O perigo para uma religião é quando esta se torna institucionalizada. Como flores de plástico, é bonito de se ver, mas é estéril, morto, artificial.
Na India, considerado o único país politeísta, a religião oficial é o brahmanismo, uma espécie de monoteísmo dentro do politeísmo, como ocorreu entre Gregos e Romanos, na Era Clássica. Em termos práticos, os sacerdotes brâmanes são o poder político, econômico, social e religioso da India, a consequência é a imposição do regime de castas e do vegetarianismo.
O terrorismo, que é tão frequentemente associado ao Islamismo, é fruto de um fenômeno institucional, lideranças fanáticas induzem os indivíduos a atos terroristas, enquanto assistem seguros em suas casamatas o resultado de sua obra. Por extensão, a civilização ocidental entende todo o Islamismo como sendo fundamentalista, ou que incentiva o terrorismo. Com isso, a civilização ocidental se esquece das contribuições dos Impérios Otomanos para a preservação do conhecimento e da ciência e se esquece dos países islâmicos que buscam o diálogo, a convivência e a tolerância.
O esquecimento histórico e a cegueira social impede a civilização ocidental em ver que existe fanatismo, fundamentalismo e terrorismo dentro do Cristianismo e do Judaismo. A própria história dessas religiões mostram que cometeram e cometem os mesmos crimes que condenam nas outras. O melhor exemplo disso é a Santa Cruzada, feita em pleno século XXI, pelos EUA, sob o comando de George Bush que, como nas Cruzadas empenhada pelos Papas na Idade Média, a fez por interesses políticos e econômicos.
Enquanto a religião era uma manifestação popular, esta era vibrante, natural, voluntária e rica. Pelo próprio desenvolvimento da religião, as pessoas nomearam os sacerdotes e as sacerdotizas, que funcionavam como orientadores e oficiantes, não como autoridades e detentores do sagrado.
Com o desenvolvimento das funções sacerdotais, algumas religiões perderam sua função popular para se tornarem uma instituição nas mãos destes sacerdotes, que passaram a deter o poder e oprimir os seguidores da religião, bem como os que estavam fora dela.
Como as pessoas queriam mais liberdade, querendo sair da opressão dessas religiões intitucionalizadas, qualquer forma de estrutura acabou sendo anulada, mas sem estrutura não há religião. O Ego é o autor da institucionalização e massificação da religião, a massificação aumenta a quantidade, mas perde a qualidade. Para se manter no comando, o Ego é o autor dessa busca por liberdade que se transformou em liberalidade religiosa e não faltam sacerdotes e sacerdotisas que se prestam a atender ao chamado do Ego.
Pela forma como a Wica no Brasil tem sido divulgada e praticada, eu não estranharia nada se ela se tornasse mais uma religião de massas. Embora eu queira e sonhe que a Wica seja uma religião popular, eu não quero que seja uma religião de massas. A Wica deve continuar uma religião viva e humana, com os sacerdotes trabalhando para seus seguidores, com os Deuses Antigos; não são eles que buscam as pessoas, mas as pessoas que os buscam; não são eles que buscam prestígio, mas o serviço deles que lhes dão os méritos; não são eles as entidades sagradas, mas os Deuses Antigos; não são eles os celebrados, mas os Mistérios Antigos.
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