Nos mitos clássicos, Marduk, Hórus, Zeus e Júpiter se tornam o Rei dos Deuses, após sua vitória na Guerra dos Deuses. Nas celebrações wiccanas, há a coroação do Rei Carvalho após sua vitória contra o Rei Azevinho.
Antes de sua coroação, estes Deuses não sabem suas origens, não sabem que mataram seus padastros e não sabem que se apaixonarão por sua mãe ou meia-irmã. A coroação é o momento em que estes Deuses tem seu triunfo e sua decadência. Assim como seus predecessores, eles estão fadados a serem suplantados por Deuses novos. Marduk foi sobrepujado por Baal, Zeus foi sobrepujado por Apolo, Júpiter foi sobrepujado por Cristo.
A luta que estes Deuses travaram foi uma vitória, mas também é o motivo pelo qual estes assumem o posto do Deus primordial, se tornando um Rei dos Deuses tirano. Na luta eles levaram mais do que a coroa de louros, mas também uma ferida que irá debilitá-los com o veneno do poder.
Os mitos clássicos estão cheios de vingança, traição, estupro, incesto, morte. Como mitos que são, revelam verdades maiores das quais estes são uma mera alegoria. Os Deuses são descritos em termos humanos porque nós somos a maior referência do que é divino.
Os mitos são uma forma de tornar sagrado nossos impulsos, dos mais instintivos aos mais intelectuais. Quando os mitos foram escritos por Hesíodo, a Grécia estava no auge de sua Era Filosófica, dominada por Apolo e pelo presente deixado por este Deus aos homens: a Razão, a mesma Razão mística defendida pelo ateísmo moderno.
No mundo contemporâneo onde o antropocentrismo e o individualismo são sagrados, os mitos soam como fábulas para crianças, lendas de um tempo pejorativamente tachado de selvagem, atrasado, inculto. Os mitos podem ser debochados, mas não as verdades maiores das quais eles são uma metáfora, cada vez mais sentida e presente. Os mitos acenam que tudo é perene, até os Deuses morrem, mas este é um outro mito.
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