sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Três heresias com B

Bardesanes foi um gnóstico siríaco, fundador do "bardesanismo" e um cientista, estudioso, astrólogo, filósofo e poeta, particularmente renomeado por seus conhecimentos sobre Índia antiga, sobre a qual escreveu um livro, hoje perdido.

Várias opiniões já se formaram sobre a doutrina verdadeira de Bardesanes. Já no tempo de Santo Hipólito, sua doutrina já era descrita como uma forma do valentianismo, a forma mais popular do gnosticismo. Adolf Hilgenfeld, em 1864, defendeu este ponto de vista, baseado majoritariamente em trechos de Efrém da Síria, que devotou a sua vida ao combate do bardesanismo em Edessa.

As expressões fortes e apaixonadas de Santo Efrém contra os bardesanitas de sua época não constituem um critério justo da doutrina de seu mestre. A veneração extraordinária de seus conterrâneos, a alusão muito reservada e quase respeitosa feita a ele pelos primeiros Padres da Igreja e, sobretudo, o "Livro das Leis das Nações" sugerem uma visão mais branda das aberrações de Bardesanes. Ele poderia ser chamado de gnóstico no sentido estrito da palavra pois, como muitos dos primeiros cristãos, ele acreditava num Deus todo-poderoso, criador do céu e da terra, cuja vontade é absoluta e a quem tudo está sujeito. Deus deu ao homem o livre-arbítrio para que ele pudesse obter a salvação e permitiu que o mundo fosse uma mistura do bem e do mal, da luz e das trevas. Todas as coisas, mesmo as consideradas inanimadas, tem liberdade em alguma medida. Em todas as coisas, a luz tem que superar as trevas. Após seis mil anos, a terra chegaria ao fim e um mundo sem o mal tomaria seu lugar.

Porém, Bardesanes também acreditava que o Sol, a Lua e os planetas eram seres vivos, a quem, sob Deus, o governo do mundo estava sujeito. E que embora o homem fosse livre, ele era fortemente influenciado - para o bem e para o mal - pelas constelações. O seu catecismo parece ter sido uma estranha mistura da doutrina cristã e referências ao Zodíaco. Talvez inspirado pelo fato de que "espírito" é feminino em siríaco, ele supostamente tinha visões pouco ortodoxas sobre a Trindade. Ele aparentemente negava a ressurreição dos corpos, embora afirmasse que o corpo de Cristo estivesse imbuído com incorruptibilidade, na forma de um presente especial.

[https://pt.wikipedia.org/wiki/Bardesanes]

O bogomilismo (de Bogomil, idioma proto-eslávico *bogъ ("Deus") e *milъ ("querido") foi uma seita gnóstica cristã fundada durante o Primeiro Império Búlgaro pelo padre Bogomil durante o reinado de Pedro I da Bulgária no século X. Surgida provavelmente em torno do que hoje é a Macedônia como uma resposta à estratificação social ocorrida como resultado da introdução do feudalismo e como uma forma de movimento político opositor ao Estado búlgaro e a Igreja.

Os membros do bogomilismo são referidos como Babuni em diversos documentos. Topônimos que incluem o rio Babuna, o monte Babuna, a cachoeira de Bogomil e a aldeia Bogomila, todos na região de Azot, hoje onde é a Macedônia, sugere que o movimento foi muito ativo nesta região.

Para os bogomilos, o Deus criador do espírito diferenciava-se claramente do Deus criador da matéria. Eles seguiam as mesmas teorias pregadas pelo paulicianos como a igualdade social e o afastamento dos pobres do domínio do clero e da nobreza. No século seguinte, o bogomilismo se difundiu na região dos Bálcãs até a fronteira com Bizâncio sendo fortemente perseguidos pelos soberanos búlgaros e pelos imperadores bizantinos, os bogomilos se espalharam por toda a Europa Central e Ocidental, onde foram alvo de repressão das autoridades católicas.

[https://pt.wikipedia.org/wiki/Bogomilismo]

Os borboritas ou borborianos, de acordo com o Panarion de Epifânio de Salamis (cap. 26) e de Haereticarum Fabularum Compendium Teodoreto, foram uma seita gnóstica cristã que surgiu por volta do século IV e segundo relatos parece ter durado até o século VI. Epifânio de Salamis deixou um extenso relatório sobre eles em seu Panarion, capítulo 26.

A seita atrai muita atenção dos estudiosos porque suas excepcionais práticas sexuais pareciam um claro exemplo da libertinagem desenfreada da que os gnósticos foram acusados ​​por seus adversários.

Os borboritas se auto-intitulavam "gnósticos" e "iluminados" - no contexto da heresiologia, "aquele que diz ter conhecimento" - e também eram conhecidos como fibionitas, estratióticos, levíticos, secundianos, socratitas, zacaenses, codianos e barbeloítas. O nome "borborita" significa "imundos" o que sugere que não seria uma auto-designação mas sim um termo abusivo inventado por adversários à seita. O Anacephaleiosis, um resumo breve do Panarion, da qual a autoria de Epifânio é disputada, sugere que ele pode ter criado o nome ou recolhido o termo de outros: "Outros os chamam de borboritas. Estas pessoas se orgulham de Barbelo, que também é chamado Barbero". Assim, a outra forma do nome seria "barbelitas" ("povo de Barbelo") e teria sido modificada para barberitas e finalmente borboritas.

Epifânio é particularmente bem-informado sobre a seita segundo ele, por quase ter sido seduzido pela seita o que lhe permitiu ler suas escrituras secretas, tanto este episódio quanto o conteúdo dessas escrituras são contraditório - se Epifânio escapou de ser seduzido pela seita, como então teria acesso a seus escritos e rituais secretos.

De acordo com Epifânio, foram influenciados pelos ensinamentos dos nicolaítas que são discutidos no capítulo 25 e cujo fundador Nicolau ensinava "A menos que copule todos os dia, não terás vida eterna".

Segundo Epifânio, acreditavam que este mundo é separado do reino divino por 365 céus, cada um controlado por um arconte que deve ser aplacado para permitir a subida da alma até o reino divino. Desde que nossa alma descende através desses 365 céus e então deve voltar, deve passar pelos reinos de cada arconte duas vezes. A viagem ocorreria prolepticamente aqui na terra através de uma espécie de empatia, quando o homem chamasse pelo nome de um dos arcontes durante a cerimônia de liturgia sexual, afetando um tipo de identificação com o arconte e assim permitindo a passagem do sujeito por seu reino. Como cada arconte deve ser passado duas vezes, Epifânio contabiliza que os devotos precisam seduzir e praticar os rituais em pelo menos 730 ocasiões.

Epifânio também conta que os borboritas foram inspirados pelo setianismo e tinham como uma característica particular nos seus rituais elementos de sacramentalismo sexual, incluindo esfregar de mãos em fluídos corporais (sangue menstrual e sêmen) e o consumo deles como uma variante à Eucaristia.

Embora fossem libertinos, proibiam a procriação e para evitar que as mulheres da seita engravidassem, os homens praticavam o coitus interruptus, se por acaso alguma mulher da seita engravidasse extraiam seu feto para consumo em cerimônias especiais.

[https://pt.wikipedia.org/wiki/Borborismo]

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