Cristianismo: Socialista ou Capitalista?

O que não falta na internet são páginas mantidas por pessoas que se identificam como sendo conservadoras e cristãs. Defendem a Bíblia, a doutrina cristã, a formatação heteronormativa da família e o Capitalismo.

Inevitavelmente atacam tudo aquilo que contesta ou desafia essa visão de mundo. Como os discursos com a advertência sobre o “perigo” da Ideologia de Gênero, da Agenda LGBT e do Marxismo/Socialismo/Comunismo.

Eu, que por esse padrão, posso me considerar, no mínimo, herege, por ser anarquista, de esquerda, pagão moderno, defensor do Feminismo e dos direitos da comunidade LGBT, pergunto, de forma provocativa: Cristianismo é Socialista ou Capitalista?

Como o cristão se baseia na Bíblia, pois ele considera que esse livro é escrito ou inspirado pelo Deus deles, eu cito:

João respondia: "Quem tem duas túnicas reparta-as com quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo". - Lucas 3:11

Então Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes. - João 6:11

Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham. - Atos 4:32.

Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos para repartir. - 1 Timóteo 6:18

Por meio dessa prova de serviço ministerial, outros louvarão a Deus pela obediência que acompanha a confissão que vocês fazem do evangelho de Cristo e pela generosidade de vocês em compartilhar seus bens com eles e com todos os outros. - 2 Coríntios 9:13.

A conclusão pela interpretação de texto não deixa dúvida que Cristo era comunista.

O Cristianismo tornou-se Capitalista pela influência do conceito de propriedade privada que existia na lei romana. Os teólogos do século XI ao XIII reinventaram o direito da propriedade privada, reformulando esta como um direito divino.

Max Weber apenas assinalou para o óbvio em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Sem isso, seria impossível pensar na Teologia da Prosperidade nem da mudança na doutrina dentro do Cristianismo sobre a acumulação de riquezas ou da obtenção do lucro, típicos do Sistema Capitalista. Sem isso seria impossível pensar no sucesso do neopentecostalismo como empreendimento comercial, faturando alto com a coleta de dízimos e ofertas, mais a imoral venda de inúmeros itens supostamente abençoados. Sem isso seria impossível imaginar a expansão do televangelismo nas emissoras de televisão, disseminando em rede nacional o discurso de ódio contra a comunidade LGBT, contra as religiões de matriz africana, contra o Feminismo e contra a Esquerda.

Portanto não é espanto algum que o Cristianismo ande de braços dados com a xenofobia, com o racismo, com a supremacia branca e a extrema-direita.