terça-feira, 17 de setembro de 2024

Festival de meio de outono

Autora: Iara Vidal.

O Festival de Meio Outono da China, também conhecido como Festival da Lua, é uma das celebrações tradicionais mais importantes da China, juntamente com o Ano Novo Chinês.

A festa é mais do que uma celebração da lua cheia; é uma expressão profunda da cultura chinesa que enfatiza a importância da família, da gratidão e da esperança por prosperidade. É um momento em que as pessoas refletem sobre o passado, apreciam o presente e olham com esperança para o futuro sob a luz suave da lua.

O festival ocorre no 15º dia do 8º mês do calendário lunar chinês, geralmente caindo entre setembro e outubro no calendário gregoriano, adotado aqui no Brasil. Nesse dia, a lua é considerada a mais cheia e brilhante do ano, simbolizando reunião e plenitude.

Neste ano, a tradicional Gala do Festival do Meio Outono de 2024, evento anual promovido pelo Grupo de Mídia da China (CMG, na sigla em inglês) será realizado a partir das 20h (horário de Pequim) desta terça-feira (17).

A Gala será realizada em Shenyang, província de Liaoning, uma cidade com mais de 2.300 anos de história e mais de 1.500 sítios históricos e culturais.

O palco foi montado à beira do Lago Dingxiang, pois o evento pretende apresentar uma impressionante visão artística "bela, sincera, lírica e romântica". Aninhado junto ao lago, o palco circular com panorama de 360 graus destaca a integração da arte com as tecnologias modernas.

O maior destaque e inovação do design do palco é uma "lua cheia" móvel. Com um diâmetro de 12 metros, a lua, pesando 10 toneladas, está posicionada no palco principal e lança luz sobre a água ondulante.

O espetáculo apresentará a cultura tradicional chinesa através de expressões artísticas que incluem canções, danças, obras tradicionais chinesas e performances instrumentais. O show oferecerá ao público tanto a beleza da cultura quanto a da ciência e da tecnologia.

O festival tem raízes que remontam há mais de 3 mil anos, inicialmente relacionado às práticas de adoração da lua durante a dinastia Shang (1600–1046 a.C.). Com o tempo, tornou-se uma ocasião para celebrar a colheita de outono e expressar gratidão pelas boas safras. A lua cheia é um símbolo de reunião familiar, e por isso o festival enfatiza a importância dos laços familiares e da harmonia.

Uma das lendas mais famosas associadas ao Festival de Meio Outono é a história de Chang'e, a Deusa da Lua. Segundo a lenda, Chang'e consumiu um elixir da imortalidade e ascendeu à lua, separando-se de seu amado marido, o arqueiro Hou Yi. Durante o festival, as pessoas contam essa história e prestam homenagem a Chang'e, esperando trazer boa sorte e felicidade.

O mito de Chang'e é uma das histórias mais famosas e queridas na mitologia chinesa. Segundo a lenda, há muito tempo, a Terra era atormentada por dez sóis que surgiam no céu ao mesmo tempo, causando calor insuportável e devastação. O grande arqueiro Hou Yi foi convocado para salvar o mundo deste caos. Com sua habilidade excepcional, ele derrubou nove dos dez sóis, deixando apenas um para fornecer luz e calor adequados à Terra.

Como recompensa por seus feitos heroicos, Hou Yi recebeu um elixir da imortalidade da Rainha Mãe do Ocidente (Xi Wang Mu). No entanto, ele não queria alcançar a imortalidade sem sua amada esposa, Chang'e, então decidiu guardar o elixir até encontrar uma maneira de ambos compartilharem a imortalidade.

Certa vez, enquanto Hou Yi estava fora, seu aprendiz desleal, **Peng Meng**, tentou roubar o elixir. Para proteger o elixir e evitar que ele caísse em mãos erradas, Chang'e tomou a poção. Imediatamente, ela começou a flutuar e ascendeu aos céus, estabelecendo-se na lua, o corpo celestial mais próximo da Terra.

Quando Hou Yi retornou e descobriu o que havia acontecido, ficou desolado. Em homenagem a Chang'e, ele colocou uma mesa no jardim com as comidas favoritas dela e prestou reverência em direção à lua. Os vizinhos, comovidos pela história, fizeram o mesmo, iniciando a tradição de venerar a lua durante o Festival do Meio Outono.

Na lua, Chang'e não está sozinha. Ela é acompanhada pelo Coelho de Jade (Yutu), que constantemente prepara elixires de imortalidade. O coelho é frequentemente representado moendo ervas em um pilão e tornou-se um símbolo de longevidade e companhia para a deusa solitária.

A influência da lenda perdura até os dias atuais. O programa lunar da China foi nomeado Chang'e em homenagem à deusa, refletindo o desejo de explorar e desvendar os mistérios da lua. Filmes, séries de televisão e obras literárias continuam a recontar e reinterpretar a lenda, apresentando-a a novas gerações.

Além da China, o Festival de Meio Outono é celebrado em vários países do leste e sudeste asiático, como:

Vietnã: Conhecido como T?t Trung Thu, é especialmente centrado nas crianças, com desfiles de lanternas e apresentações de dança do leão.
 
Coreia do Sul: Chamado de Chuseok, é um importante feriado para honrar os antepassados com rituais e visitas aos túmulos familiares.
 
Japão: Conhecido como Tsukimi (observação da lua), onde as pessoas contemplam a lua e comem bolinhos de arroz chamados dango.

Hoje, o Festival de Meio Outono continua a ser um momento significativo para preservar as tradições culturais e promover a coesão social. Além dos aspectos tradicionais, o festival também se modernizou, com novos sabores de bolos da lua e eventos urbanos que atraem tanto os jovens quanto os mais velhos.

A lenda da lua na China é uma parte vital do rico patrimônio cultural do país. A história de Chang'e não apenas explica a origem das celebrações do Festival do Meio Outono, mas também reflete valores humanos universais, como o amor altruísta e o desejo de eternidade. Ao contemplar a lua cheia, as pessoas não apenas apreciam sua beleza, mas também se conectam com uma tradição milenar que continua a inspirar e unir famílias e comunidades.

Fonte, citado parcialmente: https://revistaforum.com.br/global/chinaemfoco/2024/9/16/festival-de-meio-outono-celebrao-da-familia-da-lua-165653.html

Nota: as tradições resistem ao governo chinês, ateu. Apesar de tentar manter as aparências, a China não tem liberdade religiosa, liberdade de expressão, nem democracia.

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