Começa com uma pergunta provocante.
"A razão e a fé são diametralmente opostas?"
Eu mesmo tenho vários textos criticando o péssimo hábito entre os ateus que demonstram ser tão dogmáticos e intolerantes quanto os cristãos, mas o texto do Dan merece uma análise crítica.
"Enquanto estava na Califórnia algumas semanas atrás, peguei uma cópia de Gerard Verschuuren, A Catholic Scientist Harmonizes Science and Faith (Manchester, NH: Sophia Institute Press, 2022).
Achei as primeiras linhas do livro dele interessantes. Foi por isso que decidi comprá-lo. Ele começa assim:
"A ideia de que ciência e fé podem viver juntas é uma questão de vital importância para pessoas de fé. No entanto, mais e mais pessoas hoje em dia afirmam que ciência e fé não podem realmente viver juntas. Elas caricaturam os crentes religiosos como 'esquizofrênicos'. Nos dias de semana, eles são críticos, querem provas, procuram argumentos e acreditam em algo somente se não houver mais dúvidas. Então, aos domingos, eles ligam um interruptor, colocam seu entendimento em zero e seu olhar no infinito; eles não precisam de provas, eles abrem suas bocas e engolem verdades reveladas e dogmas absurdos.
O contraste pintado nessa paródia é claro: os crentes religiosos vivem uma vida 'esquizofrênica'. É a vida da ciência e da razão nos dias de semana e a vida da religião e da fé aos domingos. Claro, é uma farsa, mas muito difundida hoje em dia, fortemente promovida pela mídia e pela academia."
Dan e Gerard estabelecem uma analogia infeliz. Praticamente estão comparando a crença, a fé, com esquizofrenia. Eu sei o que é isso e quem sofre desse mal precisa de tratamento pela vida toda. Os delírios de uma pessoa esquizofrênica nunca serão reais nem racionais.
"Ele simplesmente ressalta que a linha divisória entre o reino da vida cotidiana e o da fé religiosa não é tão clara e nítida quanto a caricatura sugere.
Por um lado, ele diz, não podemos e normalmente não somos solicitados a aceitar pela fé algo que não podemos entender de forma alguma. Então, a razão deve ser empregada para fazer pelo menos um sentido mínimo das proposições que nos são entregues pela fé religiosa."
Considerando o que padres e pastores proferem diante do púlpito, ou em seus monólogos direcionados ao público, é a doutrinação, não a razão, o que importa.
"Ofereço alguns exemplos meus que, penso eu, ilustram o ponto do Dr. Verschuuren e com os quais ele ficaria contente: O que significa falar de Deus ? O que significa afirmar que Jesus era divino, ou que ele de alguma forma veio para nos salvar? Para o que seus milagres — o apóstolo João os chama de 'sinais' — apontam?"
Claro, Dan puxou a sardinha para o lado dele. Desonestidade intelectual.
"Também observo, embora ele próprio ainda não o tenha feito em minha leitura dele, que há proposições científicas que somos convidados a afirmar que nós — certamente eu — não entendemos ou não podemos compreender totalmente ou mesmo minimamente: A luz é onda e partícula? O espaço é curvo? Existem múltiplas dimensões além das quatro com as quais estamos familiarizados? E quanto à singularidade no momento imediatamente anterior ao Big Bang? O que significa para o tempo ter surgido em algum ponto 13,8 bilhões de anos atrás? O que havia antes disso? Nada? Como posso sequer imaginar uma coisa dessas? E ainda assim a ciência atual parece exigir que eu afirme tais coisas, mesmo que eu não consiga nem fingir entendê-las."
Essa é uma parte onde Dan - e muito ateu - falha. A Ciência nunca postulou ser a dona da verdade. As proposições e teorias científicas podem e são testadas e criticadas constantemente. O mesmo não ocorre com as doutrinas religiosas, especialmente as apresentadas pelos Adventistas🤭😏.
“A própria razão depende, para começar, da fé, fé nos nossos sentidos, fé no nosso intelecto, fé nas nossas memórias e fé no que os outros descobriram” (citando o Gerard).
Essa é uma parte que o ateu não percebe. Mas existe uma falha na premissa do Gerard. A apreensão do real, do mundo, vem dos sentidos, limitados e falíveis. Mas as conclusões apresentadas pela Ciência pode ser testada e confirmada, não depende de uma crença. Nosso conhecimento também procede de nossas memórias e experiências, mas as conclusões são exclusivamente nossas. Há uma margem enorme a ser considerada, só levando em conta o Cristianismo.
"O ponto do Dr. Verschuuren, portanto, é que a ciência e a razão científica não são livres de fé, e as afirmações religiosas não são totalmente divorciadas da razão. Assim, a caricatura que tenta retratar a religião como totalmente irracional e puramente baseada na fé, em contraste com uma ciência que não tem absolutamente nenhuma necessidade de fé, mas, ao contrário, é firmemente baseada na razão objetiva, não pode resistir ao escrutínio..."
Dan comete o pior ato. Isso é indução, não dedução. A fé, a crença, pode ser irracional. A postura de proibir transfusão de sangue, por uma questão doutrinária, por exemplo.
“A fé pode cobrir questões que a ciência e a racionalidade são inerentemente incapazes de abordar, mas isso não as torna irracionais ou irreais” (citando Gerard).
Eu ouço o ateu na platéia falando: esse é o "Deus das lacunas". Eu mantenho minha pergunta. O que fazer com essa parte da cultura humana que não tem base em evidências, lógica ou razão?
Mas para o Dan, não foi dessa vez. Melhor sorte na próxima.
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