John afirma no texto “Você não escolheu sofrer”:
- A vida é aleatória e aleatoriedade assusta.
Eu deixo evidente em meus textos [que as editoras
dificilmente irão publicar] a ideia de que as coisas são como devem ser, não
como nós desejamos que sejam e que são uma manifestação do divino. Eu tenho que
discordar do John quando ele dá a entender que a vida é aleatória, que as
coisas acontecem sem um motivo. Eu volto a afirmar: não existe coincidência.
A aleatoriedade que vemos na vida é uma manifestação da
Deusa Fortuna. Tão incompreendida quanto a Divina Providência, o Livre Arbítrio
e o Destino.
Mais conhecida por sua representação nas cartas de tarô, no
arcano da Roda da Fortuna, a Deusa da Sorte [conhecida pelos Gregos Antigos
como Tique] pode ser encontrada também em tatuagens da Lady Luck, uma imagem
que é utilizada também em jogos de azar e casinos.
O universo em que vivemos é constituído de diversas
grandezas. Tempo e espaço são os mais conhecidos. Eu creio ser importante
incluir vida e natureza. Eu imagino a Fortuna como sendo a irmã mais velha do
Destino. Por ser uma existência primordial, ela deve ser mulata ou morena. Corpo
escultural, coberto com pouca ou nenhuma roupa.
Júlio César, ao atravessar o rio Rubicão, quando retornou da
Gália em direção à Roma, disse “Alea jacta est”.
Einstein, ao conversar com Born sobre a teoria da física
quântica, cunhou a frase: “Deus não joga dados com o Universo”, que incluía conceitos
sobre probabilidade e determinismo.
Quando eu penso na Fortuna como uma existência primordial,
ela certamente jogaria o Deus de Einstein.
Infelizmente a teoria da física quântica tem sido mal usada
pelo esoterismo e pelas religiões para fazerem afirmações descabidas. A teoria
da física quântica tenta estabelecer noções de como as partículas ou ondas se
comportam em nível subatômico.
Eu parto do pressuposto que as existências divinas são
formas de vida constituídas de energia e são conscientes. Por conseguinte, a
impossibilidade de fazer afirmações ou de determinar o que acontece ao nível
subatômico é, em um senso muito rudimentar, um atributo e manifestação da Deusa
Fortuna. O que pode equiparar nossa vida e existência a um jogo de sorte ou
azar. Nesse casino cósmico nós “apostamos” nossa vida contra as circunstâncias
que a vida nos oferece.
A cultura popular é primorosa em disseminar conceitos
filosóficos, metafísicos e espirituais sem qualquer contexto ou critério. Não é
difícil ouvir por aí que se deve se desapegar do passado e não idealizar o
futuro.
Contrariando tudo o que se diz por aí, especialmente no meio
do Esoterismo, do Ocultismo e do Paganismo Moderno, eu tenho que insistir que
quem não lembra o seu passado está condenado a repeti-lo. Nós somos o que somos
graças a esse passado, nós não teríamos crescido e amadurecido sem essas experiências.
Ainda que eu consiga perdoar aos que me magoaram, existem enormes chances
dessas pessoas terem o mesmo comportamento, afinal, fui eu quem cresceu,
amadureceu e evoluiu.
Também consiste uma enorme falsidade falar que se deve
pensar apenas no presente. Se assim fosse, todas essas empresas e pessoas que
vivem de estelionato esotérico não teriam como lucrarem em cima da crendice
alheia. Quem trabalha e tem que gerenciar as despesas sabe como é importante
ter controle dos gastos e fazer planejamentos. Sem isso, não se consegue
prosperidade e sucesso.
Eu creio que Fortuna deve se divertir muito quando nós recorremos
a oráculos para obter respostas sobre nossa vida, nossos relacionamentos, nosso
negócio ou nosso futuro. Todos os oráculos são invenção dela.
O que não faltam são histórias [e experiências] mostrando
gente que tanto enriqueceu quanto empobreceu da noite para o dia. De vez em
quando aparecem notícias de pessoas que conseguiram vencer e superar as
dificuldades. De vez em quando aparecem notícias de pessoas que tiveram êxito
em seu empreendimento. Olhando a realidade da vida humana, muitas pessoas
parecem ter nascido “com sorte”, assim como algumas parecem ter nascido “com
azar”. Em todos esses casos é visível a presença e influência da Deusa Fortuna.
Mesmo sabendo que nosso destino é a morte, até que isso
ocorra, enquanto eu estiver vivo, eu tenho que jogar o jogo, conduzir a nau de
meu corpo pelas trilhas que a vida desenrola diante de mim. Vinde e
apresente-se, Fortuna, pois eu sou servo dos mesmos Deuses. Lance os dados,
tire uma carta do baralho ou sorteie um número. Com a determinação, força, confiança
e coragem que os Deuses e Ancestrais me concederam, eu seguirei caminhando. Ainda
que meu corpo e alma padeçam, eu não temo. Eu sei que meu corpo e minha alma
pertencem àquela que eu não ouso dizer o Nome.
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