No que eu entendo da função da sacerdotisa no templo quando realizava os ritos sexuais é que ela personificava a amante, a mulher que exerce livremente o seu desejo, e que trazia a cura, a alegria e o êxtase para o mundo compartilhando isso com o homem.
A prostituição sempre ocorreu concomitante neste contexto, porque o homem necessita se manter superior e explorar a mulher para manifestar essa tal superioridade e aplacar a inveja, o medo e o desprezo que sentem pela condição feminina e pelos mistérios que regem a mulher, a sua capacidade de dar a vida e trazer a vida em si.
Por isso separo a amante sagrada no templo que louvava o prazer, a comunhão com a vida, a alegria e o êxtase em nome da Deusa e a prostituição, a exploração de um grupo de mulheres para subjugá-la em relação ao homem e possibilitar que outro grupo de mulheres continuassem dando sustentação à família patriarcal.
Se vivêssemos numa sociedade realmente sadia não haveria necessidade de que o sexo, o afeto, a intimidade de ninguém fosse vendido e muito menos que conforto, prazer e afeto fossem comprados.
Porque numa sociedade sadia, nenhum ser humano é mercadoria para ser desfrutado por outro enquanto objeto de compra e venda, porque seriam livres para manifestar sua sexualidade sem hipocrisia, sentimento de posse ou qualquer outra coisa que não o sentimento legítimo de tesão, atração ou amor sexual.
A sexualidade reprimida, contra as leis da natureza, tende a se manifestar de forma patológica diz Reich, o falso moralismo e as perversões sexuais são faces de uma mesma moeda que prolonga a existência da obscenidade eleva a ruína à felicidade do amor, isto porque o homem hipócrita se rege por formas compulsivas externas e não em suas leis internas naturais como uma “imoralidade”. Ao ser distorcida sua sexualidade fica mais suscetível a obscenidade, alimentando assim a pornografia. Segundo Reich, quando todos tiverem uma sexualidade sadia, não precisarão mais das doenças sádicas e a pornografia não venderá mais.
Porque toda essa carga de leis e códigos morais que o patriarcado criou e depois as religiões monoteístas sacramentaram, só trouxeram mesmo foi todo tipo de doença afetivo - sexual e mental, onde a prostituição, a pornografia e etc. são somente sintomas e efeitos.
Livres para viver e amar, é isso que precisamos, mas só acontecerá isso quando a mulher se conscientizar e não se deixar mais explorar de forma alguma, seja por dinheiro ou por segurança emocional ou material. Por isso sou feminista e paga, pois acredito que através do feminismo e da Religião da Deusa é que as mulheres poderão se curar dos males do patriarcado.
Autora: Arttemia Arktos. Original perdido.
Repostado. Texto originalmente publicado em 24/06/2009, resgatado com o Wayback Machine.
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