O mundo é sempre o vilão em diversas religiões. Eu nunca
gostei de histórias onde se conta apenas um lado e eu sempre torci pelo vilão.
Eu escolhi o arcano do mundo para refletir um pouco sobre o
tema no Paganismo Moderno que coloca o mundo, bem como as coisas mundanas,
materiais [como o corpo, o desejo, o prazer e o sexo] como ferramentas e meios
eficazes para se alcançar o divino.
No centro do arcano temos Gaia, a Deusa, cujo mundo é sua
manifestação. Eu creio que seja necessário diferenciar Gaia da Deusa e do Deus,
pois a Senhora é a Lua e é a Mãe Celestial e o Senhor é o Sol e é o Pai do Campo,
da Floresta e das Feras, domesticadas ou selvagens.
Ela segura um cetro em cada mão, denotando perfeito domínio.
Ela é o centro, mas não está sozinha. Está rodeada por uma coroa, tal como os
vencedores são coroados. Mas enigmáticas são as quatro figuras no canto do
arcano. Vemos um homem [ou um anjo], uma águia, um touro e um leão.
Eis uma boa referência de onde podemos refletir sobre esses
personagens:
E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo
animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem
e o quarto animal era semelhante a uma águia voando. [Apocalipse 4:7]
O autor do apocalipse inspirou-se nas profecias de Daniel
para descrever os quatro animais, cada qual posicionado em um canto da terra,
tal como os Guardiões posicionados nas direções cardeais. Eu devo lembrar ao
dileto e eventual leitor que não existem coincidências.
Cada uma destas figuras simboliza um poder, potestade ou
arcanjo. Cada qual destas figuras representa um atributo ou força existente no
ser humano. Quando esses atributos estão em harmonia [obra alquímica], nos
tornamos Deuses, quando estão em desequilíbrio, nos tornamos coisas.
Podemos dizer, então, que o arcano mostra que Gaia está
guardada por estas potestades, que são Guardiões, que são o Espírito da
Humanidade e que a harmonia, a felicidade, a abundância somente podem ser
conquistadas quando existe colaboração.
O caminho iniciático é introvertido e extrovertido. Enquanto
não formos mestres de nós mesmos, não podemos dominar a magia, não podemos nos
conectar com a natureza, não podemos moldar e dobrar a realidade. Sem realização
externa, sem obras, o conhecimento do bruxo é inútil, vão e vaidade.
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