segunda-feira, 27 de junho de 2022

Os monstros somos nós

Eu demorei para escrever essa resenha porque eu estava procurando a imagem ideal.
Tanto, que eu não tenho certeza de quando eu maratonei o seriado.
Está disponível na Netflix (eu não estou ganhando um centavo com isso) com o título "Monstros da Cracóvia".
O título não faz jus ao conteúdo. Para ser sincero, nem o roteiro nem as resenhas que eu achei pelo Oráculo Virtual (Google) fazem jus ao conteúdo. Infelizmente, o título resume o conceito do seriado, sendo otimista, mais um seriado típico, como um filme, de terror estendido.
Desde que a Sétima Arte foi criada não mudou muito o padrão dos filmes (e séries) de terror. A humanidade tendo que lidar e enfrentar uma criatura sobrenatural. Eu prefiro filmes de suspense psicológico, porque mostram que os monstros somos nós.
As resenhas consultadas no máximo citam que o seriado é baseado na mitologia eslava, mas isso não é suficiente, não para mim.
As resenhas erram feio ao descrever que o antagonista é um "demônio". Deu algum trabalho para encontrar as referências, mas como eu vi o seriado, eu detectei que o "monstro" é o dragão de Wawel.
A mitologia desse dragão está vinculado ao rei (mítico) Krakus dos Lechitas e/ou Vistulanos, tribos que fizeram parte da fundação da Polônia. O nome da Cracóvia vem do rei Krakus e existe um monte que é considerado um túmulo onde se supõe estar os restos do rei lendário.
O rei derrotou o dragão, entretanto foi assassinado por seu irmão mais novo. Assim, quem herdou a coroa foi a filha de Krakus, Wanda, a quem também é atribuído um monte onde se supõe que seja o túmulo dela.
Em alguma parte do seriado (sem spoiler!) fica "explicado" que o dragão possuiu um garoto para se vingar de Wanda. O que o seriado não explica é porque um ser que demonstra tanto poder precisaria possuir um humano para realizar seus objetivos. Talvez, eu especulo, que existam leis universais que estejam acima até dos Deuses.
O seriado seria um desperdício total se não fosse por duas cenas. Uma, onde um dos investigadores fica dentro de um círculo mágico e entra em transe e outro onde o professor "explica" a hierarquia dos espíritos, segundo a mitologia eslava.
Curiosamente, a teologia eslava tanto é monoteísta quanto politeísta. Há um Deus supremo, Rod e Deuses "menores" que agem como demiurgos. Estes são divididos em duas classes: Belobog (Deuses "brancos") e Chernobog (Deuses "negros"). Infelizmente tem muito pagão moderno que acredita que isso tenha algo a ver com etnia. Eu vejo aqui o mesmo conceito da polaridade sagrada essencial e necessário para a existência do Universo.

Nenhum comentário: