quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

A Cratera da Coruja

O deserto de areia branca estendia-se à nossa volta, apoiando os raios solares que tentavam romper a fina camada de nuvens. Khalid, o meu guia, caminhava à frente, seu passo seguro e confiante na areia movediça. Eu o seguia, concentrado nas suas costas largas e musculosas, que contrastavam com as minhas, mais delgadas.

De repente, ele parou e se virou para mim com um sorriso misterioso. "Chegamos", disse em tom de liderança. Zara, a nossa companheira de viagem, emergiu da areia atrás de nós. Sua pele negra brilhava intensamente em sua face fina e bela, ainda que semi-oculta por um capuz preto. Ela me olhou de cima a baixo com um vazio que me fazia tremer ligeiramente.

"Prepare-se", disse Khalid, enquanto abria a bolsa que trazia ao lado. De dentro, retirou um par de botas de couro preto e as colocou no chão à minha frente. "Você vai precisar disso para descer os degraus profundos."

Eu as peguei, me sentindo estranho com as solas grossas e os salivação abertos. Nossa cratera não parecia um local conveniente para desço, com suas paredes inclinadas e rochosas. No entanto, Khalid parecia confiante e eu não queria errar sua fé.

Através da cratera, uma luz brilhante vinda do centro chamou nossa atenção. Zara se moveu em silêncio, guiando-nos em direção à fonte do brilho. Nós desciamos, cada passo mais perigoso do que o anterior em virtude da areia escorregadia e dos degraus inexistentes.

Quando alcançamos a base da cratera, um portal transparente se estendia ao nosso redor. É difícil descrever o que havia do outro lado, pois nenhuma luz natural parecia penetrar ali. Era um mundo embranquecido, como se todos os tons se tivessem desvanecido, deixando apenas um branco puro.

Zara seguiu adiante, passando por dentro do portal. Khalid me olhou com um breve sorriso antes de se juntar a ela. Eu hesitei um momento, mas entendi que precisava aceitar essa experiência para avançar em meu próprio crescimento.

Com as botas de couro nas mãos, mordendo o lábio inferior, eu me inclinei e entrei no portal. Imediatamente, senti um choque frio contra minha pele nua. Estava nu, meu corpo exposto em um cenário frio e puro.

Uma mão cálida se posou em meu quadril e eu me vi olhando para Zara, nossa boca quase tocando. Ela me beijou com paixão, seu sabor salgado me fazendo estremecer. Em seguida, abriu os olhos e me olhou com uma intensidade que me fez desejar mais.

As mãos de Khalid se moveram pelo meu corpo, explorando cada curva e contraste. Ele a beijou, profundamente, e eu senti o seu membro duro pressionando contra o meu. Zara se ajoelhou e a beijou também, criando um laço triplo de sabor e toque.

Mergulhado nesse mundo puro e branco, fiquei consciente de que não havia restrições, nem fronteiras entre nossos corpos. Sexo, amor, identidade e preferência eram tudo uma e mesmo coisa. Era uma experiência libertadora, onde nossas necessidades e desejos fluíam livremente.

Então, assim como surgiu, as criaturas desapareceram. Eu estava novamente em minha própria pele, botas de coruja no chão. Khalid me olhou e disse, "Sahib, você viu?", indicando a cratera agora vazia. Zara se aproximou e me abraçou, seus lábios quentes no meu ouvido. "Agora você entende."

Subimos os degraus e saímos do deserto, retornando ao mundo real carregados por uma experiência inesquecível. Eu sabia que nunca mais olharia o sexo e a identidade da mesma maneira. O safari queer havia me revelado a liberdade de amor, sem fronteiras. E para mim, foi uma viagem mais eficaz do que qualquer terapia.

Criado com Toolbaz.

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