Quem trabalha no comércio deve ouvir todo dia a frase: “o
cliente sempre tem razão”.
No mundo contemporâneo, o conceito de cliente é: “indivíduo
que contrata serviços ou adquire mercadorias mediante pagamento; comprador,
freguês”.
Mas a origem do nome vem da Roma Antiga: “indivíduo que
estava sob a proteção de um patrono”.
Então para cada cliente existia um patrono, de onde vem a
palavra “patrocínio” e “clientela”.
“Patrocínio ou clientela é uma forma de relacionamento
específica na antiga sociedade romana entre o patrono (em latim: patronus; pl.:
patroni) e seus clientes (em latim: cliens; pl.: clientes). A relação era
hierárquica, mas as obrigações eram mútuas. O patrono era o protetor, o
patrocinador e o benfeitor dos clientes, uma proteção chamada tecnicamente de
patrocínio (em latim: patrocinium). Apesar de o cliente tipicamente ser de uma
classe social inferior, patrono e clientes podiam ter o mesmo status, mas o
primeiro seria mais rico, mais poderoso ou deter maior prestígio, o que
garantia sua capacidade de ajudar ou favorecer seus clientes. Do imperador no
topo até um líder municipal no fundo, os laços entre estes grupos eram
expressados formalmente na definição legal das responsabilidades dos patronos em
relação aos seus clientes.
Entre os benefícios que um patrono poderia conferir estavam
a representação legal numa corte, empréstimos, influência em acordos comerciais
ou casamentos e o apoio às candidaturas do cliente a cargos políticos ou
sacerdotais. Em troca, esperava-se do cliente que oferecesse seus serviços
sempre que o patrono precisasse. Um liberto podia tornar-se cliente de seu
antigo mestre. Uma relação de patrocínio também poderia existir entre um
general e seus soldados, um fundador e seus colonos ou um conquistador e uma
comunidade estrangeira dependente”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Patroc%C3%ADnio_na_Roma_Antiga
Essa relação social era estabelecida entre as diversas
classes de cidadãos, mas refletia a distinção social entre patrícios e plebeus,
sendo os patrícios as famílias aristocráticas romanas e a grande massa de pessoas
comuns são os plebeus. Outros indivíduos que estavam no substrato dessa
organização social eram os escravos [cativos de guerras, plebeus endividados,
etc] e os peregrinos.
“Peregrino (em latim: peregrinus; pl. peregrini) foi um
termo usado no Império Romano, de 30 a.C. até 212 d.C. para denotar um homem
provincial livre, morador no império mas sem ser cidadão romano. Os peregrinos
constituíam a imensa maioria dos habitantes do império nos séculos I e II. Os
peregrinos foram pessoas de segunda classe até o ano de 212, em que a cidadania
romana foi concedida a todos os habitantes do império.
[...]
Em latim peregrinus (de per + agere =viajar longe, da qual
deriva a palavra "peregrino"), significava "estrangeiro";
mas, a começos do Principado, peregrinos não significava estrangeiro em senso
literal, pois eram nativos de províncias do império. Contudo, a posição legal e
fiscal superior dos cidadãos romanos significou que os peregrinos tivessem um
status de segunda classe nos seus próprios países.
[...]
Na esfera social, os peregrinos não possuíam o direito ao
conúbio (connubium), i.e., não se podiam casar com um cidadão romano. Portanto,
qualquer filho de um matrimônio misto era ilegítimo e não podia herdar a
cidadania (ou as propriedades). Além disso, os peregrinos não podia designar os
seus herdeiros sob o direito romano, a menos que fossem auxiliares militares.
Portanto, à sua morte estavam legalmente intestados, pelo qual os seus bens
passavam a ser propriedade do Estado”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Peregrino_(Roma_Antiga)
Nessa organização social, o patrono/patrício tinha mais razão do que o patrocinado/cliente. Escravos e peregrinos não eram sequer considerados cidadãos.
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