terça-feira, 3 de setembro de 2024

Da fragilidade do homem

Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina ou menino
Sou masculino e feminino

- Masculino e Feminino, Pepeu Gomes (1983)

Quando eu tinha meus 10, 15 anos, o pior xingamento era viado e bicha.
Eu ouvia na perua da escola o programa do Gil Gomes falando em crime de honra.
Quando falaram em divórcio e em reprodução assistida, a Igreja fez escândalo.
A mesma Igreja que tentou encobrir os escândalos de abuso sexual cometidos por padres.
Meu pai tinha uma enciclopédia de quatro volumes sobre educação sexual.
Eu sabia sobre sexo em tenra idade mais do que muitos garotos.
Eu era introvertido e tímido, sofri na mão de meus colegas.
Eu tive que aprender rápido que criança/adolescente pode ser cruel.
Na década de 70 e 80 era normal ter cabelo comprido.
Eu fui assediado por um anônimo que me tomou por mulher.
Meu pai achava que eu (e minha irmã) éramos homossexuais.
Isso só começou a mudar na década de 90.
Muitos livros depois. Muitas experiências depois.

Na psicanálise (e no esoterismo) a humanidade é feita de ambos, masculino e feminino.
Todos nós carregamos dentro de nós o DNA de nosso pai e de nossa mãe.
No conhecimento antigo (esotérico, ocultista, místico) o primeiro humano era hermafrodita.
Algumas teorias dizem que existiu uma sociedade antiga matriarcal e possivelmente cultos exclusivamente voltados a Deusas.
Mas com o aparecimento das civilizações, novos Deuses surgiram. Reis e Imperadores eram suportados por um sistema patriarcal, pela propriedade privada e por exércitos prontos para a guerra e a invasão.
Nós que tanto nos orgulhamos da cultura greco-romana, não nos damos conta que a misoginia, a diminuição da mulher à segunda classe, veio dali.
Mas não imitamos o hábito da Grécia Antiga dos erastes e eromenos.
Assim como a prostituição, a homossexualidade, sagrada dos templos, fo rapidamente relegada a algo proibido, criminalizado, estigmatizado.

O sistema capitalista reteve a propriedade privada como essencial.
A alienação e a exploração do trabalhador eram política e economicamente lucrativos com a manutenção da repressão e opressão sexual oriunda da doutrina cristã.
Isso somente começou a mudar com as revoluções, com o surgimento do feminismo e a abertura do mercado de trabalho para a mulher.
Nós ainda estamos em um sistema extremamente patriarcal, machista, misógino, intolerante e preconceituoso.
Então eu concordo com Mário Mieli de que a heterossexualidade é a patologia.
Mas não precisa ser assim.
O homem é o maior patrocinador da pobreza, da miséria, da guerra.
Mas não precisa ser assim.

O homem é o verdadeiro sexo frágil. Nós somos inseguros de nossa própria masculinidade.
Nós recorremos ao uso da força. Quando não é suficiente, temos as armas.
A fixação por carros, armas e foguetes, Freud explica.
A necessidade de seguir lideres que enaltecem a militarização do governo, o apoio à ideias conservadoras, de extrema direita, incluindo o fundamentalismo cristão.
Esse é o cerne do masculinista.

Realmente, é muito estranho esse medo de parecer afeminado.
Eu tenho um cuidado comigo que nas décadas anteriores seria visto como coisa de fresco.
Eu vejo homem de 20, 30 anos, tendo uma estranha reação quando eu falo do exame de toque a partir dos 45 anos.
Provavelmente eu seria linchado em público por admitir que fiquei encantado e interessado por uma mulher transgênero.

Eu fui tratado com mais civilidade por bichas e lésbicas do que por muitos homens e mulheres heterossexuais.
Eu provavelmente posso ser condenado (de novo?) por esperar que a revolução venha da comunidade LGBT.
Mauro Bartolomeu falou da Onigamia. Mario Milei falou do Comunismo Transexual.
Que venha. Que tod@s tenham o direito e a liberdade de amar quem quiser, quantos quiser.
Assim seja.

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