terça-feira, 16 de agosto de 2022

O Calvinismo

O Calvinismo foi uma doutrina religiosa que surgiu durante a Reforma Protestante. Os historiadores entendem que essa doutrina surgiu em uma segunda onda de reformadores, e o responsável pelo seu estabelecimento foi o francês João Calvino. O calvinismo aproveitou-se da tolerância religiosa para estabelecer-se na Suíça, e de lá espalhar-se pela Europa.

O calvinismo começou a surgir quando João Calvino tornou-se protestante, na década de 1530. Após mudar-se para a Suíça, ele iniciou trabalho como pregador, fazendo com que a doutrina calvinista se tornasse majoritária em Genebra. O pilar do calvinismo é a crença na predestinação, isto é, na ideia de que Deus elegeu quem será salvo e quem será condenado.

O calvinismo é entendido por muitos historiadores como um movimento que fez parte de uma segunda onda do reformismo religioso. A Reforma Protestante teve seu início por meio da ação de Martinho Lutero ao questionar alguns dos dogmas da Igreja Católica, sobretudo na questão das indulgências, prática que consistia na doação de dinheiro em busca do perdão e garantia da salvação.

A contestação de Lutero não intentava a gerar um rompimento com a Igreja Católica, mas sim possibilitar sua reforma. Ele queria que ações vistas como imorais, como a cobrança de indulgências e a simonia (venda de cargos eclesiásticos), fossem expulsas do meio religioso. Entretanto, Lutero foi excomungado, causando o seu rompimento definitivo com a Santa Sé.

Lutero ainda procurou garantir o acesso das pessoas aos sacramentos, uma vez que ele acreditava que não havia necessidade de sacerdotes para fazer a interlocução dos fiéis com Deus. Como ele acreditava na ideia de que a salvação era garantida pela fé, era vital que as pessoas tivessem contato direto com as Escrituras Sagradas.

Assim, a salvação era uma experiência individual que deveria ser obtida reforçando-se a fé das pessoas. Para que isso fosse possível, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e compôs hinos também nessa língua para que as pessoas pudessem cantar durante as celebrações.

As ideias de Lutero espalharam-se por muitas partes da Europa e, em alguns locais, encontraram cenário propício para propagar-se. No entanto, essa ação abriu um precedente, pois, se todos poderiam ler a Bíblia, interpretações diversas poderiam surgir desse contato. Isso deu início à citada segunda onda de reformismo na Europa.

No final do século XV, a Suíça garantiu sua independência em relação ao Sacro Império Romano-Germânico, tornando-se uma região com um comércio muito pujante. Essa burguesia suíça tornou-se aberta às ideias do protestantismo, sobretudo porque o protestantismo acabava com as amarras criadas pela Igreja Católica na questão da usura praticada pelos comerciantes.

O primeiro reformador de destaque que surgiu na Suíça foi Ulrich Zwingli, um teólogo que defendia ideias semelhantes às de Lutero, como a crença de que somente a fé, e não as boas obras, era capaz de garantir a salvação. Zwingli, assim como Lutero, defendia o direito dos fiéis de terem acesso à Bíblia e que as Escrituras deveriam ter mais importância que o sacerdote.

Zwingli falava que a Bíblia não apontava nada sobre a quaresma, sendo, portanto, irrelevante o ato de guardar-se jejum durante esse período. Ele ainda questionava o celibato dos sacerdotes e afirmava que o perdão pelos pecados era uma ação que somente Deus poderia fazer e não um padre. O reformador suíço pregava contra as imagens e o uso de música nas celebrações.

Zwingli tinha muitas semelhanças com os luteranos, como vimos até aqui, mas em uma questão afastava-se deles: a eucaristia. Zwingli não acreditava na ideia da transubstanciação dos elementos da Santa Ceia, portanto, para ele, o vinho e o pão eram apenas símbolos e não de fato o Corpo e o Sangue de Cristo, como acreditavam católicos e luteranos.

A popularização das ideias de Zwingli alcançou a política local e incentivou que a Câmara Municipal de Zurique, onde ele residia, destituísse a Igreja Católica e tomasse o controle das questões eclesiásticas da cidade. A ascensão do reformismo de Zwingli aconteceu na década de 1520 e resultou em uma guerra civil entre católicos e protestantes, entre 1529 e 1531.

Zwingli participou dos combates dessa guerra contra os católicos e faleceu em combate, em 1531. Os protestantes conseguiram um grande conquista após esse conflito: a Paz de Kappel. Esse acordo garantiu que seria estabelecida a tolerância religiosa na Suíça, e isso permitiu que o protestantismo se estabelecesse em definitivo nesse país. O reformador João Calvino surgiu nesse contexto de tolerância.

As ideias de Calvino popularizaram-se em Genebra, ficando conhecidas como calvinismo ou fé reformada. Seus preceitos foram organizados, nos séculos seguintes, pelos próprios fiéis e podem ser resumidos em cinco pontos:

Depravação total do homem: crença de que o homem é mal e incapaz de redimir-se de seus atos sem uma regeneração do espírito que lhe dê uma nova natureza. Nesse sentido, a demonstração de fé é uma manifestação clara da salvação.

Eleição incondicional: a salvação deu-se mediante um ato de predestinação. Portanto, antes da criação, Deus escolheu aqueles que seriam salvos.

Expiação limitada: o sacrifício realizado por Jesus Cristo não visava a salvar a humanidade, mas apenas os eleitos.

Graça irresistível: os eleitos não podem resistir ao chamado feito por Deus porque a graça de Deus é irresistível.

Perseverança dos santos: todos os eleitos por Deus mantêm sua fé e perseveram até o fim.

Fonte: https://historiadomundo.com.br/idade-moderna/calvinismo.htm

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