A Europa deveria parar de temer os imigrantes, um grupo que gerou "enriquecimento" nesse continente, opinou hoje da capital equatoriana o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë.
"Acho que a Europa tem que acabar com o fato de ter medo da imigração e, sobretudo, tem que parar de fazer deste um assunto eleitoreiro", declarou aos jornalistas Delanoë, que participa em Quito de uma reunião da Organização Mundial de Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU).
O prefeito da capital francesa, que preside a CGLU, não quis se aprofundar no endurecimento das leis migratórias na Europa, mas disse que os europeus deveriam olhar a imigração como um fator de desenvolvimento.
A chegada de trabalhadores estrangeiros à Europa "não representa pobreza, mas uma riqueza e um enriquecimento e, por isso, penso que é necessário organizá-la e que é preciso discutir este tema com os Estados de origem" dos imigrantes, disse Delanoë.
Os movimentos migratórios foram uma constante ao longo da história da Humanidade, tendo como causas principais razões políticas, sociais, económicas, ou a existência de catástrofes naturais. Contudo, a procura de melhores condições de vida e de trabalho foi sempre determinante para todos aqueles que recorrem à imigração.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, vários países europeus se reconstruíram e se destacaram no seguimento industrial, como a Alemanha e a França, com o crescimento econômico derivado desse setor tais nações se tornaram áreas de atração para trabalhadores, sobretudo, imigrantes.
Os adeptos à xenofobia condenam os imigrantes pela falta de trabalho, entretanto, esquecem que esse fator foi desencadeado pelos seus próprios líderes, que permitiram a entrada desses trabalhadores para executar tarefas que os nativos se recusavam a desenvolver. Esse processo é resultado do imperialismo ocorrido no passado, quando as metrópoles tinham como objetivo exclusivo explorar a colônia e nunca de estabelecer medidas para que essa engrenasse para o desenvolvimento. Os movimentos xenófobos vêm crescendo gradativamente, especialmente a partir dos anos 80 com as crises econômicas que ocorreram nessa década e nos anos 90 com o aumento do desemprego em escala global. Segundo os líderes e adeptos desse tipo de movimento, essa aversão aos imigrantes não se deve a preconceitos por origem, e sim pela preocupação com a perda de identidade cultural, a competividade entre um nativo e um imigrante, pois o último se sujeita a menores salários e condições precárias de trabalho, isso força uma deflação geral.
Em muitos países europeus têm havido uma subida de popularidade de movimentos radicais, os quais têm por base uma exploração de sentimentos xenófobos e racistas, conjugados com a noção de que tem havido um aumento da insegurança devido à presença de imigrantes no espaço europeu.
Em primeiro lugar, a imigração não é a causa das altas taxas de desemprego europeias. De facto, os problemas de desemprego de longa duração europeus não se devem à imigração, mas sim a mercados de trabalho pouco flexíveis.
Em segundo lugar, a imigração não é associada a uma descida dos níveis de vida. Segundo os sectores adversos à imigração, os imigrantes são concorrentes desleais no mercado de trabalho, visto que estão dispostos a aceitar salários reais mais baixos do que os cidadãos nacionais, diminuindo assim o nível de vida nos países de acolhimento. Porém, vários estudos demonstram que a imigração é geralmente complementar aos factores produtivos nacionais e não um factor substituto, fomentando a produtividade nacional (e os salários) e facilitando o rejuvenescimento das populações activas.
Em terceiro lugar, o mito de que a imigração é fonte de instabilidade social é totalmente infundado. Nos principais países receptores de imigrantes, a existência de políticas de imigração que privilegiam a integração e consequente concessão de cidadania têm sido extremamente eficazes no estabelecimento de harmonia social.
Fonte perdida.
Repostado. Texto originalmente publicado em 28/02/2009, resgatado com o Wayback Machine.
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