terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

As raízes da Wicca Brasileira

Estas três bruxas tem algo em comum com a Wicca Brasileira, uma vertente dessa Neo-Wicca 'evolutiva' e 'progressiva' fartamente aproveitada pelo comércio, por grupos ecléticos e por 'wiccanos-evangélicos'.
A primeira é Zsusanna Budapest, a segunda é Starhawk e a terceira é Silver Ravenwolf.
Após algum estudo dentro do Neopaganismo, da Bruxaria e da Wica, torna-se enfadonho e repetitivo ler alegações sem fundamentos ou embasamentos vindos dos seguidores da Neo-Wicca, mas vale a pena reiterar dois dos princípios da Wica que é a de não ter uma autoridade central e de não ter um livro sagrado oficial. Os visitantes, sejam curiosos, simpatizantes, praticantes, dedicados ou iniciados, estão convidados a visitar as páginas dessas senhoras, bem como procurar por informações idependentes, em sites da internet para comparar com as minhas conclusões.
Ao visitar páginas da e sobre Zsusanna, a biografia tende a ser contraditória e/ou discutível. Ela alega ser de uma linhagem de bruxas, como sua mãe. Mas em outros textos a alegação é que a linhagem veio da avó que pariu sua mãe (Masika Szilagyi) sem conúbio (partenogênese), após um 'ritual de magia'. E alguns textos dizem que aprendeu bruxaria (ela ou a mãe) por uma empregada ou por uma governanta. Não há informações sobre essa avó (seria uma cópia da alegação de Alex Sanders?) ou sobre essa governanta, mas a mãe de Zsusanna é considerada como uma médium. Isso pouco ou nada sustenta a suposta herança ou a linhagem. O que importa, no histórico do Dianismo, é que Zsusanna chegou nos EUA depois de fugir da Revolução na Hungria e encontrou nos campos da faculdade americana o ambiente da sensível mudança característica da Contracultura: feminismo, esoterismo, Nova Era e...Wicca! Nada mais razoável para essa bruxa do que amalgamar em sua vida duas coisas que importavam muito em sua vida: a militância feminista e uma forma de espiritualidade moderna e eis que surge a Wicca Diânica! Todo o enfoque exclusivo à Deusa, a androfobia, a gimnocracia, a ausência do Deus nas cerimônias, o estresse no 'sagrado feminino', bem como as ilusões sobre uma antiga sociedade matrifocal utópica foram propagadas por ela e seu coven.
Quanto a páginas da e sobre a Starhawk, algumas fontes consultadas a colocam em contato direto com Zsussana, mas depois tendo um treinamento na Tradição Feri de Victor Anderson, o mesmo que esteve envolvido com Morgan MacFarland, fundadora da outra vertente da Wicca Diânica, dos quais certamente Starhawk influenciou-se bastante ao fundar seu próprio coven, mais eclético, informal e espontâneo. Ou seja, ela encampou e apoiou muito dessa 'tealogia' em voga na Wicca Brasileira e na Neo-Wicca, suprindo com textos e rituais para embasar essa vivência do 'sagrado feminino' tão comercializado, uma vivência espiritual válida, neopagã, mas muito pouco de Bruxaria e muitíssimo menos Wica. Dela vem todas as idéias de 'liberdade nos rituais', emprestando panteões de outras religiões e de outros povos parcamente ligados ao neopaganismo, bem como a postulação à auto-iniciação.
No tocante a Silver Ravenwolf, as alegações de ou sobre ela são mais difíceis de sustentar ou comprovar, mas certamente foi por ela que toda essa Neo-Wicca deve mais graças aos seus livros que são mais superficiais e comercializáveis que os de Scott Cunningham. Tanto que eu a considero a figura original de quem a Eddie Van Feu copiou descaradamente. Toda essa moda wiccana em voga de vestir de preto, usar pentagramas do tamanho de calotas de carro, usar maquiagem gótica, de que Wica é uma filosofia de vida e que é tudo o que você quiser (com direito aos conjuntos 'faça-você-mesmo' à venda em bancas de jornais e livrarias) vem dela, ela é a fundadora da McWicca.
Repostado. Texto originalmente publicado em 28/09/2008, resgatado com o Wayback Machine.

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