domingo, 16 de julho de 2023

O perigo de ser diferente

Eu escrevi em dezembro de 2008 sobre o tédio de ser "diferente". Eu também alertei sobre os problemas que ser "diferente" podem acarretar, mas não falei dos perigos que ser "diferente" podem nos atingir (e nossos familiares).
Valadão e os fascistas de Cristo estão aí para demonstrar isso.

Tem um artigo na OnlySky, do Dale McGowan, elogiando as filhas dele que se posicionaram positivamente em suas convicções. Essa é uma peculiar contradição, afinal, ele é ateu, a paternidade, a personalidade são temas que pertencem à filosofia, à psicologia, coisas "não científicas", sem evidências, mas mesmo assim ele conta um testemunho pessoal, história como muitas outras, que são desconsideradas e ridicularizadas pelos pares dele.

Então ele conta a experiência da filha dele (citando, traduzido):

“Eu estava em uma mesa de almoço”, disse ela, “e uma garota perguntou a outra onde ela frequentava a igreja. E ela disse: 'Não vamos à igreja', e os olhos da primeira garota ficaram arregalados, e esse outro cara se inclinou para a frente e disse: 'Mas você acredita em Deus, certo?'”

“Então a garota disse, 'Na verdade não, não.' E seus olhos ficaram ainda maiores, e eles disseram, 'Bem, no que você acredita então?' E ela disse: 'Eu acredito no universo.' E eles disseram, 'Então você é como um ateu?' E ela disse 'Sim, acho que estou.'”

“Então eles se viraram para mim …” ela disse, prolongando o drama máximo. “E eles disseram: 'E VOCÊ? Em que VOCÊ acredita?'” Erin fez uma pausa para efeito. “E eu disse: 'Bem... também sou ateu. Um ateu e um humanista.'”

“E eu olhei para a outra garota,” ela disse, “e... como se uma onda de alívio total viesse em seu rosto.”

Isso nos diz muita coisa. Sobre rótulos sociais. Sobre a pressão do grupo. Sobre a necessidade de pertencimento. Sobre a necessidade de apoio ou reconhecimento. Você se sente mais confortável e seguro quando alguém levanta uma bandeira aí seu lado. Mas e quando quem deveria estar lutando com você detona a trincheira? Bem vindo ao meu drama.

Imagine como seria a cena se essa garota dissese que era pagã, bruxa ou wiccana. Em um cenário repleto de cristãos ou de ateus.
Imagine como seria a cena se essa garota dissese que já tem experiência sexual, em um cenário onde a sociedade não reconhece (omite e nega) que criança e adolescente tenha uma sexualidade.
Em uma sociedade que vê como "normal" pessoas se matando por torcer por times diferentes, a perspectiva não é otimista.
Como diz o ditado, prego que se sobressai, leva martelada.

Nenhum comentário: