Steven Posch escreveu em seu blog:
Em 1346, uma forma particularmente virulenta da peste bubônica, conhecida como Peste Negra, chegou à Europa. Nos anos subsequentes, de acordo com algumas estimativas, ela matou algo como 60% da população do continente.
Isso também desencadeou um renascimento pagão?
Assim diz o jornalista Gavin Ehringer em seu livro de 2017, Leaving the Wild: The Unnatural History of Dogs, Cats, Cows, and Horses:
...[A] Peste Negra fez com que muitas pessoas na Europa perdessem a fé no deus cristão e na Igreja Católica. (Muitas pessoas astutas observaram que Roma estava melhor durante a administração de seus inúmeros deuses e deusas do que sob o Deus cristão.) Então, ironicamente, o paganismo retornou em algumas regiões... Libertadas do pensamento cristão, as pessoas também se voltaram para o estudo da cultura grega e romana antigas, o que ajudou a dar início ao Renascimento (145).
Bem, agora. Um conto envolvente, com certeza, especialmente para pagãos dos Últimos Dias como nós, um com um toque muito real de probabilidade.
Pense. Seis em cada dez pessoas que você conhece morreram miseravelmente. Claramente, a Igreja errou em algo. Você se lembra daquelas histórias antigas que a vovó costumava contar. Bem, o novo deus não está funcionando. Talvez devêssemos dar outra chance aos antigos.
Então, em Beltane, você vai até a floresta e acende uma fogueira. A partir de pedaços antigos e meio lembrados do folclore e de trechos de coisas que você ouviu na igreja, você monta um novo paganismo para si mesmo.
Você fica um pouco bêbado, dança, faz sexo. Em um momento que de outra forma seria notavelmente carente de bons momentos, você se diverte.
Então, na véspera do solstício de verão, você sai e faz tudo de novo.
O que poderia ser mais provável? Quem poderia duvidar que isso aconteceu, espontaneamente, de novo e de novo, por todo o continente?
Certamente é inegável que em 1486, cerca de 100 anos depois — tempo suficiente para que esses supostos Paganismos dos Últimos Dias começassem a criar raízes geracionais — o Papa Inocêncio iniciou a primeira rodada de perseguições às bruxas na Europa.
Então, Dr. Murray: você poderia me contar sua teoria sobre bruxaria novamente, por favor?
Retomando.
Eu havia cogitado essa possibilidade, mas a Igreja começou sua caçada ao que era chamada “heresia” por volta de 1200.
A “conquista” do Cristianismo sobre o “Paganismo” não foi nem homogêneo nem pacífico. A hegemonia da Igreja também não foi nem tranquila nem unânime.
Até entre os chamados Patriarcas da Igreja as opiniões frequentemente estavam em conflito.
Em sua origem, o “cristianismo” era extremamente diversificado. Os chamados Evangelhos só podiam ser lidos por padres e só receberam a configuração que conhecemos por volta do século XIV. No meio dessa história de quase 2 mil anos, rolou muitos assassinatos, muitas fraudes, muitas tradições e muita conspirações.
Então, se nem os padres entendiam direto a doutrina do que pregavam, imagine o povo comum? A enorme maioria era analfabeta e trabalhava no campo. Onde o poder e influência da Igreja era menor. Onde o padre local teve que fazer várias concessões e adaptações. Onde as crenças e tradições antigas ficaram preservadas de forma sincrética.
Então as pessoas não “voltaram” aos Deuses Antigos. Eles sempre estiveram e estão ao nosso redor.
O estudo da cultura greco-romana veio bem depois, no século XV e foi impulsionado pela Renascença. Mas isso somente entre acadêmicos, pensadores e nobres.
O triste episódio do Santo Ofício foi uma extensão e especialização da luta contra as heresias que existiam desde o século XII.
A tese de Margareth Murray foi devidamente descartada. Foi exagerada e feita com enormes lacunas preenchidas com evidências questionáveis, como a tese escrita por Marija Gimbutas sobre um antigo culto a uma Deusa.
Nós não podemos barganhar nem falsificar a história. Isso é coisa de cristão.
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