Quando eu estava procurando o caminho de volta para meu
verdadeiro lar, família e mundo, eu li e estudei tudo que eu pude encontrar,
inclusive a [pueril] filosofia de Anton Szandor Lavey.
Ali, nas Nove Declarações, ele afirma:
“Satã é o melhor amigo que a igreja jamais teve, pois é
graças a ele que ela se manteve funcionando por todos esses anos!”
Oh, bem, mas teórica, técnica e filosoficamente, o Satanismo
Laveyano se declara ateu, ou seja, não acredita nem no Deus Bíblico nem em Satã,
o que é curioso, considerando a forma como este personagem tragicômico é
tratado pela CoS. Toda a filosofia dessa paródia religiosa que foi levada muito
a sério perde todo o sentido. O Cristianismo e a Igreja Cristã [em suas várias
vertentes] não seria essa multinacional apenas graças ao seu “garoto propaganda”.
Então, se formos pensar no Cristianismo como uma empresa,
qual foi a jogada que esse empreendimento fez para se tornar uma religião
majoritária?
Eu digo que o Cristianismo foi um culto fundado
por escravos, servos, fracos e covardes. Embora seja uma verdade, isso
não explica tudo.
O principal “produto” [patrocinador?] do Cristianismo
é o pecado. Sem o peso do medo, da culpa e do castigo eterno aplicado por esse
Deus violento, ciumento e vingativo, praticamente o Cristianismo teria
permanecido como uma seita excêntrica.
Mas o pecado e seu peso não são suficientes para
explicar tudo. Sobretudo se levarmos em conta que nas religiões antigas pode
ser encontrada essa noção de oferendas e sacrifícios para aplacar a ira divina.
A jogada do Cristianismo foi a de inventar o
perdão por procuração, algo impensável nas religiões antigas – nestas, o penitente
tinha que fazer pessoalmente o rito de purificação e isso, dependendo do erro
cometido, custava caro. Os padres convenceram as pessoas que não precisavam
mais fazer sacrifícios, bastava simplesmente aceitar a Cristo.
Na propaganda religiosa, Cristo foi o sacrifício
perfeito que aboliu todos os demais sacrifícios. Pessoas comuns não estão muito
acostumadas a pensar, senão, com um pequeno raciocínio, teriam concluído que,
se o sacrifício de Cristo tivesse sido perfeito, o pecado tinha deixado de
existir, desonerando a necessidade de aceitar a Cristo.
Ainda assim, não é o suficiente. Além do pecado,
o Cristianismo deve muito de sua expansão ao proselitismo religioso. As pessoas
são “atraídas” para Cristo, na maioria dos casos, pela ação do proselitismo. Uma
jogada do Cristianismo é a obrigação do cristão em ser um missionário e
espalhar a Boa Nova pelo mundo. Lembre-se disso quando você for incomodado de
manhã cedo com gente querendo te vender a salvação.
As pessoas se convertem para o Cristianismo
geralmente quando estão com medo, em desespero, cheios de culpas e vergonhas. A
propaganda religiosa, o proselitismo religioso do Cristianismo, sabe detectar e
explorar o medo das pessoas. Não é mero acaso que o Cristianismo cresce mais em
lugares onde existe muita pobreza e miséria, física, econômica, social e
cultural. A vitrine do Cristianismo são as obras filantrópicas, ações pontuais
na população mais carente e abandonada pela sociedade. Isso não visa capacitar
essas pessoas a serem capazes de andar com as próprias pernas. O Cristianismo
precisa e depende da existência da pobreza e da miséria. Pessoas em situação
precária estão mais dispostas a assimilar aquilo que lhe é sugerido e se tornam
“soldados” [muitas vezes literalmente] do Cristianismo.
O antissemitismo que causou o Holocausto
conduzido pelo Nazismo tem sua origem no Cristianismo. Este também criou e
fomentou o pânico moral em relação às heresias e às bruxas, com terríveis resultados.
Pode-se dizer que o nacionalismo, o racismo e a xenofobia são também “produtos”
criados e fomentados pelo Cristianismo para sua expansão mundial.
Atualmente o Cristianismo escolheu a comunidade
LGBT para ser o bode expiatório da vez. Os discursos alertando sobre o “perigo”
da Ideologia de Gênero e da Agenda LGBT são modelos de discursos de ódio
disfarçados de doutrina religiosa. Nenhuma crença pode ser usada para
justificar o preconceito e a intolerância. Quando [e se] o Estado [que devia ser
laico] age, geralmente os representantes do Cristianismo esbravejam que isso é “perseguição
religiosa”. Essa é uma jogada muito usada pelo Cristianismo: o papel de vítima.
Outra jogada do Cristianismo consiste em vender
uma falsa promessa. Se houvesse honestidade e sinceridade no Cristianismo, as
pessoas veriam a incoerência em crer em um Cristo que não preenche os
requisitos para tal e cuja missão está restrita ao Povo de Israel. Mesmo assim,
as pessoas não buscam a Cristo por causa da falsa promessa. As pessoas não
buscam Cristo para serem perdoadas de seus pecados, elas vão imbuídas pela
vingança, pois acreditam que seus perseguidores, os ricos e os patrões, vão ser
castigados no Juízo Final.
Acreditando fielmente que este mundo é dominado
pelo maligno, que os “batizados” serão arrebatados ao Paraíso e que os Cristãos
viverão no Reino de Deus, essas pessoas geralmente acolhem as ideologias do
Conservadorismo, da Supremacia Branca e da Extrema-Direita. Se dispondo a
combater, com armas, se necessário, tudo aquilo que for considerado uma ameaça.
O Cristianismo se faz de perseguido para ser o perseguidor.
Como vírus pernicioso, o Cristianismo se expande pelo mundo, transformando seres humanos em zumbis direcionados pela doutrina que for mais lucrativa para seus padres, pastores e organizações religiosas.
2 comentários:
Beto, caí de paraquedas no seu blog e me interessei. Vc tem instagram tb?
Não, Daisy.
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