Não há muitas certezas sobre este belo mosaico, o Deus Oceano, mas sabe-se que é romano, foi descoberto em 1926 mas novamente enterrado e esquecido. Em 1976, durante uma obra de construção, foi redescoberto e integrado depois no Museu Municipal de Faro.
O processo da sua classificação como Tesouro Nacional foi longo e complicado, durou cerca de três anos, e obrigou a vários pareceres oficiais e restauros técnicos. Mas valeu bem a pena, como assumido por Marco Lopes, diretor do Museu, ao dizer que a classificação de um bem como Tesouro Nacional é o reconhecimento máximo que uma peça museológica pode alcançar em Portugal.
O que torna afinal este mosaico uma peça digna do carimbo Tesouro Nacional? Antes do mais, a dimensão e o estado, raros, logo seguidos da perícia dos antigos artífices, e finalmente, ser a prova concreta da relevância de Faro, a Ossonoba romana, nesta longínqua província do Império: um recanto esquecido do domínio romano não mereceria tal item faustoso, caro e marcante, certamente.
A sua realização é certamente tardia, pelos inícios do século III depois de Cristo, e feita sobre mosaicos anteriores. É uma obra assinada por quatro doadores, mas sobre os quais se sabem apenas os nomes. Não sabemos o que os unia, fossem eles representantes do município ou dirigentes de uma associação laica ou religiosa. A hipótese que tem parecido mais real, ou seja, fazerem parte de uma corporação comercial com vínculo ao mar – pescadores ou fabricantes de conservas – é facilmente relevada pela distância à antiga zona portuária do ponto em que o mosaico foi encontrado.
Por outro lado, a temática representada, o deus Oceano, com patas e tenazes de caranguejo num toucado na cabeleira, é o motivo pelo qual tantos académicos o situam como parte do layout de um local de negócio ligado ao mar.
A proposta que ultimamente parece colher mais adeptos é o Mosaico ter feito parte de um edificado que tenha albergado a sede do poder provincial, e ser o deus Oceano a temática escolhida pela relevância económica que o mar tinha na região.
Fonte (citado parcialmente):
https://www.lisbonne-idee.pt/p5510-mosaico-deus-oceano-faro-mais-recente-tesouro-nacional.html
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