Nosso ancestrais começaram a perceber os Deuses Antigos primeiramente em fenômenos naturais, depois em formações geológicas e então em animais e plantas. Apenas com o aparecimento das civilizações é que os Deuses Antigos começaram a tomar uma individualização, uma identidade, uma personalidade, uma manifestação mais intelectual daqueles que os cultuavam.
Entretanto, mesmo com os Deuses Antigos recebendo esse tratamento ideológico, a concepção mais frequente entre nossos ancestrais é a de que os Deuses Antigos habitavam em lugares altos. Ainda hoje, muitas montanhas são consideradas proibidas, quando não protegidas como sendo patrimônio histórico.
Muitos mitos cercam montanhas, montes e picos, muitos Deuses recebem seu nome a partir de um monte ou montanhas lhes são dadas como santuários. Para grupos sedentários, a relação com seu Deus patrono era estabelecida firmemente em torno de um monte sagrado. Para grupos nômades, a relação entre o povo e o Deus tribal era estabelecido com construções improvisadas, ora empilhando pedras, ora erigindo estelas, ora erguendo morros artificiais e, por fim, erigindo templos.
Toda forma de religião possui, de uma forma ou outra, um tipo de templo. A maior parte dos templos pagãos na Europa consistiam em círculos de pedra, fontes consagradas, grutas, árvores consagradas, mas também montes e morros consagrados. Mesmo as religiões atuais contruiram templos que são uma imitação, por fora dos montes sagrados, por dentro das grutas sagradas.
Os Deuses do monoteísmo, curiosamente, também se manifestaram originalmente em montes e depois em templos consagrados, mas seus adoradores não o vêem mais como sendo um Deus dos montes, das árvores ou dos rios, mas um Deus do Céu. Um desenvolvimento intelectual da idéia de que Deus está no alto. Deus foi, por muitos séculos, confundido ou com a lua, ou com o sol, bem como as demais associações simbólicas entre o sol, animais e plantas. Essa associação ficou perdida ou dissimulada, quando não negada, pelas religiões monoteístas. Houve então um distanciamento cada vez maior até que o Deus adorado pelos monotéistas se tornasse um tirano cósmico.
Os Deuses Antigos do paganismo continuam vivos e atuais, não apenas ao redor de nós, mas dentro de nós, não distantes nem arbitrários. Os pagãos estão resgatando as associações, deixando-as bem evidentes, não apenas na Natureza, mas na própria Humanidade. Na Natureza, o monte voltou a ser sagrado assim como a sua parte simbólica corporal, a caverna voltou a ser sagrada assim como a sua parte simbólica corporal. Restabeçecendo a noção de que o corpo é sagrado e que a Humanidade é sagrada, o Paganismo revoga o complexo de culpa, anula a compulsão da vergonha, pulveriza o julgamento do tirano. No lugar dessa prisão corporal, mental e espiritual, o Paganismo mostra o caminho da liberdade para o êxtase e a realização plena de toda a Humanidade.
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