Falseabilidade é uma filosofia da ciência.
“Falseabilidade ou refutabilidade, é a propriedade de uma asserção,
ideia, hipótese ou teoria poder ser mostrada falsa. Conceito importante na
filosofia da ciência (epistemologia), foi proposto pelo filósofo austríaco Karl
Popper na década de 1930, como solução para o chamado problema da indução.
Para uma asserção ser refutável ou falseável, é necessário
que haja pelo menos um experimento ou observação factíveis que, fornecendo
determinado resultado, implique a falsidade da asserção”.
[https://pt.wikipedia.org/wiki/Falseabilidade]
A falseabilidade foi estipulada como solução para o problema
da indução.
“O problema da indução é a questão filosófica sobre se o
raciocínio indutivo (uma generalização ou uma previsão não dedutiva) leva ao
conhecimento. Uma generalização é qualquer argumento não dedutivo cuja
conclusão é mais geral do que as premissas. Ou seja, o problema da indução
refere-se a:
Generalizar sobre as propriedades de uma classe de objetos
com base em algumas observações do número de instâncias específicas da classe
(por exemplo, a inferência de que "todos os cisnes que temos visto são
brancos e, portanto, todos os cisnes são brancos", antes da descoberta do
cisne negro).
Pressupor que uma sequência de eventos no futuro ocorrerá
como sempre foi no passado (por exemplo, que as leis da física manifestar-se-ão
como sempre foram observadas).
Segundo a linha indutivista, a ciência começa com a
observação. A observação, por sua vez, fornece uma base segura sobre a qual o
conhecimento científico pode ser construído, e o conhecimento científico é
obtido a partir de proposições de observação por indução”.
[https://pt.wikipedia.org/wiki/Problema_da_indu%C3%A7%C3%A3o]
Isso posto, a falseabilidade é um teste para que uma teoria
seja provada verdadeira ou válida cientificamente. “A falseabilidade serve para
separar o conjunto de informações de carácter falso como a pseudociência dos
campos da ciência. Toda pseudociência tende a não ser falseável, não há como
provar falsa devido ao fato de não ser possível identificar o suposto agente
por trás de tal processo”. [Wikipédia]
Então uma pergunta surge de minha curiosidade ao ler um
texto cristão que afirma que o Cristianismo é falseável, mas por ser baseado na
realidade, não é falseável.
Por que um cristão usa a filosofia da ciência para endossar
sua crença, se o método científico e a filosofia da ciência demonstram as
inúmeras falhas do Cristianismo?
Eu respondo: desonestidade intelectual.
O que não faltam são páginas de cristãos divulgando achados
arqueológicos que, para eles, provam a veracidade da Bíblia. Se bem que as
mesmas “provas” são descartadas quando acabam demonstrando hipóteses e teorias
que contrariam a doutrina cristã.
Por exemplo, no Wikipedia, no verbete da Bíblia, se afirma
que, com a descoberta da biblioteca de Nag Hammadi e dos Manuscritos do Mar
Morto, que este livro tem 99% de fidelidade. Entretanto os livros do Nag
Hammadi estão mais vinculados ao Gnosticismo e os Manuscritos do Mar Morto
estão vinculados aos Essênios e a livros considerados apócrifos.
Quem, como eu, estudou pelo menos um pouco sobre a história
do Cristianismo e da Bíblia, sabe das incongruências, contradições,
interpolações, censuras, fraudes e péssimas traduções que aconteceram na construção
desse livro.
“No século IV, a Igreja se reuniu em Concilio em Nicéia, e
uma das tarefas era organizar o "cânon", ou a lista de livros
sagrados considerados autênticos. Neste Concilio, os livros foram estudados e
se investigou quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre foram
considerados legítimos. E se estabeleceu a ordem ainda hoje conservada. O
motivo pelo qual alguns livros foram postos em dúvida era a grande quantidade
de livros apócrifos, que fazia com que se duvidasse dos verdadeiros. Havia
muitos livros que os judeus não aceitavam. Então os Ss. Padres ponderaram os
prós e contras e definiram a lista que foi aprovada”.
[https://www.bibliacatolica.com.br/conhecendo-a-biblia-sagrada/3/]
Ou seja, os Católicos assumem que cometeram esse “crime”. Os
protestantes não são diferentes, Lutero retirou sete livros para formar a
Bíblia que é usada até hoje pelos Protestantes e Evangélicos em geral. Isso sem
contra os inúmeros textos considerados apócrifos.
Conclusão: A Bíblia não pode servir como base para fazer
pregações. A Bíblia, entretanto, tem servido para justificar e desculpar o
discurso de ódio disseminado principalmente por pastores neopentecostais. Nenhuma
crença pode ser usada para justificar a ignorância, a intolerância e o
preconceito.
A historicidade de Jesus é extremamente discutível e
questionável. Ainda que esta pessoa tenha existido, os ensinamentos começaram a
ser transcritos posteriormente. Na época em que esse personagem existiu, Judá
tinha os Fariseus e os Saduceus. Além destes, nós podemos citar os Essênios e
os Zelotes. Não muito conhecidos, eu posso citar o Movimento Messiânico e os
Nazarenos.
Judá vivia sob o domínio da dinastia Selêucida, o Oriente
Médio estava sob o efeito do Helenismo e fortemente influenciado pela religião
Persa, o Mazdeísmo. O Helenismo favoreceu o aparecimento de inúmeras religiões
de mistério, entre estas o Orfismo e o Mithraismo, duas grandes concorrentes do
Cristianismo ainda em formação que, em sua origem, se manifesta de diversas
formas, o que é estranho, se considerarmos que deveria ser baseado nos
ensinamentos de uma pessoa.
Vamos a alguns fatos: metade da Bíblia é consistida no Velho
Testamento, que é uma cópia muito mal traduzida da Torah. Ali diz bem claro que
esse Deus é o Deus de Israel e de nenhum outro povo. Ali diz bem claro que
Cristo é um anjo de Deus [não o Filho] e foi enviado para redimir o Povo de
Israel e nenhum outro povo.
A outra metade é constituída pelos Evangelhos. Em várias
partes fica claro a distinção entre o “Povo de Deus” e os “Gentios”. Em alguns
textos, os ensinamentos são muito semelhantes aos que se encontra no
Gnosticismo e dão a entender que o Deus que Jesus anuncia não é o do Velho
Testamento. Comparando os Evangelhos e o Velho Testamento, Jesus não preenche
os pré-requisitos para ser considerado Cristo. A conclusão óbvia é que o
cristão está acreditando em uma falsa promessa.
Pergunta rápida ao eventual e caro leitor para matutar até
a próxima postagem: o Cristianismo é Socialista ou Capitalista?
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