Um exemplo disso é o direito de liberdade religiosa, previsto pelo Art. 16, no capítulo sobre liberdade, respeito e dignidade, onde está disposto que a população infanto-juvenil deve ter acesso ao lazer e, também, à expressão de práticas religiosas.
No entanto, diversos núcleos familiares brasileiros acabam obrigando os filhos a frequentarem instituições religiosas, sem sequer checar se há consentimento em participar das atividades.
O fundamentalismo, que se trata de um movimento religioso, muito presente em igrejas cristãs, onde quaisquer comportamentos, situações e acontecimentos da sociedade moderna que fujam dos princípios defendidos pela escritura da instituição, são criticados, é um dos principais motivos pelos quais os jovens se sentem oprimidos dentro de casa.
Ele não apenas projeta o molde ideal através da concepção religiosa, como cobra atitudes que, muitas vezes, são desconfortáveis e desrespeitam as crianças e os adolescentes.
A sociedade não costuma olhar para essa parcela da população como "merecedoras de direitos". Embora a infância seja uma das partes mais importantes da vida do ser humano, onde aprendemos quem somos e definimos nossa personalidade, as crianças ainda são desprezadas quando tentam expressar suas vontades e opiniões, por exemplo.
A estudante Júlia Luiza conta que, a partir do momento em que a mãe começou a frequentar a igreja, houve uma pressão para que ela se adequasse e também participasse dos cultos religiosos.
Além disso, situações comuns do crescimento, onde há a necessidade de amparo dos responsáveis, como o início da vida sexual, se tornaram tabu dentro de casa e no ambiente religioso.
Júlia conta que passou por episódios depressivos durante a adolescência e que, ao tentar pedir ajuda e aproximar sua mãe, devido ao forte fundamentalismo exercido nas igrejas, escutou frases como: "isso é falta de oração", o que, ao invés de aproximá-la tanto de sua mãe, quanto da instituição, a afastou.
Júlia sentia uma espécie de "culpa" quando não se encaixava na igreja e em possuir opiniões e comportamentos divergentes dos quais eram pregados.
O fotógrafo Gabriel Júlio compartilha de experiências similares as de Júlia quando o assunto é falta de liberdade e escassez de um ambiente seguro para ele se expressar e questionar valores.
Ele, que mora na casa dos pais até hoje, aos 23 anos, ainda se sente desconfortável com as crenças que lhe foram impostas, uma vez que é necessário "obedecer às regras da casa" perante os limites impostos a ele e a pressão para cumpri-los.
Gabriel também relata que algumas ações relacionadas às crenças de seus pais o afastam de conhecê-lo melhor e de estabelecer um vínculo mais profundo.
Isso se dá devido ao fato da impossibilidade de conversar sobre sexualidade e da barreira emocional, principalmente por parte do pai, algo reforçado pela estrutura familiar conservadora, defendida pelo fundamentalismo.
Fonte, citado parcialmente: https://revistaforum.com.br/direitos/2023/10/11/extremismo-religioso-pais-fundamentalistas-oprimem-direitos-das-crianas-adolescentes-145651.html
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