Este é um ensaio sobre identidade, identitarismo, política e
paganismo moderno.
Eu vou partir do conceito de identidade:
“Conjunto de
características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é
possível individualizá-la”.
Identidade também é usada
com frequência como referência à cédula de identidade, vulgo Registro Geral.
O que consta em uma cédula
de identidade: nome, data e local de nascimento, filiação e foto. Ali pode
conter outros dados, como título eleitoral, CPF, registro de casamento, tipo
sanguíneo e etc. Normalmente só há um nome para cada número de registro, mas
não é incomum encontrar cédulas falsas. Ora, considerando que um documento de
identidade pode ser falsificada, muito mais o conceito de identidade.
Vamos a um exemplo
prático. Eu tenho a minha identidade, distinta em diversos sentidos de outras
pessoas, mas em muitos quesitos eu compartilho a mesma identidade com diversas
pessoas. Então a minha identidade é individual em termos específicos, mas é
coletiva em termos gerais.
De forma alguma as
características que compõem a minha identidade me torna melhor ou mais superior
do que outra pessoa. Assim, eu considero errado quando um pagão moderno tem
conceitos equivocados sobre identitarismo, acreditando que a Europa foi formada
por povos de origem ariana, ou origem indo-européia, conceitos que foram
constituídos e convencionados na Era Moderna. Os povos antigos não se viam
assim, não existia nacionalismo na Era Antiga. Os povos que tem origem
indo-européia eram constituídos por diversas tribos, que possuíam em comum
somente a língua, a religião e a região de origem. Se formos separar os tipos
humanos conforme a categoria de raças tão utilizado no racismo, a etnia
Caucasiana deveria ser subdividida em diversas raças. Se formos separar os
tipos humanos conforme a categoria de raças tão utilizado no racismo, as tribos
que fazem parte dos povos indo-europeus deveriam ser subdivididas em diversas
raças.
Ainda que consideremos a
existência de diversos humanoides, ou encontravam-se extintos, ou foram
dominados/assimilados/absorvidos pelo Homo Sapiens, como no caso do Neandertal,
com quem os Homos Sapiens copularam. As demais etnias que conhecemos hoje, ou
são todas descendentes dos Homo Sapiens, ou são descendentes da miscigenação
com outros hominídeos.
Quando pensamos na
identidade enquanto conceito político, encontramos o identitarismo.
“Uma política identitária
(em inglês: identity politics) refere-se a posições políticas baseadas nos
interesses e nas perspectivas de grupos sociais com os quais cidadãos se
identificam. Políticas identitárias visam a moldar ações de agentes públicos e
privados para que determinados grupos tenham suas reivindicações atendidas e
ganhem visibilidade social. Tais grupos podem se formar a partir de uma grande
quantidade de sinais identitários, tais como idade, gênero, orientação sexual,
religião, classe social, etnia, raça, língua, nacionalidade etc.
Aplicações contemporâneas
da política de identidade descrevem povos de raça, etnia e sexo específicos,
identidade de gênero, orientação sexual, idade, classe econômica, deficiências
psicomotoras, educação, religião, língua, profissão, partido político, status
de veterano e localização geográfica. Esses rótulos de identidade não são
mutuamente exclusivos, mas são, em muitos casos, combinados em um ao descrever
grupos hiperespecíficos [...]”. – Wikipédia.
Dentro desse conceito, eu vou ressaltar o Movimento Identitário.
“O movimento identitário ou identitarianismo é um movimento
de extrema-direita que se popularizou na Europa pós-II Guerra Mundial,
afirmando o direito dos europeus e povos de origem europeia a uma cultura e
territórios reivindicados como pertencendo exclusivamente a eles”. – Wikipédia.
O Movimento Identitário faz parte do nacionalismo
pan-europeu, igualmente patrocinado pela extrema-direita e pela “alt-right”
[direita alternativa], tendências políticas que surgiram na Era Moderna. Alguns
historiadores teorizaram que o nacionalismo existiu na Idade Média. Estas
teorias apontam que esse nacionalismo emergiu da tradição judaico-cristã e está
fortemente ligado ao Cristianismo.
Ainda que se pode apontar certos discursos do Cristianismo
que parecem defender o anti-racismo e o universalismo, esses discursos estão
desconectados da prática, da doutrina e da história do Cristianismo. Basta
lembrar que o Cristianismo é a causa principal do antissemitismo que ainda
existe na Europa. Basta lembrar que muitos grupos da extrema-direita estão
intimamente ligados à alguma forma de Cristianismo, estendendo a intolerância e
segregação aos negros, imigrantes, muçulmanos e homossexuais. Basta lembrar a
distinção étnica explícita nos Evangelhos entre Cristãos e Gentios. O “universalismo”
deve ser entendido como uma consequência da evidente incoerência existente
dentro do Cristianismo, como se pode atestar com a Controvérsia Ariana.
Ou seja, um pagão moderno que abraça a causa identitária, nacionalista, racista e xenofóbica, está professando a mesma ideologia da supremacia branca da extrema-direita que foi formada dentro do Cristianismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário