Por Sávio Adon Ittibel.
Pazuzu, com suas mãos/patas voltadas para cima e para baixo, representava os ventos quentes da mesopotâmia, expressando os lados que traziam as tempestades e as ventanias nestas regiões.
O demônio e deus assírio-babilônico Pazuzu é mostrado em formas de amuletos como leão grande com orelhas pontudas, uma boca rosnando expondo gengivas e quatro dentes caninos, e uma barba cheia ao redor de seu queixo. Um par de chifres de cabra varre sua testa. Imagens do demônio em sua forma completa mostram-no como uma figura composta de muitas criaturas diferentes: Ele tem uma cabeça de leão ou cão, um corpo escamoso com dois conjuntos de asas, mãos humanas ou patas de leão, cauda de escorpião, pênis de cabeça de serpente e pernas e garras de uma ave de rapina. Ele é muitas vezes retratado com o braço erguido em um gesto ameaçador. Das inscrições escritas às vezes no dorso de suas asas ou cabeça, é sabido para representar o vento quente, seco, ventos do sudeste da Mesopotâmia.
Como parte de um núcleo que o liga à deuses e demônios, retratados nesta cultura como espíritos malévolos e caóticos, ele possui as características que o classificam como deus-demônio das pragas, epidemias, doenças, catástrofes e dores.
Ele era chamado de ''Pai dos Espíritos Malévolos dos Ventos" e trazia as tempestades e caos ao redor das montanhas.
Por muito tempo ele foi representado como um ícone de poder e proteção espiritual, como deus-demônio, era encarregado de livrar as crianças e as mulheres gravidas dos espíritos que causavam danos e morte, livrava as mulheres grávidas dos abortos espontâneos e dos males que envolviam a gravidez. Sendo assim, ele se torna simbolo iconográfico de desarmonia em sua simbologia totalmente complexa.
Por mais que possuísse características distintas e complexas, era ele um dos encarregados de trazer as chuvas com seus ventos do sudoeste. Suas diversas formas que montam seu corpo são formas animalescas que o conecta diretamente com o mundo animal, metamórfico e real.
Em tempos de seca, ele trazia a esterilidade, a fome e a fome. Isso nos faz perceber que em suas diversas formas e aspectos, o Escorpião e a Serpente se fazem presentes, representando animais ligados à aridez, que também possuem venenos causadores da dor e algumas vezes a morte.
Sua ligação com as aves o ligam diretamente aos céus que e suas características leônicas o fazem parecer mais próximo da terra e da atuação do poder espiritual no plano físico. Sendo também bem avaliado o fato de uma de suas mãos estar abaixada e a outra levantada (Terra e Céu, Masculino e Feminino).
Ele claramente era um deus que trazia a chuva em seu pior modo, e com ela as pragas e as doenças virais. Aparentemente era um ser que podia mudar de forma quando quisesse, como se fosse um espírito ''zombeteiro'' ou um ''camaleão instintivo e sagaz".
Por mais que fosse um ser com aspectos malévolos, Pazuzu era uma divindade claramente protetora. Protegia aqueles que o chamavam de coração aberto, mas era especificamente um protetor das mulheres grávidas, dos fetos e das crianças recém-nascidas.
Era ele o responsável por proteger os recém-nascidos dos espíritos da terrível deusa Lamashtu, que regia mortes e se alimentava de bebês. Sendo assim, Pazuzu era cultuado e invocado com seus amuletos e imagens, que o representavam de formas frias, nada acolhedoras, e maléficas.
As mulheres grávidas costumavam colocar os amuletos em cima da barriga e em cima dos locais onde as crianças recém-nascidas dormiam. Era comum, também, pendurar os amuletos com imagens de Pazuzu em algum local à cima da mulher que estava em trabalho de parto. Pingentes pequenos eram presos em roupas das mulheres a fim de protegerem seus bebês.
Por fim, pode-se dizer que Pazuzu é uma verdadeira polaridade dos complexos meios naturais da vida e das crenças mediterrâneas. Pazuzu pode ser tanto um deus-demônio animal ou humano, ele possui todas essas características em si... Ele é o ar que move os espíritos catastróficos para as montanhas, quanto a própria terra negra e seca, estéril, que traz o desespero e medo aos povos que dependem da colheira pata sobrevivência.
De um modo mais histórico, ele, quanto a terrível deusa Lamashtu, seria uma representação das questões de natalidade daqueles povos que dependiam da terra, quando a mesma falhava trazendo fome e seca. O mesmo fato se enquadra com os temporais que enchiam os rios, quando realmente chovia, trazendo os peixes e sapos à borda e às residências, e quando a água voltava ao seu nível original, esses animais, mortos, ficavam à beira do rio e tornavam-se alimentos para animais e insetos que traziam doenças e outras pragas aos povos dali.
Fonte: http://politerraneo.blogspot.com/2016/11/pazuzu-deus-demonio-ou-os-dois.html
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