coerção ou intimidação". Foram avaliados 71.979 ataques terroristas por 523 grupos com ideologias de extrema direita, extrema esquerda ou islamista.
A pesquisa utilizou diferentes métodos de regressão para analisar a relação entre ideologia e violência política em dois estudos distintos, a fim de determinar se um indivíduo radicalizado nos EUA tinha maior ou menor probabilidade de se envolver em um comportamento violento (em oposição a não violento) com base em sua ideologia (esquerda, direita ou islamista).
Extremismo de direita é mais fatal e se equipara ao terrorismo
Os resultados mostraram que o extremismo de direita é caracterizado, segundo os pesquisadores, por "mentalidade fechada, dogmatismo e uma necessidade elevada de ordem e estrutura", o que se transforma em "maior hostilidade para grupos externos" e torna a "violência mais provável entre seus proponentes".
Nos EUA, indivíduos radicalizados de esquerda eram visivelmente menos propensos a se engajar em atos violentos ideologicamente motivados em comparação com indivíduos de direita e, em nível global, ataques motivados por grupos de esquerda foram menos letais em comparação com aqueles praticados por grupos de direita e islamistas.
A ideologia conservadora de direita está "positivamente relacionada ao comportamento político violento", o que significa que "extremistas de esquerda e de direita não são equivalentes quando se trata do uso da violência". Em geral, ataques praticados por extremistas de esquerda resultaram em 45% menos chances de fatalidades em comparação com perpetradores de direita.
Nos EUA, conclui a pesquisa, não há "nenhuma diferença [em termos de violência praticada] entre islamistas e extremistas de direita"; mas, globalmente, os grupos terroristas costumam ser mais letais do que a direita em seus ataques.
Fonte: https://revistaforum.com.br/politica/2025/9/17/extremistas-de-direita-se-equiparam-terroristas-em-uso-da-violncia-politica-diz-estudo-187899.html
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