segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Entrevista com [a rainha] Elsa


Arendelle pode muito bem ficar na Dinamarca. Afinal, a fonte original da animação “Frozen” [eu não estou ganhando um centavo com isso] vem das histórias de Hans Christian Andersen, da lenda da Rainha do Gelo, para ser mais exato.

Quando o Império da Disney lançou a primeira animação em 2013, não demorou para aparecer desenhos e textos dando a entender que Elsa tinha um relacionamento íntimo demais com Anna. Até o lançamento da segunda animação em 2019, o que mais se comentava na Comunidade LGBT é se Elsa “sairia do armário”.

O Império da Disney tem muitos associados e afiliados, mas é pouco provável que a empresa produza alguma animação, filme ou personagens escancaradamente LGBT.

Apesar da minha aversão ao frio, eu estive em Arendelle e entrevistei a rainha Elsa.

- Bom dia, vossa majestade.

- Bom dia. Você é brasileiro, certo?

- Sim, vossa majestade.

- Eu estou acompanhando as notícias do seu país com preocupação. Vocês estão enfrentando a pandemia e tendo que aturar o governo de Jair Bolsonaro.

- Vossa majestade é muito gentil. Infelizmente, meus concidadãos votaram nele, apesar de inúmeros avisos sobre os problemas de Jair Bolsonaro.

- Se o Brasil fosse uma monarquia, isso não aconteceria.

- Perdão, vossa majestade, mas o Brasil foi uma monarquia e não foi muito boa.

[embaraçada]- Ah... eu sempre fui péssima em história.

- Vossa majestade me permite fazer as perguntas para a entrevista?

- Sim, prossiga.

- Como vossa majestade encarou as filmagens na Noruega?

- Sem problemas. Eu estava em meu ambiente. Afinal, Noruega, Suécia e Dinamarca são vizinhas.

- Como vossa majestade interpreta sua inclusão no “Mundo de Princesas” da Disney?

- Confusa. Eu sou rainha, não princesa.

- Como vossa majestade encarou os comentários sobre a animação?

- Com um misto de curiosidade e ansiedade. Foi a minha estreia no mundo do cinema. Eu li os comentários para melhorar a minha atuação.

- Como vossa majestade encara as obras de fãs, com textos e desenhos, dando a entender que vossa majestade tem um relacionamento íntimo demais com Anna?

- Eu tento entender. O que essas pessoas estão pensando? Anna é a minha irmã.

- Então vossa majestade não tem nem um pouquinho de atração física ou sexual por Anna?

[encabulada, desviando o rosto]- Não.

- A animação “Frozen” é baseada nas lendas da Rainha do Gelo. Existe alguma relação entre vossa majestade e Snedronningen?

- Eu digo que nenhuma. Essa Rainha do Gelo é cruel.

- Vossa majestade está ciente de que existem outras animações, de outros países e estúdios, com o mesmo tema?

- Eu creio que é inevitável. Contos de fadas são as melhores fontes para filmes de animação.

- Quando o estúdio falou do segundo filme, como vossa majestade recebeu e se preparou?

- Eu fiquei apreensiva e ansiosa, apesar de termos feito as animações “Frozen – Febre Congelante” [2015] e “Olaf – Em Uma Nova Aventura Congelante” [2017].

- Mais a participação de vossa majestade na animação “WiFi Ralph – Quebrando a Internet”.

- Sim. Foi divertido. Principalmente quando Merida de Dunbroch falava.

- Como vossa majestade recebeu os comentários da comunidade LGBT torcendo para que vossa majestade assumisse sua sexualidade?

[enrubescendo]- Fala sério! Essas pessoas não têm mais o que fazer senão comentar e falar da minha vida sexual?

- Perdão, vossa majestade. Infelizmente os programas que fazem mais sucesso na televisão são os que fazem fofoca de celebridades.

- Nem me fale. Eu vi, com tristeza, o que falam de Elisabeth [rainha do Reino Unido], de Megham e Catherine [duquesas do Reino Unido].

- Falando nisso, vossa majestade, Arendelle é uma monarquia parlamentarista?

- Sim. Mas para as filmagens, o Primeiro Ministro e o Parlamento ficaram de fora. Só o pessoal da corte participou da cena da coroação.

- Como vossa majestade recebeu os comentários e críticas ao seu segundo filme?

- Eu fiquei nervosa e preocupada. O estúdio quis manter a animação como um musical, tentou manter a parte visual e tentou conduzir uma narrativa mais madura.

- Vossa majestade acredita que terá um terceiro filme ou seriado?

[risos]- Eu espero que sim.

- E quanto aos textos, desenhos e animações eróticas feitas com vossa majestade e Anna?

[roxa]- Eu peço encarecidamente que não compliquem mais. Eu mal consigo lidar com meus poderes, não estão facilitando quando ficam me provocando, querendo que eu assuma minha sexualidade.

- Mas em algum momento vossa majestade vai ter que lidar com isso.

[séria]- Eu acho que sim.

- Vossa majestade considerou visitar o Brasil?

[sorrindo]- Sim! Esse é um de meus projetos. Mas o Brasil é um país tropical, muito quente e eu teria que passar bloqueador solar fator 100.

- Vossa majestade vai encontrar clima mais propício na região sul de meu país. Mas eu estou mais preocupado como vossa majestade vai lidar com as restrições causadas pela pandemia, ou pior, com o cenário político do Brasil.

[séria]- Sim, eu pensei nisso também. Enquanto a pandemia está controlada em muitos países, no Brasil está descontrolada, em grande parte devido às ações do governo.

- Vossa majestade, com Chefe de Estado, terá que ser recebida pelo presidente em exercício.

[pensativa]- Sim. Isso pode ser um problema, considerando o que se fala do presidente Jair Bolsonaro.

[gesticulando]- Em 2022 o Brasil terá a oportunidade de escolher outro presidente. Com alguma sorte, meus concidadãos farão uma escolha melhor.

[suspirando]- Eu espero que sim.

[sorrindo]- O que vossa majestade vai querer ver quando vier ao Brasil?

[indecisa]- Boa pergunta. Tem tanta coisa que eu quero ver! Amazônia. Carnaval. Futebol. Praia.

- Nós temos muitos pontos turísticos e nós também temos uma vibrante economia.

[séria]- Exato. Eu não posso pensar apenas em diversão e lazer. A minha visita ao Brasil eventualmente terá que incluir acordos políticos e comerciais.

[gesticulando]- Vossa majestade pode aproveitar de ambos, se for até São Paulo e for até a Avenida Paulista.

[animada]- Sim! Eu ouvi falar que é bem parecida com a Quinta Avenida, de Nova Iorque!

[orgulhoso e convencido]- Nós acreditamos que seja.

[provocando] – Você por acaso não está com segundas intenções, me convidando para visitar a sua cidade?

[lívido e envergonhado]- Não! Os meus concidadãos vão pensar coisas erradas sobre a minha pessoa.

[suspirando] - Que pena. Eu ouvi alguns boatos. Eu queria saber se são verdadeiros.

[roxo] – Vossa majestade, isso vai me complicar.

[piscando] – Extra oficialmente, evidente.

[aliviado] – Extra oficialmente?

[sorrindo] – Vai ficar entre eu e você.

Eu desligo o gravador. Então eu não posso afirmar nem negar. Mas uma certa pessoa aceitou o convite e teve bons momentos. Eu também não posso afirmar que essa pessoa voltou ao seu país com um enorme sorriso de satisfação, feliz por ter “resolvido” seus bloqueios a respeito de sua sexualidade.

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