Dentro da teogonia existem os mistérios escatológicos quando os Deuses entram em guerra contra um monstro, uma entidade, ou um Deus (ou Deusa) primordial. Os Deuses Antigos temem pelo fim da humanidade, do mundo, do universo e da própria existência dos Deuses.
Essa guerra é uma consequência de um conflito anterior que levou o Deus primordial a conquistar o trono e a majestade, através de sua união com a Deusa primordial ou a sua descendente. O primeiro conflito entre os Deuses acarretaram tanto no exílio do herdeiro legítimo da Deusa quanto na morte de seus outros filhos. Por usurpação, os Deuses derrotados se tornam demonizados e seus filhos sobreviventes se tornam demônios ou monstros, quando estes monstros não são uma manifestação terrível da própria Deusa primordial. Assim, tanto os Deuses Antigos temem entrar em guerra contra aquele que pode ser seu tio, irmão ou filho e o Deus primordial não pode agir contra aquela que lhe concedeu o trono e a majestade.
Então uma assembléia de Deuses pedem para que o Deus outrora exilado retorne ou ele mesmo ressurge do exílio, plenamente formado, no auge de seu poder e virilidade. Assim como outrora seu padrasto havia conquistado o trono vencendo um Deus antecessor, para ele reclamar este trono precisa vencer este monstro, que não é outro senão o usurpador.
Curiosamente, Anu lutou contra Abisu, Marduk lutou contra Tiamat, Osíris lutou contra Apophis e Zeus lutou contra Tiphon, Deuses reptílicos que são filhos de um Deus antigo ou da Deusa primordial, quando não é ela mesma manifestada em sua forma terrível. A luta de Jeová contra a Serpente no Éden pode ser um resquício mitológico semelhante.
Para que o ciclo se complete, agora são Anu, Seth, Cronos e Saturno que devem enfrentar o mesmo Destino que tiveram seus padastros, para que o trono seja ocupado pelo herdeiro legítimo. Assim, Enlil vence Anu, Hórus vence Seth, Zeus vence Cronos e Júpiter vence Saturno. O Deus exilado pode exigir o que é seu de direito.
O drama que é revelado nessa luta contra o próprio pai, para se unir com a própria mãe ou meia-irmã está no núcleo das tragédias gregas de Antígona e Édipo Rei. Entretanto o drama só será conhecido em toda sua amplitude no mito da coroação, do Hiero Gamos.
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