No cristianismo, sabelianismo (também conhecido como monoteísmo modalista, patripassianismo, unicismo, monarquianismo modal ou simplesmente modalismo) é a crença "unicista" de que Deus em sua unicidade se manifestou em carne e não em três pessoas distintas.
O termo sabelianismo deriva-se de Sabélio, um bispo do século III d.C. e defensor da tese. Ele foi um discípulo de Noeto, motivo pelo qual os seguidores desta crença são chamados nas fontes patrísticas de noecianos. Já em outras fontes o chamava de patripassianismo.
O sabelianismo histórico ensinava que Deus Pai era a única existência verdadeira de Deus, uma crença conhecida como monoteísmo absolutista. Um autor descreveu o ensinamento de Sabélio assim: A verdadeira questão, portanto, se torna esta, o que constitui o que chamamos de 'pessoa' na Divindade? É original, substancial, essencial à própria divindade? Ou é parte dos desenvolvimentos e formas de aparecer que a Divindade criou para si e para suas criaturas? A primeira opção, Sabélio negava. Esta última ele admitia completamente.
Os modalistas afirmam que o único número atribuído a Deus na Bíblia é "Um" e que não existe nenhuma trindade inerente atribuída a Deus explicitamente nas Escrituras. O número três nunca é mencionado na Bíblia com relação a três deuses, ou seja, "Deus pai, Deus filho e Deus Espirito Santo".
O numero três sempre aparece como manifestações da divindade, ou seja, Deus pai, o Filho de Deus (Único do gênero), e o Espirito Santo de Deus. Ex: Mateus 28:16-20 (chamado de "Grande Comissão), 2 Coríntios 13:14. A Comma Johanneum, é desacreditado por muitos académicos, esta é uma passagem considerada como interpolada em 1 João 5:7, onde não se encontra na maioria dos textos antigos e ficou conhecida principalmente pela tradução do rei James e em algumas versões do Textus Receptus e que não é incluída na maior parte das versões críticas modernas.
Já os trinitários acreditam que os três membros da Trindade estavam presentes como seres aparentemente distintos no batismo de Jesus e acreditam que há outras evidências nas escrituras para a crença trinitária (veja trinitarismo).
Modalismo tem sido principalmente associado com Sabélio, que ensinava uma forma dele em Roma no século III d.C. como um discípulo de Noeto e Práxeas.
Hipólito de Roma conheceu Sabélio pessoalmente e o mencionou na Philosophumena e sabia que Sabélio não gostava da teologia trinitária, mas ainda assim atribuiu a heresia à Calisto e Noeto, mas não a Sabélio, que ele diz ter sido pervertido. O sabelianismo foi adotado pelos cristãos da Cirenaica, a quem Demétrio, Patriarca de Alexandria escreveu cartas argumentando contra a crença [carece de fontes].
Acredita-se também que o termo grego homoousia ou "consubstancial", que era o favorito de Atanásio de Alexandria na controvérsia ariana, foi de fato um termo proposto por Sabélio e, por isso, era utilizado com ressalvas pelos seguidores de Atanásio. A objeção ao termo era a de que ele não existe nas escrituras e tem uma "tendência sabeliana".
O monarquianismo modal originou-se da influência da filosofia grega pagã, incluindo as teses de Euclides e Aristóteles, que baseavam sua lógica no monismo e nos argumentos aristotélicos sobre o conceito da energeia (energia) chamada metafísica. Como o conceito que a ontologia (também chamada de metafísica) podia ser reduzida ou para uma única substância detectável (chamada de teoria da substância) ou um único ser (o conceito do Absoluto), a lógica aristotélica foi a forma com que, ontologicamente (via metafísica), o filósofo helênico (pagão) Aristóteles pôde racionalizar para desconstruir a consciência humana, sua existência e o próprio ser para conseguir representar o seu ponto de vista da Mônade ou "unicidade" (unidade de todas as coisas), como unidade ou unicidade na "ideia" de Deus e a substância de Deus (ousia) como essência ou categoria universal acima do ser finito.
Modalismo é a ideia de Deus como esta única substância ou ser chamado em grego de ousia (São João Damasceno dá a seguinte definição do valor conceitual dos dois termos em sua dialética: Ousia é a coisa que existe por si própria e que não precisa de mais nada para sua consistência. Novamente, ousia é tudo que 'subsiste' por si e que não tem sua existência em outra coisa.). Esta ousia que então emana sequencialmente várias realidades infinitas (hypostasis) e não-criadas. Sabélio foi um dos primeiros teólogos cristãos que aplicou este raciocínio metafísico pagão (lógica aristotélica) no cristianismo. Ele tentou reduzir cada uma das hipóstases de Deus a simples "modos" da essência de Deus, uma única essência ou ousia, removendo assim qualquer distinção entre as existências de deus e a essência de Deus.
Posteriormente, estas realidades foram novamente representadas pelos filósofos não cristãos após o aparecimento do cristianismo, como o neo-platonismo que as representou como se amalgamando e fundindo uma na outra. Para Plotino, a Mônade ou Um (o dynamus, dunamis, potencial, potentia) e o Díade (criador, energeia, ato) ambos emanam a Tríade, Trindade (Espírito ou anima mundi). Plotino então reconciliando Aristóteles e Platão em suas obras, as Enéadas. Plotino ensina ainda que a energia ou ato tem que ter força ou potencial para emanar (dunamis ou potential definido como uma vitalidade indeterminada de acordo com A. H. Armstrong). Estas realidades se fundem em um mundo material (cosmos) ou Universo. Assim, Tomás de Aquino, em seu "Cinco Provas da Existência de Deus", inicia sua prova a partir de raciocínios de filósofos pagãos sobre a existência de um deus criador (demiurgo).
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sabelianismo (citado parcialmente)
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