A proposta ainda precisa ser discutida e votada em plenário. Caso aprovada, a alteração pode retirar quase R$ 10 bilhões do orçamento da educação já no próximo ano.
Em outubro do ano passado, o governador encaminhou ao legislativo a proposta que altera a Constituição Estadual, retirando a obrigatoriedade de investir 30% do orçamento do estado em educação.
O projeto estabelece que esses 5% agora poderão ser usados tanto em educação quanto em saúde -caberá ao governo decidir, ano a ano, como ficará a divisão do gasto entre as duas áreas. O governo Tarcísio defende a necessidade de transferir mais recursos para a saúde.
A reportagem procurou a gestão Tarcísio na tarde desta quarta, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.
Quando o projeto foi apresentado, em outubro, o governo de São Paulo disse que não era obrigado a apresentar quais projetos poderiam ser afetados no futuro pela mudança da regra.
A gestão disse na ocasião que “não está propondo a redução de investimentos”, mas uma “desvinculação de até 5%”. “A proposta abre a possibilidade de remanejamento parcial ou total dos 5% flexibilizados do orçamento para a área da saúde, que também é prioritária para a população.”
Assim que foi encaminhada, a proposta levou sindicatos e entidades ligadas à educação a promoverem uma série de protestos contra a medida. Com a resistência ao projeto, os deputados postergaram a avaliação no ano passado.
A Constituição de São Paulo, de 1989, determinou que o estado deveria gastar 30% da receita de impostos com educação e 12% com saúde. O valor é superior ao previsto pela Constituição Federal, que determina o mínimo de 25% para a educação.
A proposta de reduzir o patamar obrigatório de investimento em Educação ocorre exatamente no momento em que o governo paulista passa a ser obrigado, por uma decisão judicial, a não computar gastos com aposentados dentro dos 30%.
Há mais de duas décadas, governadores paulistas utilizam recursos da educação na previdência, o que já foi considerado inconstitucional pelo STF. Um acordo feito com o Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou o estado a continuar com a prática até o fim de 2024.
Especialistas destacam que a redução de investimentos em educação pode dificultar o cumprimento de promessas feitas por Tarcísio durante a campanha eleitoral. Ele se comprometeu, por exemplo, a aumentar a oferta de vagas em creches nos municípios paulistas -em 2022, 50% das crianças de 0 a 3 anos do estado estavam matriculadas na educação infantil.
Outra promessa de Tarcísio é ampliar a oferta de vagas em ensino técnico. Também prometeu que São Paulo lideraria os indicadores educacionais para o ensino médio -em 2023, primeiro ano da gestão Tarcísio, a rede estadual paulista teve piora no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)
ISABELA PALHARES / Folhapress
Fonte: https://thmais.com.br/giro-de-noticias/comissao-da-assembleia-de-sp-aprova-pec-de-tarcisio-que-pode-tirar-ate-r-10-bi-da-educacao-no-estado/
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